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Capítulo Quatorze

Kyle desceu o corredor de pedra, acompanhado de um pequeno grupo de vampiros. Eles caminhavam rapidamente, seus passo ecoando, um dos seus assistentes carregando uma tocha na frente do grupo.

Eles estavam entrando no corredor de comando, uma câmara subterrânea na qual nenhum vampiro jamais entrou sem permissão. Kyle nunca havia descido tanto antes. Mas, naquele dia, ele havia sido chamado pelo próprio líder supremo. Deveria ser algo sério. Em 4 mil anos, Kyle nunca havia sido chamado. Mas ele ouviu sobre outros que haviam sido chamados. Eles haviam descido lá e nunca haviam voltado.

Kyle engoliu em seco e caminhou mais rápido. Ele sempre havia acreditado que era melhor receber notícias ruins rapidamente, e acabar de vez com o assunto.

Eles chegaram à uma grande porta aberta, guardada por vários vampiros, que os observavam friamente. Finalmente, eles deram um passo para o lado e abriram a porta. Mas depois que Kyle passou, eles levantaram seus cajados, impedindo que o resto do grupo o seguisse. Kyle sentiu a porta bater atrás dele.

Kyle viu dúzias de vampiros enfileirados, em posição de sentido, parados silenciosamente em ambos os lados da sala. No centro da sala, sentado em uma enorme poltrona de metal, estava Rexus, seu líder supremo.

Kyle deu vários passos para frente e abaixou a cabeça, esperando ser chamado.

Rexus olhou para ele com seus frios e duros olhos azuis.

“Diga-me tudo o que você saber sobre esta humana, ou mestiça, ou seja lá o que ela for,” ele começou. “E sobre este espião. Como ele infiltrou o nosso grupo?”

Kyle respirou fundo e começou.

“Nós não sabemos muito sobre a garota,” ele disse. “Não temos a mínima ideia de porque a água benta não a afetou. Mas nós sabemos que foi ela quem atacou o cantor. Nós o temos sob custódia agora, e assim que ele se recuperar, nós esperamos que ele nos leve até ela. Ele foi transformado por ela. Ele tem o cheiro dela em seu sangue.”

“À qual clã ela pertence?” Rexus perguntou.

Kyle arrastou os pés na escuridão, escolhendo suas palavras com cuidado.

“Nós achamos que ela é uma vampira solitária.”

“Acham!? Vocês sabem de alguma coisa?”

Kyle, repreendido, sentiu suas bochechas corarem.

“Então, você a trouxe até nós sem saber nada sobre ela,” Rexus disse. “Você colocou todo o seu clã em perigo.”

“Eu a trouxe para interrogá-la. Eu não tinha ideia de que ela seria imune–”

“E o espião?” Rexus perguntou, interrompendo-o.

Kyle engoliu.

“Caleb. Nós o trouxemos aqui 200 anos atrás. Ele havia provado a sua lealdade muitas vezes. Nós nunca tivemos nenhuma razão para suspeitar dele.”

“Quem o recrutou?” Rexus perguntou.

Kyle pausou. Ele engoliu em seco.

“Fui eu.”

“Então,” Rexus disse. “Mais uma vez, você permitiu que uma ameaça chegasse ao nosso grupo.”

Rexus olhou para ele. Aquela não era uma pergunta. Era uma afirmação. E cheia de condenação.

“Eu sinto muito, mestre,” Kyle disse, baixando a cabeça. “Mas, em minha defesa, ninguém aqui, nenhum único vampiro, jamais suspeitou de Caleb. Em muitas ocasiões –”

Rexus levantou sua mão.

Kyle parou.

“Você me forçou a iniciar a guerra. Agora, eu terei que redirecionar todos os nossos recursos. O nosso plano principal terá que ser suspenso.”

“Eu sinto muito, mestre. Eu farei tudo o que puder para encontrá-los, e fazê-los pagar.”

“Eu receio que é tarde demais para isso.”

Kyle engoliu em seco, se preparando para o que viria. Se fosse a morte, ele estava preparado.

“Você não precisa mais responder a mim. Eu também fui convocado. Pelo Conselho Supremo.”

