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CAPÍTULO 4

A chama branca da tocha de propano tremulou à frente de Riley. Ela teve de se esquivar para trás para escapar de uma queimadura. O brilho a deixou cega e ela não conseguia sequer ver o rosto de seu sequestrador. À medida que a tocha era movimentada, ela parecia deixar vestígios remanescentes suspensos no ar.

"Pare!" ela gritou. "Pare!"

Sua voz estava crua e rouca de tanto gritar. Ela se perguntou por que estava perdendo o fôlego. Ela sabia que ele não iria parar de atormentá-la até que estivesse morta.

Foi então que ele levantou uma buzina de ar e a apertou em seu ouvido.

Uma buzina de carro soou. Riley voltou ao presente e olhou para fora, a luz do cruzamento tinha acabado de ficar verde. Uma linha de motoristas esperava atrás de seu veículo, então ela pisou no acelerador.

Riley, com as palmas das mãos suando, forçou-se a se livrar daquela memória e lembrou-se de onde estava. Ela estava indo visitar Marie Sayles, a única outra sobrevivente do sadismo indizível de seu quase-assassino. Ela repreendeu-se por deixar o flashback dominá-la. Ela tinha conseguido manter sua mente na direção por uma hora e meia e pensou que estava indo bem.

Riley dirigiu em Georgetown, passou por casas de luxo vitorianas e estacionou no endereço que Marie lhe fornecera por telefone – uma casa de tijolos vermelhos com belas janelas. Ela se sentou no carro por um momento, em dúvida se deveria entrar, tentando criar coragem.

Por fim, ela saiu. Enquanto subia os degraus, ficou satisfeita ao ver que encontrara Marie na porta. Sombriamente, mas elegantemente vestida, Marie sorriu, um pouco abatida. Seu rosto parecia cansado e marcado. Pelos círculos sob seus olhos, Riley tinha certeza que ela andava chorando. Isso não era nenhuma surpresa. Ela e Marie tinham se visto muito durante as semanas de conversas por vídeo, havia pouco que pudessem esconder uma da outra.

Quando se abraçaram, Riley imediatamente reparou que Marie não era tão alta e robusta como ela esperava que fosse. Mesmo de salto, Marie era mais baixa que Riley, sua estrutura era pequena e delicada. Isso deixou Riley surpresa. Ela e Marie tinha conversado, mas esta era a primeira vez que se encontraram pessoalmente. A fragilidade de Marie a fazia parecer ainda mais corajosa por ter sobrevivido àquela situação.

Riley analisou seus arredores enquanto ela e Marie caminharam para a sala de jantar. O lugar estava impecavelmente limpo e decorado com bom gosto. Em outra ocasião, seria uma casa alegre para uma mulher bem-sucedida e solteira. Mas Marie mantinha todas as cortinas fechadas e as luzes baixas. A atmosfera era estranhamente opressiva. Riley não queria admitir, mas o lugar a fez pensar em sua própria casa.

Marie serviu um almoço leve sobre a mesa da sala de jantar e ela e Riley sentaram-se para comer. Ficaram ali em um silêncio constrangedor, Riley estava suando, mas não tinha certeza do motivo. Ver Marie trazia tudo de volta.

"Assim… Como é que foi?" Marie perguntou timidamente. "Sair para o mundo?"

Riley sorriu. Marie sabia melhor do que ninguém como dirigir naquele dia foi custoso.

"Muito bem," disse Riley. "Na realidade, até que bem. Eu só tive um momento ruim, na realidade."

Marie assentiu, entendendo perfeitamente.

"Bem, você conseguiu," disse Marie. "E isso exigiu coragem."

Coragem, Riley pensou. Não era assim que ela teria se descrito. Uma vez, talvez, quando ela era uma agente ativa. Será que ela nunca mais se descreveria dessa forma?

"E quanto a você?" Riley perguntou. "Quantas vezes você sai?"

Marie ficou em silêncio.

"Você nem sai de casa, não é?" Riley perguntou.

Marie balançou a cabeça.

Riley estendeu a mão e segurou-lhe o pulso em um aperto de compaixão.

"Marie, você tem que tentar," ela insistiu. "Se você se deixa ficar presa aqui dentro assim, é como se ele ainda estivesse mantendo-a como prisioneira."

Um soluço sufocado forçou seu caminho para fora da garganta de Marie.

"Sinto muito," disse Riley.

