Kitabı oku: «Despedaçadas », sayfa 2
CAPÍTULO DOIS
Enquanto Riley acompanhava April pelas escadas, deu por si a pensar se tinha realmente tomado a decisão certa. Mas ela conseguia sentir que April estava entusiasmada com o conteúdo da “surpresa”.
Pareceu-lhe que April também estava um pouco nervosa.
Não mais nervosa do que eu, Apercebeu-se Riley. Mas sabia que não podia mudar de ideias agora.
Entraram no quarto de Riley.
Um relance da expressão no rosto da filha convenceu Riley a não avançar com explicações. Foi ao seu armário onde se encontrava um pequeno cofre preto na prateleira. Digitou o código, retirou algo do seu interior e colocou o objeto em cima da cama.
Os olhos de April arregalaram-se com o que viu.
“Uma arma!” Disse ela. “É…?”
“Tua?” Disse Riley. “Bem, legalmente ainda é minha. A lei da Virginia diz que só podes possuir uma arma aos dezoito anos. Mas podes aprender com esta até lá. Vamos andar devagar, mas se te habituares a ela, será tua.”
April estava estupefacta.
“Queres?” Perguntou Riley.
April parecia não saber o que dizer.
Será que cometi um erro? Perguntou-se Riley. Talvez April não se sentisse prepararada para aquilo.
Riley disse, “Disseste que querias ser uma agente do FBI.”
April anuiu avidamente.
Riley disse, “Então – eu pensei que seria boa ideia iniciar-te no treino de armas. Não te parece bem?”
“Sim – oh, sim,” Disse April. “Isto é fantástico. Mesmo, mesmo fantástico. Obrigada mãe. Estou só um bocado espantada. Não esperava isto.”
“Eu também não,” Disse Riley. “Quero dizer, não esperava fazer isto nesta altura. Possuir uma arma é uma grande responsabilidade com que muitos adultos não conseguem arcar.”
Riley tirou a arma da caixa e mostrou-a a April.
Disse, “É uma Ruger SR22 – uma arma semiautomática de calibre .22.”
“.22?” Perguntou April.
“Acredita em mim, isto não é um brinquedo. Ainda não te quero treinar com um calibre mais elevado. Uma .22 pode ser tão perigosa como qualquer outra arma – ou até mais. Há mais pessoas a morrerem com este calibre do que com outro qualquer. Trata-a com cuidado e respeito. Só a vais manipular para treinar. O resto do tempo fica no meu armário. Vai ficar num cofre que só pode ser aberto com um código. Por agora, só eu terei acesso a ele.”
“Claro,” Disse April. “Não a ia querer por aí à toa.”
Riley acrescentou, “E preferia que não falasses disto à Jilly.”
“E a Gabriella?”
Riley sabia que a pergunta era pertinente. No que dizia respeito a Jilly, tratava-se de uma simples questão de maturidade. Ela poderia ter ciúmes e querer uma arma para ela, algo que estava fora de questão. Quanto a Gabriela, Riley suspeitava que ela ficaria assustada com a ideia de April estar a aprender a usar uma arma.
“Hei-de dizer-lhe,” Disse Riley. “Mas ainda não.”
Riley mostrou o carregador vazio e disse, “Certifica-te sempre se a tua arma está carregada ou não.”
Entregou a arma descarregada a April, cujas mãos tremiam um pouco.
Riley quase brincou…
“Peço desculpa por não ter arranjado uma em cor de rosa.”
Mas pensou melhor. Não era coisa com que se brincasse.
April disse, “Mas o que faço com ela? Onde? Quando?”
“Agora mesmo,” Disse Riley. “Vem, vamos.”
Riley voltou a colocar a arma na caixa e levou-a consigo quando descera as escadas. Felizmente, Gabriela estava atarefada na cozinha e Jilly estava noutro compartimento, por isso não tiveram que discutir o que estava dentro da caixa.
April foi à cozinha e disse a Gabriela que ela e Riley ia sair por um bocado, depois foi à sala e disse o mesmo a Jilly. A rapariga parecia estar fascinada com algo que passava na TV e limitou-se a abanar a cabeça.
Riley e April saíram de casa e entraram no carro. Riley levou-a até um armeiro chamado Smith Firearms onde comprara a arma há alguns dias. Quando ela e April entraram, viram-se rodeadas de armas de todos os tipos e tamanhos, penduradas nas paredes ou em caixas de vidro.