Kyle arregalou os olhos. Ele havia ouvido rumores por toda a sua vida sobre o Conselho Supremo, o órgão dirigente dos vampiros a qual até mesmo o líder supremo precisava prestar contas. E agora, ele sabia que ele era real, e que eles o haviam convocado. Ele engoliu em seco.

“Eles estão muito insatisfeitos com o que aconteceu aqui hoje. Eles querem respostas. Você irá explicar o erro que cometeu, por que ela escapou, por que havia um espião infiltrado em nosso grupo e os nossos planos para remover outros espiões. Então, você aceitará o julgamento deles em sentença.”

Kyle acenou com a cabeça lentamente, apavorado pelo o que viria. Nada daquilo parecia bom.

“Nós nos encontraremos na próxima lua nova. Isso lhe dará tempo. Até lá, eu sugiro que você encontre esta mestiça. Se você conseguir, poderá estar salvando a sua vida.”

“Eu prometo, meu mestre. Irei convocar cada um de nossos vampiros. E eu mesmo irei liderá-los. Nós a encontraremos. E eu a farei pagar.”

Capítulo Quinze

Jonah estava sentado na delegacia de polícia, com muito medo. Ao seu lado direito, estava seu pai, parecendo mais nervoso do que Jonah já o havia visto, e do lado esquerdo, estava seu novo advogado. Na frente deles, na pequena e bem iluminada sala de interrogação, estavam cinco policiais. Atrás deles, haviam outros cinco, caminhando e agitados.

Aquela era a maior notícia do dia. Não só um vocalista de fama internacional havia sido morto durante a sua apresentação de estreia no Carnegie Hall—não só ele havia sido assassinado de uma forma suspeita, as coisas ficaram ainda piores. Quando a polícia seguiu a única pista que tinha, quando visitaram o apartamento dela, quatro policiais foram mortos. Dizer que as coisas haviam piorado era dizer o mínimo.

Agora, eles não estavam apenas atrás da “Açougueira de Beethoven” (ou “Assassina do Carnegie Hall,” como alguns jornais a estavam chamando) mas eles também estavam atrás de uma assassina de policiais. De quatro policiais. Todos os policiais da cidade estavam trabalhando no caso, e ninguém iria descansar até que ele fosse resolvido.

E a única pista que eles tinham estava sentada na frente deles. Jonah. O acompanhante dela naquela noite.

Jonah estava sentado com os olhos arregalados, sentindo as gotas de suor se formando novamente em sua testa. Esta foi a sua sétima hora na sala. Durante as primeiras três horas, ele havia limpado constantemente o suor de sua testa. Agora, ele apenas o deixava escorrer pelo seu rosto. Ele se recostou na cadeira, derrotado.

Ele não sabia o que mais dizer. Policial após policial havia entrado na sala. Todos fazendo as mesmas perguntas. Todas variações de um tema. Ele não tinha respostas. Ele não podia entender por que eles continuavam fazendo as mesmas perguntas, o tempo todo. A quanto tempo você a conhece? Por que você a trouxe a este evento? Por que ela saiu durante o intervalo? Por que você não a seguiu?

Como tudo terminou assim? Ela estava tão linda. Ela era tão doce. Ele adorava estar com ela e falar com ela. Ele tinha certeza de que aquele seria um encontro dos sonhos.

Então, ela havia começado a agir estranhamente. Logo depois da música começar, ele havia sentido uma inquietação crescendo nela. Ela parecia... doente não é a palavra. Ela parecia... nervosa. Mais do que isso: parecia que ela iria pular de sua própria pele. Como se precisasse chegar a algum lugar, e rápido.

A princípio, ele havia pensado que era apenas por que ela não estava gostando do concerto. Ele havia se perguntado se levá-la lá tinha sido uma má ideia. Então, ele se perguntou se talvez ela simplesmente não gostasse dele. Mas aquilo pareceu ficar mais intenso, e ele quase podia sentir o calor irradiando da pele dela. Ele havia começado a se perguntar se, talvez, aquilo fosse algum tipo de mal-estar, talvez intoxicação alimentar.

