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3

Naomi jogou o último saco na lata de lixo e sentou-se em frente ao pai nos degraus da varanda da frente. Ele estava brincando com uma moeda vermelha, seu símbolo de sobriedade de um mês, lançando-a por entre os dedos. Ela se encostou no corrimão olhando as estrelas no céu sem nuvens e ambos ficaram em um silêncio confortável, não querendo perturbar a rara quietude da noite. Tiros e sirenes soando à distância eram comuns. Mesmo que Naomi morasse a poucos quilômetros de distância, ela se preocupava com a avó e Chuy morando em um bairro tão perigoso.

— Você se divertiu, Mijita? — Perguntou Javier.

— Eu adorei, pai. — Naomi olhou para a garrafa marrom que ele segurava. Ela esperava que ele não estivesse bebendo de novo.

— É cerveja de raiz — disse ele, lendo a expressão em seu rosto. — Eu sei que você está preocupada que eu vou começar a beber de novo. Você tem a minha palavra que não vou beber novamente.

— Você mantém contato com seu padrinho?

— Todo dia.

— Bom.

Seu pai ficou quieto por um momento, se mexeu e limpou a garganta antes de falar. — Há algo que eu quero te dar.

— Papai...

— Antes de dizer não, deixe-me explicar. — Ele deu um tapinha no local ao lado dele. — Venha aqui.

— Mas...

— Por favor, isso é importante.

Ela deslizou através do degrau, e o desconforto tomou conta enquanto esperava que seu pai falasse. A última vez que ele fez a cara que estava fazendo agora foi quando teve que dizer a ela que sua mãe morreu.

Ele enfiou a mão no bolso e tirou um delicado colar de prata. Faíscas azuis e brancas brilhavam nos minúsculos diamantes que se alinhavam no crucifixo enquanto pendia sob a luz da varanda ‒ o colar de sua mãe. Lágrimas nadaram em seus olhos quando se lembrou de estar sentada na cama do hospital, a mãe pálida de dor, círculos escuros sob os olhos, as bochechas magras, mas sempre que ela tocava o colar, a paz cintilava em seus olhos. Sua fé era tão forte; Era algo que Naomi desejava que também tivesse.

Ela deslizou os dedos, sentindo o toque frio da prata. Quando a mãe morreu, o pai guardou-a numa pequena bolsa aveludada e levava-a sempre consigo. — Eu não posso.

— É seu — disse ele, sua voz soando alta na noite tranquila, mesmo que ele falasse com um sussurro.

Naomi baixou a mão. — Isso pertence a você.

Ele pegou a mão dela e virou-a. Ele largou o colar na palma da mão e olhou para o colar por um momento antes de fechar a mão dela. Colocando a mão sobre, ele olhou em seus olhos com um olhar firme. — O futuro está em suas mãos.

— Papai, eu...

— Você ouviu o que eu disse?

— Sim, mas...

— Vou me sentir melhor sabendo que você tem isso. Você está crescida e tem uma vida plena à sua frente. Você precisa sair para se divertir, conhecer alguém especial. Quando foi a última vez que você foi a um encontro?

Naomi fez uma careta. Havia algo sobre ver seu pai perder o amor de sua vida que colocava a palavra namoro em perspectiva. Ela pensou em todos os caras que tinha namorado antes, e não conseguia pensar em um com quem se importasse tão intensamente quanto seus pais se importavam um com o outro.

— Eu não estou interessada em namorar, pelo menos não por agora.

Javier sacudiu a cabeça. — Não se feche para o amor, Mijita. Quando for a hora certa, a pessoa irá encontrá-la. Tudo que você precisa é ter fé. — Ele pegou o colar da mão dela e colocou-o em volta do pescoço.

Naomi estudou seu rosto e se perguntou por que ele estava agindo tão estranho. Ele parecia querer contar mais a ela, então ficou em silêncio, esperando que ele falasse. Em vez disso, ele suspirou e se levantou.

— Onde você está indo? — Ela perguntou, surpresa por ele estar saindo.

