Kitabı oku: «Guerreiro Dos Sonhos», sayfa 3
Capítulo Quatro
Elsie jogou sua comida não consumida no lixo. Fazia mais meses do que gostaria de admitir desde a última vez que havia feito uma refeição completa, e, naquela noite, não havia sido diferente. A ansiedade da conversa iminente a estava matando. Teria que ser cuidadosa. Aqueles homens poderiam parecer invencíveis, mas não faziam ideia dos monstros que andavam por aí. Não teriam chance contra os vampiros que mataram Dalton e atacaram os inocentes.
— Sobre o que querem conversar? — perguntou ela.
— Sabemos que tem sido difícil para você e realmente lamentamos sua perda — disse Orlando, enquanto seus olhos verde-esmeralda sustentavam o olhar dela, de alguma forma a paralisando.
A sinceridade na voz dele lhe disse que aquele homem conhecia dores angustiantes. Isso a confortou da maneira de que precisava, e a tensão em seu corpo diminuiu.
— Estamos seguindo as pistas que envolvem as crianças do orfanato. O que pode nos contar sobre elas? — perguntou Santiago.
Com essas palavras, ela sentiu muito mais compaixão e carinho por aqueles homens do que por qualquer pessoa anteriormente envolvida no caso. Era a preocupação sincera de um amigo, o que fez a situação ter um significado ainda maior. Eles haviam sido sinceros quando disseram sobre serem amigos agora.
Ela teria que escolher as palavras com cuidado. Havia tanta coisa que não foi capaz de compartilhar com eles. Eles a achariam louca se lhes contasse sobre a existência de vampiros. Encontrá-los e eliminá-los teria que ficar entre ela e outros membros dos SOVA.
— Não posso dizer muito, exceto que todos estavam com problemas, mas investigá-los é uma perda de tempo. Obviamente, quero que o responsável pela morte de Dalton pague pelo que fez. Só isso. Não acredito que haja algo que vocês possam fazer — disse ela com honestidade.
— Faremos tudo o que pudermos para ajudá-la, mas entenda que, depois de tanto tempo, as pistas foram perdidas e isso se torna muito mais desafiador. Agora, isso não significa que não colocaremos todos os nossos esforços para descobrir quem o matou. Posso lhe prometer que não deixaremos pedra sobre pedra — assegurou Santiago enquanto se aproximava para se agachar perto da sua cadeira. Ele estendeu a mão e apertou o ombro dela. Seu sorriso era sincero e reconfortante.
— Claro, você já está dando desculpas. Nenhuma surpresa aqui. E eu pensei que vocês seriam diferentes — respondeu ela, cruzando os braços sobre o peito.
Havia sido tola por pensar que a abordagem deles seria diferente. Na realidade, não havia nada que eles pudessem fazer para encontrar o vampiro responsável ou lidar com isso.
— Ei, espere — repreendeu Orlando. — Não estamos dando desculpas. Vamos encontrar as respostas…
Zander interrompeu Orlando.
— Elsie — apaziguou ele. O nome dela, saindo dos lábios dele, era uma carícia sensual com sotaque escocês. — Dou-lhe a minha palavra de que usarei todos os recursos à minha disposição, que são muitos. Encontraremos o culpado. Seu marido será vingado. — Ela estremeceu com a sinceridade na voz dele, e era impossível não acreditar no que ele disse.
Sua irmã entrou na conversa.
— El, não seja tão dura com eles. Escute-os antes de tirar conclusões precipitadas — insistiu Cailyn, enquanto fazia o papel de anfitriã para os homens ocupando espaço em sua casa. Ela amava a irmã e estava grata por Cailyn cuidar dela como era seu costume.
— Você está certa, Cai. Esta é sua chance, detetives, não a desperdicem. Vocês não vão conseguir outra — informou Elsie. Não estava muito animada, sabia o resultado, mas queria vê-los tentar. Algo que estava faltando até agora.