Quando ela finalmente se levantou, ele se perguntou se ela estaria correndo para o banheiro. Ele ficou confuso, mas esperou pacientemente em frente às portas, acreditando que ela voltaria depois do intervalo. Mas depois de quinze minutos, depois que o último sinal soou, ele havia voltado para o seu lugar sozinho, confuso.

Depois que outros 15 minutos tinham se passado, as luzes no salão inteiro subiram. Um homem havia entrado no palco e anunciado que o concerto não iria continuar. Que devoluções seriam feitas. Ele não disse por quê. O público inteiro se agitou, irritado, mas principalmente confuso. Jonah havia ido à concertos por toda a sua vida, e nunca havia visto um parar durante o intervalo. O vocalista teria ficado doente?

“Jonah?” A detetive resmungou.

Jonah olhou para ela, assustado.

A detetive olhou para ele, irritada. Grace era o nome dela. Ela era a policial mais durona que ele havia conhecido. E ela era incansável.

“Você não ouviu o que eu acabei de perguntar a você?”

Jonas balançou a cabeça.

“Eu quero que você me conte tudo o que você sabe sobre ela novamente,” ela disse. “Me conte de novo como vocês se conheceram.”

“Eu já respondi essa pergunta um milhão de vezes,” Jonah respondeu, frustrado.

“Eu quero ouvir novamente.”

“Eu a conheci na escola. Ela era nova. Eu dei a minha cadeira para ela.”

“E depois?”

“Nós começamos a conversar, nos vimos na cantina. Eu a convidei para sair. Ela disse sim.”

“Foi só isso?” A detetive perguntou. “Não há nenhum outro detalhe, nada mais para adicionar?”

Jonah se perguntou sobre o quanto contar a eles. Claro que havia mais. Havia a surra que ele levou daqueles garotos. Havia o diário dela, caído misteriosamente ao lado dele. A suspeita dele era de que ela havia estado lá. Que ela o havia ajudado. Que ela havia até batido naqueles caras de alguma forma. Como, ele não tinha ideia.

Mas o que ele podia dizer à estes policiais? Que ele havia apanhado? Que ele achava que a tinha visto lá? Que ele achava que a tinha visto bater em quatro caras com o dobro do seu tamanho? Nada daquilo fazia sentido, nem mesmo para ele. Com certeza, não faria sentido para eles. Eles achariam que ele estava mentindo, inventando histórias. Eles estavam atrás dela. E ele não iria ajudá-los.

Apesar de tudo, ele sentia que precisava protegê-la. Ele não conseguia entender o que havia acontecido. Uma parte dele não acreditava naquilo, não queria acreditar naquilo. Ela havia realmente matado o vocalista? Por quê? Haviam mesmo dois buracos no pescoço dele, como os jornais estavam dizendo? Ela teria o mordido? Ela era algum tipo de...

“Jonah,” Grace resmungou. “Eu disse, aconteceu mais alguma coisa?”

A detetive o observou.

“Não,” ele disse, finalmente. Ele esperou que ela não percebesse que ele estava mentindo.

Um novo detetive deu um passo à frente. Ele se inclinou, olhou nos olhos de Jonah. “Alguma coisa que ela lhe disse deu a entender que ela estava mentalmente instável?”

Jonah franziu a testa.

“Você quer dizer, louca? Por que eu pensaria isso? Ela era uma ótima companhia. Eu gosto muito dela. Ela é inteligente, e legal. Eu gosto de conversar com ela.”

“Exatamente, sobre o que vocês conversaram?” Era a detetive novamente.

“Beethoven,” Jonah respondeu.

Os detetives trocaram olhares. Pela expressão confusa e insatisfeita em seus rostos, alguém poderia imaginar que ele havia dito “pornografia.”

“Beethoven?” um detetive musculoso com 50 e poucos anos perguntou, em tom de zombaria.

Jonah estava exausto, e quis zombar dele também.

“Ele é um compositor,” Jonah disse.

“Eu sei quem Beethoven é, seu moleque,” o detetive retrucou.