— Trabalhar. — Ele tirou as chaves do carro do bolso. — Estou fazendo limpeza no escritório à noite.

— Você tem dois empregos de meio período?

— Eu tenho um monte de contas para pôr em dia. Não olhe para mim assim. — Ele bateu na linha de expressão no meio de sua testa. — Você vai ter rugas antes dos trinta anos.

— Agora que você está melhor, talvez possa conseguir um emprego de TI. — Ela olhou para longe, sabendo que até mesmo o seu diploma em ciência da computação não poderia apagar o rastro de repreensões que recebera de seus empregadores anteriores. Ela não podia deixar de manter a esperança de que em uma cidade grande como Houston, ele pudesse encontrar um emprego e que alguém lhe desse um novo começo antes que o mundo da tecnologia decolasse.

— Talvez. — Javier ligou a ignição, e as luzes que envolviam o Mustang piscaram para a vida.

— Você e Chuy fizeram um bom trabalho. — Naomi se afastou para ver melhor. — É muito legal. Vocês dois deviam entrar nesse negócio juntos.

— Isso não é uma má ideia. Embora, conhecendo Chuy, ele devoraria todos os lucros. — Ele colocou o carro em marcha a ré. — Te vejo amanhã. Não esqueça de colocar o capacete.

— Eu sempre coloco. — Ela acenou.

Ele estava na metade da rua quando do nada ela teve um forte desejo de correr atrás dele. Ela balançou a cabeça e se repreendeu por agir como boba.

— Eu o vejo amanhã. — Ela ligou a moto e seguiu na direção oposta.


Jane Sutherland encostou-se à pia e tirou os Jimmy Choos. Depois de cinco horas conversando e bebendo com os ricos de Houston e com os mais importantes do Texas, seus pés gritavam de dor. Ela mexeu os dedos quando o chão esfriou seus pés doloridos. Muito melhor, pensou. Se pudesse participar de eventos formais descalça, isso tornaria tudo muito mais divertido.

Ela olhou para o espelho e aplicou uma nova camada de batom rubi. Seu cabelo loiro platinado penteado para trás em um coque, destacava grandes olhos cor de safira. Quarenta e sete anos evitando o sol ‒ ela queimava com facilidade ‒ mantiveram o rosto pálido e sem rugas.

Houve uma batida na porta. — Senadora Sutherland? O Sr. Prescott tem um convidado que gostaria de lhe apresentar.

— Eu já estou indo. — Jane suspirou e colocou o batom em sua bolsa Gucci. Outro convidado. Outra bebida.

Quando ela começou sua carreira política, não tinha idéia de que a maior parte do tempo seria gasto na captação de recursos. Havia ingenuamente pensado que ela seria diferente dos outros. Ela faria a diferença. Agora, a única diferença que fazia era se seus apoiadores financeiros se beneficiariam de suas generosas doações para sua campanha.

Ela abriu a porta para encontrar um homem de aparência distinta em pé no corredor.

— Senadora. — Ele abriu um sorriso glorioso. — Eu estava prestes a ver se você precisava da minha ajuda.

— Se bem me lembro, da última vez que você se ofereceu para me ajudar e veio atrás de mim no banheiro feminino, espirrei água em toda a sua gravata de seda. — Jane sorriu para Luke Prescott.

Ele ofereceu seu braço, e ela colocou a mão. — Eu estava te fazendo um favor, te levantando para poder lavar as mãos. Eu não tinha ideia de que você destruiria minha gravata de seda favorita.

— Esse é o risco de ter uma criança de cinco anos de idade como companhia. — Jane apertou o braço carinhosamente.

Seu pai trabalhava para Luke Prescott e ele era um amigo próximo da família. Ao crescer, Luke estava sempre presente nos eventos importantes de sua vida, na liderança da peça da escola, graduação, formatura, mesmo quando o pai não estava. Então, quando a mãe morreu, ele ligava pelo menos uma vez por dia. Ele se tornou seu confidente mais próximo. Foi ideia dele ir para a faculdade de direito, e depois disso, ele encorajou e apoiou sua corrida para o congresso.

