Romancistas Essenciais - Franklin Távora

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— Abraça-me, minha mãe, abraça-me. Leva-me contigo que eu, sem ti, sou o ente mais desgraçado do mundo.



Mas, sentindo a pressão física e irrecusável dos braços que tinha por mortos, recuou para à pálida claridade do escasso luar, certificar-se da verdade.



— Não fujas, Luísa. Vem. Não estou morta. Ajuda-me, que me levantarei.



Não podia ser mentira dos seus ouvidos. Era a voz de Florinda, aquela voz branda e benévola que ela estava acostumada a escutar desde a infância como o eco de maternal providência.



— Minha mãe! Vive ainda, minha querida mãezinha? perguntara Luísa, chorando e sorrindo alternativamente, beijando como louca sem ordem nem moderação, aquele cadáver que se tornara vivente, aquela vida que ressuscitara no seio da natureza onde lhe parecera que se havia afundado para nunca mais voltar como se afundam as borboletas que as tempestades arrojam aos charcos e marnéis.



— Vê se podes levantar-me, Luisinha.



— Sim, saiamos já daqui antes que tornem os malfeitores. Eles não tardam por aí, creio eu. Vamos já minha mãe. Está me parecendo que dali, daquele mato traiçoeiro, um homem nos acomete, ou um tiro nos vem ferir.



Cambaleante e trôpega, Florinda dera o andar arrimando-se no ombro da filha.



— Que tens, Luisinha, que olhas tão horrorizada para aquela banda? Fez-te algum dano o assassino?



— Não, nada me fez. Mas eu tenho medo destes lugares. Nunca mais virei buscar água aqui.



— Conta-me tudo, Luisinha. Como te livraste do malfeitor? Quem era ele? Não o conheceste? Seria o Cabeleira?



— Não sei, minha mãe. Estava já tão escuro quando ele apareceu... Sei porém, que ele se compadeceu de mim.



— Estás dizendo a verdade, Luisinha?



— Sim, minha mãe, ele não me ofendeu. Dando mostras de estar arrependido, fugiu logo depois, e não voltou mais.



— Malvado! disse Florinda. Que pancada me deu ele! Põe a mão em minha fonte. Vê como fiquei. Virgem Santíssima! Não sei como não me saltaram os miolos. Mas... ampara-me bem, que uma nova perturbação me vem tirar os sentidos. Ampara-me, senão caio. Não posso andar mais.



— Temos de feito andado muito, minha mãe, e deve estar cansada.



Luísa, novamente aflita, volvendo os olhos em torno de si, viu, a poucas braças, uma sombra imóvel que brilhou aos seus olhos como um astro de proteção e conforto.



Estavam salvas. Era a casa de Liberato.




VIII



A casa de Liberato estava situada dentro do cercado que, beirando o rio em linha reta, de norte a sul, ia morrer na mata virgem, limite natural das terras pertencentes à engenhoca. Era fraca de construção, mas podia considerar-se uma verdadeira casa de campo por sua bonita aparência, pela vista que tinha para todos os lados, pelo alpendre circular e pelo meio peitoril de madeira que não contribuía pouco para sua rústica elegância.



A pequena distância tinham sido edificadas três casas menores e menos vistosas do que a primeira. Em uma destas morava o genro, e nas outras duas os filhos do crioulo. Nos fundos do cercado via-se outra casinha que na forma arremedava a casa-grande. Pertencia a Gabriel que, à sombra do irmão, aí vivia com sua mulher e filhos, na paz do Senhor.



Sem ter escravos nem dispor de grandes meios pecuniários, com o auxílio de Gabriel, Sebastião, Ricardo e Vicente, plantava canas, fazia roçados e vazantes e, no tempo próprio, fabricava açúcar e rapaduras, destilava aguardente, e desmanchava mandioca que lhe dava farinha para todo o ano.



Viviam em perfeito acordo aquele pai, aquele irmão, aqueles filhos, aquele genro, cada um com sua mulher e seus filhos, e todos dando os mais bonitos exemplos, que se conhecem, de união, auxilio mútuo, recíproco respeito e comum felicidade.



