Kitabı oku: «Sanidade Antes, Magia Depois», sayfa 2

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CAPÍTULO DOIS

— Você acha que terei que devolver o quarto da vovó? Acabei de comprar um colchão novo. E criei um closet só para colocar as minhas coisas. — Quando minhas coisas finalmente chegaram em Pymm's Pondside, percebi que os armários não seriam grandes o suficiente para guardar todas as minhas roupas, então, com a ajuda de Violet e Aislinn, criamos magicamente um closet.

Aislinn pousou sua xícara de café e ergueu os ombros. — Não faço ideia. Fantasmas dormem? Espera. O que você vai fazer quando seus filhos vierem visitar durante as férias no próximo mês?

— Eu não acho que fantasmas dormem ou precisem de um quarto, mas essa é a menor das suas preocupações. Você é uma… você sabe o quê, e precisa ter certeza de que isso continuará em segredo. Mas agora você tem Isidora para ajudá-la a aprender tudo o que você precisa saber. — Se eu não estava enganada, Violet parecia chateada.

— Isso não muda em nada o Bruxas Quarentonas. Somos uma equipe, certo? Não consigo nem imaginar enfrentar toda essa merda com a Rainha sem vocês. Não me interpretem mal. Estou feliz por ter a vovó de volta e estou ansiosa para aprender com ela, mas preciso de vocês duas.

Violet sorriu e Aislinn cutucou meu ombro. — Não esqueça o Bas. Você precisa dele também.

Revirei os olhos, mas não consegui impedir o sorriso de se espalhar pelo meu rosto. — Verdade. Ele é útil durante uma luta. — Eu já tinha desistido da ideia de namorar e pensei que meu “porto” estava fechado para sempre quando perdi Tim, mas Sebastian mudou isso.

— Entre outras coisas… — disse Violet, mexendo as sobrancelhas. — A campainha sobre a porta tocou e todas se viraram naquela direção para ver a nossa fofoqueira favorita, Mae, entrar na livraria de Violet.

A cicatriz espessa e elevada ao longo de sua garganta estava à mostra, um lembrete brutal de que ela tinha sido violentamente atacada em algum ponto e que suas cordas vocais estavam permanentemente danificadas. Isso havia tornado suas habilidades de sereia inúteis, o que significava que ela não poderia mais sobreviver no oceano.

De repente, me perguntei se escapar da minha casa e da minha avó tinha sido uma boa ideia, afinal. Claro, minha avó morta tinha retornado para mim como um fantasma e passou a maior parte do dia me importunando para dominar meu poder para que eu pudesse usá-lo contra meus inimigos, mas isso não era tão ruim, não é? Afinal de contas, Mae nunca trouxera boas notícias nas outras vezes que veio até a loja.

Violet se virou para a recém-chegada com um sorriso no rosto. — Boa tarde, Mae. O que a traz aqui?

— Você estava fechada mais cedo. Zreegy foi chamada para a casa de Tunsall e Tierny, mas ela chegou tarde demais. Ela precisou chamar Gardoss. — A voz de Mae falhou no final e seu olhar saltou ao redor da sala como se ela estivesse verificando se não foi ouvida.

Eu bati na lateral da minha xícara e considerei o que ela disse. Meu coração disparou quando ela disse o nome de Tunsall. Tierny tinha que ser amiga dela, ou talvez irmã. — Quem é Tierny e Gardoss?

Mae se aproximou de mim e disse em voz baixa: — Tierny era irmã de Tunsall. E, Gardoss é irmão de Bruce e o equivalente Feérico de Lance.

Meu coração acelerado parou de bater e meu peito apertou. Esfreguei a área distraidamente. — Então, ele é um policial?

A cabeça de Aislinn balançou para cima e para baixo, e ela acrescentou antes que Mae pudesse dizer mais alguma coisa: — Ele investiga crimes aos quais os policiais não conseguem atender.

— Por que ele está aqui? — A voz de Violet vacilou enquanto ela falava.