Foram cumprimentadas por Brick Smith, o dono da loja. Brick era um homem grande, com barba, sorridente e que usava uma camisa de xadrez.
“Olá, senhora Paige,” Disse ele. “É bom vê-la novamente. O que a traz por cá hoje?”
Riley disse, “Esta é a minha filha April. Viemos até cá para experimentar a Ruger que lhe comprei no outro dia.”
Brick Smith pareceu divertido. Riley lembrava-se quando ali levara o namorado Blaine para lhe comprar uma arma de autodefesa. Nessa altura, Brick parecera perplexo por ver uma mulher a comprar uma arma para um homem. Mas a sua surpresa rapidamente se desvaneceu quando soube que Riley era agente do FBI.
Agora não estava minimamente surpreendido.
Está a habituar-se a mim, Pensou Riley. Ótimo. Nem toda a gente consegue.
“Bem, bem, bem,” Disse ele, olhando para April. “Não me disse que estava a comprar a arma para a sua filhinha.”
Aquelas palavras aborreceram Riley ligeiramente…
“… a sua filhinha.”
Pensou – terá April ficado ofendida?
Riley olhou para April e reparou que ela ainda aparentava estar espantada com tudo aquilo.
Talvez se sinta uma menina pequena no momento, Pensou Riley.
Brick Smith conduziu Riley e April até uma porta que dava para uma surpreendentemente grande carreira de tiro atrás da loja e depois deixou-as sozinhas.
“Comecemos pelo início,” Disse Riley, apontando para uma lista longa na parede. “Lê estas regras. Se tiveres dúvidas, pergunta-me.”
Riley ficou a ver April a ler as regras, que como é óbvio cobriam todas as questões de segurança, incluindo nunca apontar a arma em nenhuma direção que não seja a carreira de tiro. Enquanto April lia com uma expressão séria, Riley sentiu uma estranha sensação de déjà vu. Recordou-se de quando ali levara Blaine para comprar e experimentar uma nova arma.
Era uma memória algo amarga.
Depois da sua primeira noite juntos, Blaine dissera-lhe de forma hesitante ao pequeno-almoço…
“Acho que preciso de comprar uma arma. Para proteção em casa.”
É claro que Riley entendera porquê. A sua própria vida estivera em perigo desde que a conhecera. E a verdade é que dias mais tarde, precisara daquela arma não só para se defender a si próprio, como também toda a família de Riley de um perigoso criminoso em fuga, Shane Hatcher. Blaine quase matara o homem.
Riley agora sentia novamente a culpa por aquele terrível incidente.
Ninguém está seguro comigo na sua vida? Interrogou-se. Toda a gente que conheço precisará de armas por causa de mim?
April acabou de ler as regras, e ela e Riley dirigiram-se a uma das cabinas vazias onde April colocou o equipamento de proteção de ouvidos e olhos. Riley tirou a arma da caixa e colocou-a em frente a April.
April olhou para ela com uma expressão assustada.
Ainda bem, Pensou Riley. Ela deve sentir-se intimidada.
April disse, “Esta é diferente da arma que compraste ao Blaine.”
“Sim,” Disse Riley. “Comprei-lhe uma Smith and Wesson 686, um revólver de calibre .38 – uma arma muito mais poderosa. Mas as necessidades dele eram diferentes. Ele só queria defender-se. Ele não estava a pensar em ser agente do FBI como tu.”
Riley pegou na arma e mostrou-a a April.
“Existem algumas grandes diferenças entre um revólver e uma semiautomática. Uma semiautomática tem imensas vantagens, mas também algumas desvantagens – falhas de ignição ocasionais, falhas na ejeção, encravamentos. Não queria que o Blaine tivesse que lidar com essas coisas, não numa emergência. Mas quanto a ti – bem, podes muito bem começar a aprender sobre elas agora mesmo, num cenário seguro onde a vida não está em perigo.”
Riley começou a mostrar a April o que ela precisava de saber de seguida – como introduzir as munições no carregador, como introduzir o carregador na arma e como o descarregar.
Ao fazer a demonstração, Riley disse, “Agora esta arma pode ser usada tanto em modo de ação única como em modo de ação dupla. Podes disparar tiros rápidos até o carregador esvaziar. Essa é a grande vantagem de uma semiautomática.”