Outro detetive, um homem musculoso em torno dos 60 anos com grandes bochechas vermelhas, deu três passos à frente, colocou suas mãos carnudas na mesa e se aproximou tanto que Jonah pôde sentir o cheiro do café em seu hálito. “Rapaz, isto não é um jogo. Quatro policiais estão mortos por causa da sua namoradinha,” ele disse. “Agora, nós sabemos que você sabe onde ela está se escondendo,” ele disse. “É melhor você começar a falar e –”

O advogado de Jonah levantou a mão. “Isto é uma suposição, detetive. Você não pode acusar o meu cliente de–”

“Eu não dou a mínima para o seu cliente!” o detetive gritou.

Um silêncio tenso caiu sobre a sala.

De repente, a porta se abriu e outro detetive entrou, usando luvas de látex. Ele segurava o telefone de Jonah em uma mão e o colocou na mesa ao lado dele. Jonah estava feliz em vê-lo novamente.

“Alguma coisa?” um dos policiais perguntou.

O policial com as luvas as tirou e as jogou no lixo. Ele balançou a cabeça.

“Nada. O telefone do garoto está limpo. Ele tem algumas mensagens de texto enviadas por ela antes do concerto, mas é só isso. Nós tentamos o número dela. Desligado. Nós estamos verificando os registros telefônicos dela agora. De qualquer forma, ele está dizendo a verdade. Antes de ontem, ela nunca havia ligado ou enviado mensagens para ele.”

“Foi o que eu disse,” Jonah retrucou para os policiais.

“Detetives, já acabamos aqui?” O advogado de Jonah perguntou.

Os detetives se viraram e trocaram olhares.

“Meu cliente não cometeu nenhum crime, e não fez nada de errado. Ele tem cooperado totalmente com esta investigação, respondendo a todas as suas perguntas. Ele não tem nenhuma intenção de sair do estado, ou até da cidade. Ele está disponível para interrogação a qualquer momento. Eu peço agora que ele seja liberado. Ele é um estudante e tem aula pela manhã.” O advogado olhou para o seu relógio. “É quase 1h da manhã, senhores.”

Naquele momento, um toque alto soou na sala, acompanhado por uma forte vibração. Todos os olhos se focaram no telefone de Jonah, sobre a mesa de metal. Ele vibrou novamente e se iluminou. Antes que Jonah pudesse pegá-lo, ele viu quem estava ligando. Assim como todos na sala.

Era Caitlin.

Ela queria saber onde ele estava.

Capítulo Dezesseis

Caitlin olhou para o seu telefone novamente. Era 1h da manhã, e ela havia acabado de enviar uma mensagem para Jonah. Nenhuma resposta. Ele deveria estar dormindo. Ou, se estivesse acordado, ele provavelmente não queria saber dela. Mas aquilo era a única coisa que ela conseguia pensar em fazer.

Quando ela saiu dos Claustros e sentiu o ar fresco da noite, sua cabeça começou a clarear. Quanto mais longe ela ficava daquele lugar, melhor ela se sentia. A presença de Caleb, sua energia, a deixou lentamente, e ela começou a perceber que podia pensar claramente de novo.

Quando ela estava com ele, por alguma razão, ela não parecia ser capaz de pensar claramente sozinha. A presença dele era absoluta. Ela percebeu que era impossível pensar em qualquer coisa, ou em qualquer outra pessoa.

Agora que ela estava sozinha novamente, e longe dele, pensamentos sobre Jonah voltaram como uma onda. Ela se sentiu culpada por gostar de Caleb—sentiu que, de alguma forma, ela havia traído Jonah. Jonah tinha sido tão gentil com ela na escola, tão bom para ela durante o encontro. Ela se perguntou como ele estaria se sentindo em relação a ela agora, depois de fugir daquela forma. Ele provavelmente a odiava.

Ela caminhou pelo parque Fort Tryon e verificou o seu telefone novamente. Por sorte, ele era pequeno e ela o havia escondido bem no pequeno bolso interno da sua saia justa. De alguma forma, ele havia sobrevivido à tudo aquilo.