— Graças a Deus, eu tinha uma dúzia mais como aquelas. — Seus olhos cinzentos brilharam.

— E por que você não teria? Eu imagino que um bilionário teria pelo menos um par.

— Vamos lá, Jane. Seja gentil com os super ricos, nós também temos sentimentos.

Jane parou na entrada do salão de baile. A sala estava cheia de apoiadores do partido da Federação Americana, todos esperando grandes coisas dela. Tudo o que sempre quis foi ajudar a dar às pessoas uma vida melhor. Quando isso se transformou em usar um vestido de grife e conversar com pessoas que pagavam o preço de um carro pequeno só para estar na mesma sala que ela? Se não fosse Luke insistindo e comprando seu guarda-roupa, o que ele considerava um uniforme necessário, ela usaria algo menos ostensivo.

— Estou um pouco cansada, Luke. Vamos encerrar a noite.

— Mais uma pessoa — ele sussurrou em seu ouvido. — Os Conoleys estão morrendo de vontade de conhecê-la pessoalmente. Eles voaram todo o caminho desde Oklahoma.

— Em seu jato particular, tenho certeza.

— É um pequeno.

— Oh, minhas desculpas. — Jane fingiu preocupação. — Eu não sabia o quanto eles estavam sofrendo. Vamos conhecê-los. — Ela poderia muito bem acabar com isso. Por mais que odiasse a arrecadação de fundos, ela era apaixonada pelo partido da Federação Americana, acreditando que seu valor central de responsabilidades fiscais e comunitárias beneficiaria o país.

Depois de conhecer os Conoleys e tomar uma bebida com eles, Luke a levou para outro grupo de pessoas para se conhecerem. Toda vez que tentava sair, Luke achava uma desculpa para ela ficar. Era estranho que, à medida que a noite avançava, ela se sentia bêbada, embora mal tivesse bebido um copo de vinho. Ela olhou para a bebida, imaginando como ainda poderia estar meio cheia, era como se não estivesse bebendo nada.

— Já tive o suficiente, Luke — disse ela.

— Vá e tenha o seu sono de beleza. — Ele acenou para um homem alto de pé na periferia da sala. — Sal vai te seguir até em casa.

— Isso não é necessário — disse ela. Sal era o guarda costa pessoal de Luke. Onde quer que Luke fosse, Sal estava logo atrás, espreitando nas sombras. Ele tentva se misturar com os outros, o que era difícil para uma enorme massa de dois metros de músculos, e as botas de crocodilo que sempre usava também não ajudavam.

Sal estava ao lado de Luke, seu rosto vazio de emoção. Seus olhos negros olharam por cima de Jane e, por um momento, ficaram tensos e a olharam como se ela estivesse abaixo dele. Uma sensação fria atingiu a boca do seu estômago, ele nunca tinha olhado para ela assim antes e se perguntou o que fez para ganhar um olhar assim.

Luke deu-lhe um leve aceno e Sal deu a Jane um último olhar antes de abrir caminho pela multidão e desaparecer do salão de baile. — Eu vou deixá-la ir agora, mas você terá que se acostumar a ter pessoas ao seu lado em todos os momentos quando for presidente. — Luke a pegou pelo cotovelo e caminhou até o saguão.

Jane riu. — Você está se adiantando. Vamos esperar e ver se consigo sobreviver ao meu mandato atual. Eu mal ganhei meu assento na primeira vez. — Quando Luke e seus amigos sugeriram que concorresse para o Senado pelo Partido da Federação Americana, ela nunca pensou que realmente venceria, já que o partido era novo e tinha poucos apoiadores. Luke, por outro lado, não teve dúvidas.

— Eu nunca estive errado quando se trata de situações como esta. Marque minhas palavras, Jane. Você será a presidente dos Estados Unidos.

