Kitabı oku: «Visão Do Amor», sayfa 2
CAPÍTULO TRÊS
Outubro de 1933
Anya olhou pela janela do carro que a levava da estação de trem para o local da embaixada americana temporária. Ela não tinha a mínima noção de tempo. Pelo menos não no sentido de que ela definitivamente não estava onde pertencia. Todos acreditavam que ela era Anastasia Wegner, filha de um funcionário do Embaixador William Dodd.
Até onde ela pôde ver, ela não tinha nada em comum com Anastasia. Ana não tinha ambições e era uma filha obediente. Tinha até concordado em casar com um oficial alemão. A bile subiu pela garganta com a ideia de se casar com um nazista. Ela não conseguiria fazer isso. Mas havia uma coisa em comum ao seu tempo, e apenas uma: o anel de opala em seu dedo anelar. Era idêntico ao que sua avó lhe dera… até o desenho floral em metal prateado e a opala redonda.
Ela não tinha notado a princípio. Com tudo o que aconteceu depois que ela acordou e com a sua cabeça doendo daquele jeito, ela tinha esquecido de olhar para a única joia que ela… Ana estava usando. Podia ser uma coincidência, mas ela não achava que fosse. Era o anel de noivado de Ana. Anya queria tirá-lo de seu dedo e jogá-lo em algum lugar onde nunca seria achado. Mas ela não podia fazer isso. A obediente Ana não faria isso e, portanto, Anya teve que conter seus impulsos.
Ela soltou um suspiro e fechou os olhos. Eles estariam na embaixada em breve e ela teria que se encontrar com o pai de Ana. O pouco que ela aprendeu sobre ele não a deixou com uma boa sensação. Ele poderia até ter ajudado o duque e a duquesa de Weston, mas parecia governar sua casa de maneira nada gentil. Ela teria que se conter para não falar o que pensava. Dizer a coisa errada poderia muito bem valer-lhe um tapa na cara.
Viajar com Ida havia ensinado isso a ela.
Depois que eles deixaram a casa do duque e da duquesa, Ida se transformou em uma mulher diferente. Bem, isso não era exatamente verdade. O que mudou foi como ela acreditava que poderia tratar Anya. Ela a lembrou de quem estava realmente no comando e de nunca tratá-la como naquela manhã. Suas ordens sempre deveriam ser obedecidas ou ela relataria as ações de Anya a seu pai… e ela se arrependeria disso. Ela olhou para Ida, sua guarda de prisão. Ela teria que encontrar uma maneira de evitá-la tanto quanto possível. De alguma forma, ela encontraria o caminho de volta para casa e para fora do corpo de Ana, mas ela não tinha certeza de como fazer isso.
— Você está sendo uma boa menina — disse Ida. — Isso é tudo o que você precisa fazer. Seu pai tem expectativas quanto a você. — Ela deu um tapinha no braço de Anya. — A viagem para Londres era necessária, mas você pertence a este lugar. Seu casamento será em alguns meses e você precisa se acostumar com o que seu marido espera de você.
Ela engasgou. — Sim, Ida. — Anya não aguentava mais nenhum de seus chavões. — Vou deixar meu pai orgulhoso. — Isso parecia algo que ela deveria dizer, mas era a última coisa que ela queria realmente fazer. Quanto mais ela aprendia sobre Edward Wegner, mais ela o odiava.
O carro entrou em um longo caminho e parou em frente a um grande edifício com portões altos ao seu redor. Eles esperaram que os portões se abrissem e então entraram. O carro parou novamente na entrada da casa. Hora de ela enfrentar as coisas que ela queria evitar.