Zander se sentou em frente a ela, observando-a atentamente. A presença dele era tão enervante que ela se levantou e serviu uma taça de vinho. Ela tanto odiava quanto saboreava o efeito que ele exercia sobre ela. Elsie não queria desejá-lo, mas o desejo estava lá mesmo assim. Talvez porque ela nunca tivesse sido o foco da atenção de alguém tão completamente.
— Obrigado por não nos pressionar — provocou Orlando. — Começaremos com perguntas que já foram feitas a você, na esperança de que ouvidos diferentes possam colher novas informações. Os registros telefônicos revelaram que Dalton ligou para você pouco antes de morrer. O que ele disse?
Foi mais fácil conter as lágrimas ao se concentrar no cobertor laranja pendurado na parede, enquanto revisitava aquela noite.
— Não falei com ele. Ele me deixou uma breve mensagem de correio de voz dizendo… — ela engoliu a emoção que a sufocava — …que não tinha muito tempo e que me amava.
— Há algo mais de que você possa se lembrar sobre a mensagem? — acrescentou Santiago.
— Só que ele estava cansado e parecia sem fôlego. Sua voz estava triste… ele estava se despedindo de mim. Sei disso agora — murmurou Elsie enquanto sufocava as lágrimas. Falar sobre aquele assunto ainda a derrubava. Sempre derrubaria. Aquele vampiro roubou sua vida.
Orlando estendeu a mão e agarrou a dela, apertando-a para consolá-la. Chocada, ela o olhou. Percebeu compreensão e aceitação no olhar dele.
— Alguém tinha um motivo para querê-lo morto?
— Não, Dalton não tinha inimigos. Era um defensor das regras, mas divertido e tranquilo também. Tinha coração e mente abertos, aos quais as crianças de casa correspondiam e respeitavam. Esse assassinato foi obra do mal.
— Não há dúvida de que foi um ato mau. A morte dele não deveria ter acontecido — declarou Zander.
A veemência em sua voz a fez se voltar para ele. Ela sustentou os olhos dele por vários segundos, sentindo que ele a cativava. Parecia que ele examinava a sua alma.
A voz de Orlando rompeu a conexão, e ela respirou fundo, sem perceber que havia prendido a respiração.
— Ele se comportou de forma diferente nos dias que antecederam sua morte?
— Não, nada diferente. Dalton foi trabalhar naquela manhã, como de costume. — Se ela soubesse que ele nunca mais voltaria para ela, teria o mantido em casa. Pelo menos, teria feito amor com ele mais uma vez.
— Esta pergunta é difícil e não a faço por ser insensível, mas tenho que perguntar — qualificou Santiago. — É possível que ele estivesse tendo um caso? Ou você? Um cônjuge ou namorado ou namorada ciumenta teria motivo para machucá-lo.
A visão dela se pontilhou de vermelho, enquanto a raiva, fora de controle, rapidamente explodia. Ela se levantou e cerrou os punhos.
— Como se atreve a entrar na minha casa e acusar meu marido de ter um caso? — gritou Elsie. — Você não sabe nada a nosso respeito. Nenhum de nós teve um caso. Vocês não são meus amigos. Saiam da minha casa — cuspiu ela, esforçando-se para não puxar a faca, que estava enfiada em sua bota, da bainha. Eles poderiam não virar cinzas, mas ela causaria alguns danos.
Santiago se levantou e colocou as mãos para cima, com as palmas voltadas para fora, em um gesto de paz. Enquanto isso, Zander fechava a distância entre eles e segurava os ombros dela com suas mãos grandes e quentes.
— Elsie. Santiago, embora fizesse apenas o seu trabalho, falou de modo inoportuno. Ele sabe, assim como Orlando e eu, que não houve traição. Por favor, entenda que perguntar é parte de não deixar nada sem examinar.
Cailyn aproximou-se de Elsie e passou o braço em volta da cintura dela.
— El, querida, respire fundo. Esses simpáticos cavalheiros não fazem ideia do quanto você e Dalton se amavam. Você os acusou de não fazerem seu trabalho, então não fique com raiva quando eles o fizerem.