"Está tudo bem. Você tem razão."

Riley observou Marie enquanto as duas comiam e um longo silêncio seguiu. Ela queria pensar que Marie estava indo bem, mas ela tinha que admitir que ela lhe parecia assustadoramente frágil. Isso a fez ter medo de si mesma, também. Será que ela também parecia tão mal assim?

Riley perguntou silenciosamente se era bom Marie viver sozinha. Ela estaria melhor com um marido ou namorado? perguntou-se. Em seguida, ela perguntou a mesma coisa sobre si mesma. No entanto, sabia que a resposta para as duas questões provavelmente seria não. Nenhuma delas tinha um bom quadro emocional e mental para um relacionamento saudável. Seria apenas um apoio.

"Eu já te agradeci?" Marie perguntou depois de um tempo, quebrando o silêncio.

Riley sorriu. Ela sabia perfeitamente que Marie estava falando sobre ela tê-la salvado. "Muitas vezes," disse Riley. "E você não precisa. Sério."

Marie cutucou sua comida com um garfo.

"Eu já pedi desculpas?"

Riley ficou surpresa. "Desculpas? Por o quê?"

Marie falou com dificuldade.

"Se você não tivesse me tirado de lá, você não teria ficado presa."

Riley apertou a mão de Marie gentilmente.

"Marie, eu estava apenas fazendo meu trabalho. Você não pode se sentir responsável por algo que não foi culpa sua. Você já tem muitas coisas para lidar."

Marie assentiu com a cabeça, reconhecendo.

"Apenas sair da cama todos os dias é um desafio," ela admitiu. "Acho que você percebeu o quão escuro eu mantenho tudo. Qualquer luz brilhante me lembra aquela tocha dele. Eu não posso nem ver televisão ou ouvir música. Estou com medo de que alguém possa entrar em casa e eu não vou ouvi-lo. Qualquer barulho me deixa em pânico."

Marie começou a chorar baixinho.

Eu nunca mais vou olhar para o mundo da mesma forma. Nunca. Existe mal lá fora, à nossa volta. Não fazia ideia. As pessoas são capazes de tantas coisas horríveis. Não sei como eu vou confiar nas pessoas novamente."

Enquanto Marie chorava, Riley queria tranquilizá-la, dizer-lhe que ela estava errada. Mas uma parte de Riley não tinha tanta certeza disso.

Finalmente, Marie olhou para ela.

"Por que você veio aqui hoje?" ela perguntou, à queima-roupa.

Riley foi pega de surpresa pela franqueza de Marie e pelo fato de que ela também não sabia.

"Eu não sei," disse ela. "Só queria visitá-la. Ver como você está."

"Há algo mais," disse Marie, estreitando os olhos com uma estranha percepção.

Talvez ela estivesse certa, Riley pensou. Riley pensou sobre a visita de Bill e percebeu que ela tinha, de fato, ido ali por causa do novo caso. O que é que ela queria de Marie? Conselho? Permissão? Encorajamento? Reafirmação? Uma parte dela queria que Marie lhe dissesse que ela estava louca, para que ela pudesse dormir tranquila e esquecer de Bill. Mas talvez outra parte queria que Marie lhe pedisse para falar do assunto.

Por fim, Riley suspirou.

"Há um novo caso," disse ela. "Bem, não um novo caso. Mas um caso antigo que nunca foi solucionado."

A expressão de Marie se tornou tensa e rígida. Riley engoliu em seco.

"E você veio me perguntar se você deve investigá-lo?" Perguntou Marie.

Riley deu de ombros. Mas ela também olhou para cima e procurou os olhos de Marie buscando confiança, encorajamento. E, nesse momento, ela percebeu porque exatamente ela tinha ido ali, o que ela tinha esperança em encontrar.

Mas, para sua decepção, Marie baixou os olhos e balançou a cabeça lentamente. Riley continuou esperando por uma resposta, mas, em vez disso, seguiu-se um silêncio interminável. Riley sentiu que algum medo especial estava se desenvolvendo dentro de Marie.

Em silêncio, Riley olhou ao redor do apartamento, seus olhos caíram sobre o telefone fixo dela. Ela ficou surpresa ao ver que estava desconectado da parede.

"Qual é o problema com o seu telefone?" Riley perguntou.

Marie parecia positivamente chocada e Riley percebeu que tinha cutucado um verdadeiro problema.

"Ele fica me ligando," disse Marie, em um sussurro quase inaudível.