Ela saiu do carro e parou para esperar por Ida. Assim que ela estava ao lado de Anya, elas entraram na embaixada juntas. Ao menos naquele momento ela ficou feliz por ter Ida ao seu lado. A criada era uma espécie de amortecedor. Depois que elas entraram, um funcionário as deu as boas-vindas. — Senhorita Anastasia — cumprimentou o homem. Ele estava vestido todo de preto. Seu cabelo de ébano era quase do mesmo tom de seu terno, e seus olhos azuis prateados eram impressionantes. Eles eram de um tom estranho que ela achou familiar. Ela não conseguia desviar o olhar, hipnotizada por sua beleza. — Fui designado para ser seu guarda-costas. Você não deve deixar a embaixada sem mim, seu noivo ou seu pai. Ela não tinha nenhum desejo de partir na companhia de “seus” homens. Se ela quisesse sair, ela tentaria garantir que fosse na companhia de seu novo guarda-costas.
Ela franziu a testa. Maravilha. Agora ela tinha outra pessoa que seguiria cada movimento seu. Ela engoliu em seco e assentiu. — Eu entendo… Senhor… — Ele tinha se apresentado? Ela não conseguia se lembrar naquele momento.
— Arthur Jones — disse ele formalmente em um tom prático. Ele manteve a cabeça erguida e não moveu um músculo. — Senhora.
Ele era um soldado. O que fazia sentido para um guarda-costas. Ela não o culpou por isso. Ele estava apenas fazendo seu trabalho, mas isso não significava que ela tinha que gostar. — Sr. Jones — disse ela e sorriu para ele. — Não tenho a menor intenção de me colocar em perigo. É uma época perigosa na Alemanha e não quero ser uma vítima disso. Obrigada por fazer a sua parte para me manter segura.
Ele ficou quieto por um momento antes de falar. — Sim, senhora. — Ele esperava que ela fizesse um estardalhaço? Anastasia era uma verdadeira dama em todos os sentidos da palavra, sem realmente ter o título. Ana sabia o que era esperado dela. Ida garantiu que ela entendesse qual era o seu lugar durante a viagem à Alemanha. Foi quando a rigidez de Ida se tornou evidente e Anya aprendeu rapidamente a manter seus pensamentos para si mesma. — Agora — começou ela. — Se nos der licença. — Ela gesticulou em direção a Ida. — Foi uma longa viagem e gostaria de descansar. — O que ela não disse foi que precisava de um tempo para si mesma. Se ela fosse para os seus aposentos, Ida a deixaria em paz. Só assim para ela deixar de sentir como se cada movimento seu estivesse sendo observado.
— Claro — disse ele, assentindo. Ele se afastou para que Anya e Ida pudessem passar. Ele não era exatamente lindo, mas era definitivamente cativante. Em outra época, ela poderia ter se interessado por ele.
Ana queria olhar melhor para ele, mas manteve o foco na frente dela. Se ela mostrasse qualquer interesse em Arthur Jones, Ida correria e fofocaria sobre ela. Além disso, nada poderia resultar disso. Anya não pertencia aqui e Ana tinha um noivo.

Anya olhou pela janela de seu quarto. Ela estava na Alemanha há uma semana e não havia feito nenhum progresso em descobrir como voltar para casa. Ela provavelmente teria que se resignar à sua situação atual. Talvez ela devesse fazer algo produtivo com seu tempo em 1933. Havia uma grande guerra chegando e milhares morreriam. Se ela pudesse, e fosse corajosa o suficiente, seria possível salvar algumas das pessoas que o governo nazista visaria.
E se esse fosse o motivo pelo qual ela foi enviada aqui?
Ela suspirou. Se ela esperava fazer a diferença, ela teria que deixar seu quarto. Esconder-se não ajudaria ninguém, especialmente ela mesma. Ela poderia procurar Arthur Jones e deixá-lo acompanhá-la para fora da embaixada, já que a única coisa boa em ter um noivo nazista era que isso lhe dava uma espécie de disfarce. Ninguém suspeitaria que ela ajudou os judeus a escapar da perseguição. O problema era que ela não tinha ideia de como encontrar e ajudar os necessitados. Se ela abordasse a pessoa errada, ela acabaria morta, ou coisa pior. Havia coisas piores do que morrer…
Com um suspiro, ela afastou-se da janela e foi até a porta e a abriu. Se ela ia começar a viver, ela tinha que dar o primeiro passo. Ela caminhou pelo corredor e se dirigiu ao escritório do pai de Ana. Pensar nele nesses termos o tornava mais formal e não tão real para ela. Ela não gostava do homem, intensamente. Ele era muito mais magro pessoalmente do que ela esperava. Anya ainda não conhecia o seu noivo, Dierk Eyrich. Ele estava fora da cidade fazendo uma inspeção em um campo de concentração. Eles não chamavam o lugar assim, mas Anya sabia o que era. Era um dos piores campos que existiu na história: Buchenwald. Não que algum dos campos fosse bom. Eles eram todos horríveis, e muitos morreram.