Ela estava com a cabeça abaixada, sem desejar encontrar o olhar de ninguém, enquanto os minutos silenciosos se passavam. Cailyn e Zander estavam certos. A pergunta a deixou nervosa, fazendo-a explodir como fogos de artifício. Finalmente, ela voltou a ser razoável e ergueu a cabeça.
— Sinto muito. Você está certo, é claro. Esse é um assunto delicado para mim. Odeio que as pessoas sempre achem que tem que haver algo assim quando não há outra explicação. Existem coisas neste mundo que desafiam a explicação e são capazes de fazer mal sem motivo — respondeu Elsie respondeu. Mais do que qualquer coisa, ela queria confidenciar para aqueles homens sobre vampiros. Os SOVA precisava de forças como as deles.
As mãos de Zander apertaram seus ombros quase dolorosamente.
— Nem tudo é como parece. Não se arrisque. Você agora é parte de nós.
Orlando olhou por cima do ombro de Zander sorrindo largamente.
— Sim, na alegria ou na tristeza, você agora faz parte da família. Somos um grupo heterogêneo, mas faríamos qualquer coisa por você.
Ela se sentia impotente, mas retribuiu o sorriso dele enquanto uma sensação de que sua vida havia mudado de forma irrevogável tomou seu interior. Era enervante e sua reação foi se fechar, até que percebeu que a sensação de tragédia que geralmente acompanhava seus episódios preditivos estava ausente. Era uma ótima mudança para a tristeza e melancolia habituais.
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* * *
Horas depois, os passos de Zander não vacilaram enquanto ele alcançava o patamar da grande escadaria de Zeum, em busca de seus irmãos e dos Guerreiros das Trevas. Graças à tecnologia moderna, as venezianas automáticas desciam antes do amanhecer e cobriam as grandes janelas panorâmicas, protegendo os vampiros do sol. Sua espécie não era mais relegada aos aposentos no porão durante o dia.
Ele avistou Rhys cruzando o grande saguão, entrando na sala de guerra com uma garrafa de vinho. Ele devia ter dado uma passada em sua enorme adega no porão.
— Onde estão os outros? — vociferou ele, fazendo o guerreiro pular.
Rhys girou, voltando-se para a escada em um movimento gracioso, pronto para lutar contra qualquer ameaça. A garrafa de vinho era uma arma mortal em suas mãos hábeis. Sua postura relaxou assim que avistou Zander.
— Pela Deusa, amo, você precisa fazer algum maldito barulho antes. Acho que Kyran, Breslin e Bhric estão na sala de mídia e estou me juntando a Gerrick na sala de guerra agora. O que foi?
— Isso aí é vinho para você e Gerrick? Um pequeno interlúdio, agradável e aconchegante? — provocou Orlando, que vinha atrás de Zander.
Zander fechou a cara para o guerreiro. Normalmente, gostava do humor de Orlando, mas estava tenso pela luxúria não liberada, causada após estar perto de Elsie por horas. Sem mencionar que havia uma nova ameaça para eles, complicada pelo fato de que Zander cobiçava um membro do grupo vingador. Ele foi capaz de coletar partes dos pensamentos de Elsie sobre os SOVA. Ainda estava chocado que a pequena de cabeça quente fazia parte de tal grupo.
— Oras, O, com ciúmes porque não incluímos você? Você é bem-vindo para se juntar a nós, mas pegue sua própria garrafa.
— Seu idiota. Houve um progresso que tem implicações para todo o reino — respondeu Orlando e toda a aparência de seu bom coração havia desaparecido.
— Pegue Gerrick e junte-se a nós na sala de mídia, agora! — A pulsação de Zander acelerou e sua tensão aumentou. Seus músculos estavam tão retesados que podiam se quebrar.
— Sim, amo. — assentiu Rhys em sinal de reconhecimento e desapareceu na sala de guerra.
Zander desceu o corredor sob as escadas gêmeas e entrou na cozinha, que estava vazia àquela hora do dia. Estava grato por ser assim, porque não queria compartilhar essas informações com ninguém fora de seu círculo íntimo. O conselho da Aliança e todo o Reino precisavam ser informados, dado que essa notícia afetava a todos, mas agora ele tinha muitas coisas que precisava resolver.