"Quem?"

"Peterson".

O coração de Riley pulou em sua garganta.

"Peterson está morto," Riley respondeu, com a voz trêmula. "Eu incendiei o local. Encontraram o corpo dele."

Marie balançou a cabeça.

"Pode ter sido o corpo de qualquer um que encontraram. Não era ele."

Riley sentiu uma onda de pânico. Seus piores temores estavam vindo à tona.

"Todo mundo disse que era," falou Riley.

"E você realmente acredita nisso?"

Riley não sabia o que dizer. Agora não era o momento de contar sobre seus próprios medos. Afinal, Marie provavelmente estava delirando. Mas como Riley poderia convencê-la de algo que ela mesma não acreditava totalmente?

"Ele continua me ligando," disse Marie novamente. "Ele liga, respira e desliga. Sei que é ele. Ele está vivo. Ele ainda está me perseguindo."

Riley sentiu um pavor frio e aterrorizante.

"Provavelmente é só um alguém ligando à toa," disse ela, fingindo estar calma. "Mas eu posso ir até o Escritório para verificar isso de qualquer maneira. Eu posso pedir que enviem um carro de vigilância, se você está com medo. Eles vão rastrear as chamadas."

"Não!" Marie disse rispidamente. "Não!"

Riley a olhou de volta, intrigada.

"Por que não?" Ela perguntou.

"Eu não quero deixá-lo com raiva," Marie respondeu com um gemido patético.

Riley, oprimida, sentindo um ataque de pânico chegando, de repente, percebeu que tinha sido uma péssima ideia aquela visita. Só serviu para sentir-se pior. Ela sabia que não poderia ficar naquela sala de jantar sufocante nem mais um momento.

"Eu tenho que ir," disse Riley, desconversando. "Sinto muito. Minha filha está esperando."

Marie, de repente, agarrou o pulso de Riley com uma força surpreendente, cravando as unhas em sua pele.

Ela olhou para trás, seus olhos azuis gelados transmitiam tamanha intensidade que assustaram Riley. Aquele olhar assombrador atingiu a sua alma.

"Pegue o caso," Marie insistiu.

Riley podia ver nos olhos de Marie que ela estava confundindo o novo caso com o de Peterson, misturando-os em um só.

"Encontre esse filho da puta," ela acrescentou. "E mate-o por mim."

CAPÍTULO 5

O homem manteve uma distância curta, porém discreta da mulher, olhando para ela apenas fugazmente. Ele colocou alguns itens em sua cesta para que ele parecesse apenas mais um cliente. Ele se parabenizou por conseguir fazer-se tão discreto. Ninguém poderia adivinhar seu verdadeiro poder.

Mas, novamente, ele nunca foi o tipo de homem que atraía muita atenção. Quando criança, era praticamente invisível. Agora, muito tempo depois, foi capaz de transformar sua própria inocuidade em sua vantagem.

Apenas alguns momentos atrás, ele tinha ficado ao lado dela, pouco mais de dois pés de distância. Absorto na escolha de seu xampu, ela não tinha sequer notado.

Ele sabia muito sobre ela, no entanto. Sabia que o nome dela era Cindy; que seu marido era dono de uma galeria de arte; que ela trabalhava em uma clínica médica pública. Hoje era um de seus dias de folga. Agora ela estava ao telefone celular falando com alguém – sua irmã, parecia. Ela estava rindo de algo que a pessoa estava lhe contando. Ele se exaltou de raiva, perguntando-se se estavam rindo dele, assim como todas as meninas costumavam fazer. Sua fúria aumentou.

Cindy usava shorts, uma camiseta regata e tênis de corrida que pareciam caros. Ele observou-a correndo enquanto estava em seu carro e esperou até que ela terminasse seus exercícios e entrasse na mercearia. Ele conhecia sua rotina em um dia de folga como aquele. Ela levaria as compras para casa e as guardaria, tomaria um banho e, em seguida, pegaria o carro para encontrar seu marido para o almoço.

Tinha boa aparência devido aos exercícios físicos. Ela não tinha mais de trinta anos de idade, mas a pele de suas coxas não era tão firme assim. Ela provavelmente tinha perdido muito peso em um momento ou outro, talvez recentemente. Sem dúvida, sentia orgulho disso.