Ela bateu à porta do escritório de Edward Wegner. Depois de alguns momentos, ele gritou: — Entre.
Anya entrou e esperou que ele se dirigisse a ela. Ele estava sentado atrás de uma grande mesa de mogno, escrevendo. Depois de alguns momentos embaraçosos de silêncio, ele olhou para cima. — O que posso fazer por você, Anastasia?
— Eu gostaria da sua permissão para assistir à ópera esta noite. — Um nó se formou em sua garganta e ela engoliu em seco, tentando removê-lo, mas ele permaneceu teimosamente no lugar. — A Ópera Estatal de Berlim fará uma performance de Die Meistersinger von Nürnberg de Richard Wagner hoje à noite. — Ela tinha ouvido a esposa do embaixador mencionar a apresentação de ópera. O embaixador e sua esposa receberam um convite, mas o recusaram.
Ele nem mesmo olhou para ela quando começou a falar: — Dierk não está aqui para acompanhá-la, e eu não desejo ver a ópera. Estou muito ocupado. — Ele começou a escrever freneticamente novamente. — Isso não é importante. Encontre outra coisa para ocupar seu tempo. Quando Dierk retornar, ele pode ajudar a entretê-la.
Ela tinha que convencê-lo. Ir à ópera era o primeiro passo que ela poderia dar para alcançar seus objetivos. Ela precisava se posicionar na sociedade alemã. De que outra forma ela poderia descobrir os planos sobre a captura de judeus? Ela não tinha nenhum outro meio de obter informações. — Eu ainda assim gostaria de assistir. O Sr. Jones não poderia me acompanhar? Ele é meu guarda-costas, não é? Ele vai cuidar para que eu seja mantida em segurança e seja tratada adequadamente. — Anya esperava que Arthur não se importasse de assistir um pouco de propaganda Alemã. Seria definitivamente nauseante. Ela presumia que ele não era simpatizante do nazismo como Edward Wegner.
Edward olhou para cima e encontrou o olhar dela. — Você deve realmente desejar ver esta ópera. O que você espera ganhar com isso?
— Sabedoria — disse ela. Foi a resposta mais simples e uma que este homem entenderia. Ele pensaria que uma mulher é incapaz de pensamentos inteligentes. Afinal, ele vendeu sua filha com um nazista em troca de alcançar seus objetivos.
— Você espera aprender alguma coisa? — Ele riu baixinho. — Você? — Edward Wegner balançou a cabeça como se a própria ideia fosse ridícula. — Você é uma garota simples. Duvido que você ganhe muito conhecimento com a ópera. Tudo vai passar direto pela sua linda cabecinha.
Anya cerrou os dentes. Ele estava sendo muito mais que horrível. — Gostaria de ver por mim mesma e ouvir qual é a mensagem da ópera. — Nisso, ela não estava mentindo. Mesmo sabendo que era propaganda nazista, ela queria ouvir. A ideia por trás disso só iria ajudá-la a entendê-los mais e aprender como ajudar aqueles que precisavam.
— Se isso significa tanto para você — começou ele. — Eu combinarei com o Sr. Jones. — Ele pousou a caneta. — Espero que você só compareça à apresentação. Você sairá meia hora antes e voltará imediatamente depois.