Mae baixou o olhar e passou um dedo sob o olho. — Houve outra morte. Tunsall não pôde ligar para Lance quando encontrou sua irmã, então ela ligou para Gardoss. Os assassinatos não mostram nenhum sinal de ter fim. Só espero que Gardoss possa fazer algo antes que outra pessoa se machuque.

Violet engasgou e sua mão voou para cobrir a boca. Seu olhar estava preocupado quando encontrou o meu. — Nós pensamos que haviam parado.

Aislinn estreitou os olhos e lançou a Violet um olhar que dizia, mantenha sua boca fechada, a menos que queira que todos estejam na sua porta pedindo sangue. Eu apreciei o apoio. Seria fácil para as duas se voltarem contra mim e me culpar pelas mortes recentes na cidade. Afinal, foi por minha causa e por meu bat-sinal que os assassinatos começaram. Bem, ao menos era isso o que eu suspeitava. E eu já podia ver Mae contando a todos o que eu era e incitando uma revolta com os Supes pela minha cabeça.

Mae jogou suas longas mechas cinzas sobre um ombro. — Parece que nosso breve adiamento acabou. Gostaria que sua avó ainda estivesse aqui. Ela saberia o que fazer. Vou ver se Bruce tem mais informações. — Na porta, Mae se virou para mim e me examinou por vários segundos. — Você parece diferente. Não consigo definir o que é, mas algo mudou.

Encolhi um ombro trêmulo. Meu pobre coração de meia-idade não conseguia uma folga. Quando começava a diminuir a velocidade, voltava a disparar. Tinha que ser mais cuidadosa. Eu não tinha mais vinte anos. Se minha incapacidade de correr mais de um quilômetro fosse uma indicação, não havia muito que aquele velho músculo pudesse aguentar.

— Estou mais perto dos quarenta e um hoje do que ontem. E não tomei cafeína suficiente hoje.

Mae deu uma risadinha. — Deve ser isso. Eu sou como uma fera raivosa sem meu cafezinho pela manhã. Vejo vocês mais tarde.

Eu me virei para minhas amigas. — Precisamos descobrir se foi a Rainha. Se ela está de volta, precisamos saber.

— Você tem razão. Vamos para a casa dela e ver se podemos descobrir alguma coisa — sugeriu Aislinn, então se virou para Violet. — Voltaremos para te informar quando terminarmos.

— Você tem aquela poção de invisibilidade que fizemos semana passada? — Não era isso que eu esperava ouvir Violet dizer.

Eu pisquei e balancei minha cabeça. — Eu não a trouxe comigo. Além disso, não tenho certeza se é uma boa ideia tomá-la. Visto que não explodiu, tenho quase certeza de que fiz algo errado.

Aislinn riu disso. — Nós ficaremos bem. Se Gadross estiver lá, a Rainha não se atreveria a ficar rodiando.

Outro cliente entrou e tomamos isso como nossa deixa. Com um aceno, segui Aislinn porta afora e me dirigi para o meu Mustang vintage. Vintage era um código para enferrujado e mal rodando.

Aislinn agarrou minha mão e me parou antes que eu destrancasse a porta. — Não precisamos dirigir. Ela mora perto o suficiente para ir a pé.

Assentindo, eu examinei a rua. O sol ainda estava alto, mas eu não conseguia afastar a sensação de ser observada. Desde que saí da loja, minha nuca formigava em alerta.

Aislinn estava descendo a rua a vários metros de distância quando desisti de procurar o que não conseguia ver e corri para o lado dela. — Precisaremos ficar fora do caminho de Gadross se ele ainda estiver lá. Ele não vai gostar muito da gente conduzindo a nossa própria investigação.

Eu arqueei uma sobrancelha para minha amiga. — Há algo acontecendo entre você e Gadross? Eu sinto uma hostilidade mais profunda.

A boca de Aislinn franziu como se ela tivesse acabado de chupar um limão. — Isso foi há muito tempo e nunca foi além de alguns encontros. Não. Não foi bem isso. Era mais um caso do que qualquer outra coisa.

