Kitabı oku: «O Guarda Florestal», sayfa 2

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O próprio Ozgood, dirigindo cuidadosamente um hatch imaculado bom demais para a estrada que eles estavam viajando, mostrou a Slim uma pequena cabana que já pertencera ao zelador da propriedade. Ficava ao lado de uma estrada de acesso antiga e sinuosa que havia sido substituída por uma estrada mais curta até a parte traseira da propriedade, de modo que a antiga estrada de acesso havia caído em desuso. Vazia agora, a cabana estava cercada por floresta no fundo de um vale, aproximada por uma pista quase imperceptível através das árvores que cortava uma encosta, cruzando um córrego perto de uma pequena ponte, antes de fazer a curva fora da casa. Então subia a colina do outro lado, na direção da pequena aldeia onde Slim tinha notado a torre da igreja. Conforme a estrada subia íngreme, dando voltas em si mesma, Slim sentiu-se cansado só de olhar para ela.

Com um tapinha nas costas e uma promessa de estar em contato, Ozgood deixou Slim sozinho, virando seu carro carrancudo em direção às amoreiras na beira da estrada e, em seguida, cautelosamente voltou pelo caminho pelo qual tinha vindo.

A cabana parecia inexpressiva pelo lado de fora, com amoreiras crescendo sobre um canto e entrando no espaço do telhado, e uma rachadura em uma janela da frente, talvez feita por um pássaro. No entanto, tinha eletricidade e água quente e um fogão a gás, e Ozgood tinha arranjado uma entrega semanal de comida, a fim de manter Slim abastecido durante a investigação.

Havia também escutas escondidas em uma mesa, em um rodapé na sala de estar apertada, e em uma estátua de madeira de uma raposa no quarto. Alta qualidade, muito mais novas e mais caras do que Slim já tinha usado no exército ou em casos anteriores, do tipo que poderia registrar uma agulha caindo ou uma respiração alta.

Seja qual fosse o motivo pelo qual Ozgood sentisse que precisava vigiar Slim, Slim preferia trabalhar em particular, então ele encheu cada receptor com vaselina para abafar o som quase por completo. Levaria tempo para Ozgood perceber o que tinha acontecido, talvez o suficiente para eles ganharem alguma confiança um no outro.

Slim, tendo voltado à sua decrépita morada antiga por tempo suficiente para encher duas malas com tudo que ele tinha, guardou seus pertences em uma cômoda. Preenchendo apenas as duas das três gavetas de cima, ele se arrepiou ao perceber o quão leve e impermanente sua vida havia se tornado. Ele poderia desaparecer em um instante, sem deixar rastros.

Talvez fosse esse o plano. Slim não era ingênuo o suficiente para confiar totalmente em Ozgood, e o barão da propriedade claramente sentia o mesmo. Era uma desconfiança mútua que provavelmente beneficiaria ambos.

Slim terminou de desempacotar e se aventurou para o lado de fora. Quando ele fechou a porta, um farfalhar veio das árvores ao lado da cabana e um homem saiu para a estrada.

Olhou para cima com olhos remelentos e sorriu com uma boca quase desdentada.

"Meu nome é Croad," disse o recém-chegado. "O chefe me disse para te mostrar a área."

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Envelhecido como se fosse um velho telhado de celeiro, Croad era de idade indeterminável, mas, com uma paixão por partidas de futebol dos anos 80, Slim supunha que seu novo guia tivesse cerca de cinquenta anos.

"Sabe, eu quase cheguei ao banco do Rangers na época que Wilkins estava alcançando seu auge," disse Croad, deixando Slim impressionado que este toco de gente mancando poderia ter andado em linha reta algum dia, mais ainda ter sido bom o suficiente com uma bola nos pés para chegar perto do que na época era a primeira liga.

"Eles tinham um time forte na época ou eu poderia ter sido escolhido. Eu tinha marcado dez gols em três jogos dos reservas, mas comemorei minha folga de sábado com uma garrafa de bourbon e uma biscate que eu conheci no Soho. Fugi pela janela quando o marido dela chegou tarde, rasguei o tendão em uma cerca de grades e depois pisei na frente de um ônibus 94 para Piccadilly. Poderia ter sido pior se ele não estivesse desacelerando para parar, mas foi isso." Ele apontou. "Aqui está o vau. A estrada vai até um cruzamento. A esquerda vai para a aldeia, a direita para a fazenda de Weaton, mas fique longe se estiver chovendo porque a lama cobre a estrada e seu carro provavelmente ficará preso a menos que você tenha tração nas quatro rodas."