— Obrigada, Pai — disse ela e olhou para o chão. Afinal, ele esperaria um pouco de humildade e covardia de sua filha. Se Anya olhasse para ele diretamente nos olhos, Edward Wegner não reagiria bem. As instruções de Ida foram bastante precisas. Seu pai esperava que ela agisse de uma maneira específica e, se ela falhasse, ele a puniria. Ida teve grande prazer em explicar como seriam essas reprimendas também. Ela não tinha motivos para não acreditar na criada, então prestou atenção a tudo o que Ida dizia. — Farei como o senhor instruiu.
— Sim, você fará — disse ele com firmeza. — Agora saia daqui. Tenho trabalho a fazer e você já me perturbou o suficiente. — Ele não tinha o menor respeito por sua filha. Quando terminou com ela, ele agiu como se ela não estivesse mais no escritório. Anya desejou poder melhorar as coisas para Ana de alguma forma. Talvez melhorasse depois que ela começasse a ajudar os judeus na Alemanha.
Anya assentiu e se virou para sair do local, não que Edward Wegner notasse. Ela não tinha mais nada a dizer a ele de qualquer maneira, e ela tinha que garantir que seu plano fosse executado sem problemas. O fato de que seu noivo estava longe a ajudava… mesmo que ela estivesse enojada com o motivo que mantinha Dierk Eyrich ocupado. Ela usaria isso a seu favor, junto com seu conhecimento do campo de concentração, se pudesse. Ela poderia agir de forma doce e inocente para atraí-lo a falar sobre coisas que ele não deveria. Anya não era atriz, mas quão difícil poderia ser?
Ela desceu o corredor e voltou para o seu quarto. Agora que ela tinha permissão, ela tinha que se preparar para a noite. Começando com seu vestido. Depois de saber o que vestir, ela prepararia a banheira e tomaria um bom banho. Não seria uma noite divertida, mas isso não significava que ela não pudesse parecer e se sentir bonita.
CAPÍTULO QUATRO
O banho tinha sido maravilhoso. Anya se sentiu renovada e pronta para uma noite de ópera. Ela se sentou na penteadeira e arrumou o cabelo no que ela esperava ser um estilo moderno para a época. Se ela estivesse em seu próprio corpo, seu cabelo não seria longo o suficiente para qualquer estilo elaborado. A cor do cabelo dela era semelhante ao de Ana, mas isso era tudo o que tinham em comum. Ana tinha longos cabelos loiros cor de mel, e o de Anya era um loiro um pouco mais avermelhado na altura dos ombros. Ela supôs que ter um cabelo loiro era uma boa coisa para o pai de Ana. Com a crença nazista de que a raça ariana era superior, ela definitivamente se encaixaria… Não que ela achasse esse fato particularmente atraente, mas com todas as coisas, ela usaria o que pudesse a seu favor.
Com o cabelo arrumado, era hora de terminar de se vestir. Ela teve o cuidado de escolher um vestido com o qual não precisaria da ajuda de Ida, felizmente, a maioria das coisas não exigia a ajuda de sua criada. Anya desprezava a mulher e desejou poder dispensá-la e encontrar uma nova criada pessoal. Ela não sabia como Ana conseguia lidar com ela todos os dias. Talvez Ana perceberia que seria mais fácil para ela se ela não precisasse de Ida para ajudá-la e sair por aí ordenando-a. Anya não tinha certeza. Ela não conhecia bem o estilo de vida dos anos 1930.
O vestido que ela escolheu para usar era uma malha rosa claro delicada, bordada, sobre um forro de seda combinando. Era elegante e etéreo, com um decote redondo sensual e abotoado na lateral. A malha bordada se dividia na parte inferior da bainha, dando uma aparência luxuosa. Anya adorou aquele vestido. Às vezes era bom vestir-se bem e sair um pouco de casa. Ela não fazia nada tão extravagante há anos. Agora que ela não tinha muita escolha e estava longe de ser ela mesma, parecia bobo ter trabalhado tanto e se esquecido de como era se divertir um pouco.