Na engenhoca ficaram todos ignorando o verdadeiro motivo da jornada à mata. Liberato, para maior segurança dos seus desígnios, havia recomendado aos companheiros o mais rigoroso segredo. E como tinham eles por costume caçar pacas e tatus uma vez por outra, quando fazia luar e o tempo estava enxuto, não houve quem duvidasse da palavra dos caçadores. Quando, porém, se soube do acontecido por boca de Luísa, e pelo vestígio da atrocidade que Florinda trazia na face, a qual bem estava dizendo donde havia procedido, a inquietação e o susto vieram tomar o lugar ao sono e ao repouso a que se achavam entregues os habitantes da engenhoca.



Raiou finalmente o dia longamente suspirado pelos que da meia-noite até o amanhecer não haviam tido olhos para dormir, mas para chorar.



O sol espargiu a luz suave sobre o sertão, e com ela despertou a natureza. Inspirando as aves, colorindo os campos, e permitindo ver no espelho sereno das águas do Tapacurá o belo céu que nele se refletia com seus esplêndidos matizes, essa luz vivificadora restituiu ao deserto o movimento e a vida que as trevas tinham ocultado debaixo de seu espesso véu.



Com a tornada do dia, ressurgiu em todos a confiança, só não em Luísa, que via próximo o termo da vida de sua mãe privada novamente do uso da fala por lhe haver voltado a congestão.



Chegou a hora do almoço, a do jantar, e finalmente escureceu de novo sem que os caçadores houvessem volvido a seus lares. Então a consternação tornou-se geral e verdadeiramente cruel.



As famílias reuniram-se todas na casa-grande para se protegerem em caso de perigo que logo tiveram por iminente.



Três dias se passaram nessa aflição que se não pode descrever mas que facilmente se imagina.



Rosalina pensou de uma vez em ir pedir socorro no povoado, mas a quem? O capitão-mor achava-se no Recife, e o povoado, que um século antes constava de uma. capela dedicada a Santo Antão, e de meia dúzia de casas, pouco mais era do que isto na época em que se passou esta história; precisava também de proteção.



De sua agonia a veio tirar um caboclo velho, que morava no caminho do povoado, em terras da engenhoca, e que era o estafeta do lugar. Vivia só em uma palhoça à beira da estrada. Chamava-se Matias mas era mais conhecido pela alcunha de Veado, a qual se originara de ser ele muito ágil e andador.



Matias, achando-se sem fumo para o cachimbo, dirigiu-se à casa-grande no pressuposto de encontrar aí o Liberato que uma vez por outra lhe dava do melhor que tinha alguns pedaços para seu gasto. Só então soube do que havia, e logo se ofereceu para ir dar com o crioulo a quem devia muitas obrigações e respeito. Havendo Rosalina aceitado o oferecimento, Matias voltou à choupana a buscar uma espingarda velha, e um minuto depois estava no rasto dos caçadores.



Antes de transpor os limites da fazenda, viu ele para as bandas do Monte das Tabocas um bando de urubus esvoaçando como costumam quando sentem carniça. Seria alguma rês morta o objeto da inspeção dessas aves? Talvez fosse. A seca estava fazendo no gado vítimas aos centos.



O Veado porém, naturalmente suspeitoso, acreditou logo que estava ali o cadáver do Liberato ou de alguns dos seus.



Para ir ter à grota sobre a qual se libravam os urubus, não era preciso entrar a mata, mas unicamente contorná-la pelo lado oposto ao rio. O terreno apresentava desse lado um vasto tabuleiro, e depois ia gradualmente alteando até a grota, que se interpunha entre o tabuleiro e a mata, formando um fosso natural que protegia o couto. Só quem tivesse grande coragem, e fosse perfeito conhecedor dos acidentes do solo, se animaria a arriscar o pé no profundo despenhadeiro.