Slim ficou maravilhado demais com a transição perfeita de um conto de quase-heroísmo para um sobre rios transbordando para mencionar que ele não tinha carteira de motorista atualmente.

"Weaton ainda faz parte da terra de Ozgood, mas eles têm um contrato fixo de longo prazo, então ele tem que manter o nariz fora."

"Que tipo de homem é o Sr. Ozgood?"

Croad deu de ombros. "Isso vai ficar entre nós?"

"É claro," disse Slim, sabendo muito bem que qualquer coisa que ele dissesse provavelmente chegaria em seu novo patrão de um jeito ou de outro. "Quero dizer, ele é o tipo de homem que merece ser chantageado?"

"Depende da pessoa a quem você pergunta. Regra geral, não é, que quanto mais grana você tem, maior a fila de pessoas querendo roubá-la."

Slim sorriu. "É por isso que tenho tantos amigos."

Croad emitiu uma risada tossida. "Nós dois."

"Tenho certeza que sabe por que estou aqui. O Sr. Ozgood quer saber por que ele está sendo chantageado por um homem morto." Slim fez uma pausa, lembrando o aviso de Ozgood para não dizer nada sobre a verdadeira natureza da morte de Dennis Sharp.

"Sim. Dennis Sharp, nunca imaginei isso. Tipo de cara tranquilo, trabalhava, era pago, ia para casa ou para o pub, o tipo calmo."

"Ouvi dizer que ele morreu em um acidente de carro."

Croad assentiu. "É."

Slim esperou por mais informações, mas quando nenhuma veio, ele disse: "Foi por aqui?"

Croad assentiu. Seu movimento incessante parou por um momento e ele se virou. "Vou te levar lá agora. Pedido do mestre. Melhor começar do início, não é?"

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"Não tem tantos retornos como em Gunhill Hollow por aqui," disse Croad, acenando para a estrada mergulhando abruptamente fora de vista sobre a encosta da colina enquanto árvores se fechavam em torno dela como mãos protetoras. "Quero dizer, você não esperaria que esse tipo de curva aparecesse se você estivesse perdido, dirigindo nesta estrada pela primeira vez." Croad sorriu, revelando dentes danificados e escurecidos. "Você pegaria leve, não é?"

"Claro," Slim respondeu, não tendo certeza se, depois de uma bebida ou duas, ele o faria ou não.

Eles caminharam entre as árvores, atravessadas pelas sombras, a temperatura caía rapidamente, o ar seco do sol da tarde ficava úmido contra a pele de Slim.

A estrada se estreitava e angulava íngreme, sua superfície era esburacada e irregular, pedaços de asfalto quebrado eram triturados quando seus pés os esmagavam. Slim tinha a sensação inquietante de que ele estava andando através do rosto com acne de um gigante morto e enterrado.

Croad parou onde a estrada abruptamente dava a volta em si mesma, virando acentuadamente para baixo em direção ao verde-musgo do vale. Ele pisou na beirada e inclinou-se para a frente, com as mãos no rosto.

"Sim, ela ainda está lá."

"Ela?"

"O velho Ford. A carroça de Sharp."

Slim se adiantou. "O carro ainda está lá?"

"O que sobrou dele. Sharp bateu nesta curva em alta velocidade. Errou as árvores maiores e caiu algumas centenas de metros na floresta. Eles tentaram rebocar, mas o que eu ouvi foi que a corda quebrou duas vezes e na terceira vez eles não quiseram se dar o trabalho. As equipes policiais investigaram em busca de evidências, fizeram seu trabalho no local, e depois deixaram aí para qualquer um ver."

Slim olhou para baixo na escuridão sob as árvores. "Não consigo ver nada."

"Não sobrou muito, além de uma carcaça enferrujada invadida por amoreiras, mas ela está lá. Venha, eu vou te mostrar."