Depois da cozinha ficava o pátio fechado, mas ele também não viu ninguém ali. Seu olhar deslizou sobre as almofadas verde-limão do sofá de vime e pousou no chão de ladrilhos. Ele se lembrava do sangue, suor e lágrimas que fizeram parte no corte manual de cada ladrilho que agora formava o desenho intrincado do Amuleto Triskele, no centro do chão.
Zander ouviu seus irmãos conversando no corredor da sala de mídia. Entrou na sala e revirou os olhos ao ver Breslin e Kyran sentados em um dos sofás de couro preto, discutindo sobre seu jogo de cartas. Bhric estava sentado em uma cadeira estofada ao lado deles. O uísque estava em cima do bar bem equipado do canto. Qual deles estava enchendo a cara tão cedo?
Apostava que era Bhric. Parecia que seu irmão vinha usando álcool e outras substâncias com frequência cada vez maior nas últimas décadas. Um olhar para a mesa ao lado de Bhric confirmou suas suspeitas. O gelo não teve tempo de derreter no copo alto.
Uma televisão de tela plana ocupava uma parede inteira e estava sintonizada na ESPN. Ele pegou o controle remoto no topo de um armário estilo Luís XVI e silenciou o volume. A atitude chamou a atenção dos irmãos. Só então eles perceberam que ele havia entrado na sala seguido por Orlando, Santiago, Rhys e Gerrick.
Bhric percebeu a cena rapidamente e agarrou sua sgian dubh1 de titânio do coldre do tornozelo.
— O que foi, brathair2? Estamos sob ataque?
— Nay, não estamos sob ataque. Temos um problema. — Ele parou e organizou os pensamentos. — Orlando e Santiago aceitaram um caso a meu pedido e descobrimos que há uma nova ameaça. Precisamos determinar o que devemos fazer em relação a ela, se houver algo.
Gerrick contraiu os lábios em uma linha fina, fazendo com que a cicatriz que percorria o lado esquerdo de seu rosto se destacasse.
— Que tipo de ameaça? Posso lidar facilmente com qualquer ameaça. Diga-me quem é e eu irei matá-los.
Zander se rebelou ante a ideia de qualquer mal acontecer a Elsie.
— Essa abordagem não funcionará. O caso envolve uma fêmea humana cujo marido foi assassinado há 18 meses. É uma sentença de morte matar um humano… e, não vou tolerar nem mesmo desdém em relação a ela.
Orlando acrescentou:
— Para esclarecer, Elsie não representa uma ameaça. Ela pode saber sobre a existência de vampiros, ou o que ela pensa ser vampiros. Mas não vai contar a ninguém, ou teria nos contado. A maior ameaça vem dos SOVA. Ter um bando de humanos tentando matar criaturas sobrenaturais é um desastre iminente.
— Tudo bem. Volte no tempo e explique mais — disse Breslin.
Zander se sentou em um dos sofás e se inclinou para a frente com os cotovelos apoiados nos joelhos.
— Orlando está certo. Elsie não representa uma ameaça direta. Isso ficou evidente em seus pensamentos. Não contará a ninguém sobre as escaramuças por medo de ser vista como louca. Ela culpa os vampiros pela morte do marido, mas o que não sabe é que foi uma escaramuça. Ela se envolveu em um grupo de justiceiros chamado SOVA ou Sobreviventes dos Ataques de Vampiros, e eles caçam à noite. Pelo que pude depreender, eles tiveram bastante sucesso em sua missão de eliminar vampiros. Os humanos envolvidos neste grupo são todos vítimas que sobreviveram a encontros com as escaramuças.
— Och. Suponho que o risco é eles matarem um vampiro de verdade e, assim, expor a existência do reino. — despejou Kyran, enquanto jogava suas cartas na mesa.
