Kitabı oku: «Agora e Para Sempre », sayfa 4
“Eu estava...” ela gaguejou. “Vim aqui só para...” sua voz se desvaneceu.
“Está aqui para pedir por um pouco de sopa?” Daniel sugeriu.
Emily voltou a si imediatamente. “Não. Por que pensou isso?”
Ele olhou para ela de uma maneira que demonstrava que estava se divertindo com a situação e, ao mesmo tempo, censurando-a. “Porque você parece meio faminta”.
“Bem, eu não estou”, Emily respondeu bruscamente, novamente se sentido enfurecida pela suposição de Daniel de que ela era fraca e incapaz de cuidar de si mesma, não importava o quão ele estivesse certo. Ela odiava a maneira como Daniel a fazia sentir, como se fosse algum tipo de criança estúpida. “Na verdade, estou aqui para perguntar a você sobre a eletricidade”, ela disse. Não era totalmente mentira; ela realmente precisaria da eletricidade em algum momento.
Ela não tinha certeza, mas achou ter visto um traço de desapontamento nos olhos de Daniel.
“Posso ver isso para você amanhã”, ele disse, num tom meio apressado, um que disse a ela que ele a queria longe de sua casa e fora do seu domínio.
De repente, Emily se sentiu muito estranha, imaginando que havia dito algo que o irritou. “Veja, por que não vem tomar um chá comigo?” ela disse, hesitante. “Como agradecimento pelo trabalho com a pá e pela entrega do óleo. E para me desculpar pelo que eu disse mais cedo”. Ela sorriu, esperançosa.
Mas Daniel não se moveu. Ele cruzou os braços e levantou uma sobrancelha. “Quer que eu vá para a sua casa? O que é, porque sua casa é maior, você pensa que todo mundo quer estar lá?”
Emily fez uma careta, a confusão borbulhando dentro dela. Ela não sabia o que havia dito para provocar a resposta de Daniel, mas não estava preparada para entrar em outra conversa desconfortável com ele. “Deixa pra lá”, ela murmurou.
Ela voltou-se e caminhou com força de volta para a casa, tão chateada consigo mesma e com seu comportamento quanto com Daniel.
Mas apenas alguns minutos mais tarde, quando ela estava acomodada ao lado da lareira, seu estômago roncando de fome, ouviu um barulho vindo da porta da frente. Era instantaneamente familiar para ela – o mesmo som que havia ouvido na noite passada – e sabia que significava que Daniel havia lhe deixado outro presente.
Ela correu até a porta, o coração aos pulos, e a abriu. Daniel já tinha desaparecido. Emily olhou para baixo e viu uma garrafa térmica no batente. Ela a pegou, abriu a tampa e cheirou seu conteúdo. Imediatamente, sentiu o mesmo aroma delicioso que estava vindo da casa de Daniel. Ele havia deixado um pouco de sopa para ela.
Incapaz de recusar as exigências do seu estômago, Emily agarrou a sopa e começou a devorá-la. O sabor era delicioso, como nada que ela havia provado antes. Daniel deve ser um cozinheiro incrível, outra habilidade para acrescentar aos seus vários talentos. Um músico, ávido leitor, cozinheiro e hábil em reparos — sem mencionar seu gosto para decoração de interiores – os talentos de Daniel estavam realmente começando a se acumular.
*
Naquela noite, Emily se encolheu na cama principal, sentindo-se mais confortável do que na noite passada. Ela havia limpado os lençóis e tirado o pó de cada centímetro do quarto, tirando o cheiro de abandono do lugar. Era bom ter a casa numa condição relativamente habitável – ainda que alguns dos aquecedores ainda não estivessem funcionando a pleno vapor. Mas saber que ela havia conseguido algo, tinha se sustentando com suas próprias pernas pela primeira vez em sete anos, realmente a deixou orgulhosa. Se pelo menos Ben pudesse vê-la agora! Ela já se sentia diferente da mulher que havia sido quando estava com ele.
Pela primeira vez em muito tempo, Emily se sentiu ansiosa pelo dia seguinte e o que ele traria – especificamente: eletricidade. Se ela tivesse uma geladeira funcionando e um forno, poderia finalmente cozinhar. Talvez até retribuir os favores que Daniel vinha fazendo para ela, preparando uma refeição para ele. Ela queria fazer as pazes com ele antes de partir, pelo menos, já que ela tinha meio que caído de para-quedas na vida dele, bagunçando tudo.