Ela completou o conjunto com um par de sapatos de salto alto de dois tons, rosa e branco. Anya suspirou e se olhou mais uma vez no espelho. Ela ainda não conseguia se resignar a olhar para outra pessoa em vez de si mesma. Talvez depois de fazer algumas boas ações ela ganhasse o caminho de volta para casa. Ela não pertencia a esta época e não queria experimentar o Holocausto em primeira mão. Este era um pesadelo do qual ela não conseguia acordar.
Satisfeita com o que viu no espelho, ela agarrou seu xale de pele branco e colocou-o sobre os ombros, amarrando-o no lugar com a fita de seda, depois deixou a santidade de seu quarto. Era o único lugar em que ela se sentia remotamente segura e, mesmo lá, Ida se intrometia mais do que Anya apreciava. Arthur Jones estava esperando por ela, e ela odiava se atrasar. Ela esperava que ele não ficasse irritado por ter que ir à ópera com ela.
A apresentação seria toda em alemão e ela sabia muito pouco do idioma. Ela podia entender uma palavra aqui ou ali, mas nunca se importou em aprender de verdade. Ela estava grata e irritada por não ser capaz de entender muito. Grata porque a propaganda seria verdadeiramente atroz e irritada porque tornaria mais difícil escutar as conversas.
Talvez o Sr. Jones falasse um pouco da língua… Ele estaria disposto a espionar por ela? Ela teria que lhe fazer algumas perguntas discretas e ver como ele se sentia em relação aos alemães e o que eles estavam fazendo aos Judeus. Ela não conhecia ninguém dessa época e não queria cometer um erro fatal. Edward Wegner o escolheu como seu guarda-costas. Ele devia confiar no Sr. Jones por um motivo. A última coisa que ela precisava era que ele tagarelasse com o homem que supostamente era o seu pai.
Havia várias seções e entradas para a embaixada. Ela não era obrigada a usar a principal porque morava na residência. E sair seria muito mais fácil já que ela tinha permissão para deixar a embaixada. Quando ela alcançou o saguão de entrada na parte da embaixada onde ela estava alojada, o Sr. Jones já estava lá esperando por ela. Ele estava vestido com um terno escuro, uma camisa branca e gravata preta. Seu cabelo de ébano estava penteado para trás, tornando seus olhos cobalto ainda mais vivos. Ele era devastador de se olhar. Sua respiração ficou presa na garganta e ela teve que se lembrar de como respirar. Se ela não tomasse cuidado, ela poderia rapidamente se apaixonar por este homem lindo e estoico.
— Você está linda — disse ele e estendeu o braço para ela. — Você está pronta para uma noite divertida?
Ela colocou o braço sobre o dele e assentiu. — Claro. — Anya mal se lembrava de como sorrir. — Tem sido um pouco sufocante na embaixada. Um pouco de ar fresco será uma mudança bem-vinda.
— Se você quisesse sair de casa, tudo o que precisava fazer era pedir. — Ele a conduziu até a porta e eles saíram da embaixada. — Ficaria feliz em acompanhá-la para qualquer lugar que quiser ir.
Ela estava feliz por ele estar disposto, porque ela pretendia definitivamente aceitar sua oferta. Embora ela preferisse fazer isso quando seu noivo não estivesse em Berlim. Isso faria com que seus motivos para ter o Sr. Jones acompanhando-a fizessem mais sentido. Dierk não deveria voltar antes de uma semana. Ela aproveitaria sua ausência o máximo possível.
— Eu não sei até onde meu pai vai permitir. — Ela mordiscou o lábio inferior. — Ele é um pouco superprotetor. — Bem, na verdade mais para arrogante e controlador.
— Ele tem uma boa razão para ser. Está muito tumultuado na Alemanha atualmente. — Ele soltou seu braço para abrir a porta do carro para ela. O Sr. Jones fez um gesto em direção ao assento e Anya entrou no carro. Ele fechou a porta e foi para o lado do motorista. Assim que entrou no carro, ele começou a falar novamente: — Vou mantê-la segura. Eu prometo. Se quiser, podemos fazer um passeio pela cidade e posso mostrar alguns dos meus lugares favoritos.
