Kitabı oku: «Mestres da Poesia - Augusto dos Anjos», sayfa 3
Agonia de um filósofo
Consulto o Phtah-Hotep. Leio o obsoletoRig-Veda. E, ante obras tais, me não consolo...O Inconsciente me assombra e eu nele roloCom a eólica fúria do harmatã inquieto!Assisto agora à morte de um inseto!...Ah! todos os fenômenos do soloParecem realizar de pólo a póloO ideal de Anaximandro de Mileto!No hierático areópago heterogêneoDas ideias, percorro, como um gênio,Desde a alma de Haeckel à alma cenobial!... Rasgo dos mundos o velário espesso;E em tudo, igual a Goethe, reconheçoO império da substância universal!
O morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
A ideia
De onde ela vem? De que matéria brutaVem essa luz que sobre as nebulosasCai de incógnitas criptas misteriosasComo as estalactites duma gruta?!Vem da psicogenética e alta lutaDo feixe de moléculas nervosas,Que, em desintegrações maravilhosas,Delibera, e depois, quer e executa! Vem do encéfalo absconso que a constringe,Chega em seguida às cordas da laringe,Tísica, tênue, mínima, raquítica...Quebra a força centrípeta que a amarra,Mas, de repente, e quase morta, esbarraNo molambo da língua paralítica!
O Lázaro da pátria
Filho podre de antigos Goitacases,
Em qualquer parte onde a cabeça ponha,
Deixa circunferências de peçonha,
Marcas oriundas de úlceras e antrazes.
Todos os cinocéfalos vorazes
Cheiram seu corpo. À noite, quando sonha,
Sente no tórax a pressão medonha
Do bruto embate férreo das tenazes.
Mostra aos montes e aos rígidos rochedos
A hedionda elefantíase dos dedos...
Há um cansaço no Cosmos... Anoitece.
Riem as meretrizes no Cassino,
E o Lázaro caminha em seu destino
Para um fim que ele mesmo desconhece!
Idealização da humanidade futura
Rugia nos meus centros cerebrais
A multidão dos séculos futuros
— Homens que a herança de ímpetos impuros
Tornara etnicamente irracionais!
Não sei que livro, em letras garrafais,
Meus olhos liam! No húmus dos monturos,
Realizavam-se os partos mais obscuros,
Dentre as genealogias animais!
Como quem esmigalha protozoários
Meti todos os dedos mercenários
Na consciência daquela multidão...
E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
Somente achei moléculas de lama
E a mosca alegre da putrefação!
Soneto
Ao meu primeiro filho
nascido morto com 7 meses incompletos.
2 fevereiro 1911.
Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial,
Que poder embriológico fatal
Destruiu, com a sinergia de um gigante,
Em tua morfogênese de infante
A minha morfogênese ancestral?!
Porção de minha plásmica substância,
Em que lugar irás passar a infância,
Tragicamente anônimo, a feder?!
Ah! Possas tu dormir, feto esquecido,
Panteisticamente dissolvido
Na noumenalidade do NÃO SER!
Versos a um cão
Que força pôde adstrita e embriões informes,
Tua garganta estúpida arrancar
Do segredo da célula ovular
Para latir nas solidões enormes?!
Esta obnóxia inconsciência, em que tu dormes,
Suficientíssima é, para provar
A incógnita alma, avoenga e elementar,
Dos teus antepassados vermiformes.
Cão! — Alma de inferior rapsodo errante!
Resigna-a, ampara-a, arrima-a, afaga-a, acode-a
A escala dos latidos ancestrais...
E irás assim, pelos séculos, adiante,
Latindo a esquisitíssima prosódia
Da angústia hereditária dos seus pais!
O deus verme
Fator universal do transformismo,
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme — é o seu nome obscuro de batismo.
Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.
Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...
Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!
Debaixo do tamarindo
No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!
Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!
Quando pararem todos os relógios
De minha vida, e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,
Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!