— Aye, essa seria a preocupação. Tenham cuidado ao lidar com esta situação. Não tolerarei que Elsie seja machucada de forma alguma e não podemos eliminar os humanos por serem imprudentes. Eles procuram justiça por um mal que lhes foi feito. Quantos de nós não faríamos a mesma coisa? Precisamos saber quem está envolvido e incluir seus territórios em nossas patrulhas noturnas. Não vou ter mais humanos inocentes mortos sob o meu comando. — Zander precisava de uma pausa em suas ruminações sobre Elsie. Não estava pensando direito e desenvolver um plano mais eficaz naquele momento parecia uma tarefa impossível.
Felizmente, sua irmã começou a conspirar a favor dele.
— Por que não apagamos suas memórias de seus encontros com as escaramuças? Isso resolveria tudo.
— Não vai funcionar, Bre. Não fazemos ideia se este grupo é muito difundido. Não podemos assumir que o grupo está restrito a esta área. Se for mundial, não haverá como chegar a todos os membros. Seria mais fácil colocar um anúncio no jornal — respondeu Santiago, com sarcasmo.
A expressão de Breslin despencou.
— Oh, eu não havia considerado isso. O que podemos fazer, então?
Kyran o olhava atentamente.
— Digo que devemos seguir este grupo. Eles podem ter descoberto o covil das escaramuças. As escaramuças não podem sentir os humanos como fazem conosco, e não tomará tantas precauções com eles. Ofereço-me para seguir Elsie — disse seu irmão, com um sorriso malicioso.
A objeção de Zander foi imediata e veemente.
— Não, você não a seguirá. Serei eu a segui-la.
O sorriso de Kyran se abriu.
— Esta é a mulher em quem você deu em cima, não é?
Zander franziu o cenho. Havia caído na armadilha do irmão. Tudo em que pensava era em Kyran seduzindo-a e apresentando-a aos seus desejos sombrios. Esse pensamento o deixou com tanta raiva que ele reagiu de pronto.
— Não dei em cima dela — esbravejou ele.
— Sim, brathair, deu. Todos no restaurante viram como você se sentia atraído pela humana.
Todos riram, o que não diminuiu o desejo de Zander de socar o irmão.
— Nosso amo, atraído por uma humana? — provocou Orlando. — Não admira que quisesse que Santi e eu pegássemos o caso dela. Queria uma desculpa para vê-la de novo… — A resposta de Orlando foi interrompida quando ele precisou se esquivar do soco de Zander.
— Basta — vociferou Zander. Queria negar as afirmações deles, mas as palavras seriam uma mentira, e ele se recusava a mentir para seus guerreiros. — A única informação que consegui saber de Elsie é que ela trabalha com alguém chamado Mack. — Ele não fazia ideia se era homem ou mulher. Não se importava com o quanto ela parecia confiar neste Mack. — Vou pedir a Killian para usar suas habilidades no computador e ver se ele consegue descobrir quem é esse Mack, assim como qualquer outra pessoa envolvida com os SOVA. Suspeito que pode demorar algum tempo. Nesse ínterim, ninguém seguirá Elsie sem minha ordem direta. Agora, descansem um pouco.
Ele saiu da sala, ignorando a gozação deles. Estava mais nervoso do que eles poderiam deixá-lo, por seu desejo inegável pela fêmea. O Rei Vampiro nunca deveria ter relações com humanas.
Capítulo Cinco
Elsie terminou de enviar a mensagem de texto para Mack e colocou o celular de baixa qualidade sobre a mesa. Odiava cancelar mais uma patrulha, mas sua irmã ainda a estava visitando. Não havia como Cailyn entender ou permitir que ela fizesse algo tão perigoso.
Elsie amava a irmã, mas parte dela estava ansiosa para estar lá com Mack. Seu telefone tocou, indicando que ela tinha uma mensagem. Ela o pegou, esperando ver uma resposta de Mack e ficou chocada ao ver que era Orlando.
Havia se passado alguns dias desde que pegaram seu caso e ela ainda não havia se acalmado. Não havia ficado nervosa com Orlando ou mesmo com seu parceiro, mas com o amigo deles, Zander. Ela praguejou e enviou uma resposta.