Croad saiu da beirada, imediatamente descendo colina abaixo. Dentro de alguns passos ele estava fora de vista. O treino militar de Slim voltou para ele, e ele se agachou, procurando na vegetação rasteira por qualquer coisa que pudesse estar fora do lugar, qualquer coisa sintética ou alterada por mãos humanas.

Uma gargalhada o fez olhar para cima.

"Quem é você, o Schwarzenegger? Não há nada com que se preocupar por aqui. Aqui não é o Vietnã, soldado."

Slim se perguntou quanto de seu passado Croad sabia, mas ele ignorou e sorriu. "Sempre amei a floresta quando criança," disse ele, algo que, embora antes verdadeiro, tinha se invertido desde então. Ele também não gostava de espaços abertos, mas pelo menos você tinha mais chances de ver seu inimigo.

"Acho que todos nós," disse Croad, virando e se afastando. "Nada para se preocupar, exceto alguns fantasmas. Eles deixaram o carro, mas levaram o corpo de Den."

Slim correu atrás de Croad, alcançando quando o velho parou ao lado de um emaranhado de vegetação rasteira que sugeria algo escondido por baixo. Um pouco mais adiante, um afloramento rochoso saía da terra e além dele a margem caía em um córrego.

"O eixo dianteiro ficou alojado naquela rocha," disse Croad, tropeçando na vegetação rasteira e atingindo o afloramento com um chute surpreendentemente ágil. "Os porcos fizeram a investigação e deixaram o carro aqui para apodrecer. As crianças costumavam vir aqui fumar maconha, chamavam o velho Den, para ver se ele ainda estava por aqui."

"Elas ainda vêm aqui?"

"Cansaram da erva, eu acho." Croad sorriu. "Ou foram assombrados. Mais do que algumas crianças se sentaram no banco quente e não querem mais voltar para essa floresta."

"O banco quente?"

Croad estendeu a mão e agarrou uma moita de amoreiras com as próprias mãos, rasgando-as para revelar uma janela lateral suja e rachada. "O banco do motorista. Onde o velho Den partiu dessa para melhor."

6


Ozgood disse a ele que, durante sua investigação, nenhuma pergunta era proibida sobre ninguém que morasse em sua propriedade.

Com uma xícara de café que ele deixara parado no filtro durante a noite, Slim se debruçou sobre grandes fotos aéreas da área que Ozgood havia lhe fornecido, comparando os edifícios e estradas com aqueles em um mapa anotado.

As fotos remontavam a trinta anos atrás e, desde então, alguns terrenos tinham surgido e desaparecido. Outros, antes expostos ao ar livre, ficaram obscurecidos por árvores que haviam crescido, enquanto outros antes escondidos agora encontravam-se solitários e abandonados entre áreas desmatadas ou jardins abertos.

A mansão ficava bem no centro como uma abelha-rainha, cercada por extensos jardins. Estes então seguiam para a floresta que gradualmente descia em dois vales de rio adjacentes, transformando a propriedade de Ozgood em um diamante, embora eles nunca voltassem a convergir.

Do outro lado do rio, a noroeste, ficava a vila de Scuttleworth, um agrupamento apertado de chalés em torno de uma igreja e cercado por duas lojas em uma das extremidades e uma vegetação local — na verdade, pouco mais do que um pedaço de cerrado que Slim tinha visto durante o passeio de carro com Croad. O pátio da igreja era o maior pedaço de terra individual, estendendo-se por alguns prados separados por uma fila de árvores, embora ao norte de Scuttleworth houvesse um par de propriedades industriais: um bloco cinza que parecia uma fábrica empoleirada na borda de um vale, e outro, um espaço aberto e cinzento cheio de carros estacionados e alguns veículos de construção: o pátio de um mecânico.

Ao lado de um grupo de árvores a um quilômetro e meio ao sul de Scuttleworth, a velha cabana de Dennis Sharp estava marcada com um círculo preto duplo e uma anotação, caso Slim tivesse alguma dúvida. Ficava ao longo de uma trilha sinuosa que subia ao longo da extremidade sul do vale ocidental, serpenteava pela floresta e, por fim, conectava-se com a antiga estrada de acesso ao Ozgood Hall.