Quanto mais Emily pensava na perspectiva de voltar para casa, mais percebia que não queria. Apesar das dificuldades e tribulações que já tinha vivido ao longo dos últimos dois dias na casa, ela sentiu um senso de propósito aqui que não sentia há anos.
O que exatamente ela tinha deixado em Nova York que fizesse seu retorno para lá valer a pena? Havia Amy, é claro, mas ela tinha sua própria vida e não estava disponível com frequência. Emily pensou então que talvez fosse uma boa ideia prolongar suas férias. Um final de semana prolongado na casa dificilmente daria para ela organizar suas ideias, e seria um desperdício ter a eletricidade funcionando se ela já estava prestes a fazer as malas e partir novamente logo depois. Uma semana seria um período melhor. Então, realmente poderia vivenciar tudo o que a casa e Maine oferecia, poderia recarregar as baterias e dar a si mesma algum tempo para elaborar o que realmente queria da vida.
Estar no antigo quarto dos seus pais lhe dava uma sensação de aconchego e conforto, e Emily foi tomada por uma súbita lembrança de estar aqui quando ainda era uma menina muito pequena, aconchegando-se entre eles para ouvir seu pai contar-lhe histórias. Era algo que havia se tornado um hábito, uma maneira dela estar perto dos pais, que pareciam, para sua mente de criança, preocupados com sua nova irmã, Charlotte, que ainda era um bebê. Foi apenas através da lente de seus olhos adultos que Emily percebeu a verdade: que seus pais estavam tentando evitar seu casamento condenado ao demonstrar preocupação com Charlotte.
Emily balançou a cabeça, sem querer lembrar, sem querer reviver aquelas memórias que havia passado tanto tempo evitando. Mas não importa o quanto tentasse, ela não podia evitar que invadissem sua mente. O quarto, a casa, pequenos objetos aqui e ali que lembravam seu pai, tudo culminava em sua mente, trazendo de volta para ela as terríveis lembranças que ela queria tanto esquecer.
A lembrança de como as histórias na grande cama pararam abruptamente num dia trágico; o dia em que a vida de Emily mudou para sempre, o dia em que o casamento dos seus pais recebeu seu golpe final, implacável.
O dia em que sua irmã morreu.
Capítulo Cinco
Após uma noite de sono profundo, cheio de sonhos, Emily acordou com a sensação de calor em sua pele. Era tão estranho para ela não sentir frio que ela se sentou de forma brusca na cama, subitamente alerta, e descobriu um facho de luz do sol entrando através de um espaço entre as cortinas. Ela protegeu os olhos ao sair da cama e foi até a janela. Puxando a cortina, Emily se maravilhou com a visão que se abriu diante de si. O sol havia saído, refletindo-se na neve, que brilhava, derretendo rapidamente. Nos galhos das árvores ao lado da janela dela, Emily viu gotas de água pingando pelos pendentes de gelo, a luz do sol transformando-as em gotas de arco-íris. A visão a deixou sem fôlego. Ela nunca havia visto nada tão bonito.
A neve havia derretido o suficiente para Emily decidir que agora era possível ir até a cidade. Ela estava com muita fome, apesar da entrega de sopa de Daniel no dia anterior ter reacendido o apetite que havia perdido após o drama do rompimento com Ben e de sua demissão. Ela vestiu seu jeans e uma camiseta, e então pôs uma jaqueta sobre a blusa, porque era a única coisa em sua mala que se parecia um pouco com um casaco. Esse visual estava meio estranho, mas ela imaginou que a maioria das pessoas estaria olhando para a forasteira com o carro acabado estacionado na frente da casa abandonada, de toda forma, então, suas roupas eram a última de suas preocupações.
Emily desceu até o hall de entrada e abriu a porta para o mundo. O calor beijou sua pele e ela sorriu, sentindo uma onda de felicidade.
Ela seguiu pela vala que Daniel havia cavado e pegou a estrada na direção do oceano, onde lembrava que ficava o centro, com as lojas.
Enquanto caminhava, sentia como se estivesse voltando no tempo. O lugar não havia mudado nada, as mesmas lojas que estavam lá há vinte anos ainda funcionavam, orgulhosas disso. O açougue, a padaria, estava tudo como ela se lembrava. O tempo as havia mudado, mas apenas de pequenas formas – os letreiros estavam mais chamativos, por exemplo, e os produtos à venda tinham se modernizado – mas o sentimento era o mesmo. Ela se deliciou com a singularidade de tudo aquilo.