— O que foi? — perguntou Cailyn, de onde estava, olhando para a geladeira vazia.
— Era Orlando. Disse que tem algumas novidades e que estará aqui em alguns minutos. — Ela torceu as mãos enquanto mil coisas diferentes passavam por sua cabeça ao mesmo tempo. Encabeçando essa lista, era impossível que eles tivessem encontrado o vampiro responsável. Não estariam vivos, se tivessem.
— Tenho certeza de que são boas notícias — assegurou a irmã.
— Seria ótimo. Só queria ouvir que, quem quer que tenha matado Dalton, irá pagar por muito tempo — admitiu ela.
A campainha interrompeu a conversa delas. Elsie abriu a porta e viu os olhos verde-esmeralda de Orlando, cheios de alegria, e seus dois companheiros. Ela se admirou por sua amizade rápida com aqueles homens e foi forçada a reconhecer que algumas pessoas se conectam no momento em que se conhecem. Ela havia se conectado àqueles homens. Seu coração disparou ao ver Zander. Ele era ainda mais lindo do que ela se lembrava.
Balançando a cabeça mentalmente, ela deu um passo para trás e os convidou a entrar. Cada um carregava sacolas. Ela inclinou a cabeça, curiosa.
— Pensei que você disse que tinha novidades? Parece que estão indo para uma festa de aniversário.
Todos riram.
— Ótima essa, Chiquita — murmurou Santiago, enquanto a abraçava com força. Ser tão prontamente aceita era magnífico, mas ela imaginou se eles agiriam assim se realmente a conhecessem. Se soubessem que ela era uma aberração, que tinha premonições de morte e caçava vampiros à noite…
Quando Zander a puxou para seus braços, todos os pensamentos coerentes pararam. O perfume dele era totalmente masculino e magnífico.
— É ótimo vê-la de novo, Elsie. — Ela corou quando ele beijou seu rosto. A formalidade dele pareceu-lhe de tempos antigos. Ela imaginou que ele ficaria mais adequado com uma cota de malha e um título de cavaleiro. O toque íntimo do beijo, no entanto, a fez se afastar.
Sua atenção se voltou para Orlando antes de recuperar o equilíbrio. Ele passou o braço em volta dos ombros dela segurando uma das sacolas na mão.
— Porque sabemos que você não tem comida, El, nós trouxemos alguma. Também trouxemos tequila e comédias românticas. Vamos ter uma noite de garotas. — Ele ressaltou a última frase, provocando-lhe risos. Podia parecer estranho ser tão íntima deles, mas eles sabiam como deixá-la à vontade. — Posso até deixar você pintar minhas unhas — provocou Orlando.
Cailyn riu e abraçou os homens.
— Com uma cozinheira tão boa quanto minha irmã, você acharia que ela sempre tem um pouco de comida em casa.
— Cale a boca, Cai — retrucou ela. Zander passou uma sacola de presente, em um tom prateado brilhante para a outra mão, chamando a atenção dela. Ela parou. Que garota não se sentiria tentada por uma sacola de presente brilhante? Não, ela estava mais curiosa sobre o que eles tinham para contar.
— Agradeço a comida e outras coisas, mas preciso que você me conte as novidades primeiro. — Ela controlou os nervos, segurando as costas de uma cadeira da cozinha. Eles já haviam descoberto quem ou o que matou Dalton? Não seria possível, lembrou-se.
Ela se ocupou em esvaziar o conteúdo das sacolas que Orlando e Santiago trouxeram enquanto os ouvia atualizá-la sobre a investigação. Depois de revisar todas as evidências, eles encontraram um pouco de sangue em uma caneta que acreditavam pertencer ao criminoso. Tinha um DNA útil que eles compararam a um cadáver que descobriram em uma lixeira. Atordoada, ela se sentou em silêncio, enquanto digeria a informação.