A imagem de Bruce passou pela minha mente e uma risada explodiu de minha boca. Eu não conseguia imaginar aquela maravilhosa mulher alta fazendo sexo com um cara de menos de um metro de altura, com uma grande barba espessa e carrancudo. — Ele não parece muito inteligente se deixou você escapar. Isso será um problema?

— Isso é passado. Jurei nunca mais voltar a me relacionar com ele. Estamos bem.

— Ah, que bom. — O buraco do coelho não poderia se tornar ainda mais estranho. Graças a Deus que de estranho eu entendia. — Então, onde estamos indo?

Aislinn nos levou para fora da rua principal e para a floresta que pontilhava a região. Cerca de três metros da estrada, ela desviou em direção a uma grande árvore de folhagem perene que tinha fumaça saindo da parte de trás. Na frente dela estava um homem baixo e atarracado que se parecia muito com Bruce.

Aquele tinha que ser Gadross, só que ele era um pouco mais alto que o irmão. E seu cabelo era de um tom mais claro de castanho, mas seus olhos dourados eram idênticos. Aislinn se escondeu atrás de um arbusto e eu me abaixei ao lado dela.

Quando olhei em volta do arbusto, não vi Gadross, apenas a árvore. Mais especificamente a casa no tronco. Eu me perguntei como conseguiam esconder a casa dos humanos. Não havia como confundir a porta roxa neon situada na parte inferior do largo tronco. Cerca de um metro acima disso havia um conjunto de janelas de cada lado da base do portal.

Havia fumaça atrás do vidro, mas eu podia ver o que pareciam ser mobílias de boneca em várias cores. Eu tinha um sofá rosa e uma cama amarela para minha boneca quando era criança. O sofá que dava para ver através da janela parecia o mesmo.

Até a casca na base era de um tom mais claro de marrom do que o resto das árvores. O diferencial de cores abrangia o tronco até cerca de quase dois metros de comprimento. Até chegava a ter um V invertido no topo como a borda do telhado de uma casa normal.

Os galhos eram muito mais baixos nesta árvore do que as que a cercavam também. Isso tinha que ser intencional, visto que dava alguma proteção ao segundo conjunto de janelas, que eu não tinha visto até que inclinei minha cabeça para ter um ângulo diferente.

— Vamos dar a volta — sussurrou Aislinn.

Eu assenti e gesticulei para ela ir na frente. Eu poderia chegar lá sem o auxílio dela, mas ela sabia o caminho e independentemente do que ela dissesse, eu aposto que o policial sobrenatural pegaria mais leve com ela se fôssemos pegas.

Minhas coxas imediatamente começaram a reclamar enquanto caminhávamos agachadas no chão. Eu me exercitava regularmente, mas não tinha sido tão consistente como de costume. Tampouco mantive minha resolução de ano-novo de adicionar treinos com agachamentos e coisas do gênero à minha rotina. Minha bunda precisava ser tonificada.

Eu ainda não estava igual uma coalhada, mas era apenas uma questão de tempo. Além disso, como minha filha, Emmie, me disse, minha bunda tinha caído e estava achatando com a mesma velocidade que meus seios estavam despencando para o meu umbigo. Juro que aquelas partes do corpo seguiam o seu objetivo como se houvesse uma torta de limão como recompensa na reta final.

Uma pequena figura correu em nossa direção antes mesmo de chegarmos ao outro lado da casa. — Tunsall?

Lágrimas transbordando de seus grandes olhos verdes, Tunsall olhou para mim com o lábio inferior trêmulo. — Você veio para ajudar?

Minha cabeça balançou para cima e para baixo antes que Aislinn pudesse dizer qualquer coisa. — A gente fará o que puder para te ajudar. O que aconteceu?

O olhar de Tunsall mudou de mim para a parte de trás de sua casa. Notei que a coloração marrom claro continuava a tomar o tronco. Eu não poderia dizer se havia janelas ali, porque toda a parte de trás da árvore tinha sumido. Tive um vislumbre perfeito das brasas e da mobília carbonizada.