Mas a bateria não tinha. Faziam quase dois dias desde a última vez que ele havia sido carregado, e quando ela olhou para ele, viu que ele estava quase morrendo. Haviam apenas alguns minutos antes que ele desligasse completamente. Ela esperava que Jonah pudesse responder antes disso. Se não respondesse, ela não teria nenhuma forma de entrar em contato com ele.

Ele estava dormindo? Estava a ignorando? Ela não podia culpá-lo. Ela também havia o ignorado.

Caitlin andou e andou pelo parque. Ela não tinha ideia de onde estava indo. Tudo o que ela sabia era que precisava se afastar daquele lugar. De Caleb. Dos vampiros. De tudo aquilo. Ela só queria a sua vida normal de volta. No fundo de sua mente, ela pensou que, se ela caminhasse para longe o suficiente, e por tempo suficiente, talvez tudo aquilo fosse desaparecer. Talvez o sol nascente trouxesse um novo dia, e tudo aquilo sumisse como um sonho muito, muito ruim.

Ela olhou para o telefone. Ele estava piscando agora, quase completamente sem bateria. Ela sabia por experiência que tinha cerca de 30 segundos antes que ele desligasse. Ela olhou para o telefone por todo aquele tempo, esperando, rezando que Jonah respondesse. Que ele ligasse de repente e dissesse, Onde você está? Eu irei já para aí. Que ele a salvasse de tudo aquilo.

Mas, enquanto ela observava, o telefone apagou. Morto. Completamente morto.

Ela colocou o telefone de volta no bolso, conformada. Conformada com sua nova vida. Conformada com não ter mais ninguém. Ela teria que depender apenas de si mesma. Como ela sempre havia feito.

Ela saiu do parque Fort Tryon e estava no Bronx, de volta à cidade. Aquilo lhe deu uma sensação de normalidade. De direção. Ela não sabia exatamente para onde ir, mas ela gostava de estar indo na direção de Midtown.

Sim. Era para lá que ela iria. Penn Station. Ela pegaria um trem, iria para longe daquilo. Talvez, voltasse para a sua última cidade. Talvez, o irmão dela ainda estivesse lá. Ela poderia começar de novo. Agir como se nada daquilo tivesse acontecido.

Ela olhou ao redor: pichações em todo lugar, traficantes em cada esquina. Mas, por alguma razão, desta vez, eles a deixaram em paz. Talvez eles percebessem que ela havia chegado ao seu limite. Que não havia nada mais para tirar dela.

Ela viu uma placa. Rua 186. Seria uma longa caminhada. Cento e cinquenta quadras até a Penn Station. Levaria a noite inteira. Mas era isso que ela queria. Limpar a sua mente. De Caleb, de Jonah. Dos eventos das últimas duas noites.

Ela via um outro futuro à sua frente, e ela estava pronta para caminhar a noite inteira.

Capítulo Dezessete

Quando Caitlin acordou, era de manhã. Ela podia sentir a luz do sol batendo nela, e ela, sonolenta, levantou a cabeça para se situar. Ele sentiu pedra fria tocando a pele dos seus braços e testa. Onde ela estava?

Quando ela levantou a cabeça e olhou ao seu redor, ela percebeu que estava no Central Park. Ela se lembrou que havia parado ali em algum momento durante a noite, para descansar. Ela estava tão cansada, tão esgotada. Ela deve ter caído no sono sentada, se recostando e descansando os braços e cabeça no corrimão de mármore.

Já era o meio da manhã, e as pessoas estavam chegando ao parque. Uma senhora, com sua filha pequena, passou por ela e a lançou um olhar estranho. Ela puxou sua filha para perto dela enquanto passavam.

Caitlin se sentou direito e olhou à sua volta. Algumas pessoas olharam para ela, e ela se perguntou o que eles deveriam estar pensando. Ela olhou para as suas roupas sujas. Elas estavam cobertas de sujeira. Àquela altura, ela não se importava realmente. Ela só queria sair daquela cidade, este lugar com o qual ela havia associado tudo o que havia dado de errado.

Então, ela sentiu. A fome. Ela sentiu uma pontada e se sentiu mais faminta do que nunca. Mas não era uma fome normal. Era um desejo insano e primitivo. Como ela havia sentido no Carnegie Hall.