As cismas do destino
I
Recife, Ponte Buarque de Macedo.Eu, indo em direção à casa do Agra,Assombrado com a minha sombra magra,Pensava no Destino, e tinha medo!Na austera abóbada alta o fósforo alvoDas estrelas luzia... O calçamentoSáxeo, de asfalto rijo, atro e vidrento,Copiava a polidez de um crânio calvo.Lembro-me bem. A ponte era comprida,E a minha sombra enorme enchia a ponte,Como uma pele de rinoceronteEstendida por toda a minha vida!A noite fecundava o ovo dos víciosAnimais. Do carvão da treva imensaCaía um ar danado de doençaSobre a cara geral dos edifícios!Tal uma horda feroz de cães famintos,Atravessando uma estação deserta,Uivava dentro do eu, com a boca aberta,A matilha espantada dos instintos!Era como se, na alma da cidade,Profundamente lúbrica e revolta,Mostrando as carnes, uma besta soltaSoltasse o berro da animalidade.E aprofundando o raciocínio obscuro,Eu vi, então, à luz de áureos reflexos,O trabalho genésico dos sexos,Fazendo à noite os homens do Futuro.Livres de microscópios e escalpelos,Dançavam, parodiando saraus cínicos,Bilhões de centrossomas apolínicosNa câmara promíscua do vitellus.Mas, a irritar-me os globos oculares,Apregoando e alardeando a cor nojenta,Fetos magros, ainda na placenta,Estendiam-me as mãos rudimentares!Mostravam-me o apriorismo incognoscívelDessa fatalidade igualitária,Que fez minha família origináriaDo antro daquela fábrica terrível!A corrente atmosférica mais forteZunia. E, na ígnea crosta do Cruzeiro,Julgava eu ver o fúnebre candeeiroQue há de me alumiar na hora da morte.Ninguém compreendia o meu soluço,Nem mesmo Deus! Da roupa pelas brechas,O vento bravo me atirava flechasE aplicações hiemais de gelo russo.A vingança dos mundos astronômicosEnviava à terra extraordinária faca,Posta em rija adesão de goma lacaSobre os meus elementos anatômicos.Ah! Com certeza, Deus me castigava!Por toda a parte, como um réu confesso,Havia um juiz que lia o meu processoE uma forca especial que me esperava!Mas o vento cessara por instantesOu, pelo menos, o ignis sapiens do OrcoAbafava-me o peito arqueado e porcoNum núcleo de substâncias abrasantes.É bem possível que eu um dia cegue.No ardor desta letal tórrida zona,A cor do sangue é a cor que me impressionaE a que mais neste mundo me persegue!Essa obsessão cromática me abate.Não sei por que me vêm sempre à lembrançaO estômago esfaqueado de uma criançaE um pedaço de víscera escarlate.Quisera qualquer coisa provisóriaQue a minha cerebral caverna entrasse,E até ao fim, cortasse e recortasseA faculdade aziaga da memória.Na ascensão barométrica da calma,Eu bem sabia, ansiado e contrafeito,Que uma população doente do peitoTossia sem remédio na minh’alma!E o cuspo que essa hereditária tosseGolfava, à guisa de ácido resíduo,Não era o cuspo só de um indivíduoMinado pela tísica precoce.Não! Não era o meu cuspo, com certezaEra a expectoração pútrida e crassaDos brônquios pulmonares de uma raçaQue violou as leis da Natureza!Era antes uma tosse ubíqua, estranha,Igual ao ruído de um calhau redondoArremessado no apogeu do estrondo,Pelos fundibulários da montanha!E a saliva daqueles infelizesInchava, em minha boca, de tal arte,Que eu, para não cuspir por toda a parte,Ia engolindo, aos poucos, a hemoptísis!Na alta alucinação de minhas cismas,O microcosmos líquido da gotaTinha a abundância de uma artéria rota,Arrebatada pelos aneurismas.Chegou-me o estado máximo da mágoa!Duas, três, quatro, cinco, seis e seteVezes que eu me furei com um canivete,A hemoglobina vinha cheia de água!Cuspo, cujas caudais meus beiços regam,Sob a forma de mínimas camândulas,Benditas sejam todas essas glândulas,Que, quotidianamente, te segregam!Escarrar de um abismo noutro abismo,Mandando ao Céu o fumo de um cigarro,Há