— Minha irmã e eu fomos atacadas há uma hora. O fogo disparou pelas janelas e Tierny me jogou pela janela antes de uma bomba explodir. Ela… ela se foi. — O minúsculo brownie começou a chorar e colocou os braços em volta da cintura.

Aislinn colocou alguns dedos num de seus ombros. — Gadross conseguiu descobrir alguma coisa?

Ela fungou e enxugou os olhos com as costas da mão. — Não sei. Ele não disse nada ainda.

— Onde seu pai estava quando isso aconteceu? — Eu examinei a área, mas não vi mais ninguém. Minha audição não era aguçada o suficiente para captar movimentos na área ao nosso redor.

— Ele não foi libertado. Me desculpa, Fiona. Eu sabotei você por nada.

Aislinn bufou. — Eu poderia ter dito a você que ela não o deixaria ir. Pessoas más como ela nunca cumprem suas promessas.

Eu queria defender Tunsall, mas concordava com Aislinn, então mantive minha boca fechada. Tunsall enrijeceu e se afastou de Aislinn. — Eu sei que você tem razão, mas o que você teria feito se ela estivesse ameaçando sua família? Eu não tive escolha.

— Sempre há uma escolha. E o que mais importa é se você poderá ou não viver com sua decisão e conseguir se olhar no espelho no fim. Não há nada pior do que trair sua integridade. Você nunca obtém um alívio da repulsa que sentirá toda vez que se olhar no espelho ou do autodesprezo em sua mente. O que você fez machucou a mim e aos meus amigos, mas eu entendo que você estava fazendo isso para salvar sua família. Só espero que você tenha aprendido a lição nesse processo porque Aislinn está certa, você nunca pode confiar em alguém que não valoriza a vida.

Tunsall abaixou a cabeça. — Eu irei me redimir contigo, eu prometo.

Eu fiz um aceno com a mão para indicar que aquilo não era necessário e caí de bunda. Eu não conseguia mais ficar agachada. Minhas coxas estavam queimando como um pecador na igreja. — Ai! — Levantando uma banda do bumbum, peguei algo oval e vermelho-escuro debaixo de mim. Era iridescente e mais duro do que o aço. Ele brilhou quando o levantei acima da minha cabeça.

— Onde você conseguiu isso? — exigiu Aislinn, enquanto pegava o objeto da minha mão.

— Eu sentei nele. Por quê? O que é isso?

— É uma escama de dragão, mas o que ela está fazendo aqui? — Os olhos de Aislinn saltaram entre a casa de Tunsall e o objeto em sua mão.

Eu li sobre dragões outro dia e me lembrei de algo sobre eles serem capazes de soltarem fogo. — Ah meu Deus! Um dragão fez isso? Por que a Rainha chamaria os cachorros grandes quando ela poderia usar muito menos recursos para se livrar de Tunsall e sua irmã?

— Você tem razão. Um dragão não poderia ter feito isso. Se tivesse sido um, não teria restado nada em pé — explicou Aislinn.

— Faz sentido… Não imagino que eles possam controlar o tamanho da bola de fogo que cospem da boca. — Eu me virei para Tunsall. — Você ou sua irmã irritaram mais alguém?

Talvez a Rainha não estivesse por trás das mortes, afinal. Talvez elas estivessem procurando no lugar errado. A Rainha usou outros em sua trama para roubar meu poder, mas quando se tratava do âmago da questão, ela fazia o trabalho sozinha.

Eu apreciava essa ética de trabalho. E entendia isso. Não havia nada como a satisfação de chocar as pessoas e provar exatamente do que você é capaz. Especialmente quando as pessoas te subestimam ou julgam com base em algo como o seu título. A maioria pensaria que uma rainha nunca sujaria as mãos. Assim como poucos médicos me consideravam capaz de conectar pacientes à ECMO quando geralmente era o trabalho de um médico.

— Eu e minha família somos muito reservados. Nem sei como entramos no radar da Rainha para ser sincera. Eu achava que era porque Isidora confiava em nós e sempre permitiu passagem livre por Pymm's Pondside. Agora já não faço ideia.

