Kitabı oku: «Amor Como Este », sayfa 3

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Todos riram. Keira nervosamente bebeu pequenos goles de seu Guinness. A hospitalidade irlandesa era muito receptiva, mas também era um choque cultural, e ela se viu acanhada, pensando na miríade de maneiras que poderia criticar este lugar em seu artigo.

“Vou levá-la ao seu quarto,” Orin finalmente disse, após ela ter conseguido beber quase metade da caneca de Guinness.

Ela o seguiu por uma escada barulhenta e estreita, ao longo de um corredor com um carpete surrado com um forte cheiro de poeira. Keira andou silenciosamente, assimilando tudo, construindo frases em sua mente enquanto observava a decoração antiquada. As paredes eram decoradas com fotografias emolduradas e desbotadas de times locais de futebol do passado e Keira sorriu quando percebeu que a maioria dos jogadores compartilhavam o mesmo sobrenome, O’Sullivan. Ela tirou uma foto discreta do time de futebol preto e branco e enviou para Zach com a legenda: O Sr. O’Sullivan deve ter sido um reprodutor prolífico.

“Aqui estamos,” disse Orin, abrindo a porta e mostrando dentro.

O quarto era horrível. Embora grande, com uma cama de casal e uma janela enorme, era decorado horrendamente. O papel de parede tinha uma cor tipo pêssego, manchado em alguns lugares como se fossem anos de mãos sujas. Havia uma colcha fina sobre a cama, a qual era remendada, mas não do tipo encontrado em uma casa de campo encantadora, e sim do tipo encontrado em uma loja de usados.

“Este é o quarto com a escrivaninha,” disse Orin, sorrindo com orgulho, apontando uma escrivaninha de madeira sob a janela. “Para sua escrita.”

Keira corou. Ela estava horrorizada com o pensamento de ficar no quarto encardido durante um mês inteiro, mas conseguiu arrancar um “Obrigada”. E ela que pensava que conseguiria ficar em uma favela durante um mês!

“Você precisa de um tempo para se acomodar antes de conhecer Shane?” perguntou Orin.

Keira franziu a testa, confusa. “Quem é Shane?”

“Shane Lawder. Seu guia turístico. Para o festival,” explicou Orin.

“Claro,” Keira disse, lembrando das anotações de Heather, em que dizia que haveria um guia turístico. “Sim, por favor, gostaria de conhecer Shane.” Ela não tinha desejo algum de continuar no quarto, então largou sua mala na cama e desceu a escada barulhenta.

“Shane!” Orin gritou enquanto voltava para sua posição atrás do balcão.

Para a surpresa de Keira, foi um músico de violino que respondeu. Ele largou seu instrumento—embora o grupo de músicos com quem ele estava tocando continuou como se nada tivesse acontecido—e veio até o bar.

Debaixo da barba irregular, Keira podia ver que ele tinha um queixo esculpido. Na verdade, se não fosse o cabelo, o qual precisava desesperadamente de um corte, e roupas desmazeladas, Shane seria bem bonito. Keira se sentiu culpada por pensar isso, especialmente porque as coisas com Zach estavam tão delicadas no momento, mas ela se lembrou do lema de Bryn: Não há nada errado em olhar.

“Você não se parece muito com um Joshua,” Shane disse enquanto apertava a mão dela.

“Oh, ninguém lhe contou?” Keira disse. “Houve um imprevisto, então vim no lugar dele. Desculpe.”

Shane deu-lhe um olhar atrevido. “Porque você esta se desculpando? Prefiro mil vezes passar trinta dias com uma moça bonita como você. Sem querer ofender o tal do Joshua, tenho certeza que ele é atraente o bastante, mas não parece ser o meu tipo. Sabe, por ser homem e tudo mais.”

Keira engoliu seco. Ela não esperava que um irlandês fosse tão direto. Mas lembrou-se de Zach e repetiu o mantra em sua mente que estava apenas olhando.

Enquanto Shane colocava um banco do lado dela, Orin colocou um Guinness na frente de cada um. Keira lamentou silenciosamente. Ela não conseguia lidar com tanto álcool!

Shane deu um grande gole em sua bebida e, então, esparramou alguns documentos em cima da bancada do bar.

“O Festival do Amor dura trinta dias,” ele explicou. “A maioria das atividades não começa até o período da noite, então preparei um itinerário de lugares que podemos visitar enquanto você estiver aqui, para que tenha uma melhor noção do país como um todo. Começaremos com Burren para os cenários serranos, depois as falésias de Moher para ver o oceano e, então, vamos para o próximo condado, Kerry, para a linda mansão antiga em Killarney, e depois adiante para Dingle.”