Um pequeno menino brincando com uma bola de futebol, sem ter mais do que seis anos, a chutou, por acidente, para perto dela. Ele veio correndo na direção dela. Os pais dele estavam longe, a pelo menos 15 metros.

Esta era a sua chance. Cada osso de seu corpo gritava pedindo por alimento. Ela olhou para o pescoço do menino, focou em seu sangue pulsando. Ela podia senti-lo. Quase cheirá-lo. Ela queria atacar.

Mas em algum lugar, alguma parte dela a fez parar. Ela sabia que passaria fome se não se alimentasse, e que morreria logo depois. Mas ela preferia morrer do que machucá-lo. Ela o deixou ir.

A luz do sol era ruim, mas suportável. Seria por que ela era uma mestiça? Como o sol afetaria outros vampiros? Talvez, isso desse a ela algum tipo de vantagem.

Ela olhou em sua volta, piscando com a forte luz do sol, e se sentiu atordoada e confusa. Havia tanta gente. Tanta comoção. Por que ela havia parado ali? Para onde ela estava indo? Sim... Penn Station.

Ela sentiu a dor em seus pés cansados, doloridos de tanto caminhar. Mas ela não estava longe agora. Não mais do que 30 quadras. Ela andaria o resto do caminho, pegaria um trem e sairia dali. Ela se obrigaria, com pura força de vontade, a ser normal novamente. Se ela se distanciasse o suficiente da cidade, talvez, talvez aquilo acontecesse.

Caitlin se levantou lentamente, se preparando para caminhar.

“Parada!” uma voz gritou.

“Não se mexa!” gritou outra voz.

Caitlin se virou lentamente.

Na sua frente, estavam pelo menos uma dúzia de policiais uniformizados de Nova York, todos com suas armas apontadas. Eles mantinham distância, cerca de sete metros, como se tivessem medo de se aproximar. Como se ela fosse algum tipo de animal selvagem.

Ela olhou para eles e, estranhamente, não estava com medo. Em vez disso, ela sentiu um estranho tipo de paz crescer dentro dela. Ela estava começando a se sentir mais forte do que os humanos. E com cada momento que passava, ela se sentia menos e menos parte da raça deles. Ela sentiu um estranho tipo de invencibilidade, sentiu que, independentemente de quantos deles houvessem, ou de quantas armas tivessem, ela podia fugir deles, ou vencê-los.

Por outro lado, ela se sentia cansada. Conformada. Uma parte dela não queria mais fugir. De policiais. De vampiros. Ela não sabia para onde estava fugindo, ou do que estava fugindo. De alguma forma estranha, ela gostaria de ser levada pela polícia. Ser presa seria pelo menos algo normal, racional. Talvez, eles pudessem afetá-la e fazê-la entender que era apenas humana, no fim das contas.

Os policiais se aproximaram dela lenta e cuidadosamente, com as armas apontadas, se movendo com cuidado.

Ela os observou se aproximando, mais interessada do que com medo. Os sentidos dela haviam se aguçado. Ela notava cada pequeno detalhe. O formato detalhado de suas armas, o contorno dos gatilhos, até quão longas as suas unhas estavam.

“Coloque as suas mãos onde possamos vê-las!” um policial gritou.

Os policiais mais próximos estavam a apenas alguns centímetros.

Ela se perguntou como a sua vida teria sido. Se o seu pai nunca tivesse ido embora. Se eles nunca tivessem se mudado. Se ela tivesse uma mãe diferente. Se eles tivessem ficado em uma das cidades. Se ela tivesse tido um namorado. Ela teria sido normal? A vida teria sido normal?

O policial mais próximo estava à 30 centímetros de distância.

“Vire-se e coloque as mãos para trás,” disse o policial. “Devagar.”

Ela levantou os braços lentamente, se virou e colocou os braços para trás. Ela pôde sentir o policial segurar um de seus pulsos com força, e depois o outro, puxando seus braços para trás bruscamente, alto demais, usando força desnecessária. Que mesquinho. Ela sentiu o aperto frio das algemas, e podia sentir o metal cortando sua pele.