— Talvez tenha sido a Rainha — arrisquei. — Esta escama pode ter sido plantada aqui para despistar.

— Há uma maneira de testar essa teoria. Você sente a presença dela aqui? Depois de seu encontro com ela, você deve ser capaz de detectar vestígios de sua presença — informou Aislinn.

Respirando fundo, fechei meus olhos e foquei nos elementos ao meu redor. Inicialmente, o poço mágico que eu tinha me acostumado a convocar era um leito de lago seco. Dentro de alguns segundos, o poder gotejou e me preencheu.

Sem ter uma pista, concentrei-me na terra, depois nas plantas e árvores, e depois nos seres próximos. Meu dedo formigava com cada novo elemento. Eu estava cercada por todos os elementos e eles adicionavam outra camada à magia que carregava em meu peito.

No início, foi uma confusão de respostas na forma de energia e elementos. Tentei identificar a energia de Aislinn no meio de tudo isso. Minha pele zumbiu quando consegui isolar sua vibração do resto. Depois disso, foi fácil separar os diferentes fios.

Lembrei-me de como a energia da Rainha me sufocou e repuxou minhas entranhas. Eu agora sabia que ela estava tentando roubar minha bateria, por falta de uma descrição melhor. Graças à forma como me foi explicado, eu sempre veria um cilindro de lítio em meu peito, alimentando minha magia.

Mantendo a vibração da Rainha em mente, eu vasculhei a área ao nosso redor. Não havia nem um indício de sua presença. O que eu senti foi pura maldade. Era o que eu imaginava que sentiria se olhasse na mente de um assassino em série.

— Não foi ela. Foi algo muito, muito pior do que isso.

Tunsall estava tremendo como uma folha e a tez de Aislinn havia perdido toda a cor. — Quem seria o responsável então?

Eu balancei minha cabeça e tentei empurrar o peso que havia caído sobre mim para longe. — Não tenho ideia, mas nunca senti nada tão horrível. — Nenhum de nós sobreviverá ao que quer que este ser planejou para nossa cidade. Eu mantive esses pensamentos para mim, não querendo causar um pânico em massa.

CAPÍTULO TRÊS

Quando voltei para casa, uma hora depois, estava exausta e pronta para uma soneca. Sempre que o caos aparecia em minha vida, ele tendia a assumir o controle. Eu não tinha dormido ou tomado cafeína o bastante. Quando esses dois fatores combinavam, criavam a tempestade perfeita e eu sofria para continuar funcionando.

Eu estava seriamente começando a duvidar da afirmação de minha avó de que eu tinha algum tipo de bateria interna. Eu mal podia levantar meu braço para acenar para o Feérico seriamente sexy que olhava para mim do outro lado do quintal. Já o meu coração não parecia sentir a fadiga quando começou a disparar no meu peito. Deus, ele era sexy demais.

— Ei. — Foi uma saudação fraca, mas não tinha mais nada a oferecer no momento.

— Quando você ia me contar que Isidora voltou, Borboleta? — Aquela carranca sempre presente estava no lindo rosto de Bas, o que indicava que ele estava irritado. Ele não poderia estar muito bravo porque estava usando o apelido que ele escolheu para mim recentemente.

Muito parecido com a primeira vez que o conheci. Lutei contra a vontade de me desculpar. Eu não devia uma explicação a ele. Claro, eu estava animada para ver até onde esse relacionamento iria e estava me apaixonando por ele, mas eu não tive tempo sozinha para assimilar aquilo. Eu estava fazendo o que precisava para cuidar de mim mesma e garantir que não perdesse a cabeça desde que soube da morte de Tierny.

Minha vida não girava e nunca mais giraria em torno das necessidades de outra pessoa antes das minhas. Era uma das vantagens de um recomeço. Eu podia definir o cenário desde o início. E esperar que meus hormônios excessivamente ansiosos não me traíssem.