Colocando o dedo no gatilho, Riley prosseguiu, “A ação dupla é quando fazes todo o trabalho com o gatilho. Se quiseres disparar outra vez, tens que começar do início. Isso dá mais trabalho – o teu dedo está a pressionar três a cinco Kg de pressão – e o disparo é mais lento. E é o que quero que faças para começar.”
Ela carregou num botão para colocar o alvo de papel a uma distância de seis metros de distância da cabina, depois mostrou a April a postura correta e posições das mãos para disparar, e também como apontar.
Riley disse, “OK, a tua arma não está carregada. Vamos tentar tiros sem munições.”
Tal como fizera com Blaine, Riley explicou a April como respirar – inspirar lentamente enquanto aponta, depois expirar lentamente quando carrega no gatilho para que o corpo esteja o mais quieto possível quando a arma é disparada.
April apontou cuidadosamente para o alvo, depois carregou no gatilho diversas vezes. Então, por indicação de Riley, colocou o carregador com munições na arma, retomou a sua posição e disparou um único tiro.
April soltou um guincho alarmado.
“Atingi alguma coisa?” Perguntou.
Riley apontou para o alvo.
“Bem, atingiste o alvo. E para primeira tentativa, não está mal. Como te sentiste?”
April soltou uma risada nervosa.
“Foi surpreendente. Espera mais….”
“Recuo?”
“Sim. E não foi tão alto como esperava.”
Riley assentiu e disse, “Isso é uma das coisas boas de uma .22. Não vais desenvolver maus hábitos. À medida que fores avançando para armas maiores, estarás preparada para lidar com a sua potência. Vai, esvazia o carregador.”
Enquanto April disparou lentamente os nove restantes tiros, Riley reparou numa mudança no seu rosto. Era uma expressão determinada, feroz que Riley julgou já lhe ter visto no passado. Riley tentou lembrar-se…
Quando é que foi? Apenas uma vez, Pensou.
Então a memória atingiu-a como um raio…
Riley perseguira o monstro chamado Peterson até à margem do rio. Mantinha April como refém, atada de pés e mãos e com uma arma encostada à cabeça. Quando a arma de Peterson falhou, Riley atirou-se a ele e lutaram no rio até ele empurrar a sua cabeça para debaixo de água na tentativa de a afogar.
O seu rosto veio à superfície por um momento e ela viu algo de que nunca se esqueceria…
De pulsos e pés ainda atados, April estava de pé a segurar na shotgun que Peterson deixara cair.
April bateu com a coronha na cabeça de Peterson…
A luta terminara pouco depois quando Riley esmagou o rosto de Peterson com uma pedra.
Mas nunca se perdoara por permitir que April enfrentasse tal perigo.
E agora, ali estava April, disparando contra o alvo com a mesma expressão feroz no rosto.
É tão parecida comigo, Pensou Riley.
E se April realmente se empenhasse, Riley tinha a certeza de que se tornaria numa agente do FBI melhor do que ela.
Mas seria isso bom ou mau?
Riley não sabia se se devia sentir culpada ou orgulhosa.
Mas durante a sessão de treino de meia hora, April disparou com crescente confiança e precisão contra o alvo. Quando deixaram o armeiro e foram para casa, Riley sentia orgulho na filha.
April estava entusiasmada e conversadora, perguntando todo o o tipo de perguntas sobre o treino que a esperava. Riley deu-lhe as respostas possíveis, tentando não demonstrar a sua ambivalência face ao futuro que April parecia desejar tanto.
Ao aproximarem-se de casa, April disse, “Olha quem cá está.”
Riley ficou desiludida quando viu o caro BMW estacionado à sua porta. Ela sabia que pertencia à última pessoa no mundo que queria ver naquele momento.
CAPÍTULO TRÊS
Quando Riley estacionou o seu modesto carro atrás do BMW, percebeu que as coisas poderiam descambar naquela casa. Quando desligou o carro, April pegou na caixa com a arma no seu interior e começou a sair do carro.
“É melhor deixares isso aqui por agora,” Disse Riley.
Com certeza que não ia querer explicar aquilo ao indesejado visitante.
“Tens razão,” Respondeu April, empurrando a caixa para debaixo do assento do carro.
“E não te esqueças – não contes à Jilly sobre isto,” Disse Riley.
“Não conto,” Disse April. “Mas ela já deve ter percebido que tens alguma coisa para mim e vai ficar a pensar no que será. Enfim, no domingo dás-lhe um presente e ela esquece isto num instante.”