De repente, a mulher se dirigiu para a caixa registadora mais próxima. O homem foi pego de surpresa. Ela tinha acabado de fazer as compras mais cedo do que o habitual. Ele correu para entrar na fila atrás dela, quase empurrando outro cliente de lado para conseguir. Ele silenciosamente se repreendeu por isso.

Enquanto o caixa passava os itens da mulher, ele se aproximou e ficou bem perto dela – perto o suficiente para sentir seu corpo, agora suado e pungente depois de sua corrida vigorosa. Era um cheiro que ele esperava que fosse se tornar muito, muito mais familiar em breve. Mas o cheiro seria, então, misturado com outro odor – um que o fascinava por causa de sua estranheza e mistério.

O cheiro da dor e do terror.

Por um momento, o observador sentiu-se eufórico, até que agradavelmente tonto, com tamanha expectativa.

Depois de pagar pelas compras, ela empurrou o carrinho para fora das portas de vidro automáticas e saiu para o estacionamento.

Ele não sentia nenhuma pressa em pagar pelas suas mercadorias. Ele não precisa segui-la até sua casa. Ele já estivera lá – estivera até dentro de sua casa. Tinha até tocado em suas roupas. Ele iria retomar sua vigília novamente quando ela saísse do trabalho.

Não vai demorar muito agora, ele pensou. Nem um pouco.

*

Depois que Cindy MacKinnon entrou no carro, ela ficou ali sentada por um momento, sentindo-se abalada e sem saber o porquê. Lembrou-se da estranha sensação que ela tinha acabado de ter no supermercado. Era uma estranha e irracional sensação de estar sendo observada. Mas era mais do que isso. Levou alguns momentos para ela entender.

Por fim, ela percebeu que era a sensação de que alguém tinha a intenção de machucá-la.

Ela estremeceu profundamente. Durante os últimos dias, esse sentimento ia e voltava. Ela se repreendeu, certa de que era algo completamente infundado.

Ela balançou a cabeça, livrando-se de quaisquer vestígios dessa sensação. Depois de dar a partida no carro, ela se forçou a pensar em outra coisa e sorriu com a conversa por celular que ela teve com sua irmã, Becky. Mais tarde, Cindy iria ajudá-la a fazer uma grande festa de aniversário de três anos para sua filha, seria completa, com bolo e balões.

Seria um belo dia, ela pensou.

CAPÍTULO 6

Riley estava sentada no SUV, ao lado de Bill, enquanto ele mudava de marcha, empurrando o veículo de quatro rodas mais adentro nas colinas, ela enxugou as palmas das mãos em suas calças. Não sabia o que fazer com o suor, não sabia o que devia fazer ali. Depois de seis semanas fora do trabalho, ela não estava familiarizada com o que seu corpo estava lhe dizendo. Estar de volta parecia surreal.

Riley estava perturbada pela estranha tensão. Ela e Bill mal tinham falado durante aquele trajeto de mais de uma hora de carro. A antiga camaradagem, a jovialidade, a estranha afinidade entre eles – nada disso estava presente. Riley tinha certeza que ela sabia por que Bill estava tão distante. Ele não estava sendo rude – estava preocupado. Ele também parecia ter dúvidas sobre se ela devia estar de volta ao trabalho.

Eles dirigiram em direção ao Parque Estadual Mosby, o lugar onde Bill lhe contara que a vítima mais recente de assassinato fora vista. No caminho, Riley absorveu a geografia ao seu redor e, lentamente, seu antigo senso de profissionalismo entrou em ação. Ela sabia que tinha que se libertar.

Encontre esse filho da puta e mate-o por mim.

As palavras de Marie a assombraram, a impulsionaram, fizeram sua escolha ser simples.

Mas nada parecia tão simples agora. Por um lado, ela não podia deixar de se preocupar com April. Mandá-la para a casa do pai dela não era o ideal para nenhuma das pessoas envolvidas. Mas, hoje era sábado e Riley não queria esperar até segunda-feira para ver a cena do crime.

O silêncio profundo começou a pesar em sua ansiedade e ela sentiu desesperadamente a necessidade de falar. Forçou seu cérebro para achar alguma coisa para falar e, por fim, disse:

"Então, você vai me contar o que está acontecendo entre você e Maggie?"

Bill se virou para ela, com um olhar de surpresa no rosto, ela não sabia se era por ela ter quebrado o silêncio ou pela pergunta ter sido tão direta. Qualquer que fosse o motivo, ela imediatamente se arrependeu. Sua franqueza, muitas pessoas lhe diziam, podia ser desmotivadora. Ela não queria ser grossa, ela só não tinha tempo a perder.