“Achei que você seria meu guia somente no festival,” Keira disse. “Não no país inteiro.”

“Você vai enlouquecer se não sair um pouco de Lisdoonvarna durante o dia,” Shaine explicou. “A imensa quantidade de grupo de pessoas indo e vindo, é um pouco demais.”

Keira riu em silêncio para ela mesma. Ela seriamente duvidava que Lisdoonvarna fosse tão agitado durante o festival como era a cidade de Nova York em um dia normal.

“Tem muita bebida,” continuou Shane. “Algumas das festas se estendem até a manhã do dia seguinte. Eu digo algumas, mas na verdade é a maioria.”

Keira pensou na despedida de solteiro barulhenta no voo e se perguntou se iria conseguir dormir durante o próximo mês.

“Isso parece ótimo,” ela disse, olhando para o itinerário. “Mas precisarei de algum tempo todos os dias para escrever. Não dá para ser só diversão e jogos.”

Shane sorriu maliciosamente para ela. “Você acabou de chegar e já está pensando em trabalho?”

“Sou obrigada,” explicou Keira. “Isso é muito importante para mim. Não quero estragar tudo.”

“E não estragar tudo equivale a não soltar o seu cabelo?”

Keira não estava no clima de ser desafiada sobre suas opções de vida. Ela teve mais do que o suficiente disso de Zach e sua mãe.

“Apenas significa reservar um tempo por dia para escrever,” ela contestou, soando um pouco irritada.

A expressão de Shane continuou com um tipo entretido de sorriso malicioso. Ele bebeu de uma só vez de sua caneca. “Você é um daqueles tipos sérios, não é?” ele disse espirituosamente. “Só trabalho e nenhuma diversão.”

Keira lhe lançou um olhar indiferente. “Não sei como você pode presumir que sabe algo sobre mim,” ela disse. “Você me conhece por cinco minutos.”

Shane continuou sorrindo. Ele não respondeu, como se o argumento já estivesse se resolvido.

Keira ficou nervosa. Ele era bonito, verdade, mas se continuasse assim iria deixa-la irritada. Ela não sabia se conseguiria lidar com provocações e bebida durante trinta dias, e não ter espaço para escrever.

Talvez essa tarefa fosse mais difícil do que ela esperava.

*

Keira finalmente conseguiu saiu do bar à meia-noite. Ela perdeu a conta do número de Guinnesses que Orin e Shane beberam, mas para a sorte dela eles tinham parado de persuadi-la a beber com eles. Mesmo assim, sua cabeça estava rodando quando subiu as escadas para o seu quarto.

Ela fechou a porta, mas a batida da música e a animação no andar de baixo não parou. Keira sentia-se preocupada, tensa. Ela verificou o celular, mas constatou que não havia nenhuma mensagem de Zach. Ele definitivamente já teria tido tempo de ler as mensagens. O que significava que ele estava lhe dando o tratamento silencioso. Que maduro, Keira pensou.

Pelo menos ela tinha recebido respostas de Nina e Bryn, junto com uma infinidade de perguntas. Ela enviou uma mensagem para Nina—que iria editar o artigo—para dizer que seu itinerário estava lotado e para ela não esperar qualquer trabalho por um tempo. Para Bryn, ela enviou uma mensagem fornecendo uma breve descrição dos traços físicos de Shane e alguns emojis de chama.

Todavia, ele é um saco. Um desses caras arrogantes que acha cativante zoar com a sua cara.

A resposta de Bryn chegou rapidamente. É cativante.

Keira riu e guardou o celular. A música no andar de baixo com certeza iria mantê-la acordada por algumas horas, então era melhor ficar um tempo no laptop. Ela o tirou da mala e começou a escrever um e-mail para Elliot com algumas de suas ideias iniciais para o artigo. Graças a todos os Guinnesses, ela foi capaz de adotar um tom ainda mais crítico do que tinha antecipado.

Se você já se perguntou qual o cheiro de décadas de pisoteio de Guinness estagnado em um carpete, então não precisa procurar além do St. Paddy’s Inn em Lisdoonvarna, Condado de Clare. Na forma de uma americana exótica, minha chegada aqui provocou uma onda de hospitalidade irlandesa sufocante. Digo sufocante, porque recusar as ofertas de quantidades abundantes de álcool simplesmente não era uma opção, daí o cheiro de Guinness estagnado já mencionado que impregna cada centímetro dessa espelunca escura e sombria. Na verdade, o lugar está tão saturado de Guinness, que os carpetes, cortinas e papeis de parede são pegajosos ao toque. Vamos apenas dizer que não me surpreenderia se a água do meu banho matinal (na suíte antiquada e apertada) fosse preta e espumosa.