As palavras enviaram um arrepio através de Jane. Ela deveria ter ficado feliz em ouvir essas palavras, Presidente Sutherland. Por que o frio que sentia parecia mais medo do que excitação?

Uma leve chuva caia enquanto ela dirigia seu prateado Jaguar XF ‒ um presente de Luke quando se formou na faculdade de direito há muito tempo ‒ nos arredores de Houston em direção a sua casa nos subúrbios. Sentindo-se leve, ela ligou o ar e dirigiu o ar frio em direção ao rosto. Agarrando o smartphone, apertou um botão e esperou pelo bipe familiar.

— Toque Mozart — ela instruiu.

Eine Kleine Nachtmusik tocou através dos alto-falantes enquanto dirigia por uma estrada sinuosa. Os faróis do carro ricochetearam no vidro dos prédios de escritórios pelos quais passou. Enquanto ela olhava para a estrada, lutando para se manter acordada, viu uma luz na rua piscando à distância. Quando passou, a luz se intensificou e depois voltou ao normal. Ela então viu outra luz fazendo a mesma coisa ‒ piscar, ficar mais brilhante, depois voltar ao normal ‒ enquanto passava por cada um deles.

Eu devo ter bebido mais do que pensei. Ela deu um tapa nas bochechas levemente.

O telefone tocou e ela pulou assustada. Olhando para baixo, viu o nome “Luke Prescott” escrito na tela.

Tudo pareceu acontecer de uma vez. Um peso enorme pressionou seu peito, e por um segundo, ela pensou que estava tendo um ataque cardíaco. A pressão se espalhou como se envolvesse todo o seu corpo em um casulo, protegendo-a. Foi o mesmo sentimento que teve trinta e cinco anos atrás, pouco antes do avião em que ela e sua mãe estavam, caísse. Houve um grito de pneus e uma descarga de adrenalina a varreu. A última coisa que viu antes de desmaiar foi um cavalo dançando em direção a ela.

4

Lash observou a ruiva alta enquanto ela escaneava a sala cheia de fumaça. A única iluminação vinha da fileira de luzes que se alinhava no palco, onde alguns de seus colegas de trabalho se apresentavam no pole. Era o final da tarde, e o negócio estava lento, exceto pelo grupo de velhos aposentados que eram frequentadores do bar. Quando seus olhos vagaram para o canto de trás da sala e se trancaram com o dele, ele sorriu para a luxúria óbvia escrita em seu rosto enquanto ela observava a camiseta preta desbotada que moldava seu peito esculpido, jeans rasgados abraçando seus quadris, e cabelo escuro e selvagem.

Lash abriu um sorriso quando ela se aproximou dele. Seus olhos viajaram sobre seu corpo, olhando as longas curvas de suas pernas, os seios cobertos por uma estampa de leopardo, e o fio dental forrado de dólar que abraçava a sua cintura, deixava pouco para a imaginação. Ele se levantou para encontrá-la quando uma mão bateu em seu ombro e o empurrou de volta para o seu assento.

— Gabrielle — ele rosnou. — Como você me achou?

— Saia daqui, irmã. Este é meu — a ruiva disse enquanto olhava para Gabrielle.

Gabrielle olhou para a ruiva e franziu a testa. Balançando a cabeça, ela tirou a jaqueta de couro e jogou para a garota. — Deixe este lugar e não retorne.

A ruiva piscou, parecendo confusa.

Gabrielle se inclinou para ela e sussurrou: — Você encontrará um emprego melhor amanhã. Eu prometo.

Atordoada, a ruiva simplesmente balançou a cabeça, colocou a jaqueta de Gabrielle e saiu pela porta.

— Michael não gosta quando você usa seus truques mentais Jedi em humanos. — Lash sacudiu um dedo.

Gabrielle puxou uma cadeira e limpou-a com um guardanapo antes de se sentar. — Trinta e cinco anos na Terra e o máximo que você conseguiu foi um conhecimento profundo dos filmes de George Lucas. Excelente.