mais filosofia neste escarroDo que em toda a moral do cristianismo!Porque, se no orbe oval que os meus pés tocamEu não deixasse o meu cuspo carrasco,Jamais exprimiria o acérrimo ascoQue os canalhas do mundo me provocam! IIFoi no horror dessa noite tão funéreaQue eu descobri, maior talvez que Vinci,Com a força visualística do lince,A falta de unidade na matéria!Os esqueletos desarticulados,Livres do acre fedor das carnes mortas,Rodopiavam, com as brancas tíbias tortas,Numa dança de números quebrados!Todas as divindades malfazejas,Siva e Arimã, os duendes, o In e os trasgos,Imitando o barulho dos engasgos,Davam pancadas no adro das igrejas.Nessa hora de monólogos sublimes,A companhia dos ladrões da noite,Buscando uma taverna que os açoite,Vai pela escuridão pensando crimes.Perpetravam-se os atos mais funestos,E o luar, da cor de um doente de icterícia,Iluminava, a rir, sem pudicícia,A camisa vermelha dos incestos.Ninguém, de certo, estava ali, a espiar-me,Mas um lampião, lembrava ante o meu rosto,Um sugestionador olho, ali postoDe propósito, para hipnotizar-me!Em tudo, então, meus olhos distinguiram,Da miniatura singular de uma aspaÀ anatomia mínima da caspa,Embriões de mundos que não progrediram!Pois quem não vê aí, em qualquer rua,Com a fina nitidez de um claro jorro,Na paciência budista de cachorroA alma embrionária que não continua?!Ser cachorro! Ganir incompreendidosVerbos! Querer dizer-nos que não finge,E a palavra embrulhar-se na laringe,Escapando-se apenas em latidos!Despir a putrescível forma tosca,Na atra dissolução que tudo inverte,Deixar cair sobre a barriga inerteO apetite necrófago da mosca!A alma dos animais! Pego-a, distingo-a,Acho-a nesse interior duelo secretoEntre a ânsia de um vocábulo completoE uma expressão que não chegou à língua!Surpreendo-a em quatrilhões de corpos vivos,Nos antiperistálticos abalosQue produzem nos bois e nos cavalosA contração dos gritos instintivos!Tempo viria, em que, daquele horrendoCaos de corpos orgânicos disformesRebentariam cérebros enormes,Como bolhas febris de água, fervendo!Nessa época que os sábios não ensinam,A pedra dura, os montes argilososCriariam feixes de cordões nervososE o neuroplasma dos que raciocinam!Almas pigmeias! Deus subjuga-as, cinge-asÀ imperfeição! Mas vem o Tempo, e vence-O,E o meu sonho crescia no silêncio,Maior que as epopeias carolíngias!Era a revolta trágica dos tiposOntogênicos mais elementares,Desde os foraminíferos dos maresÀ grei liliputiana dos pólipos.Todos os personagens da tragédia,Cansados de viver na paz de Buda,Pareciam pedir com a boca mudaA ganglionária célula intermédia.A planta que a canícula ígnea torra,E as coisas inorgânicas mais nulasApregoavam encéfalos, medulasNa alegria guerreira da desforra!Os protistas e o obscuro acervo rijoDos espongiários e dos infusóriosRecebiam com os seus órgãos sensóriosO triunfo emocional do regozijo!E apesar de já ser assim tão tarde,Aquela humanidade parasita,Como um bicho inferior, berrava, aflita,No meu temperamento de covarde!Mas, refletindo, a sós, sobre o meu caso,Vi que, igual a um amniota subterrâneo,Jazia atravessada no meu crânioA intercessão fatídica do atraso!A hipótese genial do microzimaMe estrangulava o pensamento guapo,E eu me encolhia todo como um sapoQue tem um peso incômodo por cima!Nas agonias do delirium-tremens,Os bêbedos alvares que me olhavam,Com os copos cheios esterilizavamA substância prolífica dos sêmens!Enterravam as mãos dentro das goelas,E sacudidos de um tremor indômitoExpeliam, na dor forte do vômito,Um conjunto de gosmas amarelas.Iam depois dormir nos lupanaresOnde, na glória da concupiscência,Depositavam quase sem consciênciaAs derradeiras forças musculares.Fabricavam destarte os