Emily estava tão envolvida no momento que não notou um trecho congelado na calçada à sua frente. Ela deslizou nele e desabou no chão.
Sem fôlego, Emily deitou sobre as costas e gemeu. Um rosto apareceu sobre ela, velho e gentil.
“Gostaria de ajuda?” o cavalheiro disse, estendendo-lhe a mão.
“Obrigada”, Emily replicou, aceitando sua ajuda.
Ele a puxou de volta até que ficasse de pé. “Você se machucou?”
Emily alongou o pescoço. Seu corpo doía um pouco, mas se era por ter caído do balcão ontem ou escorregado no gelo hoje era impossível discernir. Ela queria não ser tão desastrada.
“Estou bem”, ela respondeu.
O homem assentiu. “Agora, deixe-me ver se entendi. É você quem está na velha casa da Rua Oeste, não é?”
Emily sentiu uma onda de vergonha tomar conta dela. Sentia-se desconfortável em ser o centro das atenções, a fonte da fofoca na pequena cidade. “Sim, é isso mesmo”.
“Então, você comprou a casa de Roy Mitchell?” ele disse.
Emily ficou imóvel ao ouvir o nome do seu pai. Que o homem de pé na frente dela o conhecera fez seu coração bater forte, com uma estranha sensação de dor e esperança. Ela hesitou por um momento, tentando se recompor novamente.
“Não, eu... sou filha dele”, ela murmurou, por fim.
Os olhos do homem se abriram. “Então, você deve ser Emily Jane”, ele disse.
Emily Jane. Ouvir aquele nome era chocante para ela. Ninguém a chamava assim há anos. Era a forma carinhosa como seu pai a chamava, outra coisa que saiu de sua vida subitamente no dia em que Charlotte morreu.
“É só Emily agora”, ela replicou.
“Bem”, o homem disse, olhando-a de cima a baixo, “você está mesmo adulta”. Ele riu de uma maneira gentil, mas Emily estava se sentindo tensa, como se sua habilidade de sentir tivesse sido sugada para fora dela, deixando um buraco escuro em seu estômago.
“Poderia me dizer quem você é?” ela disse. “De onde conhece meu pai?”
O homem riu novamente. Ele era simpático, uma dessas pessoas que podiam deixar outros à vontade facilmente. Emily se sentiu um pouco culpada pela sua rigidez, pela rigidez de Nova York que ela havia adquirido ao longo dos anos.
“Eu sou Derek Hansen, prefeito da cidade. Eu e seu pai éramos próximos. Costumávamos pescar juntos, jogar cartas. Fui jantar na sua casa várias vezes, mas certamente você era pequena demais para se lembrar”.
Ele tinha razão, Emily não se lembrava.
“Bom, é um prazer conhecê-lo”, ela disse, subitamente querendo terminar a conversa. O fato do prefeito se lembrar dela, ter lembranças que ela não possuía, fazia com que Emily se sentisse estranha.
“É um prazer conhecê-la também”, o prefeito replicou. “Diga-me, como Roy está?”
Emily ficou tensa. Então, ele não sabia que seu pai havia ido embora um dia, e simplesmente desaparecido. Eles devem ter imaginado que ele apenas tinha parado de vir durante as férias. Por que pensariam em algo diferente? Mesmo um bom amigo, como Derek Hansen dizia ser, não iria necessariamente pensar que uma pessoa havia desaparecido no éter, para nunca mais ser visto. Não era o primeiro pensamento que vinha à mente. Certamente, não foi isso que ela pensou a princípio.
Emily vacilou, sem saber como responder à pergunta aparentemente inocente, mas incrivelmente perturbadora. Ela se deu conta de que estava começando a suar. O prefeito estava olhando para ela com uma expressão estranha.
“Ele faleceu”, ela falou subitamente, esperando que isso desse um fim às perguntas.
Deu certo. O rosto dele se tornou grave.
“Sinto muito ouvir isso”, o prefeito replicou. “Era um grande homem”.
“Era”, Emily replicou.