— Vamos chamá-lo de um estudo antropológico da natureza humana. — Lash sorriu enquanto levantava sua bebida.

Gabrielle franziu a testa. — Você contamina o seu corpo assim como a sua mente.

— Eu acho que você acharia divertido.

— Eu tenho coisas mais importantes para fazer do que assistir você mergulhar em sua miséria autocriada.

— O que? Você não se importa se eu fui para o lado negro? — Lash fingiu inocência ao arregalar os olhos. — Estou ferido.

— Eu não sei o que Raphael vê em você. Estou perdendo meu tempo aqui.

— Se você não planeja tirar essas roupas e dançar em torno daquele poste lá, então, sim, eu diria que você está.

Seus olhos ficaram frios. — Grosso.

— Algumas mulheres gostam. — Ele sorriu sem se arrepender.

— Ugh, vamos acabar com isso. Eu tenho uma tarefa para você.

— Eu estou fora dos negócios da família, lembra? — Lash se recostou em seu assento. — Pelo que me lembro, você estava lá quando fui jogado sem cerimônia para fora da porta.

— Foi o destaque do meu século.

— Tenho certeza que foi. — Lash olhou em seus olhos de gato e desejou que ele pudesse apagar a presunção de seu rosto. — O que quer que tenha, eu não estou interessado.

Gabrielle arqueou uma sobrancelha. — Você tem certeza? — Ela tirou um pedaço de papel dobrado do bolso de trás da calça jeans e acenou na frente do rosto dele. — Você não está nem um pouco curioso do porquê Michael lhe daria uma tarefa depois de todos esses anos?

Ele estava curioso, mas de maneira nenhuma queria que Gabrielle soubesse disso. Inclinou a cadeira para trás, equilibrando-se nas pernas traseiras e colocou as pernas sobre a mesa. — Eu não poderia me importar menos.

— Eu disse a Raphael para não perder o seu tempo.

Sua cadeira vacilou, ameaçando desequilibrá-lo. Ele rapidamente se ajustou. Sem tirar os olhos dela, ele disse: — Pela primeira vez, nós concordamos em algo.

Gabrielle jogou o papel para o centro da mesa. — Se você se importa ou não, não é da minha conta. O que você faz com isso é sua escolha.

Lash olhou para o papel com o canto do olho. Ele sabia que ela continuaria a observá-lo depois que saísse para ver se ele iria dar uma olhada. — Saindo tão cedo? — Ele deixou cair as pernas da frente da cadeira para o chão quando ela se levantou.

— Eu tenho coisas melhores para fazer do que assistir você desperdiçar seus dons. Michael deveria ter tirado tudo de você no momento em que te expulsou.

— Dons? Por favor. Não me faça rir. Estou limitado com o que posso fazer em minha forma humana, você sabe disso. — Sua capacidade de ver e ouvir ainda era melhor do que a de um humano, e ele era muito mais forte do que eles, mas sua habilidade de vôo foi severamente diminuída e odiava isso.

— Oh, pobrezinho — disse ela antes de se virar e caminhar em direção à porta. — Eu acabei por aqui.

— Espere — Lash gritou atrás dela. — Por que Michael mandou você entregar a tarefa?

Gabrielle se virou, os olhos penetrantes travados com os dele e os lábios se transformaram em um sorriso perverso. — Eu me ofereci.

Suas palavras eram como um tapa na cara. Ela sabia que entregando a mensagem, ele iria recusar. Deve ser algo realmente importante para ela estar desesperada o suficiente para ter certeza de que ele não aceitasse.

Lash estendeu a mão para o papel e o sorriso de Gabrielle congelou. Ele riu. — Você realmente não quer que eu veja isso, não é?

Gabrielle suavizou suas feições e encolheu os ombros. — Como eu disse, realmente não me importo. — Ela abriu a porta, deixando a luz da tarde se infiltrar no clube escuro. Quando ela saiu pela porta, murmurou baixinho. — Fraco — E fechou a porta com força.