Ela continuou no mesmo tom sarcástico. Mesmo sabendo que era cruel depreciar a pousada e as pessoas amigáveis que tinha conhecido, ela não conseguia evitar.

Ela terminou e clicou enviar. Elliot respondeu quase que imediatamente com um elogio.

Continue nesse ritmo Keira. Isso vale ouro!

Naquele momento, o celular de Keira tocou. Era Bryn. Keira suspirou, sabendo que não iria conseguir mais trabalhar naquela noite. Ela fechou o laptop e atendeu o telefone, subindo na cama enquanto atendia.

“E aí, beleza?” ela perguntou para sua irmã.

“Acabei de ter um fracasso de encontro,” explicou Bryn. “Então pensei em te ligar para saber detalhes desse guia turístico bonitão.”

Keira gargalhou. “Bem, ele tem muito cabelo. E o estilo dele é horrível. Mas seria bem agradável se melhorasse a aparência.”

“Eu acho que você deveria ir fundo,” Bryn disse.

Keira ofegou, surpresa com o pensamento avançado de Bryn, avançado até para ela. “E o Zach!” ela gargalhou

“O que tem ele?” Bryn respondeu com desdém.

Keira lamentou. “Ele é meu namorado,” ela recordou Bryn. “E mesmo que Shane cortasse o cabelo e trocasse todo o guarda-roupa, eu não conseguiria ficar mais do que cinco minutos com ele sem estrangulá-lo.”

Bryn gargalhou. “Isso vai dificultar um pouco as próximas semanas, não vai?”

“Isso e o fato de que meu quarto é em cima de um bar que aparentemente não tem hora para fechar, com uma banda de folk que toca vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.”

“Isso parece incrível,” refutou Bryn. “Jesus, Keira, você trabalha tanto que nem sequer consegue ver a situação emocionante em que está! Você acabou de me dizer que a festa nunca acaba com um gemido.”

“Você parece o Shane falando,” respondeu Keira. “Se eu não quero beber, dançar e casar, então não sou obrigada a nada disso!”

Ela e Bryn terminaram a conversa e Keira percebeu que apesar de todo o barulho vindo do andar de baixo, ela mal conseguia manter os olhos abertos. Então, ela se acomodou debaixo da colcha fina e apoiou a cabeça no travesseiro grumoso. Ainda não havia resposta de Zach a nenhuma de suas mensagens divertidas. Ela tentou ligar para ele, mas o telefone só tocou e tocou.

Ela conferiu o Instagram e viu fotos de Zach no casamento de Ruth. Ele estava lindo de terno, mas com uma expressão tão desolada. Ele ficou estranho parado ali sozinho e ela se sentiu culpada por não estar lá com ele. Talvez sua mãe tivesse um pouco de razão. Ir sozinho a casamentos era nitidamente muito constrangedor.

Quando pegou no sono, Keira começou a sonhar que estava no casamento com Zach. Só que não era o Zach, era Shane, com a barba feita e vestindo um terno atraente. Ele estava mais bonito do que ela havia previsto.

Keira acordou com um sobressalto. As coisas já estavam complicadas o bastante sem ela desenvolver uma paixonite pelo seu guia turístico!

Ela tirou todos os pensamentos de sua mente e, finalmente, caiu num sono profundo.

CAPÍTULO QUATRO

“Você dormiu bem?” perguntou Orin assim que Keira desceu as escadas no início da manhã seguinte, aparecendo no bar da pousada.

Ela esfregou os olhos cansados. “Sim, obrigada.” A mentira veio tão facilmente. Melhor fingir que adorou a cama bamba, colcha fina e travesseiros grumosos do que reclamar e Orin ficar irritado. Afinal de contas, ela poderia escrever sobre isso mais tarde e sentir um alívio catártico daquela forma.

“Sente-se e tome seu café da manhã,” disse Orin, guiando-a para uma mesa e colocando café na frente dela. O café foi rapidamente seguido por uma tigela de mingau aveia. Ele sentou no assento oposto. “Preparei no estilo irlandês. Espero que goste.”

Ele estava com um grande sorriso.