A residência atual de Slim, a antiga cabana do zelador, ficava quase na metade do caminho entre os dois e era visível apenas como uma mancha marrom por entre as árvores. A antiga estrada de acesso, claramente visível em um mapa datado de 1971, era apenas uma linha pontilhada no mais recente datado de 2009, substituída por uma nova estrada ao leste.

Slim contou catorze outras casas ou prédios não pertencentes à propriedade principal ou a Scuttleworth. Dois aglomerados eram fazendas, enquanto Croad identificara uma fila de três como ex-moradias sociais que Ozgood comprara e agora alugava. As outras pertenciam a vários moradores locais que pagavam aluguel.

Croad estava esperando do lado de fora quando Slim apareceu, a boca azeda de tanto café, mas sua mente—pela primeira vez—sentindo-se refrescantemente afiada. Ele havia começado a contar os dias de sobriedade novamente, como sempre fazia. Quatro agora sem beber, seis sem acabar engessado e doze sem acordar em algum lugar diferente de onde ele se lembrava de ter dormido. O efeito da cafeína fazia seu coração palpitar, mas o suave desenrolar do caso Ozgood estava começando a despertar a curiosidade que só um balde de bebida poderia enterrar. Era um emaranhado, com certeza, mas se ele pudesse de alguma forma desvendá-lo, ele poderia realmente ser pago para variar, e aquela busca eterna por um sentido para sua existência poderia ser acalmada por um tempo.

"Você está pronto, garoto?" Croad murmurou. "Temos um dia inteiro para remexer sujeira pela frente."

Slim assentiu, suspirando por dentro, imaginando por quanto tempo teria que desfrutar da companhia abrasiva de Croad antes de poder continuar a investigação sozinho.

Croad também tinha um carro, um antigo Morris Marina que parecia mais velho do que seu dono. Verde desbotado, tinha uma porta vermelha chamativa e um quadrado azul no teto que parecia estar solto ali em cima. Slim deve ter ficado olhando, porque Croad gargalhou de repente e disse: "Teto solar. Caseiro. O ar-condicionado não funciona."

Slim pensou em dizer algo sobre janelas, mas mudou de ideia. Em vez disso, ele disse: "Onde é nossa primeira parada?"

Croad sorriu. "Achei melhor irmos direto ao assunto. Vou te levar para ver um fantasma."

7


Enquanto o carro de Croad batia e solavancava em estradas rurais que Slim tinha certeza que não estavam em seus mapas aéreos, o ar entrava pelo buraco no teto enquanto a placa pintada de azul que normalmente cobria a abertura irregular batia em seus pés, e Slim tinha certeza de que ninguém que estivesse indo encontrar um fantasma de verdade passaria o tempo falando sobre jogos há muito esquecidos do Queens Park Rangers.

"O nome do rapaz era Mickey," dizia Croad, com os dedos tamborilando no volante. "Acabou se saindo bem, ganhou um campeonato pela Escócia. Mas naquele dia em que ele apareceu, ele era o novato no campo de treinamento. Na noite anterior ao seu primeiro jogo pelos reservas, enchemos suas botas com pimenta em pó. Dia úmido, enevoado, ela se solidificou toda. O garoto pegou sarna ou algo assim. Disse que seus pés coçavam tanto que ele quase arrancou a pele coçando."

"Sarna?" Slim murmurou, fingindo interesse enquanto Croad bufava de tanto rir.

"O garoto teria se dado mal se ele não tivesse levado tudo na esportiva... ah, aqui estamos. Casa do Den."

Havia um portão coberto de vinhas afastado da estrada. A construção atrás dele—era difícil dizer que era uma casa—tinha janelas com tábuas, mas a porta da frente tinha sido arrombada e a entrada invadida por arbustos e espinheiros. Slim saiu do carro e se aproximou do portão, só agora vendo um segundo andar escondido entre os galhos.

"Casa do Den," repetiu Croad enquanto descia e contornava o carro para se juntar a Slim no portão. "Depois que a primeira mensagem chegou, Ozgood me mandou aqui para vigiar, para ver se Den aparecia. Acampei por semanas. Nada."

"Achei que Sharp estivesse morto."

"Está. Ou pelo menos deveria. Mas fantasmas não podem escrever cartas ou enviar e-mails, podem?"