Presente? Interrogou-se Riley.
Depois lembrou-se – no domingo era o aniversário de Jilly.
Riley sentiu-se corar.
Quase se esquecera que a Gabriela tinha planeado uma festa de família para domingo à noite.
E ainda não tinha comprado um presente para Jilly.
Não te esqueças! Disse a si própria.
Riley e April fecharam o carro e caminharam na direção da casa. E é claro que o dono do carro de luxo – o ex-marido de Riley – estava sentado na sala de estar.
Jilly estava numa cadeira à sua frente e a sua expressão dura mostrava que não estava nada satisfeita por tê-lo ali.
“Ryan, o que é que estás a fazer aqui?” Perguntou Riley.
Ryan virou-se para ela com aquele sorriso encantador que tantas vezes tinha enfraquecido a sua determinação em afastá-lo completamente.
Raios, ainda é atraente, Pensou.
Ela sabia que ele se fartava de trabalhar para ter aquele aspeto e que passava muitas horas no ginásio.
Ryan disse, “Ei, isso é forma de se cumprimentar alguém da família? Ainda sou da família, não sou?”
Ninguém falou durante um momento.
A tensão era palpável e a expressão de Ryan transformou-se numa de desilusão.
Riley pensou – que tipo de receção é que estava à espera?
Não as via há três meses. Antes disso, tinham feito uma tentativa de reconciliação. Ele vivera com elas cerca de dois meses, mas nunca se mudara em definitivo. Mantivera a casa confortável que havia partilhado com Riley e April antes da separação e do divórcio.
As miúdas tinham ficado contentes por tê-lo por perto – até ele perder o interesse e partir novamente.
As miúdas ficaram muito desiludidas com isso.
E agora, ali estava ele outra vez, do nada e sem avisar.
O silêncio adensou-se. Então Jilly cruzou os braços e olhou para ele com desconfiança.
Virando-se para Riley e April, ela perguntou, “Para onde é que vocês as duas fora, afinal?”
Riley engoliu e seco.
Odiava mentir a Jilly, mas aquele não era o melhor momento para lhe falar na arma de April.
Felizmente, April disse, “Só tivemos que ir a um sítio.”
Ryan olhou para April.
“Ei, queridinha,” Disse ele. “Não me dás um abraço?”
April não olhou para ele, limitando-se a ficar de pé.
Por fim disse numa voz amuada, “Olá paizinho.”
Parecendo que ia chorar a qualquer momento, April virou-se e subiu as escadas rumo ao seu quarto.
Ryan ficou surpreendido.
“O que é que foi aquilo?” Perguntou ele.
Riley sentou-se no sofá, tentando encontrar a elhor forma de lidar com a situação.
Ela perguntou novamente, “O que é que estás a fazer aqui Ryan?”
Ryan encolheu os ombros.
“Eu e a Jilly estávamos a falar sobre a escola – ou pelo menos eu estava a tentar que ela falasse sobre a escola. As notas dela baixaram? É isso que não me quer dizer?”
“As minhas notas estão ótimas,” Disse Jilly.
“Então fala-me na escola, porque é que não o fazes?” Perguntou Ryan.
“Está tudo bem na escola… senhor Paige,” Disse Jilly.
Riley encolheu-se e Ryan pareceu magoado.
Jilly chamava Ryan de “Pai” antes de ele se ter ido embora.
Antes disso, chamava-o “Ryan”. Riley tinha a certeza de que Jilly nunca o tratara por senhor Paige anteriormente. Jilly expressava a sua posição de forma muito clara.
Levantou-se da cadeira e disse, “Se não se importarem, tenho trabalhos de casa para fazer.”
“Queres ajuda?” Perguntou Ryan.
Jilly ignorou a pergunta e continuou a subir as escadas.
Ryan olhou para Riley com uma expressão afetada.
“O que é que se passa aqui?” Perguntou ele. “Porque é que as miúdas estão tão zangadas comigo?”
Riley suspirou. Por vezes, o seu ex-marido era tão imaturo quanto ambos haviam sido quando se casaram tão novos.
“Ryan, de que raio estavas à espera?” Perguntou Riley, tão pacientemente quanto pode. “Quando te mudaste para cá, as miúdas estavam felizes por te terem cá. Sobretudo a Jilly. Ryan, o pai daquela menina era um bêbedo violento. Ela quase se transformou numa prostituta para se afastar dele – e só tinha treze anos! Foi tão importante para ela ter uma figura parental na sua vida. Não percebes como ela ficou desiludida quando te foste embora?”