Bill exalou.

"Ela acha que eu estou tendo um caso."

Riley sentiu um choque de surpresa.

"O quê?"

"Com o meu trabalho," Bill disse, rindo um pouco amargamente. "Ela acha que eu estou tendo um caso com o meu trabalho. Ela acha que eu amo tudo isso mais do que eu a amo. Sempre falo que ela está sendo boba. De qualquer forma, eu não posso exatamente terminar com isso – não com o meu trabalho, pelo menos."

Riley balançou a cabeça.

"Parece com o Ryan. Ele costumava ficar com muito ciúmes quando ainda estávamos juntos." Ela parou antes de acabar contando toda verdade para Bill. Seu ex-marido não tinha ciúmes do trabalho do Riley. Ele tinha ciúmes de Bill. Ela muitas vezes se perguntava se Ryan tinha um pouco de razão. Apesar do constrangimento de hoje, ela sentia-se incrivelmente bem só de estar perto de Bill. Será que esse sentimento era exclusivamente profissional?

"Espero que essa viagem não seja uma perda de tempo," disse Bill. "A cena do crime já foi limpa, você sabe."

"Eu sei. Só quero ver o lugar com meus próprios olhos. Fotos e relatórios não são o suficiente para mim." Riley estava começando a se sentir um pouco tonta agora. Ela tinha certeza que era por causa da altitude, estavam indo mais e mais para cima. A ansiedade também tinha algo a ver com isso. As palmas de suas mãos ainda estavam transpirando.

"Está muito longe?" Ela perguntou, observando a floresta ficar mais densa e o terreno mais remoto.

"Não está longe."

Alguns minutos depois, Bill saiu da estrada pavimentada e passou por cima de uma trilha de marcas de pneus. O veículo foi chacoalhando pelo caminho e então parou depois de adentrarem um quarto de milha na densa floresta.

Ele desligou o motor e em seguida virou-se para Riley e olhou para ela com preocupação.

"Tem certeza de que você quer fazer isso?" ele perguntou.

Ela sabia exatamente o que o preocupava. Ele estava com medo que ela relembrasse seu cativeiro traumático. Não importava que aquele fosse um caso completamente diferente, um assassino diferente.

Ela assentiu com a cabeça.

"Tenho certeza," disse ela, não totalmente convencida de que ela estava falando a verdade.

Ela saiu do carro e seguiu Bill para fora da estrada, por um caminho estreito e cheio de arbustos pela floresta. Ela ouviu o murmúrio de um riacho próximo. À medida que a vegetação ficava mais espessa, ela teve que forçar seu caminho empurrando os galhos baixos das árvores e pequenos carrapichos começaram a grudar em suas calças. Ela estava irritada com o pensamento de ter que retirá-las.

Por fim, ela e Bill alcançaram a margem do riacho. Riley foi imediatamente pega de surpresa pelo local ser tão encantador. A luz do sol da tarde derramou-se através das folhas, manchando as ondas de água com luzes caleidoscópicas. O murmúrio constante do riacho era tranquilizante. Era estranho pensar naquele lugar como uma terrível cena de crime.

"Ela foi encontrada aqui," disse Bill, levando-a para uma rocha longa e larga.

Assim que chegaram lá, Riley levantou-se, olhou à sua volta e respirou fundo. Sim, ela tinha razão em ir até ali. Ela estava começando a sentir isso.

"As fotos?" Riley perguntou.

Ela se agachou ao lado de Bill, sobre a pedra, e eles começaram a folhear uma pasta cheia de fotografias tiradas logo após o corpo de Reba Frye ter sido encontrado. Outra pasta estava recheada com relatórios e fotos do assassinato que ela e Bill tinham investigado há seis meses – o que eles não conseguiram resolver.

Essas fotos trouxeram de volta memórias vívidas do primeiro assassinato. Transportaram-na de volta àquela fazenda perto de Daggett. Ela se lembrava de como Rogers tinha sido exposta de uma forma semelhante contra uma árvore.

"Parece muito com nosso caso anterior," Riley observou. "Ambas as mulheres na casa dos trinta, ambas com crianças pequenas. Essa parece ser parte de seu Modus Operandi. Ele tem rancor de mães. Precisamos verificar a parentalidade, descobrir se havia alguma ligação entre as duas mulheres, ou entre os seus filhos."