Slim caminhou ao longo do portão até uma parede de pedra enterrada e escalou. Se antes havia algo parecido com um jardim, ele tinha desaparecido há muito tempo, substituído por um matagal enorme de espinheiros que se agarravam à calça jeans de Slim enquanto ele avançava a pontapés.

"Você vai entrar?" Croad perguntou. "Vai precisar disso." Ele se inclinou sobre o portão para entregar uma lanterna para Slim. "As crianças destruíram o lugar, então Ozgood o fechou com tábuas, já que ele só era alugado."

"Eu gostaria de conhecer essas crianças," disse Slim. "Imagino que elas tenham histórias para contar."

"Descendo o gramado em uma noite de sexta-feira," disse Croad. "Você as encontrará no jardim da cerveja, bebendo cidra barata. Elas mantêm a loja da Cathy aberta."

Slim assentiu. Ele pegou a lanterna e apontou para a escuridão. Os contornos de unidades de cozinha em decomposição apareceram por entre o emaranhado de vegetação. Pisando com cuidado, ele deu alguns passos para dentro, mas não havia nada para ver, exceto a casa em ruínas. Cacos de vidro, lascas de alvenaria e algumas peças de metal não identificáveis forneciam uma camada de base para os suspeitos habituais de uma propriedade abandonada: algumas latas amassadas de cerveja, algumas revistas pornográficas úmidas e rasgadas e um preservativo usado empoeirado que tinha se rasgado na ponta.

Sobre seu ombro, Croad disse: "Eu assumo a responsabilidade pelas latas. O resto, eu não sei de nada."

Slim desligou a lanterna. "Ninguém mora aqui," disse ele. "Acho que é hora de interrompermos os passeios turísticos para alguém me contar sobre a natureza dessa suposta chantagem."

Croad sorriu. "O senhor é quem manda. Quer falar dentro do carro ou fora?"

8


Poucos minutos depois, eles se sentaram na frente do velho Marina de Croad, com garrafas de café no colo. Croad pegou uma folha de papel e passou para Slim, que a equilibrou sobre os joelhos enquanto lia.

"A primeira," disse Croad.

"Caro Oliver," slim leu. "Eu vou direto ao ponto. Você deve estar surpreso em ouvir de mim, mas eu não estou morto como você deve ter esperado. Peço-lhe desculpas por isso. Na verdade, a tragédia que você acredita ter acontecido comigo nunca ocorreu. Estou bem vivo. Vivo, mas frustrado. É aí que você entra. Sabe, eu sei o que você fez, e acho que é hora de você pagar. Eu também sei sobre todo o resto. Eu vou à polícia se você não fizer exatamente o que eu peço. Sinceramente, Dennis."

A carta terminava com um pedido que meio milhão de libras em dinheiro fosse deixado em um saco em um viaduto atravessando a estrada dupla A30 próxima. Data e Hora: 6 de setembro às 7:15 da tarde.

Slim zombou enquanto devolvia a carta. "Tarifa padrão de chantagista," disse ele. "Nem um único detalhe concreto. Estou assumindo que tenha sido ignorado."

"Claro," disse Croad. "O Sr. Ozgood é um homem de negócios. Recebe cartas assim todos os dias. Esta nunca passou de sua secretária. Então o chantagista foi um pouco mais específico."

"Mostre."

"Aqui está a primeira que foi passada para o próprio Ozgood."

Slim pegou a folha de papel e começou a ler, em silêncio desta vez.

Querido Oliver,

Notei que você não apareceu em 6 de setembro.

Não é de seu feitio esquecer uma data importante, não é?

Acho que não percebe que estou falando sério.

Eu sei o que você fez. Você acha que seu

dinheiro vai te salvar? Bem, ele salvou uma vez.

Sorte sua. Os menos privilegiados não têm tanta sorte.

O preço pedido agora é de um milhão.

Isso pode reparar alguns dos danos que você causou.

Diga a Ellie quando você vê-la,

que eu nunca vou esquecer seu sorriso

quando ela me disse que me amava.

E pergunte a ela sobre aquele arranhão nas costas.

O espinheiro... Eu não sabia que estava lá.