Ryan ficou a olhar para ela com uma expressão perplexa, como se não tivesse ideia do que é que ela estava a falar.
Mas Riley lembrava-se demasiado bem do que Ryan lhe dissera ao telefone.
“Preciso de espaço. Esta coisa da família – eu pensava estar pronto, mas não estou.”
E não mostrara grande preocupação por Jilly na altura.
“Riley, a Jilly foi uma decisão tua. Admiro-te por isso. Mas não teve nada a ver comigo. A adolescente perturbada de outra pessoa é demasiado para mim. Não é justo.”
E agora ali estava ele, a mostrar-se magoado porque Jilly já não o tratava por “Pai”.
Era realmente exasperante.
Riley não ficou surpreendida por ver as duas raparigas a afastarem-se dele. Também ela queria fazer o mesmo. Infelizmente, alguém tinha que ser adulto nesta situação. E já que Ryan parecia incapaz de o ser, Riley não tinha saída.
Antes que pudesse pensar no que dizer de seguida, Ryan levantou-se da sua cadeira e sentou-se ao lado de Riley. Avançou na sua direção.
Riley afastou-o.
“Ryan, o que é que estás a fazer?”
“O que é que achas que estou a fazer?”
Agora a voz de Ryan soava carinhosa.
Riley estava a ficar cada vez mais furiosa.
“Nem penses,” Disse ela. “Quantas namoradas te passaram pelas mãos desde que te foste embora?”
“Namoradas?” Perguntou Ryan, obviamente tentando parecer perplexo com a pergunta.
“Sim, ouviste bem. Ou já te esqueceste? Uma delas ligou por engano para aqui quando ainda cá estavas. Parecia estar bêbeda. Disseste que se chamava Lina. Mas não me parece que a Lina tenha sido a última. Quantas mais tiveste? Será que sabes? Será que te lembras dos nomes?”
Ryan não respondeu. Agora parecia culpado.
Tudo começava a fazer sentido para Riley. Tudo já tinha acontecido anteriormente e ela sentiu-se estúpida por não o prever.
Ryan estava entre namoradas e julgou que Riley serviria dadas as circunstâncias.
Ele não queria saber das miúdas para nada – nem da sua própria filha. Eram apenas um pretexto para se aproximar de Riley.
Riley cerrou os dentes e disse, “Penso que é melhor ires embora.”
“Porquê? O que é que se passa? Não andas com ninguém, pois não?”
“Por acaso até ando.”
Agora Ryan parecia genuinamente perplexo, como se não conseguisse imaginar que Riley se pudesse interessar por outro homem.
Então disse, “Oh meu Deus. É aquele cozinheiro outra vez, não é?”
Riley soltou um rugido de fúria.
Ela disse, “Sabes muito bem que o Blaine é chef. Também sabes que ele é proprietário de um agradável restaurante, e que April e a sua filha são melhores amigas. Ele é fantástico com as miúdas – tudo o que tu não és. E sim, ando com ele e está a tornar-se bastante sério. Por isso, quero mesmo que saias daqui.”
Ryan olhou para ela durante um instante.
Por fim, disse num tom de voz amargo, “Nós fazíamos um belo casal.”
Ela não respondeu.
Ryan levantou-se do sofá e dirigiu-se à porta.
“Avisa-me se mudares de ideias,” Disse ele ao sair de casa.
Riley ficou tentada em dizer…
“Espera sentado.”
… mas conseguiu controlar-se. Ficou sentada enquanto ouvia o som do carro de Ryan a afastar-se. Então, conseguiu relaxar.
Riley ficou ali sentada mais um pouco em silêncio a pensar no que acabara de acontecer.
A Jilly tratou-o por “senhor Paige”.
Fora cruel, mas ela não podia negar que Ryan merecia.
Ainda assim, estava preocupada – o que deveria dizer a Jilly sobre aquele tipo de crueldade?
Esta coisa da maternidade é dura, Pensou.
Estava prestes a chamar Jilly para falar sobre isso quando o telefone tocou. A chamada era de Jenn Roston, uma jovem agente com quem trabalhara em casos recentes.
Quando Riley atendeu a chamada, ouviu o stress na voz de Jenn.