Mas, em sua mente, ela estava pensando: era mesmo? Ele a abandonou e à sua mãe na época em que mais precisavam dele. A família inteira estava sofrendo com a morte de Charlotte, mas foi só ele que decidiu fugir de sua vida. Emily podia entender a necessidade de fugir dos próprios sentimentos, mas, abandonar a família, isso ela não podia compreender.
“Preciso ir andando”, ela falou, por fim. “Tenho que fazer algumas compras”.
“É claro”, o prefeito falou. Seu tom estava mais sério agora, e Emily se sentiu responsável por ter sugado a alegria despreocupada dele. “Cuide-se bem, Emily. Tenho certeza de que vamos nos encontrar novamente”.
Emily se despediu e se afastou depressa. Seu encontro com o prefeito mexeu com ela, acordando ainda mais pensamentos e sentimentos que ela passou anos enterrando. Entrou apressada no pequeno mercado e fechou a porta, bloqueando o mundo externo.
Ela agarrou uma cesta e começou a enchê-la com suprimentos – pilhas, papel higiênico, xampu, e uma tonelada de sopas enlatadas – e então foi para o caixa, onde uma mulher rotunda aguardava na caixa registradora.
“Olá”, a mulher disse, sorrindo para Emily.
Emily ainda estava se sentindo desconfortável graças a seu encontro mais cedo. “Oi”, ela murmurou, quase sem conseguir levantar os olhos.
Quando a mulher começou a passar seus itens e a empacotá-los, ela continuou a olhar para Emily de soslaio. Emily soube instantaneamente que era porque ela a reconhecia, ou sabia quem era. A última coisa com a qual podia lidar agora era outra pessoa perguntando sobre seu pai. Ela não tinha certeza se seu coração frágil podia lidar com isso. Mas era tarde demais, a mulher parecia compelida a dizer alguma coisa, e havia registrado apenas quatro itens da cesta transbordante de Emily. Ela ia ficar presa aqui por um tempinho.
“Você é a filha mais velha de Roy Mitchell, não é?” a mulher disse, seus olhos apertados.
“Sim”, Emily replicou, em voz baixa.
A mulher bateu as mãos animadamente. “Eu sabia! Eu poderia reconhecer essa cabeleira farta em qualquer lugar. Você não mudou nada desde a última vez que a vi!”
Emily não conseguia se lembrar da mulher, apesar de provavelmente ter vindo aqui várias vezes quando adolescente, para se abastecer de chicletes e revistas. Era incrível para ela o quanto havia se desligado bem de seu passado, o quanto havia apagado seu antigo eu para se tornar outra pessoa.
“Tenho algumas rugas a mais agora”, Emily replicou, tentando uma conversa polida, mas falhando miseravelmente.
“Quase nenhuma!” a mulher exclamou. “Você está tão bonita quanto antes. Não vejo sua família há anos. Quanto tempo faz?”
“Vinte”.
“Vinte anos? Ora, ora. O tempo realmente voa quando você está se divertindo!”
Ela registrou outro item pelo aparelho. Emily desejava silenciosamente que se apressasse. Mas ao invés de colocar o item na sacola, ela pausou, a caixa de leite suspensa no ar. Emily levantou os olhos e viu a mulher parada, com um olhar distante e um sorriso no rosto. Emily sabia o que estava vindo: uma anedota.
“Eu me lembro quando”, a mulher começou enquanto Emily se preparava, “seu pai estava construindo uma nova bicicleta para seu aniversário de cinco anos. Ele estava procurando peças por toda a cidade, garimpando as melhores pechinchas. Ele podia convencer qualquer um, não podia? E realmente amava vendas de garagem”.
Ela estava sorrindo para Emily agora, meneando a cabeça de uma maneira que parecia sugerir que estava encorajando Emily a se lembrar também. Mas Emily não podia. Sua mente estava em branco, a bicicleta nada mais que um fantasma conjurado pelas palavras da mulher em sua mente.
“Se me lembro bem”, a mulher continuou, batendo um dedo no queixo, “ele montou a bicicleta inteira, com sineta, fitas e tudo, por menos de dez dólares. Ele passou o verão inteiro montando a bicicleta, e ficou queimado como um pimentão sob o sol do verão”. Ela começou a rir, e seus olhos estavam brilhando com a lembrança. “Então, vimos você zunindo pela cidade. Você estava tão orgulhosa dela, dizendo a todo mundo que o papai a havia feito para você”.