— Eu gostaria disso — respondeu ela com seu tom quieto. O Sr. Jones tinha sentimentos por Ana ou era ela, Anya, de quem ele gostava? Ela estava subitamente tão cheia de dúvidas sobre si mesma que chegavam a doer. Ana não sabia o que deveria ou não fazer. E se ela começasse algo com ele e bagunçasse a vida de Ana, ou a sua própria? E se ela estivesse presa para sempre nessa época e no corpo de Ana? Ela não deveria tentar explorar todas as possibilidades?
— Tente ficar confortável. — Ele sorriu e ligou o carro. — Chegaremos à ópera rapidamente.
Anya interpretou isso como um motivo para permanecer em silêncio. Ela estava sem palavras de qualquer maneira. Ele havia lhe dado algo mais para contemplar e ela não sabia como se sentir sobre nada disso.

O Sr. Jones estava correto. Não demorou muito para chegar à ópera, e ela não teve tempo suficiente para pensar. Ele estacionou o carro e eles caminharam em direção à entrada. A casa havia disponibilizado ao embaixador um camarote, e ele deu permissão a sua equipe para usá-la em seu lugar. Sua esposa tinha ouvido dizer que Anya queria assistir à apresentação de ópera e havia escrito uma nota para reiterar essa autorização. Anya gostava do embaixador e de sua esposa. Eles eram pessoas gentis e inteligentes, e nada como Edward Wegner. Por que Anya não podia ter um pai semelhante ao embaixador? Ele seria muito mais fácil de lidar e muito mais gentil a longo prazo.
Ela suspirou.
— O que houve? — perguntou o Sr. Jones. Seu tom estava cheio de preocupação, mas sua expressão permaneceu em branco.
— Nada — disse ela rapidamente. — É uma noite adorável, não é?
Ele assentiu, mas não encontrou seu olhar. Seu foco estava em seus arredores. Ele olhava para todos os lados, menos para ela. Esse era o seu trabalho, ela supôs. O Sr. Jones precisava estar ciente do que acontecia ao seu redor e, contanto que ela não se rebelasse, ele poderia fazer seu trabalho com a certeza de onde ela estava. Anya não sabia muito sobre o que um guarda-costas fazia, mas não conseguia encontrar falhas no Sr. Jones. Pelo menos, não até agora. — O tempo está bom. Em pouco tempo ficará bastante frio.
Anya franziu o nariz. — Eu odeio o inverno. — Ela estremeceu. — Na verdade, odeio sentir frio. A neve é bonita, mas também é bagunçada e irritante. Não seria bom viver em algum lugar que fosse quente todo o tempo?
— Eu na verdade vivo em um lugar assim — começou ele. — Eu sou da Califórnia. Temos um clima bom na maioria dos dias.
Ela nunca tinha viajado para os EUA, mas não podia admitir isso. Ana deveria ser americana. Embora, pela forma como seu pai a tratava, ela duvidava que Ana tinha viajado para algum lugar além de Nova York. — Eu nunca estive na Califórnia. Deve ser adorável lá.
— Sim, é — disse ele. — Um dos melhores lugares do mundo. Estou ansioso para retornar.
Ele estava sendo mais sincero do que tinha sido nas últimas conversas. Não que houve muitas, mas ele não pareceu querer dar-lhe detalhes demais sobre ele mesmo. Interessante que ele se sentia confortável o bastante para fazer isso agora. — O que te fez decidir que queria se tornar um guarda-costas?
Ele riu baixinho. — Eu entrei para o exército quando fiz dezoito anos. Lá, eles me ensinaram tudo o que sei. — Ele ficou quieto por um momento. — Isso é tudo o que sei fazer. — Suas palavras foram murmuradas, mas ela as ouviu claramente. Ele não expandiu seu depoimento, mas ela queria saber mais. Ele não queria algo mais para a vida dele? Ele não tinha uma ambição? Ela teria que se lembrar de perguntar tudo isso depois.