Ela não havia acreditado que o garoto que eles haviam encontrado era o responsável, até que lhe contaram sobre suas presas falsas. Cada vampiro que já havia matado se transformou em cinzas quando ela lhes perfurou o coração. Agora, ela não podia deixar de se perguntar se isso não aconteceu quando seu coração foi removido. Se fosse o caso, então ela tinha um nome para quem destruiu sua vida. Jag. E, agora, não podia descontar nele nem um pouco de sua raiva. Estava morto.
Ela pegou pratos e talheres dos armários da cozinha e os colocou ao lado da comida. Esperava se sentir melhor com a notícia, mas a mesma dor e mágoa a trespassavam como antes. Nada de seu tormento havia mudado. Por todos aqueles longos meses, ela disse a si mesma que se sentiria melhor e começaria a se curar quando o culpado fosse identificado e morto. Era devastador saber que não fazia diferença. Seu sofrimento nunca iria acabar. Na verdade, ficou muito pior, porque agora ela não podia se vingar.
Apesar de tudo, estava muito grata por eles terem sido designados para o caso. Ela recebeu não apenas respostas, mas o que ela suspeitava serem amigos por toda a vida. A vida continuava, de qualquer maneira, e ela também.
Ela olhou ao redor e percebeu que ninguém estava comendo e que o clima mais leve havia desaparecido. Queria que ele voltasse. Estava cansada de ficar triste.
— Comam, rapazes. Coloque um de seus filmes, Orlando. Sabe, eu nunca teria pensado que você fosse um cara do tipo de gostar de comédias românticas. — Ela sorriu para o atraente rapaz loiro. — Estou pensando em beber até cair. Alguém me acompanha?
Ela se afastou da mesa e dirigiu-se à geladeira, onde pegou a limonada e outros ingredientes essenciais para seus coquetéis margaritas inspiradores. Atenta, sentiu o pescoço formigar. Alguém a olhava. Ela inclinou a cabeça para o lado e percebeu que não apenas sua irmã a observava com atenção com também os olhos de Zander ainda não a haviam deixado. Ela sentiu a censura no olhar da irmã e o calor erótico vindo dele.
— Pare — sibilou ela para Cailyn.
Cailyn colocou as mãos nos quadris.
— Então coma antes de beber. Você não comeu muito desde ontem.
— Você sabe que eu tento comer, Cai. Se pensou que conseguir essa informação de Orlando e Santiago me faria, de forma mágica, comer, dormir e me divertir tremendamente, se enganou — rosnou Elsie. Ninguém entendia o que ela havia passado e ela estava cansada de tentar melhorar as coisas para os outros.
— Já se passou bem mais de um ano desde que ele morreu. Você não dorme e perdeu bastante peso. Precisa de um encerramento. Não pode sobreviver assim — respondeu Cailyn enquanto contornava o balcão e a segurava pelos ombros.
— Sabe o quê, Cai? Encerramento é um mito. O mito mais pérfido já criado. Não me esqueci dele, nem parei de amá-lo. Nada pode tornar seu assassinato menos traumático ou trágico. Não há cura mágica para apagar as memórias ou o sangue. Minhas emoções não são um quadro que pode ser limpo. Não foi o seu marido e melhor amigo que foi arrancado da sua vida, então desça dessa droga de pedestal! — soluçou ela e caiu nos braços da irmã.
Uma mão grande e quente pousou em suas costas.
— Por que você não se senta, vou preparar uma bebida para você. — Ela ergueu a cabeça, enquanto o tom grave da voz de Zander causava arrepios em sua espinha. Quando encontrou o olhar dele, as emoções que ela viu refletidas ali a abalaram.
— Seria ótimo, obrigada. — Ela se aproximou de uma das cadeiras da mesa da cozinha e se acomodou nela. Cailyn ajudou Zander, dando a Elsie espaço para recuperar a calma. Ninguém havia começado a comer, e a tensão no apartamento poderia ser cortada com uma faca. Não estava funcionando para ela. Não naquela noite.
Ela respirou fundo e recostou-se na cadeira. Ergueu as mãos, exasperada.
— Pelo amor de Deus, pessoal, relaxem e comam.
Orlando e Santiago riram e se dirigiram à mesa.