bastodermas,Em cujo repugnante receptáculoMinha perscrutação via o espetáculoDe uma progênie idiota de palermas.Prostituição ou outro qualquer nome,por tua causa, embora o homem te aceite,É que as mulheres ruins ficam sem leiteE os meninos sem pai morrem de fome!Por que há de haver aqui tantos enterros?Lá no “Engenho” também, a morte é ingrata...Há o malvado carbúnculo que mataA sociedade infante dos bezerros!Quantas moças que o túmulo reclama!E após a podridão de tantas moças,Os porcos espojando-se nas poçasDa virgindade reduzida à lama!Morte, ponto final da última cena,Forma difusa da matéria embele,Minha filosofia te repele,Meu raciocínio enorme te condena!Diante de ti, nas catedrais mais ricas,Rolam sem eficácia os amuletos,Oh! Senhora dos nossos esqueletosE das caveiras diárias que fabricas!E eu desejava ter, numa ânsia rara,Ao pensar nas pessoas que perdera,A inconsciência das máscaras de ceraQue a gente prega, com um cordão, na cara!Era um sonho ladrão de submergir-meNa vida universal, e, em tudo imerso,Fazer da parte abstrata do Universo,Minha morada equilibrada e firme!Nisto, pior que o remorso do assassino,Reboou, tal qual, num fundo de caverna,Numa impressionadora voz interna,O eco particular do meu Destino; III“Homem! por mais que a Ideia desintegres,Nessas perquisições que não têm pausa,Jamais, magro homem, saberás a causaDe todos os fenômenos alegres!Em vão, com a bronca enxada árdega, sondasA estéril terra, e a hialina lâmpada oca,Trazes, por perscrutar (oh! ciência louca!)O conteúdo das lágrimas hediondas.Negro e sem fim é esse em que te mergulhaslugar do Cosmos, onde a dor infreneÉ feita como é feito o queroseneNos recôncavos úmidos das hulhas!Porque, para que a Dor perscrutes, foraMister que, não como és, em síntese, antesFosses, a refletir teus semelhantes,A própria humanidade sofredora!A universal complexidade é que ElaCompreende. E se, por vezes, se divide,Mesmo ainda assim, seu todo não resideNo quociente isolado da parcela!Ah! Como o ar imortal a Dor não finda!Das papilas nervosas que há nos tatosVeio e vai desde os tempos mais transatosPara outros tempos que hão de vir ainda!Como o machucamento das insôniasTe estraga, quando toda a estuada IdeiaDás ao sôfrego estudo da ninfeiaE de outras plantas dicotiledôneas!A diáfana água alvíssima e a hórrida áscuaQue da ígnea flama bruta, estriada, espirra;A formação molecular da mirra,O cordeiro simbólico da Páscoa;As rebeladas cóleras que rugemNo homem civilizado, e a ele se prendemComo às pulseiras que os mascates vendemA aderência teimosa da ferrugem;O orbe feraz que bastos tojos acresProduz; a rebelião, que na batalha,Deixa os homens deitados, sem mortalha,Na sangueira concreta dos massacres;Os sanguinolentíssimos chicotesDa hemorragia; as nódoas mais espessas,O achatamento ignóbil das cabeças,Que ainda degrada os povos hotentotes;O Amor e a Fome, a fera ultriz que o fojoEntra, à espera que a mansa vítima o entre,— Tudo que gera no materno ventreA causa fisiológica do nojo;As pálpebras inchadas na vigília,As aves moças que perderam a asa,O fogão apagado de uma casa,Onde morreu o chefe da família;O trem particular que um corpo arrastaSinistramente pela via férrea,A cristalização da massa térrea,O tecido da roupa que se gasta;A água arbitrária que hiulcos caules grossosCarrega e come; as negras formas feiasDos aracnídeos e das centopeias,O fogo-fátuo que ilumina os ossos;As projeções flamívomas que ofuscam,Como uma pincelada rembrandtesca,A sensação que uma coalhada frescaTransmite às mãos nervosas dos que a buscam;O antagonismo de Tífon e Osíris,O homem grande oprimindo o homem pequeno,A lua falsa de um parasseleno,A mentira meteórica do arco-íris;Os terremotos que, abalando os solos,Lembram