— Cadela! — Lash gritou atrás dela, sabendo muito bem que ela podia ouvi-lo mesmo se tivesse sussurrado isso. Sem pensar, ele pegou o papel, rasgou-o e jogou-o no ar. Quando os pedaços brancos flutuaram até o chão, ele drenou o último gole de seu uísque e bateu o copo na mesa, quebrando-o.

Maldito corpo humano e sua sensibilidade à dor. Ele estremeceu quando abriu a mão e arrancou cacos de vidro da palma da mão. O sangue escorria e pingava na mesa.

— Querido, você está... oh Meu Deus, você está sangrando — uma mulher falou pausadamente. Ela correu para o bar e voltou com um pano de prato. — Envolva isso em volta da sua mão.

Lash tirou a toalha dela com raiva porque Gabrielle levou a melhor sobre ele.

— Ei! Você não precisa ser um idiota — disse a mulher.

Lash olhou para cima e olhou para um par de olhos verdes semelhantes aos de Gabrielle, exceto que eram muito mais gentis. Ela ofegou.

— Você é lindo — ela murmurou, hipnotizada. — Existe alguma coisa que eu possa te trazer?

Lash sorriu. Em suas formas humanas, todos os anjos eram vistos como impressionantes para os humanos, mesmo os caídos. Felizmente para ele, todas as mulheres que encontrou desde que foi expulso, estavam desesperadas por sua atenção e fizeram qualquer coisa que ele pediu a elas. No começo, ele não queria se aproveitar, mas quando percebeu que estava sozinho, precisava ganhar a vida de alguma forma. Belo corpo ou não, precisava ser vestido, alimentado e abrigado. Os humanos tinham uma manutenção tão alta.

— Não, estou bem. É só um arranhão — disse Lash enquanto limpava a mão e colocava no bolso da jaqueta. Ele sabia que dentro de alguns minutos a ferida seria curada. Era um dos dons que foi autorizado a ter ainda e que veio a calhar ao longo dos anos.

— Você tem certeza? Parecia muito ruim.

— Sim, tenho certeza. — Ele a estudou enquanto ela pegava os cacos de vidro com cuidado e os jogava em uma lata de lixo nas proximidades. No bar esmaecido, ela parecia uma versão mais jovem de Gabrielle. Quando ela voltou, seus olhos percorreram as marcas em seus braços. Sua mão tocou um saquinho dentro do bolso e ele sorriu. Um pensamento surgiu em sua mente sobre como ele poderia dar o troco em Gabrielle e se divertir um pouco ao mesmo tempo.

Ele deu à mulher seu olhar mais ardente. — Qual o seu nome?

Seus olhos escureceram. — Megan — disse ela sem fôlego.

Ele se inclinou e colocou uma mecha de cabelo loiro atrás da orelha. — Interessada em um bom momento?


Lash se concentrou na pressão que crescia na boca do estômago. Seu corpo balançava para frente e para trás, saboreando o calor em sua pele ‒ o único tipo de calor que podia lhe dar alívio da dormência dos últimos trinta e cinco anos.

No começo, ele pensou nisso como uma aventura, viver entre os humanos. Estava sinceramente curioso em saber como era estar do outro lado. Ele pensou que seria perdoado e levado de volta ao rebanho, não era como se tivesse cometido um pecado mortal ou algo assim. Mas os meses se transformaram em anos e anos em décadas e quando percebeu que nunca iria para casa, seu coração ficou frio.

Ele fechou os olhos, tentando apagar a expressão presunçosa no rosto de Gabrielle quando foi mandado embora, mas ficou gravado em sua mente.

Incomodava-lhe que fosse expulso tão facilmente, que não reconhecessem como foi difícil para ele ajudar pessoas que eram tão ingratas. Chegou ao ponto em que muitos se sentiam merecedores do que ele tinha para dar, acreditavam que tudo o que tinham que fazer era pedir e receberiam. Sim, houve momentos em que ele foi contra as ordens, mas tudo deu certo no final, e suas atribuições foram deixadas melhores por isso. Quando se tratava da menininha que realmente merecia viver, ele seguiu puro instinto. Ele tinha certeza de que Michael estaria do seu lado sobre isso. Bem, foda-se isso e foda-se o trabalho dele.