Matias em pouco tempo atravessou toda a planície e chegou à borda do abismo. Cheiro de carnes putrefatas feriu-lhe logo o olfato agudíssimo que sentia, à distância, o quati, o veado, a anta, e até a cobra.



De cima nada pôde ver, porque do fundo do vale e das encostas da montanha se levantava uma vegetação secular cuja folhagem vasta e enredada parecia destinada a conservar perpetuamente oculta às vistas do homem a escusa região. O cheiro da carne corruta porém foi um indício, um raio de luz para o índio que, havendo tomado a peito descobrir a verdade, estava no propósito de não hesitar, para o conseguir, diante da perda da própria vida.



A seus pés mostrava-se um sulco deixado no terreno pelas águas que, descendo ao longo do estreito espinhaço, aqui se escoavam para o tabuleiro, ali para dentro do precipício. Por ele se encaminhou Matias, arrimando-se na espingarda, e com ela rompendo a custo os cipós que formavam diante de sua passagem uma rede quase inextricável.



Passou-se uma hora. O Sol chegou ao poente. Veio o lusco-fusco, e com ele aumentaram as tristezas, os medos e as agonias das mulheres recolhidas na casa-grande.



Rosalina, tendo posto todos os cães da banda de fora, e fechado todas as portas da casa, abriu o seu tosco oratório e convidou as outras ao terço tradicional, agora mais do que nunca necessário para fortalecer os espíritos abatidos.



Florinda estava expirando. Ao lado dela achava-se Luísa desfeita em lágrimas, e Aninha que ajudava a enferma a morrer. A porta do aposento inteiramente aberta deixava ver as outras mulheres de joelhos na sala, aos pés do oratório, cantando as rezas que constituem o terço, essa parte do culto externo que, depois de longamente usada em quase todo o norte, desapareceu das capitais, e já não tem no próprio interior das províncias a prática geral a que em grande parte se deve referir o adoçamento dos costumes dessas povoações antes de haverem sido dotadas com as escolas e com os institutos de educação que atualmente as disputam à ignorância com mais vigor e proveito.



De súbito o ladrar dos cães veio interromper o concerto das vozes femininas que enchiam o âmbito da sala, e iam repercutir no vasto pátio. O ladrar aumentou, e com ele tornou-se mais distinto, mais próximo, ao princípio um estrupido de passos, depois um ruído de vozes surdas do lado de fora da habitação.

 



Nesta a alegria e a aflição, a primeira quando se lhes afigurou que os caçadores chegavam, a segunda quando, em lugar destes, pensavam serem os malfeitores que as vinham assaltar, disputaram um instante em violenta porfia os espíritos das pobres mulheres naturalmente expostas, pelas suas circunstâncias especiais, a estas cruéis alternativas.



Depressa porém se dissiparam todas as dúvidas. Com fúria indômita, os cães deram mostras de querer despedaçar os visitantes. Semelhante indício foi uma prova evidente de que, não de casa, mas estranhos eram estes.



De repente ouviu-se uma voz que, ecoando no terreiro, veio ressoar dentro de casa.



— Aqui estou. Sou eu.



Era a voz de Matias.



Rosalina, ébria de violenta alegria, correu à porta para a abrir, mas logo sobresteve a este novo falar do caboclo:



— Não digo, não digo isto, ainda que me matem.



— Dize que abra a porta, se não te varo com esta faca, Veado do demo — disse Joaquim a meia voz.



— Não digo. — repetiu o caboclo.



E alteando a .voz, trêmula e como abafada, gritou com toda a força que pôde:



— Não abram, não abram. Eu trouxe os malvados enganados até aqui para poder avisá-la, sinhá Rosalina. Liberato, Ricardo, Sebastião e Vicente são com Deus. Fujam, se podem, que eu sei que morro.



— Ah! miserável, que a nós iludiste — vociferou Joaquim.



E com a faca atravessou incontinente o coração de Matias que, sem soltar um ai, caiu envolto em um turbilhão de sangue.