"Vou arranjar alguém para fazer isso," disse Bill. Ele estava tomando notas agora.

Riley continuou analisando por meio dos relatórios e fotos, comparando-os com o cenário atual.

"O mesmo método de estrangulamento, com uma fita cor de rosa," observou ela. "Outra peruca, e o mesmo tipo de rosa artificial em frente ao corpo."

Riley segurou duas fotografias lado a lado.

"Olhos costurados abertos, também," disse ela. "Se bem me lembro, os técnicos descobriram que os olhos de Rogers tinham sido costurados após a morte. Foi o mesmo com Frye?"

"Sim. Acho que ele queria que o enxergassem, mesmo depois de mortas."

Riley sentiu um formigamento repentino subindo pela sua espinha. Ela tinha quase se esquecido deste sentimento. Ela o sentia sempre que algo sobre um caso estava prestes a fazer sentido. Não sabia se devia se sentir encorajada ou aterrorizada.

"Não," ela falou. "Não é isso. Ele não se importava se as mulheres o vissem."

"Então por que ele fez isso?"

Riley não respondeu. Ideias estavam começando a surgir em seu cérebro. Ela estava exultante. Mas ainda não estava pronta para colocar aquilo em palavras – nem mesmo para si mesma.

Ela colocou algumas fotografias sobre a pedra, apontando detalhes para Bill.

"Elas não são exatamente iguais," disse ela. "O corpo não foi deixado tão cuidadosamente lá em Daggett. Ele tentou mover aquele cadáver quando ele já estava rígido. Meu palpite é que, desta vez, ele trouxe este aqui antes do rigor mortis. Caso contrário, ele não poderia deixá-la numa pose tão …"

Ela suprimiu o desejo de terminar a frase com "bonita". Então ela percebeu que era exatamente o tipo de palavra que ela teria usado quando ela estava no trabalho antes de sua captura e tortura. Sim, ela estava retomando o espírito das coisas, ela sentiu a mesma velha obsessão sombria crescendo dentro dela. Logo não haveria mais como voltar atrás.

Mas isso era uma coisa boa ou ruim?

"O que há com os olhos de Frye?" Ela perguntou, apontando para uma foto. "Esse azul não parece natural."

"Lentes de contato," Bill respondeu.

O formigamento na espinha de Riley ficou mais forte. O corpo de Eileen Rogers não tinha lentes de contato. Era uma diferença importante.

"E o brilho em sua pele?" Ela perguntou.

"Vaselina," respondeu Bill.

Outra diferença importante. Ela sentiu suas ideias encaixando com uma velocidade de tirar o fôlego.

"O que a equipe forense descobriu sobre a peruca?" Ela perguntou a Bill.

"Nada ainda, exceto que ela foi feita com outros pedaços de perucas baratas."

A excitação de Riley aumentou. Na última morte, o assassino tinha usado uma peruca simples, inteira, não algo remendado. Como a rosa, era tão barata que a equipe forense não conseguiu rastreá-la. Riley sentiu as peças do quebra-cabeça se unindo – não o quebra-cabeça inteiro, mas uma grande parte dele.

"O que a equipe forense pretende fazer com esta peruca?" Ela perguntou.

"O mesmo que da última vez – executar uma pesquisa de suas fibras e tentar rastrear em lojas de peruca."

Assustada com a certeza feroz em sua própria voz, Riley disse: "Eles estão gastando tempo à toa." Bill olhou para ela, claramente pego de surpresa.

"Por quê?"

Ela sentiu uma familiar impaciência com Bill, a que ela sentia sempre que se via pensando um ou dois passos à frente dele.

"Olhe para a foto que ele está tentando nos mostrar. Lentes de contatos azuis para fazer os olhos parecerem que não são reais. Pálpebras costuradas para que os olhos permaneçam abertos. O corpo apoiado, as pernas abertas assustadoramente para fora. Vaselina para fazer a pele parecer com plástico. Uma peruca formada por peças de pequenas perucas – não perucas humanas, perucas de bonecas. Ele queria que as duas vítimas a se parecessem bonecas– como bonecas nuas em exibição."

"Jesus," disse Bill, anotando. "Por que não vimos da última vez, lá em Daggett?"

A resposta parecia tão óbvia para Riley que ela sufocou um gemido impaciente.