“O que é o estilo irlandês?” Keira murmurou desconfiadamente.

Ela tomou um gole do café e ficou surpresa do quanto estava delicioso. Seja lá qual for o estilo irlandês, era bom! Então, ela colocou uma colherada do mingau de aveia em sua boca e quase chorou de prazer. Ela nunca tinha experimentado nada tão cremoso, tão perfeitamente fantástico.

“Uau, o que faz isso ser tão gostoso?” disse Keira, enquanto saboreava outra colherada do mingau de aveia. “As vacas são alimentadas com grama orgânica e ordenhadas pelas mãos de donzelas?” ela brincou.

O sorriso de Orin cresceu. “Tem Baileys no café. E um borrifo de uísque no leite.”

Keira ficou chocada. “Bebida alcoólica às oito da manhã?” ela sussurrou. “Isso é uma boa ideia?”

Orin piscou para ela. “A melhor forma de começar o dia. Isso e uma rápida caminhada, a qual você vai fazer assim que eu te acompanhar até seu encontro com William Barry, o diretor do festival.”

Naquele momento, Keira percebeu que Orin já estava pronto para sair da pousada. Ele estava usando botas que chegavam até o meio da panturrilha, como se estivesse prevendo poças da água. Ou lama. De qualquer forma, Keira não estava a fim de perambular.

“Você não precisa fazer isso,” ela disse. “Tenho SatNav no carro, não vou me perder.”

Orin apontou para o café dela. “Este não é o motivo pelo qual estou fazendo isso.”

A parte cética da mente de Keira queria saber se Orin tinha deliberadamente embriagado ela para garantir que não recusasse sua oferta de uma caminhada. Mas ela sabia que aquele pensamento era um absurdo. Orin era apenas um senhor gentil, orgulhoso de sua cidade. Ele queria mostrar a cidade para a nova-iorquina cética.

“Fala sério”, Orin continuou. “Você está aqui para conhecer a verdadeira Irlanda! Para viver como uma local! Você não vai saber como são nossas vidas se você não fizer o que fazemos!”

Ele puxou seu braço alegremente, encorajando-a a ir junto com ele. Seu entusiasmo estava rapidamente se tornando adulador e Keira percebeu que literalmente não havia como recusar. Orin iria fazê-la caminhar com ele até o encontro, independente do que ela dissesse! Não havia como recusar.

Rendendo-se, ela bebeu o restante de seu café alcoólico, sentindo os efeitos assim que levantou. Então, ela e Orin deixaram a pousada escura e emergiram no sol brilhante da manhã. Embora o céu estivesse moderadamente cinza, Keira semicerrou os olhos com o brilho ofuscante.

“Mostre o caminho”, ela disse a Orin, ao mesmo tempo em que olhava para o único caminho, uma estrada sinuosa que serpenteava pela encosta. Ocasionalmente, havia alguns imóveis espalhados em ambos os lados, mas a estrada era em grande parte cercada por campos de vegetação exuberante cheios de ovelhas.

“É uma caminhada de três quilômetros até a prefeitura se continuarmos pela rua,” disse Orin. “Mas se cortarmos o caminho pelos campos, é metade da distância. É claro que o fazendeiro tem todo o direito de atirar na gente, visto que estaríamos traspassando, mas todos aqui se conhecem, então ficaremos bem.”

Keira engoliu seco. “Vamos pelo caminho panorâmico, ok?” ela disse.

“Se você assim deseja,” Orin disse indiferentemente, claramente sem nem sequer captar a preocupação dela.

Eles começaram a caminhar pela rua. Apesar de ser muito cedo, todos com quem eles cruzavam pareciam muito felizes e amigáveis. Quando chegaram à rua principal (se é que poderia ser chamada dessa forma), havia até uma pequena trupe de músicos tocando violino e acordeão, cantando canções populares antigas. As pessoas dançavam e cantavam juntas. Keira não conseguia acreditar no que estava vendo. Como um lugar poderia ser coletivamente tão feliz? Talvez ela tenha errado em julgar de forma tão severa e precipitada.

“Aqui estamos”, disse Orin quando chegaram ao destino.

Assim como todos os imóveis em Lisdoonvarna, este era pintado com cores brilhantes, um laranja vivo neste caso, contribuindo com as ruas de arco-íris. Uma placa acima da porta anunciava: Casa do Casamenteiro. A porta era coberta por imagens do cupido.

Keira ergueu uma sobrancelha para a decoração brega e seguiu Orin. Um cavalheiro idoso levantou-se da mesa e aproximou-se dela.