Um gemido o distraiu de seus pensamentos, e ele olhou para a fonte. Fios de cabelo pintados de loiro balançavam em sincronia com os quadris dele, roçando as coxas na sua. Sensações quentes e úmidas o envolveram enquanto pressionava nas profundezas escorregadias de sua boca mais rápido, desesperado por calor, por liberar-se da escuridão que o dominava.

— Porra! — Ele gemeu quando a pressão dentro dele explodiu. Nesse pequeno momento, ele escapou das correntes invisíveis que o amarravam ao frio, e o calor se espalhou por seu corpo. Ele estava em casa novamente, andando sob o céu azul brilhante, o sol brilhando em seu rosto.

Tão rapidamente quanto veio, desapareceu e um frio deslizou pelas costas, fazendo-o estremecer. O fedor de ovos podres e urina o atingiu abruptamente, e seus olhos se abriram. Ele estava de volta ao inferno que era sua vida agora. Ontem foi o Motel Triple Leaf; hoje era o The Lucky Seven Inn. Eles eram todos iguais, assim como as mulheres que o ajudaram a encontrar sua fuga, mesmo que fosse só por um minuto.

Olhos verdes olhavam para ele. Ele imaginou que era o rosto dela, aquela que o condenara ao seu destino, a andar na terra longe da família e dos amigos. — Engole.

Megan engoliu em seco, depois se levantou devagar, esfregando seu corpo magro e nu contra o dele. — Vamos, baby, me dê um pouco — ela ronronou.

Ele pegou sua calça jeans, tirou um saquinho de cristal transparente e jogou para ela.

Ela gritou e correu para o outro lado da sala onde sua bolsa estava. Ela jogou seu conteúdo no chão, fazendo com que uma enxurrada de baratas corresse para se esconder.

Lash andou até a cozinha, se é que poderia dizer isso em um apartamento de um quarto, serviu um copo de uísque enquanto observava Megan. Como um cirurgião, suas mãos se moviam com precisão, segurando um isqueiro sob uma colher enferrujada com uma mão e uma agulha na outra. Por um breve momento, sua consciência pesou com culpa.

— Oh, baby, essa é da boa! — Ela soltou a faixa de seu braço, rastejou para a cama, e olhou para ele sedutoramente. — Por que você não se junta a mim?

Na penumbra, ele viu uma sugestão da beleza que ela fora uma vez. Era óbvio que seu vício em drogas havia cobrado seu preço ‒ o cabelo dela estava quebrado e oleoso, e sua pele parecia pálida. Braços furados por agulhas estendiam-se para ele. — Venha aqui. Vou te ajudar.

— Eu precisaria de muito mais do que isso para conseguir qualquer tipo de barato. — Ele pegou suas roupas do chão e jogou-as para ela. — Coloque-as.

Ela puxou uma camiseta roxa desbotada pela cabeça. — Por que isso? Você é algum tipo de super-humano ou algo assim?

Ele bufou. — Se eu te mostrar uma coisa, promete manter isso em segredo?

Ela rastejou até a beira da cama. — Juro por Deus. — Ela fez o sinal da cruz sobre a parte esquerda de seu peito.

Lash sorriu e deu um passo para trás. Ele baixou os braços para o lado, as palmas voltadas para cima e relaxou os ombros. Então, ele empurrou.

A garota ofegou ao som de pele rasgando.

— O que você está fazendo? — ela gritou quando gotas de sangue caíram no chão.

Ele sorriu. — Espere. Tem mais.

Seus olhos se arregalaram quando dois objetos brancos surgiram, alinhando ao comprimento de suas costas. Ele deu um último empurrão e elas se expandiram.

— O que... — Ela esfregou os olhos. — Porra! Você é um anjo.