Eles chegaram à entrada, e deram seus nomes para o porteiro. Eles entregaram os ingressos e foram acompanhados até o camarote do embaixador. Uma vez sentados, ela escaneou o teatro. Não havia muito o que contar sobre as pessoas que estavam lá para ver a performance. Eles estavam todos vestidos elegantemente, e quase todos eles se encaixavam no perfil de cidadão alemão ideal, de acordo com Adolf Hitler. Eles eram principalmente loiros, bem como algumas pessoas com cabelo que vários tons de vermelho. Ela não podia deixar de se perguntar se talvez alguns poderiam ser judeus com cabelo tingido. Eles fariam o que podiam para se esconder à vista de todos. A deixava doente saber que eles tiveram que fazer tudo isso para permanecerem vivos e serem tratados como os humanos deveriam ser. Toda a situação era errada de tantas maneiras…
Anya virou-se para o Sr. Jones. — Conte-me algo sobre você.
Ele arqueou uma sobrancelha, e seus lábios se contorceram um pouco. Aquela sombra de sorriso lhe deu esperança. Ele queria falar, e isso era tudo o que importava para ela. — Eu já não fiz isso?
— Já? — Ela inclinou a cabeça para o lado. — Eu não me lembro.
— Eu lhe contei de onde venho — lembrou ele.
Ela acenou com a mão com desdém. — Isso não é nada. Eu quero que você me diga algo pessoal. — Anya se inclinou um pouco mais perto. — Algo que não posso descobrir com ninguém além de você.
Ele se afastou dela e estudou a multidão. Ela tinha ido longe demais? Ela queria saber mais sobre ele, e a única maneira para isso era fazendo perguntas e incentivando-o a se abrir com ela. Talvez se ela lhe dissesse algo sobre si mesma, ele veria como uma oferta de paz. Mas o que ela poderia dizer que seria seguro? Ela queria ser honesta, ser Anya, e ainda não se entregar por não ser Ana. — Eu amo poesia. — Ele não deu sinal de tê-la escutado. — Meu poema favorito é de Tennyson. — Ela fechou os olhos e citou seu verso favorito de Maud:
Metade da noite desperdiço em suspiros,
Metade em sonhos que lamento depois.
O prazer do céu raiando
Em um tonto despertar lamento
Pela mão, os lábios, os olhos,
Pelo encontro na alvorada,
O prazer do jocoso riso
O prazer das respostas murmuradas.
Ele virou-se para ela e olhou como se ele nunca a tivesse visto antes. Ela tinha errado um verso? Seu estômago tremeu enquanto ela esperava que ele dissesse algo. Ela não tinha percebido o quanto ela queria que ele gostasse dela até aquele momento.
— Tennyson? — Ele balançou a cabeça e então suspirou. — Eu gosto de poesia também. Ele é bom, mas eu prefiro Keats. — Então ele fez algo que ela nunca esperaria. Ele se inclinou e sussurrou uma linha de um dos poemas de amor de Keats: — De amor, seu beijo. Essas mãos, aqueles divinos olhos.
Ela tremia enquanto seu corpo ganhava vida. Seu tom de voz rouco aqueceu todo o seu corpo e ela queria inclinar-se para ele. Ela virou a cabeça e encontrou os seus olhos. Havia calor lá. Ele estava atraído por ela. Não havia mais como negar isso. Ambos sentiram algo, e isso deveria apavorá-la, mas em vez disso a fez vibrar com necessidade.
Eles ficaram hipnotizados um com o outro, e o feitiço não se quebrou até que as luzes se apagaram e as cortinas foram levantadas. Mesmo assim, eles não desviaram o olhar até que as primeiras notas da ópera encheram o teatro. Anya fez-se olhar para longe dele e para o palco. Se não o tivesse, teria beijado ele, e isso não teria corrido bem. Eles estavam em público e ela deveria estar noiva. Edward Wegner teria a cabeça dela se ela arruinasse a reputação da filha dele. Ela respirou fundo e se concentrou. Talvez, algum tempo depois, quando eles estivessem sozinhos em um lugar privado, ela poderia explorar o que tudo isso significava. Agora não era o momento, mas logo, ela prometeu a si mesma.
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