“Ei Riley. Lembrei-me de ligar e…”
Seguiu-se um silêncio. Riley questionou-se do que estaria a passar pela mente de Jenn.
Então Jenn disse, “Ouve, só te queria agradecer a ti e ao Bill por… sabes… quando eu…”
Riley estava prestes a dizer-lhe…
“Não o digas. Não ao telefone.”
Felizmente, a voz de Jenn desvaneceu-se sem terminar o seu pensamento.
Ainda assim, Riley sabia por que é que Jenn lhe agradecia.
Durante o caso mais recente, Jenn tinha-se ausentado durante mais de um dia. Riley tinha convencido Bill que a deviam encobrir. No final de contas, Jenn também encobrira Riley numa situação algo parecida.
Mas Jenn ausentara-se do seu trabalho devido às exigências de uma mulher que fora sua mãe adotiva, mas que também era uma criminosa. Jenn percorrera terrenos ilegais para resolver um problema da “Tia Cora”.
Riley não sabia ao certo o que fora. Não perguntara.
Ouviu Jenn a emitir um ruído abafado.
“Riley, tenho andado a pensar. Talvez devesse entregar o meu distintivo. O que aconteceu pode voltar a acontecer. E pode ser pior da próxima vez. De qualquer das formas, não me parece que tenha terminado.”
Riley pressentiu que Jenn não lhe estava a contar toda a verdade.
A Tia Cora está a pressioná-la novamente, Pensou Riley.
Não era de espantar. Se o poder da Tia cora era suficientemente forte, Jenn podia servir como fonte real dentro do FBI.
Riley interrogou-se…
Deveria Jenn demitir-se?
Mas rapidamente encontrou a resposta…
Não.
Afinal de contas, Riley tivera uma relação semelhante com um criminoso – o fugitivo brilhante Shane Hatcher. Tudo terminara com a ação de Blaine que atingiu Hatcher, quase fatalmente, e Riley capturara-o. Hatcher regressara a Sing Sing e não dissera uma palavra a ninguém desde então.
Jenn sabia mais sobre a relação de Riley com Hatcher do que qualquer outra pessoa, exceto Hatcher. Jenn podia ter destruído a carreira de Riley com o conhecimento que tinha. Mas mantivera-se calada por lealdade a Riley. Agora chegara o momento de Riley lhe retribuir.
Riley disse, “Jenn, lembras-te do que te disse quando me falaste pela primeira vez sobre isto?”
Jenn ficou calada.
Riley disse, “Eu disse-te que lidávamos com isto. Tu e eu, juntas. Não podes desistir. Tens demasiado talento. Estás a ouvir-me?”
Jenn continuou calada.
Riley apenas ouviu o beep do serviço de chamada em espera indicando-lhe que tinha mais alguém a ligar-lhe.
Ignora, Disse a si própria.
Mas o beep continuou. O instinto de Riley dizia-lhe que a outra chamada era importante. Suspirou.
Disse a Jenn, Ouve, tenho que atender outra chamada. Fica em linha, ok? Vou tentar ser rápida.”
“Ok,” Disse Jenn.
Riley mudou para a chamada em espera e ouviu a voz áspera do chefe de equipa da UAC, Brent Meredith.
“Agente Paige, temos um caso. É um assassino em série no Midwest. Preciso que venha ter comigo ao meu gabinete.”
“Quando?” Perguntou Riley.
“Imediatamente,” Resmungou Meredith. “Quanto mais depressa melhor.”
Riley percebeu pelo seu tom que o assunto era urgente.
“Vou já ter consigo,” Disse Riley. “Quem vai colocar na equipa?”
“Isso é consigo,” Disse Meredith. “Você e os Agentes Jeffreys e Roston trabalharam bem juntos no caso Sandman. Fique com ambos se lhe parecer bem. E venham para cá imediatamente.”
Sem dizer mais uma palavra, Meredith desligou a chamada.
Riley retomou a chamada de Jenn.
Disse, “Jenn, entregar o distintivo não é uma opção. Não agora. Preciso de ti num caso. Encontramo-nos no gabinete do Brent Meredith. E despacha-te.”
Sem esperar por uma resposta, Riley terminou a chamada. Ao ligar para Bill Jeffreys pensou…
Talvez outro caso seja aquilo de que a Jenn precisa agora.
Riley esperava que sim.
Entretanto, teve uma sensação familiar de aumento de vigilância ao apressar-se para finalmente descobrir de que tratava o novo caso.