As vísceras de Emily pareciam um vulcão de emoções prestes a entrar em erupção. Como ela pôde apagar todas essas lindas lembranças? Como ela havia falhado em valorizá-las, esses dias preciosos de infância tranquila, de uma vida familiar abençoada? E como o pai dela se afastou delas? Em que ponto ele passou do tipo de homem que passava o verão inteiro construindo uma bicicleta para sua filha para o tipo de homem que ia para longe dela, para nunca mais ser visto?
“Eu não me lembro”, Emily disse, de maneira brusca.
“Não?” a mulher disse. Seu sorriso estava começando a desaparecer, como se fosse desmontando. Agora, parecia que estava grudado em seu rosto por pura polidez, ao invés de naturalmente.
“Você poderia...” Emily disse, indicando a lata de milho com a cabeça na mão pausada da mulher, tentando fazê-la se apressar.
A mulher olhou para baixo, quase assustada, como se tivesse esquecido por que estava lá, como se ela tivesse pensado que estava conversando com uma velha conhecida ao invés de servindo-a.
“Sim, é claro”, ela disse, seu sorriso desaparecendo por completo.
Emily não conseguia lidar com os sentimentos dentro dela. Estar na casa a fez sentir feliz, contente, mas o resto desta cidade a fez sentir horrível. Havia lembranças demais, pessoas demais metendo o nariz em sua vida. Ela queria voltar para casa o mais rápido possível.
“Então”, a mulher disse, sem querer ou sem poder parar com a tagarelice, “quanto tempo você planeja ficar?”
Emily não pôde deixar de ler nas entrelinhas. A mulher queria dizer, por quanto tempo você estará se intrometendo em nossa cidade com seu mau-humor e grosseria?
“Ainda não sei”, Emily replicou. “A princípio, era para ser um final de semana prolongado, mas estou pensando em ficar por uma semana, talvez. Duas, possivelmente”.
“Deve ser bom”, a mulher disse, empacotando o último item de Emily, “dar-se ao luxo de uma pausa de duas semanas”.
Emily ficou tensa. A mulher passou de agradável e simpática para completamente rude.
“Quanto lhe devo?” ela disse, ignorando a provocação.
Emily pagou e agarrou suas sacolas junto ao peito, saindo o mais rápido que podia da loja. Ela não queria mais estar na cidade, estava fazendo-a se sentir claustrofóbica. Voltou rápido para a casa, perguntando-se por que exatamente seu pai amava tanto este lugar.
*
Emily chegou em casa e descobriu que um caminhão da companhia elétrica local estava estacionado do lado de fora. Imediatamente, esqueceu sua má experiência na cidade, afastando as emoções negativas que estava sentindo, como aprendera a fazer quando criança, e se permitiu ficar animada e esperançosa sobre a perspectiva de ter resolvido outro grande problema da casa.
O motor do caminhão começou a funcionar e Emily percebeu que ele estava indo embora. Daniel deve tê-los levado para dentro da casa no lugar dela. Ela pôs seus pacotes no chão e correu atrás deles, acenando com os braços enquanto o veículo se afastava do meio-fio. Ao vê-la, o motorista parou e abaixou o vidro, inclinando-se para fora.
“Você é a dona da casa?” ele disse.
“Não. Bem, mais ou menos. Estou hospedada nela”, ela falou, ofegante. “Você conseguiu fazer a eletricidade funcionar?”
“Sim”, o homem falou. “Forno, geladeira, luzes, conferimos e tudo funciona”.
“Isso é ótimo!” Emily disse, eufórica.
“A questão”, o homem continuou, “é que você tem alguns problemas acontecendo. Provavelmente porque a casa está tão abandonada. Pode ser que haja ratos lá dentro mastigando os fios, algo assim. Quando foi a última vez que você subiu no sótão?”
Emily estremeceu, sua animação começando a minguar.
“Pode ser bom chamar um profissional para dar uma olhada lá em cima. O sistema elétrico que você tem está desatualizado. É meio que um milagre termos conseguido fazê-lo funcionar, para ser sincero”.
“Certo”, Emily disse, com uma voz fraca. “Obrigada por me avisar”.
O homem da eletricidade assentiu. “Boa sorte”, ele disse, antes de ir embora.
Ele não havia dito, mas Emily podia ouvir o resto de sua frase em sua mente: você vai precisar.