“William Barry,” ele disse, estendendo uma mão. “Você é a repórter americana.”

Keira apertou a mão dele. “Sou uma escritora sobre viagens, não uma repórter .”

“Então esse artigo não vai sair no New York Times?” perguntou William, franzindo o rosto.

Keira olhou de forma apelativa para Orin. William tinha tido a impressão de que ela trabalhava para alguma grande organização? E se Heather tivesse distorcido um pouco a verdade, visto que tinha organizado este evento, sabendo que Josh estaria disposto a mentir e persuadir para chegar em seu objetivo?

De repente, Orin caiu na gargalhada. Keira olhou para William. Ele estava se matando de rir.

“Você deveria ter visto a sua cara!” ele exclamou, com seu rosto tornando-se vermelho.

Keira não conseguiu ver a graça. Havia muito em jogo nessa primeira tarefa dela e brincadeiras não eram exatamente bem-vindas.

“Sente-se, sente-se,” William disse enquanto sua risada começava a diminuir.

Keira sentou-se, arrumando uma das cadeiras de madeira e sentando-se à mesa. Orin sentou-se ao lado dela. Logo que William se sentou, uma mulher de cabelo vermelho-vivo entrou segurando uma bandeja contendo um bule, xícaras e uma jarra de leite.

“Esta é minha secretária, Maeve,” disse William enquanto a mulher colocava a bandeja na mesa. “Obrigado querida.”

Ela saiu da sala, deixando William para servir as xícaras de chá. Não importava se Keira não gostava muito de chá, ela não conseguiu recusar e pegou a xícara de chá escaldante sem protestar.

William cruzou as mãos sobre a mesa. “Quero dizer que estamos muito animados em tê-la aqui Keira. Com a forma em que o mundo está mudando e todos esses sites de namoro na Internet, está cada vez mais difícil conseguir clientes. Espero que seu artigo acenda um novo interesse.”

Keira cobriu sua expressão culpada com a xícara de chá. Ela se sentiu mal sabendo que iria escrever um artigo tão mordaz. William e Orin pareciam ser pessoas doces e genuínas, e a estavam tratando com muita hospitalidade. Mas ela tinha uma tarefa, tinha instruções. Ela se convenceu de que criticar um festival bobo do outro lado do mundo em uma revista que nem sequer era importada pela Irlanda dificilmente iria prejudicar o negócio.

“Você conhece a história do festival?” continuou William.

“Eu pesquisei antes de vir,” disse Keira, afirmando com a cabeça.

Mas quando William começou seu monólogo sobre o festival, ela calou a boca. Claramente ela iria escutar a história toda, quer ela goste ou não.

“Era o negócio de meu pai. E de seu pai antes disso. Na verdade, os Barrys têm sido casamenteiros desde sempre. Antigamente, era para unir nobres que estavam vindo pela água com alguma linda jovem local. Irlandesas são consideradas muito férteis, sabe, e este era o principal atrativo de venda do casamenteiro.”

Keira mal conseguia disfarçar a expressão de repugnância em seu rosto. William não percebeu, todavia, e continuou com sua história.

“Geralmente acontecia logo após a colheita, quando as meninas estavam rechonchudas e com seios fartos. Um bom casamenteiro garantia que as meninas casassem e partissem antes do inverno chegar, visto que era provável elas terem pneumonia e morrerem durante o inverno.”

Keira cerrou os lábios para abafar um risinho. Ela não sabia distinguir o quanto do que William dizia era piada, mas tinha a leve impressão de que ele estava falando muito sério. Embora ela tivesse pesquisado, escutar a história da forma com que William descrevia era realmente divertido.

“É claro que os tempos mudaram. Diferentes tipos vieram para a cidade. Guerras reduziram o estoque de homens. A ameaça de fome fez com que as pessoas ficassem desesperadas para se casar jovens, e casassem com qualquer um. Foram tempos difíceis para o casamenteiro. Quando assumi o negócio, eu era pago principalmente por aprendizes agrícolas para uni-los com uma de minhas garotas locais.” Ele tocou em um livro. “Então, mantinha uma lista deles.”

“Isso é legal?” disse Keira, finalmente quebrando seu silêncio atônito. “Parece-me um pouco inapropriado.”

“Bobagem!” gargalhou William. “As garotas adoravam. Todas querem se casar. Mesmo que seja com um agricultor sem neurônios e terríveis hábitos de higiene.”

Keira apenas balançou a cabeça. Seu artigo estava sendo escrito sozinho!