Ela pulou ao som de alguém batendo na porta.

— Lahash, sou eu, Raphael. Abra a porta. Eu sei que você está aí.

— Vá embora! — Lash rosnou.

A porta se abriu e Raphael entrou. Frios olhos azuis olharam para Lash. — Eu tive o suficiente de seu absurdo, Lahash.

— Oh uau — disse Megan, seus olhos se arregalando. — Você é Ele? Você é... — ela engoliu — Deus?

Raphael olhou para a garota seminua. Seus olhos se suavizaram. — Qual é o seu nome, minha filha?

— Megan. — Olhos vidrados olhavam para ele com admiração.

Lash deu um passo à frente. — Raphael, você não tem...

— Eu sei o que vai dizer e você está errado, eu tenho o direito de estar aqui. — Os lábios de Raphael pressionaram em uma linha fina enquanto olhava para frente e para trás entre as asas de Lash e o rosto chocado de Megan. — Você não deveria ter se exposto assim para ela. Será apenas um sofrimento para a pobre garota.

— Oh, eu expus partes de mim que você sequer poderia sonhar. — Lash fechou sua calça jeans e sorriu.

— O que aconteceu com você? — Raphael deu um passo à frente, seu rosto mudando de raiva para preocupação. — Você nunca falou comigo com tal desrespeito.

— Trinta e cinco anos aconteceram! O que você esperava? — Lash cruzou as asas em seu corpo e pegou sua camisa. — Ela provavelmente vai pensar que é uma parte do barato por causa da droga. — Para o bem dela, ele esperava que ela não se lembrasse. Raphael estava certo ‒ ele nunca deveria tê-la trazido aqui. Ele não estava prestes a admitir isso para ele, no entanto. Gabrielle pode ter sido aquela a expulsá-lo, mas ele não tinha ouvido nada de quem achava ser seu amigo, até agora.

Raphael balançou a cabeça e então, se virou para Megan com uma expressão de pena. — Venha cá, minha filha.

Megan tropeçou em direção a Raphael e estava prestes a cair quando ele a pegou. Ele levantou a cabeça, estudando-a atentamente. — Você sabe quem eu sou?

— Deus — ela sussurrou.

— Eu sou Raphael, Arcanjo da Cura, Compaixão e Amor. Você corrompeu seu corpo para aliviar a dor que lateja profundamente em sua alma. Ele sabe o que seu coração deseja, você só tem que pedir e será dado.

Ela piscou confusa. — Quem é ele?

— Ele é conhecido por muitos nomes diferentes: Deus, Senhor, Allah, Yahweh… todos são um e o mesmo. Saiba disso: Ele te ama.

— O que eu peço?

— O que você quiser. — Raphael embalou seu rosto em suas mãos.

Ela olhou nos olhos de Raphael e seu rosto se contraiu. Ela caiu de joelhos, envolvendo os braços ao redor de suas pernas. — Faça isso ir embora, por favor. Não quero mais sentir a dor.

Raphael se agachou no chão e pegou as mãos de Megan na sua. — O homem que se auto titula de pai, não vai mais te machucar. Você não é um objeto sexual ou a escrava sexual pessoal que ele fez você ser. Você é filha de Deus e, com fé Nele, encontrará paz.

O coração de Lash doeu quando viu as lágrimas escorrerem por suas bochechas, e a culpa o dominou novamente. Ela não foi a primeira mulher que ele usou. Foi fácil passar de uma garota para outra; era só sexo. Elas estavam felizes ‒ ele estava feliz. Qual era o mal? Contanto que ficasse por uma noite e não as conhecesse, ele seria capaz de manter-se atrás do muro que construiu. No fundo, no entanto, ele sabia que o que estava fazendo era egoísta e errado.

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Yaş sınırı:
0+
Litres'teki yayın tarihi:
17 nisan 2019
Hacim:
241 s. 3 illüstrasyon
ISBN:
9788873049715
Tercüman:
Telif hakkı:
Tektime S.r.l.s.
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