Kitabı oku: «Colonisação de Lourenço Marques: Conferencia feita em 13 de março de 1897», sayfa 6
Se de Inhambane passamos ao Zambeze, encontramos uma bella via fluvial, em cujas margens, e em tempos remotos, os nossos maiores estabeleceram grande numero de feitorias, povoações e centros agricolas, de que ainda restam vestigios.
Modernamente alguns homens de iniciativa têm, em pouco tempo, realisado fortunas avultadas e fundado magnificas plantações no baixo Zambeze. O coqueiro, de que se encontram ali milhões de exemplares, tem sido plantado largamente; a canna saccharina, o café, o arroz, etc., estão sendo cultivados com vantagem, e se os exemplos dados fossem seguidos, poderiamos em pouco tempo ter ali a primeira colonia de exploração portugueza, superior ainda a S. Thomé.
Nos prasos das margens do rio ha magnificas mattas onde a madeira podia ser explorada, e onde os elephantes ainda se encontram com abundancia; em Tête encontram-se jazigos de carvão, infelizmente de qualidade inferior na parte já reconhecida, e nos terrenos ainda não explorados ha indicios de importantes jazigos auriferos.
Na região alta do norte do Zambeze, o clima é semelhante ao da Europa, e ahi poderiam os colonos ir restabelecer-se, quando atacados das doenças inevitaveis no valle insalubre do rio.
Finalmente mais ao norte, no Ibo, Moçambique e Angoche, pouco se conhece do interior, mas a todos estes portos concorre o café selvagem do sertão e por elles se exportam annualmente muitos contos de reis de sementes oleaginosas. Desde que sejam conhecidos, provavel é encontrar territorios ainda mais bem dotados do que os da Zambezia, região esta onde a colonia de Blantyre, ha poucos annos começada, já hoje exporta mais toneladas de café do que toda a provincia de Moçambique exporta de saccas da mesma mercadoria.
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Não seria, pois, razoavel procurar fazer de Lourenço Marques uma colonia de exploração propriamente dita, tentando introduzir ali, com sacrificio, culturas que a provincia n'outros pontos espontaneamente nos dá. O futuro de Lourenço Marques está inteiramente ligado ao seu desenvolvimento commercial e á emigração para ali de individuos capazes de o alargarem e de capitaes que o facilitem, e isto está, mais uma vez o repito, nas mãos da iniciativa particular.
Ao governo compete não contrariar, pelas suas medidas administrativas, essas iniciativas e vigiar para que os seus agentes sigam a mesma-ordem de idéas. Por nós ou pelos estrangeiros, Lourenço Marques ha de fatalmente tornar-se o primeiro porto commercial da Africa do sul, e tudo o que contrarie esse destino redundará em nosso damno.
A permanencia dos governadores no districto (de 1881 até 1896 houve vinte e sete mudanças de governadores), a creação de tropas coloniaes, a separação naturalmente indicada de Lourenço Marques e Inhambane, n'um governo autonomo, do resto da provincia, a applicação dos rendimentos do districto ao seu melhoramento, sem os distrahir para fóra, a nomeação de pequeno numero de funccionarios, bons e bem pagos, em vez de muitos e mal pagos, o ensino obrigatorio da lingua cafreal, a organisação dos cafres no interior, sem vexames, causa de todas as revoltas, e tantas outras questões de administração, só podem ser ordenadas pelo governo, e muito contribuirão para a prosperidade do districto, com o qual a metropole já hoje não deveria fazer despezas.
Que os penosos e lentos sacrificios que nos impuzemos durante muitos seculos, não vão hoje, que a messe está madura, aproveitar a outros, que avidamente espreitam o momento de lançar mão dos nossos despojos; e que uma colonisação preponderante e activa nos mantenha aberto o vasto campo de expansão e actividade necessario a um povo que não está ainda completamente decadente e perdido, é o que devemos procurar.
De entre os restos do nosso vasto dominio colonial é Lourenço Marques aquelle de que a avidez estrangeira mais nos demonstra a importancia capital para o futuro desenvolvimento de Moçambique. Para que a sua desnacionalisação não se opere, torna-se necessario que para ali concorra a actividade commercial, a industria e os capitaes, que são ainda mais do que os emigrantes, o nervo da colonisação, e de todos estes meios de acção nenhuma região é mais rica do que o norte do paiz e em nenhuma cidade elles se encontram mais largamente espalhados do que no Porto.
É por isso que, agradecendo ao Atheneu Commercial do Porto o honroso convite com que me distinguiu, e á assembléa a cortezia e attenção com que se dignou escutar o que diligenciei expôr, sem galas de estylo, mas com inteira franqueza e verdade, me sentirei verdadeiramente orgulhoso, se por pouco que seja, tiver conseguido attrahir sobre Lourenço Marques as attenções d'uma cidade, a primeira sempre no paiz, nos grandes emprehendimentos de que póde resultar para a nossa querida patria, riqueza, gloria e prosperidade.