Então, a porta abriu. Keira esperava ver a Maeve cabelo de fogo novamente, mas quando olhou por cima ombro viu Shane entrando na sala. Ela de repente sentiu um formigamento por todo o corpo e sentou direito, com as costas eretas, em sua cadeira.

“Bom dia,” disse Shane, sentando no canto.

William continuou. “Aqui está meu livro de casamentos.” Ele a entregou um livro enorme de capa dura de couro. “Bem, um deles. Faço isso há tantos anos que tenho uma bela coleção.”

Keira começou a folhear o livro, lendo todos os nomes dos casais felizes. Alguns incluíam fotos, outros tinham as datas dos casamentos. Havia cartões endereçados a William dos casais que ele tinha unido. Tudo parecia muito sentimentaloide. Keira, sempre calculista, começou a formular um parágrafo do artigo em sua mente.

“Sabe,” disse William, debruçando-se sobre a mesa na direção dela. “Eu poderia encontrar um par para você. Talvez um bom rapaz irlandês seja exatamente o que você precisa.”

Keira sentiu suas bochechas queimarem. “Eu tenho namorado,” ela disse. Talvez ela tenha imaginado, mas pelo canto do olho ela pensou ter visto Shane recuar. “Zach. Ele trabalha com computadores.”

“Você é feliz com esse homem?” perguntou William.

“Sim, muito,” respondeu Keira, repetindo a última parte.

William não pareceu convencido. Ele bateu no livro que Keira tinha colocado na mesa. “Faço isso há muito tempo. Sou um especialista no amor e consigo ver no olho das pessoas. Não tenho tanta certeza que esse homem seja o ideal para você.”

Keira sabia que ele não estava tentando ser grosseiro, mas seu ceticismo tocou na ferida, especialmente com ela e Zach brigando tanto ultimamente. Mas William também era ouro para o jornalismo e ela queria tirar o máximo possível dele.

“Não é ideal para mim em que sentido?” ela pressionou.

“Ele não te apoia da forma que você precisa. Vocês não estão mais crescendo juntos, não estão mais seguindo o mesmo caminho.”

Keira se arrepiou inteira. Isto era muito preciso.

“Você é um vidente e um casamenteiro?” ela disse espirituosamente. “Está escondendo um monte de cartas de tarô aí debaixo?”

William deu uma boa gargalhada. “Não, nada parecido. Mas desenvolvi uma intuição ao longo dos anos. Não havia brilho em seus olhos quando disse o nome dele. Nenhuma alegria em sua voz.”

“Acho que essa é apenas minha personalidade nova-iorquina cínica,” Keira disse.

“Talvez. Ou talvez seja porque você não o ame de verdade.”

Keira refletiu sobre aquela afirmação. Ela e Zach raramente diziam a palavra A. Na verdade, ela nem conseguia lembrar-se da última vez que disseram a palavra.

“Não acho que o amor tenha sempre que fazer parte destas coisas,” ela disse

“Mas porque perder tempo com alguém que você não ama quando você poderia estar procurando pela pessoa certa?”

Keira cruzou os braços. “Porque talvez não exista uma ‘pessoa certa’.”

“Você não acredita na Pessoa Certa?” pressionou William.

Keira balançou a cabeça. “Não.”

Essa admissão parece ter entusiasmado William. “Temos uma pessoa do contra,” ele exclamou com uma risada. “Isso significa que é nosso desafio mudar a sua opinião. Shane, rapaz?” Ele fez um gesto para o guia turístico se aproximar, e ele se aproximou. Quando ele estava de pé ao lado dele, William colocou um braço sobre seus ombros. “Você foi promovido,” ele brincou. “Você não vai apenas guiar esta jovem pelo festival, você a guiará em direção ao amor verdadeiro. Receio que será bastante difícil!”

Keira se encolheu desconfortavelmente em seu assento. Mas, apesar de seu desconforto em ser o centro da reunião estranha, ela sabia que iria reunir um material excelente para seu artigo, graças a esse senhor trêmulo e suas opiniões antiquadas sobre relacionamentos. Elliot iria adorar isso. E escrever, para Keira, seria um tanto terapêutico.

Ela apenas tinha que sobreviver seu primeiro dia com Shane e, então, seria capaz de se livrar de toda a bobagem digitando.

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Yaş sınırı:
16+
Litres'teki yayın tarihi:
09 eylül 2019
Hacim:
231 s. 3 illüstrasyon
ISBN:
9781094303611
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