"Ele ainda não era bom o suficiente nisso," disse ela. "Ele ainda estava tentando descobrir como enviar a mensagem. Ele está aprendendo aos poucos."

Bill levantou os olhos do bloco de notas e sacudiu a cabeça com admiração.

"Caramba, eu senti sua falta."

Por mais que o elogio agradasse, Riley sabia que uma percepção ainda maior estava a caminho. E ela sabia que, após anos de experiência, não havia como se forçar. Ela simplesmente tinha que relaxar e deixar os pensamentos virem espontaneamente. Ela agachou-se sobre a pedra, silenciosamente, esperando. Enquanto esperava, ela pegou preguiçosamente os carrapichos de suas calças.

Mas que incômodo danado, ela pensou.

De repente, seus olhos caíram sobre a superfície da pedra sob seus pés. Outros pequenos carrapichos, alguns deles inteiros, outros quebrados em fragmentos, estavam em meio aos que ela estava arrancando agora.

"Bill," ela disse, com a voz trêmula de emoção, "estas sementinhas estavam aqui quando você encontrou o corpo?"

Bill deu de ombros. "Eu não sei."

Suas mãos tremiam e suavam mais do que nunca, ela pegou um monte de fotos e as vasculhou até que encontrou uma com a vista frontal do cadáver. Lá, entre suas pernas abertas, bem em torno da rosa, havia um grupo de pequenas manchas. Eram os carrapichos – os mesmo que ela tinha acabado de encontrar. Mas ninguém tinha pensado que eles seriam importantes. Ninguém se preocupou em conseguir uma imagem mais nítida, mais próxima deles. E ninguém tinha sequer se preocupado em varrê-los quando a cena do crime foi limpa.

Riley fechou os olhos, fazendo sua imaginação funcionar plenamente. Ela se sentiu tonta, até atordoada. Era uma sensação que ela conhecia muito bem, a sensação de cair em um abismo, em um terrível vazio negro, na mente cruel do assassino. Ela estava em seu lugar, em sua vida. Era um lugar perigoso e aterrorizante. Mas era onde ela pertencia, pelo menos naquele momento. Ela se submeteu à sensação.

Ela sentiu a confiança do assassino quando ele arrastou o corpo pelo caminho até o riacho, absolutamente certo de que não seria pego, sem pressa alguma. Ele poderia muito bem estar cantarolando ou assobiando. Ela sentiu sua paciência, sua arte e habilidade quando ele posicionou o cadáver na rocha.

E ela podia ver aquela cena horrível através de seus olhos. Ela sentiu satisfação com um trabalho bem feito – o mesmo sentimento confortável de realização que ela sentia ao resolver um caso. Ele se abaixou sobre a pedra, pausando por um momento – ou o tempo que quisesse – para admirar sua obra.

Ao fazê-lo, ele tirou os carrapichos de suas calças. Ele levou algum tempo com isso. Não se incomodava em esperar até que pudesse sair livre e limpo. E ela quase podia ouvi-lo falar em voz alta suas palavras exatas.

"Mas que incômodo maldito."

Sim, ele até demorou para tirar todas aquelas coisinhas.

Riley suspirou, e seus olhos se abriram. Dedilhando o carrapicho em sua própria mão, ela observou como ele se agarrava e que os seus espinhos eram finos o suficiente para tirar sangue.

"Junte estes carrapichos," ela ordenou. "Nós podemos encontrar um pouco de DNA."

Os olhos de Bill se arregalaram e ele tirou imediatamente um saco fechado e pinças. Enquanto ele trabalhava, sua mente estava trabalhando alucinadamente, ela ainda não tinha acabado.

"Estivemos errados o tempo todo," disse ela.

"Este não é o seu segundo assassinato. É o terceiro."

Bill parou e olhou para cima, claramente atordoado.

"Como você sabe?" Bill perguntou.

O corpo todo de Riley se apertou enquanto ela tentava manter sua tremedeira sob controle.

"Ele ficou bom demais. Sua época de aprendizado acabou. Ele é um profissional agora. E ele está apenas acertando seu passo. E ama seu trabalho. Não, esta é a sua terceira vez, no mínimo."

A garganta de Riley apertou e ela engoliu em seco.

"E não temos muito tempo agora até a próxima."

Yaş sınırı:
16+
Litres'teki yayın tarihi:
10 eylül 2019
Hacim:
281 s. 3 illüstrasyon
ISBN:
9781632915900
İndirme biçimi:
Metin
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