Sua sombra até eu ver o seu dinheiro,

às 6 horas de 2 de outubro,

no mesmo lugar de antes.

Dennis

Slim ergueu os olhos. "Suponho que Ozgood levou este um pouco mais a sério?"

"Não está errado," Croad bufou. "Durante o suposto estupro, Ellie Ozgood foi arranhada nas costas, assim como a carta de Den afirma. Havia um traço de espinho em sua pele, e a perícia na investigação inicial realmente rastreou-o até a planta exata no jardim de Den." Croad apontou. "Bem por ali, embora tenha crescido um pouco desde então. Teria sido suficiente para condená-lo se Ellie não tivesse retirado suas acusações.

"Ela o quê? Ozgood me disse que o caso foi arquivado."

"Sim, isso é meio que uma ferida para ele. Ellie retirou a acusação. Alegou que foi consensual. A garota tinha feito dezesseis a um mês, o que inocentava Den. Ele tinha trinta e oito. Ozgood não gostou, não acreditou nela ou em Den. Não podia aceitar sua garotinha brincando com o jardineiro, sabe? Então ele tomou a questão em suas próprias mãos."

"Imaginei."

Croad sorriu, mas pela primeira vez, de um ângulo sinistro. Na penumbra através das árvores o rosto do velho tornou-se esquelético, ameaçador.

"Os três mosqueteiros," disse ele.

"Quê?"

"Só nós três sabemos sobre o que Ozgood fez naquela noite. Ele, claro, eu, e agora você. Eu devo a ele uma dívida de vida, e agora você também. Não podemos contar nada a ninguém, está claro?"

Slim decidiu não mencionar que parecia que o próprio Ozgood tinha quebrado seu círculo sagrado ao se gabar de sua ação para Kay Skelton. Em vez disso, ele disse: "Você está me ameaçando?"

"Apenas estabelecendo parâmetros. Estive na equipe por um tempo, ganhei confiança. Você nem tanto. Eu não considero nenhuma dívida paga, então vamos deixar claro para quem você está trabalhando."

Slim respirou fundo. A tentação de ir embora era forte, mas assim também era a tentação do bar mais próximo, e talvez mais provável de matá-lo.

"Entendo," disse ele.

"Ótimo. Agora, tem mais. Tem sempre mais, não tem?"

Slim franziu a testa, incerto do que Croad queria dizer, mas o velho passou-lhe outra folha de papel.

"Terceira e última," disse ele.

Querido Oliver,

Esta é sua última chance de se decidir. Não

esqueça do que fez com Scuttleworth, ou

como você destruiu várias vidas.

Chegou a hora de você pagar pela

dor que me causou. Te dei

uma chance de compensar quem você machucou.

9 de Novembro, 5:25.

Uma bolsa de couro preta amarrada ao nono pilar.

Vejo você lá,

Dennis

Slim devolveu a carta. "Você sabe as perguntas que eu vou fazer, não sabe?"

Croad sorriu. "Afiado que nem faca, eu. Essa chegou há oito dias. Temos pouco mais de duas semanas até o dia do pagamento. Todo esse negócio sobre denunciar o Sr. Ozgood, ele não sabe do que se trata. Nada além de ameaças e mentiras. É a garota que é o problema, no entanto."

"Ellie? Porque?"

"O Sr. Ozgood quer mandá-la para fora, tirá-la da zona de perigo."

"Mas?"

"A mula teimosa não quer sair. Disse que não está preocupada com ameaças de ninguém. Faz você pensar, não é?"

"Ozgood planeja entregar o dinheiro?"

"Não se ele puder impedir. É para isso que você está aqui."

"Eu não trabalho particularmente rápido," disse Slim. "Não tenho certeza se eu posso salvar o dinheiro dele."

Croad riu. "Você acha que o Sr. Ozgood se preocupa com um milhão ou dois? Você não entendeu ainda, não é? Ninguém desafia o Sr. Ozgood. Dennis Sharp cometeu esse erro e acabou morto. Quem estiver enviando essas cartas vai pelo mesmo caminho. Você está aqui para manter o sangue longe das mãos do Sr. Ozgood, ou pelo menos mantê-lo a um nível onde ele possa ser facilmente lavado."

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