— Não precisa falar duas vezes. Estou com tanta fome quanto Cailyn. Posso fazer um prato para você? — perguntou Orlando.
Um ruído animalesco soou no apartamento. Zander estava rosnando? Quando ele se aproximou dela, ela perdeu a linha de raciocínio. Seu pensamento perdeu o rumo, e o calor que ela sentia antes agora era um inferno em chamas. Não estava pronta para o que viu nos olhos dele, não achava que jamais estaria. Sua devoção a Dalton produziu uma culpa forte demais para ser ignorada.
Ele caminhou até ela e colocou o pacote brilhante em seu colo; em seguida, apoiou as mãos nos braços da cadeira. O cabelo dele roçou sua face quando ele se inclinou para sussurrar em seu ouvido. A respiração dele era uma carícia de amante em seu rosto. Ela precisava mudar o rumo de sua imaginação. Ele não era seu amante, e nunca seria.
— Para você, minha doce lady E. Espero que isso traga um sorriso aos seus lábios deliciosos — prometeu Zander.
Ela permaneceu sentada, atordoada, enquanto ele beijava novamente seu rosto. Ele hesitou, esperando que ela levantasse a cabeça. Covarde como era, ela balançou a cabeça e se manteve cabisbaixa. Ele permaneceu assim, perto dela, por mais alguns segundos antes de se endireitar e pegar um prato. Ela levantou a cabeça e observou quando ele começou a enchê-lo de comida, invejando seu apetite saudável.
Ela encontrou o olhar questionador da irmã e deu de ombros; em seguida, voltou sua atenção para o pacote brilhante.
— Obrigada pelo presente, mas você não deveria… — murmurou ela.
— Bobagem. Isso não é nada. As bebidas estão prontas, mas concordo com sua irmã. Eu me sentiria melhor se você tivesse algo no estômago antes de beber. Posso pegar um pouco de comida para você?
A decepção com a notícia ainda estava no estômago dela como uma pedra. Seu propósito na vida havia sido caçar e matar o vampiro que assassinou Dalton, mas agora tudo havia terminado.
— Só uma bebida, por favor. Prometo comer, mas preciso de uma bebida — explicou ela, quando viu a expressão séria dele.
Sentindo-se estranha com o pacote no colo, ela espiou dentro dele e retirou o papel de seda verde, vendo várias caixas pequenas. Uma fragrância almiscarada e amadeirada saiu da bolsa. Era o perfume masculino de Zander, e isso a deixou enlouquecida. Sua pele se retesou, enquanto um zumbido percorria seu corpo. Sua cabeça girou. Onde estava aquela bebida?
Ela agarrou o papel, lutando contra uma onda de calor. Se não estava enganada, ele estava bastante interessado nela. Ela passou os olhos nele, e a luxúria havia retornado aos olhos dele. Aquilo a atingiu, e ela corou intensamente. Estava em território desconhecido. Ela e Dalton haviam sido namorados no colégio, e ela não sabia como lidar com a situação.
Optando por ignorar Zander, ela pegou a primeira caixa e levantou a tampa. Todas as caixas continham chocolates gourmet. Hmmm, ela adorava doces. Antes de se permitir, ela encontrou o olhar de Zander e sentiu um aperto estranho ao ver que os olhos dele não revelavam nada. Ela se levantou com pernas trêmulas e deu três passos até parar na frente dele. Precisou esticar o pescoço para olhá-lo.
— Você dá doces caros a todos os seus amigos? Nesse caso, estou feliz que nos tornamos amigos. Obrigada. — Ela ficou na ponta dos pés e esticou os braços, envolvendo o pescoço dele, e o abraçou. Cada músculo do corpo dele se retesou e ela se preocupou em tê-lo ofendido, até que ele relaxou e segurou suas costas. Zummm!
Sua irmã pigarreou bem alto atrás dela. Largar Zander lhe era surpreendentemente difícil. Ela o soltou e tentou se virar, mas não conseguiu se mover. Zander ainda a segurava. Ela o olhou nos olhos e murmurou: