Kitabı oku: «As Lendas Da Deusa Mãe», sayfa 3

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Miluotuo. A deusa dos Bunu Yao

Há muito, muito tempo atrás, surgiu uma bela deusa. Seu nome era Miluotou. Durante milhares de anos ela treinou com seu mestre29 o asceticismo e os milagres. Quando completou a sua formação, desejando iniciar a criação do mundo, ela absorveu no seu peito a essência e a vitalidade do universo.

Para criar o céu, Miluotuo usou o grande chapéu de chuva do seu mestre, espalhando-o nas quatro direções, colocando o sol, a lua e as estrelas sobre ele. Ela usou os braços e as pernas grandes e fortes do mestre, para criar quatro pilares que elevaram os quatro cantos do céu, usando seu corpo alto e resistente para criar um grande pilar que segurava o centro do céu, evitando que ele caísse.

Tendo criado o céu e a terra, Miluotuo usou o sangue e o suor do seu mestre para criar os rios e riachos, usou seu cabelos para criar flores, ervas e árvores que competiam em beleza, e a as suas cinzas para criar porcos, cães, ovelhas e galinhas, pássaros, outros animais e peixes30.

Quem era o mestre da Miluotuo? Ninguém sabe. Talvez tenha sido a heroína misteriosa e sem nome da criação do mundo. Miluotuo estava tão ocupada com a criação que encarregou Hao’en para fazer as montanhas, porém ela acendeu um fogo enquanto descansava, e isso provocou um grande incêndio que queimou toda a vegetação deixando a superfície da terra descoberta. Ao tomar conhecimento da notícia, a deusa sentiu-se muito triste, lágrimas de dor escorreram por seus olhos. Então, ela estendeu um pano preto e outro branco sobre a terra, porém não conseguiu recuperar a sua beleza original. Depois, pediu a Yayou que fosse comprar sementes em um lugar muito, muito distante. Quando Yayou regressou trazendo as sementes, Miluotuo correu para o alto da montanha para semeá-las; mas, estranhamente, surgiu um vento forte que espalhou essas sementes sobre os cumes e encostas das montanhas.

Três dias depois Yayou foi dar uma olhada. As sementes tinham brotado transformando-se em pequenas árvores. Miluotuo sentiu-se muito contente. Em cinco dias as árvores tinham florescido e produzido alguns frutos grandes e perfumados. A deusa sentia-se encantada. Em sete dias as árvores tinham transformando-se em madeira, na qual Miluotuo decidiu usar para construir novas casas. Então ela levou pessoas para cortar as árvores. Cortaram as árvores grandes e as pequenas para construir a partir delas, vigas grandes e pequenas. Porém, elas não sabiam como construir mesas com as árvores, e mesmo pensando e pensando, não encontraram um jeito.

Um dia Yayou foi até a floresta e encontrou um gafanhoto sobre a folha de uma eulália31. Quando ela estendeu a mão para pegá-lo, cortou-se. A folha da eulália arranhou a sua ferida, fazendo com que ardesse de dor. Ela pegou o inseto e a folha e, cuidadosamente, os examinou: o gafanhoto tinha patas com espinhos grandes e afiados, a folha arranhou sua mão porque tinha a borda serrilhada. Yayou voltou cantando de alegria e contou sobre sua descoberta a Miluotuo. Inspirando-se nas patas do gafanhoto e nas folhas da eulália, Miluotuo fabricou uma serra. Serrando a madeira elas construíram casas para as quais se mudaram, vivendo muito felizes.

Miluotuo começou a criação dos seres humanos. Ela quis criar a humanidade usando argila, mas apesar de ter tentando de mil maneiras diferentes, não conseguiu, só conseguiu fabricar uma jarra para água. Depois ela tentou criá-la usando o arroz, e embora suas mãos tenham ficado inchadas devido seus esforços, não conseguiu criá-la, obtendo somente um vinho doce. Novamente ela tentou criar usando as folhas de eulália, seus olhos avermelharam-se devido ao trabalho, mas não conseguiu criar nada além de diversos insetos. Então, ela quis criá-la usando abóboras e mandioca, e embora tenha se esgotado, somente conseguiu criar o macaco.

Então, ela pensou que se queria criar a humanidade, devia encontrar um lugar apropriado. Mas quem ela enviaria para encontrar esse lugar? Enviou primeiro um porco surdo que parou na ladeira de uma montanha procurando minhocas na terra para comer. A raiva da deusa foi tanta que lhe golpeou com um bastão. Sobre a orelha do porco ainda se vê as marcas da sua preguiça e gula. Depois enviou um javali que também parou na metade do caminho para procurar mandioca e batatas na terra. Miluotuo sentiu tanta raiva que lhe atirou água fervendo, e não permitiu que voltasse a casa. Na terceira vez enviou um urso preto que voltou depois inchado de tanto comer formigas. A deusa ficou tão zangada que lhe atirou água tingida, deixando o urso todo preto. Ela ainda enviou um veado que, esquecendo-se da sua tarefa, ficou inchado de tanto comer grama até a hora de voltar para casa. Miluotuo estava tão zangada que lhe golpeou com uma estaca em chamas, deixando uma marca na sua barriga.32

Ao ver que nenhum dos animais que correm podiam servir, ela recorreu às aves do céu. Primeiro enviou um pica-pau que só se preocupou em procurar insetos nas árvores. Irritada, ela atirou uma de suas ferramentas e o pássaro voou assustado, porém ainda carrega nas suas costas a marca da ferramenta. Depois, ela enviou um faisão de cauda longa que se entreteve comendo as abóboras mais saborosas. Miluotuo atirou-lhe uma flecha. O faisão escapou voando com a flecha presa no seu rabo que, por essa razão é extraordinariamente largo hoje em dia. Em terceiro lugar ela enviou um corvo que só se preocupou em procurar comida em uma montanha queimada. Miluotuo atirou-lhe contra o bico uma pedra. O corvo voou escapando e reclamando por causa da pedrada, por isso que seu canto ainda é tão rude. Por último ela enviou uma águia que partiu depois de tomar seu café da manhã, levando consigo provisões para o almoço. A águia voava no céu inspecionando cuidadosamente o terreno. Quando encontrou um lugar adequado ela voltou imediatamente para informá-lo, com medo de se atrasar.

Miluotuo seguiu a águia até esse lugar e ao ver diante dos seus olhos uma vasta imensidão, sentiu-se tranquila. Seu clima era suave como a primavera, suas mil flores liberavam uma fragrância embriagadora, seu solo era lindo e fértil, suas montanhas e rios cativavam o espírito. Miluotuo viu algumas abelhas que construíam sua colmeia no vão de uma árvore, voando agitadas de um lado para outro transportando o pólen em sua adorável tarefa. A deusa cortou a árvore e levou com ela o favo de mel convencida de ter escolhido o material correto para criar a humanidade.

Durante o dia ela o refinou três vezes e mais três vezes durante a noite. Depois de bem refinado, ela colocou-o dentro de uma caixa. Em um piscar de olhos passaram-se nove meses. Quando Miluotuo escutou o som de choro e balbucio, ela abriu a caixa para olhar. “Eu consegui, eu consegui.” Os recém-nascidos eram realmente adoráveis, mas não paravam de chorar e de se agitar e Miluotuo não sabia o que fazer, até que pensou em lavá-los um por um, envolvendo-os com um pano depois e alimentando-os com seu próprio leite. Assim eles foram crescendo, dia após dia, e se espalharam pelas montanhas construindo suas casas. Desde então, a fumaça é vista de cada aldeia. Mulheres e homens costuram suas roupas e cultivam seus campos. A grande tarefa da deusa finalmente estava concluída. O belo mundo da humanidade já não era mais um sonho.

Os dez sóis

Ninguém sabe há quantos milhares de anos apareceram dez sóis acima do céu, queimando uma terra que fumegava por todos os lugares. O gramado, as árvores e os cultivos foram consumidos pelo fogo, a água dos rios e dos lagos parecia a ponto de ferver. Os pássaros não sabiam para onde voar, nem os outros animais para onde correr. Seus corpos transformaram-se em carne seca. A pele das pessoas queimava com o sol. Sem atreverem-se a abrir os olhos, elas tropeçavam e caiam. Era melhor sair para trabalhar somente à noite e passar o dia deitado descansando no interior das cavernas.

Os sóis queimavam de tal forma que nada cultivado cresceu, eles eram tão letais que todas as plantas murcharam. Sem comida nem bebida, metade da humanidade pereceu. Os que sobreviveram guardaram no peito um ódio absoluto do sol.

Nessa época havia um jovem chamado Gehuai. Ele era alto e forte, também era sábio e valente. Tinha a força de Hércules e uma pontaria infalível com o arco. Havia também uma velha senhora, cujo nome era Xiegu, que guiou os homens em busca desse jovem: “Gehuai, o fogo nocivo dos sóis é a faca que mata os humanos. Cada vez há mais pessoas morrendo queimadas, e cada vez menos sobreviventes. Sua força é maior que a nossa, sua estratégia mais forte. Vá abater os sóis até derrubá-los, elimina esse desastre para a humanidade.”

Encorajado pela confiança das pessoas, ele pegou seu arco e suas flechas, despediu-se da sua mulher grávida na época e rapidamente dirigiu-se em direção ao Oriente. Todas as pessoas da aldeia saíram para despedirem-se com a esperança de que ele pudesse libertá-los desses sóis escaldantes.

Gehuai caminhou durante três anos, atravessando 30.000 montanhas, cruzando 30.000 planícies. Cruzou 30.000 rios secos, atravessou 30.000 florestas, matou 30.000 animais selvagens, acabou com 30.000 répteis venenosos e aves de rapina. Então, chegou até o pico de uma montanha no extremo leste do mundo, onde encontrava-se um imenso oceano onde as gaivotas voavam e enormes ondas bramiam.

Os sóis nasciam nesse leste, iluminando primeiro esse lugar. Um vapor quente subiu das águas até um céu queimado, lançando duas enormes ondas contra a face do penhasco como um relâmpago que quebra a terra. Gehuai esperava no pico da montanha quando, de repente, viu os dez dóis nascendo lentamente. Com a mão direita e a vista aguçada ele puxou seu arco e colocou nele uma flecha. Com um zumbido, um sol caiu no mar. Os outros nove viraram-se para fugir, para que suas flechas não pudessem atingi-los.

No dia seguinte Gehuai subiu de novo no pico da montanha. Prendendo a respiração, ele apontou o arco para o lugar onde os dóis deveriam aparecer. Então, assim que eles apontaram suas cabeças, escutou-se um zumbido de uma flecha e outro sol caiu no mar. Os oito sóis restantes, tremendamente assustados, não se atreveram a sair. Eles tentavam evitar Gehuai movendo-se de um lado para outro, mas ele se manteve erguido, disposto a disparar a qualquer momento, de tal maneira que se saísse um sol, ele dispararia. Assim foi por um ano, derrubando três sóis. O corpo de Gehuai não se dobrava nem se inclinava, de pé ele não abandonava a sua posição. Se saísse um sol, um ele alcançava, se saíssem dois, ele acertava os dois. Assim passaram-se mais dois anos, derrubando no mar cinco sóis.

Ainda restavam outros dois sóis que não se atreviam, de jeito nenhum, a aparecer. A terra transformou-se em um lugar frio e escuro. As pessoas não podiam realizar as suas tarefas, não tinham o que comer nem o que vestir. No meio da escuridão, nem mesmo Gehuai poderia mostrar o seu talento. A ansiedade apoderou-se do seu ânimo. Um deslizamento de terra fez com que caíssem pedras da montanha, mas seu coração era uma pedra que não se movia. De repente, o som de um cacarejo anunciou a chegada de um grande galo com a cabeça erguida.

“Grande galo vermelho de bom coração, por favor nos ajude chamando o sol para que ele saia. Tua voz é alta, clara e agradável, com certeza comoverá os sóis. Tua voz é alta, clara e agradável, com certeza que os sóis se sentirão tranquilos ao escutá-la. Se cantar suficientemente alto, animarás o coração dos sóis. Se cantar suficientemente alto, os sóis sairão e brilharão novamente.”

“Se eu chamar os sóis com um cocorocó para que saiam, como você ira me recompensar?”

“Lhe darei uma taça de vinho e um punhado de arroz para que recuperes suas forças. Lhe doarei uma capa colorida e uma crista ereta para facilitar seu trabalho.” Gehuai deu ao galo uma taça de vinho, que ele tomou contente balançando a cabeça. Depois deu-lhe um punhado de arroz, que comeu rindo alto. Quando estava saciado de comer e beber, o galo colocou a capa colorida e a crista. Satisfeito com os presentes recebidos, ele caminhou até o pico da montanha. “Cocorocó”, cantou com a voz clara, e o resplendor do dia nasceu no leste. “Cocorocó”, cantou pela segunda vez, e o horizonte pintou-se de vermelho. “Cocorocó”, cantou pela terceira vez, e os dois sóis nasceram em fila.

Contudo, com dois sóis ainda fazia muito calor, então Gehuai pegou seu arco novamente e derrubou um sol. Ele sentiu-se culpado, embora a humanidade lhe tenha sido grata desde então. O sol que restou, colocou-se no centro do céu, cumprindo seu papel de fornecer luz e calor. Então, sem frio e sem calor demais, o mundo prosperou.

A lua escaldante

Naquele remoto tempo em que só restava um sol no céu iluminando os dias, não havia nem lua nem estrelas, e quando a noite chegava o mundo ficava na escuridão, preto como tinta. De repente apareceu em uma noite na metade do céu uma lua extremamente quente. Com sete pontas e oito cantos, ela não era nem redonda nem quadrada, ela mais parecia uma pedra estranha solta de uma montanha em algum tipo de colapso. Ela soltava chamas escaldantes que caiam sobre a terra como flechas de fogo.

Os campos de cultivo foram queimados, as pessoas se sentiam nervosas. Deitavam-se, mas não conseguiam pegar no sono, suspirando sem parar: “Céus, logo morreremos queimados. Não queremos essa lua de calor asfixiante.”

No pé da Grande Montanha vivia um casal de jovens. O homem se chamava Yala e era um experiente arqueiro. A mulher se chamava Nue e era muito habilidosa com o bordado. Eles viviam da caça que ele conseguia e dos bordados que ela tecia; doces vidas repletas de amor.

Nue ao ver a ação maldosa da lua disse a Yala com palavras suaves: “Você é o melhor arqueiro do nosso povo, salve nosso vilarejo derrubando a lua” Yala assentiu, e batendo no peito pegou seu arco e flecha e foi até o pico da Grande Montanha. Ele cerrou os dentes, tensionou seu corpo e disparou uma flecha na lua. Mas a flecha caiu na metade do caminho. Ele disparou outras tantas flechas cem vezes, caindo todas elas no lago abaixo da montanha. Sua bolsa estava vazia e a lua escaldante continuava no meio do céu. Sem ter mais flechas, ele sentiu-se desesperado. Os cultivos estavam murchando, as pessoas emagreciam e sofriam cada vez mais. Afundando a cabeça em seu peito, Yala suspirava angustiado. De repente, a pedra que estava atrás dele abriu-se com um barulho, mostrando uma espécie de porta pela qual surgiu um velho de barba branca que lhe disse ao ouvido: “Na montanha do sul há um grande tigre, na montanha do norte vive um veado enorme. Se queres melhorar seu poder, trate de comer a carne do tigre e do veado, faça um arco com o tendão do tigre e umas flechas com cifre de veado. Então poderá disparar na lua com êxito.”

Depois que acabou de falar, o velho acariciou a barba, virou-se e desapareceu novamente no interior da montanha. Somente ouviu-se o barulho da porta fechando atrás dele. Yala desceu da montanha para planejar com Nue de que maneira ele pegaria o tigre e o veado.

Nue disse: “Dispare contra eles, porque você é um grande arqueiro.”

Yala respondeu: “Minhas flechas não atravessarão suas grossas peles.”

Nue ficou pensando: “Usa meu cabelo para fazer uma rede grande.”

Yala olhou para ela com os olhos abertos espantado: “Claro, ter uma rede sólida e resistente será de grande ajuda.”

O cabelo de Nue era preto e comprido como a seda de uma minhoca depois de ser cortada e esticada. Durante 30 dias e 30 noites eles se dedicaram a tecer a rede, suando e até mesmo sangrando de calor. Quando acabaram, eles tinham uma rede que podia ser usada como uma armadilha. Então, levaram a rede para a montanha do sul e a colocaram na entrada da caverna onde o tigre vivia de modo que quando ele saiu para procurar comida, acabou preso nela. O tigre rugia e bramava, pulava e se agitava fazendo tremer as montanhas e a terra, mas o único que conseguia era ficar preso cada vez mais. Yala e Nue cravaram uma agulha de ferro em seu olho deixando-o cego, cortaram a sua cabeça com um machado e voltaram para casa carregando-o nas costas cantando de alegria.

Depois, eles foram para a montanha do norte, estenderam a rede na entrada da caverna onde o veado vivia de modo que quando ele saiu para procurar comida, ficou igualmente preso. O grande veado chorava e gritava, se agitava e pulava. Começou a cair chuva, o vento soprava, mas o único que ele conseguia era ficar cada vez mais preso. Yala e Nue cravaram uma agulha de ferro no olho dele deixando-o cego, cortaram sua cabeça com um machado e voltaram para casa carregando-o nas costas cantando de alegria.

Nue preparou um guisado delicioso com o tigre e com o veado e Yala o comeu. Quando acabou de comer, ele sentiu o sangue correr pelo seu corpo e a força de seus braços aumentar em mil quilos. Então, ele subiu mais uma vez a montanha levando seu arco feito com o tendão do tigre e suas flechas do chifre de veado. Cerrando os dentes, tensionando seu corpo, ele disparou. O arco de tendão de tigre lançou com força a flecha do chifre de veado até a lua. Acertou o astro no meio, soltando milhares de fagulhas que se estenderam em todas as direções e se espalharam pelo céu transformando-se em estrelas.

A flecha do chifre de veado depois de atingir a lua, caiu novamente na mão de Yala que voltou a atirá-la. Depois de cem disparos, todas as bordas da lua haviam sido eliminadas e o céu estava repleto de estrelas. A lua transformou-se em um disco que girava no céu. Porém, ainda que seus raios não fossem tão terríveis, continuavam emitindo um calor intenso que dificultava a vida das pessoas e seus cultivos.

Quando Yala desceu da montanha, Nue estava bordando. A agulha se movia com precisão entre as suas mãos. Na sua tela, ela havia bordado uma bela casa com uma canela dourada na porta, sob a qual se estendia uma grama macia em que cordeirinhos e coelhos brancos brincavam. Ela também havia bordado a si mesma na tela, e quando ia bordar Yala, o viu chegar da montanha com a cabeça baixa e com um ar preocupado.

“Não se preocupe”, ela disse. “Amarra essa tela na flecha que você fez com o chifre de veado e dispara ela para o céu para cobrir a lua, assim conseguiremos esfriá-la.”

Yala fez como Nue lhe instruiu, e a lua não voltou a incomodar com seu calor. Ao invés disso, ela passou a emitir um brilho fresco e claro, e sua forma transformou-se em algo mágico e encantador. Os cultivos voltaram a crescer e as pessoas recuperaram sua energia. Desde então, elas olham para a lua alegres e risonhas. A lua com vergonha dos olhares que lhe davam, foi-se elevando cada vez mais. Do alto da montanha Yala viu a Nue em meio ao seu bordado, saudando-a com a mão, enquanto Nue que estava na porta de sua casa, subia suavemente ao céu até alcançar a lua, fundindo-se com a sua imagem na tela.

Yala, completamente atordoado, gritou bem alto: “Nue por que você não bordou a mim também? Volte a casa o quanto antes.” Ela também sentia ansiosa no interior da lua. Com seu próprio cabelo ela fez um rabo de cavalo bem grande e, quando a lua passou por cima da montanha onde estava Yala, ela soltou-o através das nuvens para que ele pudesse agarrá-lo e subisse até a lua. Desde então, os dois nunca mais se separaram.

A partir daí, Nue na lua33 borda sua tela com as costas apoiadas no tronco de um osmanto. Yala pastora os cordeiros brancos e coelhos nos pastos da lua. Cada vez que eles pensam nas pessoas da terra, suas lágrimas transformam-se em orvalho, que umedece as gramas dos campos ao amanhecer.

O dilúvio que inunda a terra.

Choveu torrencialmente durante 99 dias, ninguém sabe há quanto tempo atrás. A terra ficou coberta pelas águas, morrendo todas as pessoas. O sol e a lua, que tinham um bondoso coração, sentiram pena de ver lá do céu a extinção da humanidade. O sol, franzindo as sobrancelhas, disse: “Não sobreviveu ninguém?”. A lua, entre lágrimas, respondeu: “Não consigo ver nem a sombra de um ser humano”. Então, propôs o sol: “A distância entre o céu e a terra é muito grande e nós não sabemos de fato a magnitude do desastre. Vamos até o mundo para ver exatamente o que aconteceu”. A lua concordou com a cabeça, seguindo a sua ideia.

Eles deixaram suas formas exteriores com parte do seu brilho lá em cima no céu, transformando-se em um belo casal de jovens. O sol transformou-se em um rapaz de estatura grande, e a lua transformou-se em uma garota fina e delicada. Eles chegaram na montanha Yaoshan montados sobre as nuvens.34 Caminharam de um lugar para outro, subindo e descendo montanhas até terminarem com seus membros feridos e seu espírito esgotado, sem encontrar nem o vestígio de uma pessoa sequer.

A garota começou a soluçar, suas lágrimas brilhantes caiam sobre a terra: “Os seres humanos eram tão inteligentes e nobres, e agora extinguiram-se”. O sol, entretanto, meditava no silêncio; quando passou um bom tempo ele disse: “Chorar não tem nenhuma utilidade, devemos fazer algo para que a humanidade volte a renascer”.

“A humanidade já se extinguiu. Como é possível fazê-los renascer?”

“Irmã lua, nós podemos nos fundir e ter filhos e filhas para criar, uma nova humanidade.”

A lua ao escutá-lo, enrubesceu de vergonha: “Irmão sol, como podemos fazer isso? As irmãs estrelas rirão de nós. E se o Rei Celestial nos castigar, quem assumirá a responsabilidade?”

O sol pegou em sua mão: “Não há nada de errado no que estou te propondo, se com isso conseguirmos recriar a humanidade, irmã lua”.

A lua sabia que o sol, sensível e honesto, insistiria que fizessem o que lhe dizia. Ela tinha certeza de que não havia uma forma de convencê-lo a mudar de opinião. Porém, como o sol era grande e desajeitado, enquanto, que ela era ágil e esbelta, pensou em apostar uma corrida, e quem a ganhasse tomaria a decisão, acreditando que, se ele perdesse, ele abandonaria sua ideia.

O sol ficou muito feliz com a proposta de uma corrida; de fato, ele pensou que a lua já tinha aceitado a ideia de casar-se. A lua corria sem parar em torno do pico mais alto das montanhas Yaoshan, mais rápida que uma andorinha, mais leve que as nuvens. O sol corria atrás dela banhado em um mar de suor. Com o corpo ensopado, sentia-se exausto. Depois de já ter corrido meio dia, ele não via nem vestígio da lua, a única coisa que podia alcançar era o eco das suas risadas. O sol continuava correndo cada vez mais cansado. Quando já estava a ponto de perder a paciência ao ver que tinha sido vencido, apareceu uma grande tartaruga no meio do caminho que levantou a cabeça e disse: “Sol, sol. Você só alcançará a lua se for no sentido contrário”. O sol correu para o outro lado e, em seguida, bateu com a lua que vinha de frente, a qual, sem conseguir parar, caiu justamente em seus braços. “Não vale, não vale. Quem te deu a ideia de agir dessa forma?”. A lua ficou zangada com a tartaruga, e lançando-se sobre ela rompeu seu casco em quatro pedaços.

“Isso significa que você deve aceitar formar uma família e recriar a humanidade”. Disse o sol.

“Ainda não sei se esse é o nosso destino”. Respondeu a lua.

“Vamos pegar duas pedras, cada um subirá ao pico de uma montanha carregando uma pedra, e as deixaremos cair ao mesmo tempo. Se ambas as pedras se encaixarem ao cair, significa que nosso matrimônio está predestinado”.

Havia um par de pedras que tinham sido usadas pelos deuses para triturar remédios. O sol e a lua pegaram uma cada um e subiram até o pico de uma montanha. “Solte-a”, disse a lua. As duas pedras rolaram simultaneamente montanha abaixo. A lua, com seu corpo leva e suas pernas rápidas, foi a primeira a chegar para ver o resultado. Era realmente estranho, porque as duas pedras haviam se encaixado perfeitamente. Seu rosto estava perturbado, enquanto, que seu coração estava adocicado como o mel. Mas quando ela viu o sol chegar, não se sabe se por vergonha ou por travessura, separou rapidamente as pedras.

“Irmã lua, as pedras estão mortas, mas nós estamos vivos. Como elas podem determinar o nosso destino?”

“Irmão sol. Vamos subir novamente essas duas montanhas e nos penteemos um de frente ao outro. Se nossos cabelos voarem entrelaçando-se entre eles, isso demonstrará que nossa união está predeterminada”.

Eles descobriram uma penteadeira nas montanhas Yaoshan, na qual as deusas haviam se maquiado no passado. O sol e a lua pegaram dois pentes de jade e subindo cada um a uma montanha, pentearam-se de forma mágica, porque quanto mais se penteavam mais seu cabelo crescia. Os cabelos foram espalhando-se até a montanha oposta de modo que se uniram no meio do ar sem que se pudesse notar nenhuma diferença entre eles.

“Irmã lua, o que você vai dizer agora? Pela humanidade, case-se comigo”. O sol apresentou à lua seu anel de jade com as duas mãos para firmar seu compromisso de acordo com o costume das pessoas. A lua olhou para o sol com um terno sorriso: “Ainda não sei se será conveniente, se eu poderei aguentar as piadas dos outros deuses, nem as terríveis regras do Rei do Céu”.

“Nossas melhores amigas são as sete estrelas35. Pergunte a elas se é correto”. A lua assentiu com lágrimas nos olhos. Cortou os cabelos que continuavam unidos e voou ao céu para contar as suas preocupações às sete estrelas irmãs. Elas sentiram-se tão envergonhadas que cobriram seus rostos. Apesar disso, a maior delas disse convencida: “Já que é para o bem da humanidade, acredito que você pode se casar”. As outras concordaram e a encorajaram rindo e batendo palmas. A lua ainda continuava preocupada porque seria difícil conseguir o consentimento do Rei do Céu. A segunda irmã então propôs: “Estenderemos nuvens coloridas cobrindo a montanha Yaoshan para impedir que o Rei do Céu veja o que se passa”. As outras concordaram.

A lua, com expressão de felicidade depois de soltar suas preocupações, voltou para onde o sol a esperava nervoso. Mesmo tendo o coração cheio de alegria, ela fez uma cara feia: “As sete irmãs não paravam de fazer piadas, elas não gostaram nada. Que desespero irmão sol!” O sol sentiu-se tão desanimado que começou a chorar com uma criança. A lua, comovida pelo amor dele por ela e pela humanidade, lançou-se em seus braços com um misto de medo e felicidade. Pegando o anel de jade que ele lhe deu, limpou as lágrimas de seus olhos e aceitou o seu pedido.

Quando as sete irmãs estenderam as nuvens coloridas, o sol e a lua casaram-se na montanha Yaoshan. Depois construíram uma casa de madeira, da qual saia fumaça do seu fogão. Seus dias decorreram em uma doce felicidade, o homem cultivando e a mulher tecendo. A lua ficou grávida e seu rosto estava ainda mais bonito. O sol, dia e noite, cumpria com as suas obrigações como marido, mostrando-se cada vez mais amável. Um dia, inúmeros pássaros concentraram-se ao redor da sua casa: cantando e dançando alegres, eles parabenizavam ao sol e a lua sob as nuvens coloridas.

A lua entrou em trabalho de parto e logo depois tornou-se em mãe. Quando o sol pegou o recém-nascido, viu que era na verdade uma abóbora grande. A lua achou aquilo muito estranho e chorava amargamente lágrimas como pérolas. Ela pediu ao sol que a enterrasse imediatamente, para evitar a dor de ter que vê-la novamente. O sol pegou a abóbora, e sem desanimar disse: “Não importa o que seja, vou ver o que tem dentro”, enquanto a cortava em dois com uma faca. Em seu interior havia somente sementes, como em qualquer abóbora. A lua, decepcionada, espalhou as sementes de abóbora em torno da montanha Yaoshan. “A humanidade que se extinguiu não poderá renascer, assim como uma pedra que nunca poderá florescer”. O sol e a lua, no meio do seu desespero, abraçaram-se chorando amargamente, até que sentindo-se esgotados, dormiram.

No dia seguinte ao amanhecer, apareceu novamente uma revoada de pássaros, dançando uma bela dança e cantando com comoção. Como se não conhecessem a tristeza dos amantes, lhes despertaram com seu barulho. O sol e a lua foram à porta, sem acreditar no que viam seus olhos. Em cada lugar por onde haviam espalhado as sementes de abóbora36, encontravam-se agora casas de bambu, cujas cozinhas soltavam fumaças que iam até o céu. Pessoas vestidas com roupas coloridas cultivavam e teciam felizes. Então, compreenderam que as sementes de abóbora que haviam se espalhado pelo campo, constituíam a primeira geração de uma nova humanidade. Olhando-se satisfeitos, lhes deram o nome de “Bunu”.

Durante o ano em que o sol e a lua abandonaram suas formas exteriores para descer à terra, eles haviam deixado para trás parte de seu brilho. Agora, sua luz estava quase que acabada, e seus raios eram cada vez mais frágeis. Não esquecendo sua responsabilidade de iluminar o mundo, eles decidiram abandonar seus filhos para voltar ao céu. Mas, antes lhes contaram esse conto para que as gerações posteriores conhecessem sua própria origem e vivessem felizes.

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Yaş sınırı:
16+
Litres'teki yayın tarihi:
17 aralık 2020
Hacim:
180 s.
ISBN:
9788835413738
Telif hakkı:
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