Eu lancei um olhar feio para o Sebastian. — Olá, Fiona. Como foi o seu dia? Parece que fazer poções foi produtivo. — Pigarreei para me livrar do tom de voz rouco que tinha feito e voltar ao meu tom de voz normal. — Foi bastante agitado. Ainda estou processando tudo, mas estou mais preocupada com a malevolência que captei na casa de Tunsall, quando fui investigar o assassinato de sua irmã.

Eu tinha aprendido uma ou duas coisas sobre equilíbrio e a importância do autocuidado. Passei mais da metade da minha vida cuidando dos meus filhos e do meu falecido marido. Eu tinha perdido o meu equilíbrio depois que Tim morreu. Felizmente, eu tinha meus filhos para me manter ocupada. E justamente quando me deparei com o ninho vazio, minha avó morreu e eu me mudei para outro país do outro lado do globo. Eu sabia que não se deve tomar decisões importantes na vida em momentos como aquele, mas parecia certo e não me arrependi por um segundo.

Claro, eu me perguntava se havia algo mágico me atraindo para cá. Eu diria que as chances são boas de que a vovó, além de lançar um feitiço para amarrar seu espírito a mim, colocou um encantamento em mim para que eu quisesse permanecer em Pymm's Pondside e assumir os negócios da família.

Bas baixou a cabeça e esfregou a nuca. — Entendi. Eu fui grosso. — Ele reduziu a distância e passou os braços em volta de mim, em seguida, deu um beijo suave em meus lábios antes de se afastar. Eu queria sua boca de volta. De repente, meu cansaço foi embora e meu corpo estava se animando para uma aventura totalmente diferente.

— Mas fiquei chocado quando voltei meia hora atrás e encontrei Isidora flutuando na cozinha e observando Kairi pela janela acima da pia… Espera. Tierny foi morta? O que aconteceu?

Suspirei e entrelacei meus dedos com os dele, em seguida, o puxei em direção à casa. Vovó precisava ouvir isso também. — Vovó! — gritei enquanto tirava meus sapatos no anexo.

Eu estava entrando na cozinha e indo em direção à cafeteira quando ela flutuou pelo teto. — O que foi? O que aconteceu?

Eu soltei a mão de Sebastian. — Mae passou na livraria enquanto estávamos lá e nos informou que houve outro assassinato e Gardoss foi chamado para investigar. Aislinn e eu decidimos ir ao local e ver se era obra da Rainha Feérica.

— Isso foi estúpido. Nunca a procure sem eu estar com você — interrompeu Bas.

Eu me virei e lancei um olhar feio para ele antes de continuar. Dei a eles um breve resumo do que encontramos quando chegamos e, em seguida, mostrei a escama e minha teoria de que ela foi plantada para apontar a investigação na direção errada.

— Colocar a culpa nos dragões prejudicaria ainda mais o relacionamento entre eles e os principais residentes da cidade. — A figura translúcida da avó parecia vibrar cada vez mais rápido enquanto ela falava. — Isso causaria uma rixa entre Feéricos e Transmorfos, dividindo ainda mais a população sobrenatural. Passei anos tentando acabar com esta rixa e uni-los.

Sebastian ajeitou as costas e ergueu a mão como se fosse alcançar a vovó, mas depois a deixou cair ao seu lado. — Sem você, eles lutariam abertamente sem motivo. Em vez disso, concordamos que precisamos trabalhar juntos para garantir que os humanos nunca saibam sobre nós.

Eu me servi de uma xícara de café e acrescentei creme de hortelã. — Isso seria muito ruim. Farei o que puder para ajudar na situação. E o primeiro passo é descobrir quem é o responsável pela morte de Tierny. Quem quer que seja, tem algumas intenções seriamente más para nossa espécie. A energia maliciosa era assustadora.

Sebastian se aproximou e esfregou a mão nas minhas costas, deixando-a lá para me confortar. — Provavelmente foi a Rainha. Ela deve estar ficando desesperada. Especialmente agora que sua energia não é mais facilmente detectada.