paióis de pólvora explodindo,A rotação dos fluidos produzindoA depressão geológica dos pólos;O instinto de procriar, a ânsia legítimaDa alma, afrontando ovante aziagos riscos,O juramento dos guerreiros priscosMetendo as mãos nas glândulas da vítima;As diferenciações que o psicoplasmaHumano sofre na mania mística,A pesada opressão característicaDos dez minutos de um acesso de asma;E, (conquanto contra isto ódios regougues)A utilidade fúnebre da cordaQue arrasta a rês, depois que a rês engorda,À morte desgraçada dos açougues...Tudo isto que o terráqueo abismo encerraForma a complicação desse barulhoTravado entre o dragão do humano orgulhoE as forças inorgânicas da terra!Por descobrir tudo isso, embalde cansas!Ignoto é o gérmen dessa força ativaQue engendra, em cada célula passiva,A heterogeneidade das mudanças!Poeta, feto malsão, criado com os sucosDe um leite mau, carnívoro asqueroso,Gerado no atavismo monstruosoDa alma desordenada dos malucos;Última das criaturas inferioresGovernada por átomos mesquinhos,Teu pé mata a uberdade dos caminhosE esteriliza os ventres geradores!O áspero mal que a tudo, em torno, trazes,Análogo é ao que, negro e a seu turno,Traz o ávido filóstomo noturnoAo sangue dos mamíferos vorazes!Ah! Por mais que, com o espírito, trabalhesA perfeição dos seres existentes,Hás de mostrar a cárie dos teus dentesNa anatomia horrenda dos detalhes!O Espaço — esta abstração spencereanaQue abrange as relações de coexistênciaÉ só! Não tem nenhuma dependênciaCom as vértebras mortais da espécie humana!As radiantes elipses que as estrelasTraçam, e ao espectador falsas se antolhamSão verdades de luz que os homens olhamSem poder, no entretanto, compreendê-las.Em vão, com a mão corrupta, outro éter pedes,Que essa mão, de esqueléticas falanges,Dentro dessa água que com a vista abranges,Também prova o princípio de Arquimedes!A fadiga feroz que te esbordoaHá de deixar-te essa medonha marca,Que, nos corpos inchados de anasarca,Deixam os dedos de qualquer pessoa!Nem terás no trabalho que tivesteA misericordiosa toalha amiga,Que afaga os homens doentes de bexigaE enxuga, à noite, as pústulas da peste!Quando chegar depois a hora tranquila,Tu serás arrastado, na carreira,Como um cepo inconsciente de madeiraNa evolução orgânica da argila!Um dia comparado com um milênioSeja, pois, o teu último Evangelho...É a evolução do novo para o velhoE do homogêneo para o heterogêneo!Adeus! Fica-te aí, com o abdômen largoA apodrecer!... És poeira e embalde vibras!O corvo que comer as tuas fibrasHá de achar nelas um sabor amargo!” IVCalou-se a voz. A noite era funesta.E os queixos, a exibir trismos danados,Eu puxava os cabelos desgrenhadosComo o Rei Lear, no meio da floresta!Maldizia, com apóstrofes veementes,No estentor de mil línguas insurretas,O convencionalismo das PandetasE os textos maus dos códigos recentes!Minha imaginação atormentadaParia absurdos... Como diabos juntos,Perseguiam-me os olhos dos defuntosCom a carne da esclerótica esverdeada.Secara a clorofila das lavouras.Igual aos sustenidos de uma endecha,Vinha-me às cordas glóticas a queixaDas coletividades sofredoras.O mundo resignava-se invertidoNas forças principais do seu trabalho...A gravidade era um princípio falho,A análise espectral tinha mentido!O Estado, a Associação, os MunicípiosEram mortos. De todo aquele mundoRestava um mecanismo moribundoE uma teleologia sem princípios.Eu queria correr, ir para o inferno,Para que, da psique no oculto jogo,Morressem sufocadas pelo fogoTodas as impressões do mundo externo!Mas a Terra negava-me o equilíbrio...Na Natureza, uma mulher de lutoCantava, espiando as árvores sem fruto,A canção prostituta do ludíbrio!
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