O policial a agarrou pela nuca, segurou seu cabelo, com muita força, e se inclinou, colocando sua boca ao lado do ouvido dela. Ele sussurrou, “Você vai fritar.”

E então, aconteceu.

Antes que ela soubesse o que estava acontecendo, houve um barulho repugnante de ossos sendo quebrados, seguido pelo respingo de sangue—e a sensação e o cheiro de sangue quente em seu rosto.

Ela ouviu gritos e berros, e tiros foram dados, tudo em uma fração de segundo. Não foi até que ela instintivamente caísse de joelhos no chão, se virasse e olhasse para cima, que ela entendeu o que estava acontecendo.

O policial que havia a algemado estava morto, decapitado, com a cabeça cortada ao meio. Os outros policiais estavam disparando loucamente, mas estavam em menor número. Um grupo de vampiros – os mesmos da prefeitura – haviam chegado. Eles estavam despedaçando os policiais.

Os policiais conseguiram acertar alguns deles, mas não adiantou nada. Eles continuaram atacando. Era um banho de sangue.

Dentro de alguns segundos, os policiais estavam em pedaços.

Caitlin sentiu de repente o calor familiar em seu sangue, sentiu o poder a preenchendo, subindo dos seus pés até seus braços e ombros. Ela esticou os braços e arrebentou as algemas. Ela trouxe as mãos para frente e olhou, chocada com sua própria força. O metal pendia de cada pulso, mas as suas mãos estavam livres.

Ela ficou em pé com um pulo, assistindo fascinada à cena medonha a sua frente. O grupo inteiro de vampiros estava debruçado sobre os corpos dos policiais. Eles pareciam distraídos demais para notá-la. Ela percebeu que precisava escapar. Rápido.

Mas antes que pudesse concluir o pensamento, ela sentiu uma mão gelada e muito forte em sua nuca. Ela olhou e reconheceu o rosto. Era Kyle. E ele tinha um olhar de morte.

Ele riu para ela, quase um rosnado.

“Nós não estamos salvando você,” ele disse. “Estamos apenas pegando o que é nosso.”

Ela tentou resistir. Ela balançou o braço, mas ele o bloqueou facilmente e a agarrou pela garganta. Ela estava ficando sem ar. Ela simplesmente não era páreo para ele.

“Você pode ser imune a muitas coisas,” ele disse, “mas você não é, nem de perto, tão forte quanto eu. E nunca será.”

Naquele momento, houve outra confusão de movimentos, e Caitlin pôde respirar novamente. Ela estava chocada em ver Kyle caindo para trás de repente. Ele foi lançado para trás com tanta força que atingiu o corrimão de mármore, quebrando-o, e voou para o outro lado.

Ela olhou e viu o que havia feito aquilo.

Caleb.

Ele estava aqui.

Antes que ela pudesse processar o que estava acontecendo, Caitlin sentiu a sua mão familiar em torno da sua cintura, seu braço e torso musculosos, e se sentiu ser agarrada por ele enquanto eles corriam e corriam, cada vez mais rápido, assim como eles haviam feito na noite anterior. Eles correram pelo Central Park, na direção sul, e em alguns momentos, as árvores se tornaram um borrão. Eles decolaram. Mais uma vez, eles estavam voando.

Eles estavam no ar, sobre a cidade, quando Caleb abriu suas asas e a envolveu com elas.

“Eu pensei que você não pudesse sair,” Caitlin disse finalmente.

“Eu não posso,” Caleb disse.

“Então… isso quer dizer que você será—”

“Banido. Sim.”

Ela se sentiu tomada pela emoção. Ele havia desistido de tudo por ela.

Enquanto eles voavam, cada vez mais alto, quase nas nuvens, Caitlin não tinha ideia de onde eles estavam indo. Ela olhou para baixo e pôde ver que eles estavam deixando a cidade. Ela relaxou. Ela estava tão feliz de ficar longe de tudo aquilo, totalmente pronta para um novo começo. E principalmente, ela estava feliz de estar nos braços de Caleb. O céu à frente deles tinha um brilho laranja suave, e ela desejou apenas que aquele momento nunca acabasse.