Vovó assentiu, o que era um movimento estranho quando a árvore do lado de fora era visível através de seu rosto. — Isso ajudará a manter a atenção longe de você. Só podemos esperar que ela acredite que estava errada sobre o que você é. Afinal, toda a briga que vocês duas tiveram, não enfraqueceria uma nicotisa como faria com outros híbridos.

Os olhos de Sebastian se arregalaram e sua mandíbula cerrou. — Você é uma nicotisa. — Foi uma declaração, não uma pergunta ou esclarecimento. — Eu deveria saber, e você deveria ter me contado. Eu poderia ter feito mais para impedir a Rainha de descobrir isso. Isso complica as coisas.

Vovó cruzou os braços sobre o peito enquanto o vermelho cintilava nas bordas de sua forma fantasmagórica. — Por que eu deveria ter confiado em você? Sim. Somos amigos há muito tempo e não, você nunca me deu motivos para duvidar de você, mas com suas conexões anteriores, eu não poderia ter certeza. E, eu nunca colocaria a vida de Fiona em perigo. É por isso que sacrifiquei um relacionamento mais próximo com minha neta. — Lágrimas pareciam brilhar seus olhos.

Eu não tinha considerado o quão difícil foi para ela quando mandou meus pais e eu embora todos aqueles anos atrás. Um pensamento surgiu na minha cabeça e saiu da minha boca antes que eu tivesse tempo para pensar sobre isso. — Se era tão perigoso, por que eu vinha para cá todo verão?

— De que outra forma eu renovaria o feitiço?

Eu balancei a cabeça. — Me desculpe, eu não continuei voltando. A vida ficou tão ocupada, mas se eu soubesse… — Minha voz falhou. Não tinha certeza do que teria feito se soubesse.

— Quando você completou treze anos, o feitiço já estava cimentado no lugar. Agora, sobre a Rainha e esta energia. Tem certeza de que não foi ela?

Eu não estava completamente pronta para deixar o assunto para trás, mas não tinha certeza do quanto mais eu realmente precisava saber. — Minha magia tocou a dela, ou algo assim, quando nós lutamos, e eu a senti. Há essa determinação raivosa ligada a ela que estava faltando na energia hoje. Ao redor da casa de Tierny havia ódio e fome. Quem fez isso gostou de matar a brownie e queria mais.

— Talvez o assassino não esteja fazendo isso numa tentativa de roubar o portal de você, afinal. Podemos ter nos enganado ao presumir que essa era a intenção deles — disse Bas, apoiando as mãos no balcão. Suas sobrancelhas estavam franzidas e seus lábios repuxados. Eu diria que esse era seu olhar pensativo, mas ele usava aquela carranca na maior parte do tempo.

O calor encheu minhas bochechas quando me lembrei de como Aislinn me disse que eu poderia ser capaz de suavizar as rugas na testa dele. Eu fui casada por algumas décadas e tinha três filhos, mas não tinha certeza e estava nervosa sobre levar o relacionamento para o próximo nível com ele. Parte de mim estava além das inseguranças e da preocupação sobre se ele gostaria ou não do meu corpo. Enquanto a outra parte gritava para fazer abdominais e comprar um hidratante melhor para disfarçar as rugas.

— Eu não acho que seja a mesma pessoa. Este era muito diferente dos anteriores. Além disso, eles podem usar o sangue que tiraram dos outros para mais alguma coisa? — Tomei outro gole do meu café, apreciando o sabor da menta. Algumas pessoas gostavam de um toque de especiaria de torta de abóbora no café, eu preferia um toque de menta.

— Não que eu saiba. Isidora, as bruxas podem usar sangue Feéricos em feitiços?

Vovó acenou com a mão no ar e a energia do gesto me atingiu em ondas. Ela formigou em todos os lugares que tocou. — Claro, mas é difícil de trabalhar. Deve ser coletado com precisão, como acontece com os rituais Feéricos. Poucas bruxas estão dispostas a fazer tal magia nefasta. Tudo tem um custo, e quando você executa magia de sangue, isso devora sua alma e, eventualmente, o deixará louco.

Estremeci com o pensamento. — Não, dispenso. Eu posso ter me enganado. A rainha pode ter matado Tierny. Tudo o que sei é que quem fez isso estava além da raiva.

— Da última vez que ouvi, a Rainha estava furiosa. Isso mudou? — Eu fiquei boquiaberta com a pergunta da vovó. Ela realmente sabia de tudo o que acontecia em Cottlehill.

— Isso não mudou. Foi o que a levou a atacar Fiona.

Um canto da boca da vovó se curvou. — Bem, isso e o fato de que você está interessado na minha neta.

O rosto de Sebastian tingiu de rosa e ele mudou de sua típica expressão carrancuda para dar sua versão de sorriso. — Isso certamente piora as coisas, mas tudo começou antes que eu agisse quanto a isso.

— Ele está certo, vovó. Ela estava matando feéricos muito antes de ele dizer uma palavra para mim. Qual é a história entre vocês? — Lembro-me dele me dizendo que eles tinham um relacionamento, mas nunca me deu detalhes.

Sebastian respirou fundo e fechou os olhos por um segundo. — Você sabe que ela é casada com Vodor. Bem, ela e o rei estão distantes há séculos. O que você pode não saber é que Feéricos são criaturas luxuriosas e sexo fora de uma parceria é comum.

Minhas partes femininas ficaram alertas quando ele mencionou que Feéricos estavam sempre com tesão. Eu queria deixá-lo nu e mostrar a ele como eu estava excitada. Só o tom de sua voz era como uma carícia íntima. Merda. Ele ainda estava falando.

Pare de pensar besteira e volte a prestar atenção.

— O rei tem um harém desde que atingiu a maioridade, mas a rainha não. Pelo menos não oficialmente. O problema surgiu quando ela se apaixonou por outra pessoa. Ela falou sobre derrubar o rei com seu amante. De alguma forma, a notícia chegou até os pais dela e eles não ficaram felizes. Eles arranjaram um matrimônio com Vodor quando ele estava tentando disputar o trono. Ela implorou ao homem que ela amava que se apresentasse na disputa, mas ele recusou. — Os olhos de Bas ficaram distantes e pude vê-lo revivendo os eventos enquanto falava. Seu corpo ficava cada vez mais rígido com o passar do tempo.

— Por que ele recusou? — A carranca estava de volta e eu odiei aquilo. Eu esperava que minha voz o ancorasse no presente.

Ele piscou várias vezes e finalmente se concentrou em mim, mas foi a vovó que me respondeu. — Política. Somente aqueles no alto escalão da sociedade Feérica são poderosos o suficiente para assumir o trono. O critério das separações de classes entre os feéricos vai além da renda. Eles valorizam o poder mais do que qualquer coisa. É por isso que a Rainha quer roubar o seu, Fiona. Você poderia eclipsar o status dela.

— Ela está certa — acrescentou Bas. — O homem que ela amava não era da classe alta e, apesar de ser poderoso o suficiente para ascender, não tinha vontade de fazê-lo. A Rainha ficou chateada quando ele recusou. Ela sempre foi uma megalomaníaca e, mesmo assim, queria o homem mais poderoso como seu companheiro. Essa recusa a envergonhou e foi um grande escândalo. Nunca se ouviu falar que a Rainha queria alguém que fosse oficialmente de uma família mais fraca do que a de Vodor.

— Você é o tal homem, certo? — Não havia dúvida disso em minha mente. Ele exalava essa aura revestida de uma força inegável.

Sebastian ergueu um ombro. — Sim, mas isso não é importante. Precisamos nos concentrar na Rainha e por que ela está tão silenciosa.

— Isso é mais importante do que você imagina. Ela não te superou. Eu imagino que ela sente que você a desprezou ao rejeitá-la e depois indo embora. Isso, junto ao seu desejo por meu poder, a torna altamente perigosa. E isso poderia tê-la levado ao limite. Ela pode, agora, estar atacando sem se importar com quem fere.

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Litres'teki yayın tarihi:
04 ekim 2021
Hacim:
230 s.
ISBN:
9788835428527
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