Não é sem grande constrangimento, leitor, que a minha pena, molhada em tinta, graças a Deus, e não em sangue, descreve cenas de estranho canibalismo como as que nesta história se lêem. Aperta-se-me naturalmente o coração sempre que me vejo obrigado a relatá-las. Entre os motivos da minha repugnância e da minha tristeza sobressai o seguinte: Eu vejo nestes horrores e desgraças a prova, infelizmente irrecusável, de que o ente por excelência, a criatura fadada, como nenhuma outra, para altíssimos fins, pode cair na abjeção mais profunda, se o afastam dos seus sumos destinos circunstâncias de tempo e lugar que, nada, ou muito pouco valendo por si mesmas, são de grande peso para a perturbação do equilíbrio moral do rei da criação, tal é a fragilidade da realeza, ou antes das realezas humanas. Mas desgraçadamente estas cenas não são geradas pela minha fantasia. São fatos acontecidos há pouco mais de um século. Se só alguns deles foram recolhidos pela história, quase todos pertencem à tradição que no-los legou

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, passado. Não estou imaginando, estou, sim, recordando; e recordar é instruir, e quase sempre moralizar. Com estas razões considero-me justificado aos teus olhos, leitor benévolo.



Gritos, queixumes, imprecações e prantos que nenhuma pena humana pode descrever, seguiram-se, de dentro da casa, às últimas palavras do Veado.



Teresa, mulher de Vicente, abraçou-se com Rosalina, menos madrasta do que mãe, e começou a carpir com ela a desgraça comum, dando mostras de ter enlouquecido. Não se demoraram a imitá-las nas demonstrações de dor e desespero Josefa, mulher de Ricardo, e Cândida, mulher de Sebastião.



Da sua angústia, para a qual será difícil encontrar paralelo na história das desgraças humanas, vieram tirá-las uma fortíssima pancada contra a porta, e estas formais palavras de Joaquim:



— Se não abrem por bem, hão de abrir por mal.



— Quando for tempo de tocar fogo na capuaba é só dizer, Joaquim, acrescentou Manuel Corisco.



— Querem queimar a casa, Rosalina, disse Cândida. Estamos perdidas, minha gente. Meu Deus, meu Deus, socorrei-nos.



Rosalina poderia ter vinte anos. Suas formas eram arredondadas, os cabelos crespos e negros, os olhos admiravelmente fendidos, a. boca impossível de descrever-se porque exprimia graça, volúpia soberba e desdém ao mesmo tempo. Era o tipo da mulata ardente, caprichosa, cheia de vivacidade e energia, tipo que está destinado a desaparecer dentre nós com o correr dos anos, mas que há de ser sempre objeto de tradições muito especiais no seio da sociedade brasileira, pelo muito que tem figurado no campo, na cidade e no lar.



— Sim, querem tocar fogo na casa para nos obrigarem a sair. Mas não sairemos, disse Rosalina com firmeza.



E acrescentou sem demora:



— Sair para onde? Os nossos maridos desapareceram para sempre dentre os nossos braços. Não temos mais quem olhe por nós neste mundo de amarguras e misérias. Somos cinco desgraçadas a quem a vida já não pode oferecer prazer nem sossego mas só desgostos e lágrimas. Não, Cândida, não sairemos daqui.



— Mas que faremos, Rosalina?



— Que faremos! Pois você ainda pergunta?



— Sim, porque os malvados estão aí, e é tempo de tomarmos a nossa resolução.



— Está tomada — respondeu Rosalina. Morreremos, e não nos entregaremos aos malvados.



— Meu Deus! meu Deus! exclamou Teresa.



— Não, não, Rosalina — acrescentou Josefa. Vamos ver se nos salvamos.



— Se nos salvamos!... disse a mulata com ironia e desdém. Não ouves os malfeitores baterem na porta?



— Mas então... balbuciou Teresa.



— Morreremos todas, Teresa, morreremos todas, mas com honra, ao pé deste oratório — gritou Rosalina com tal energia e decisão que nenhuma das outras se animou a proferir uma palavra sequer contra a sua sentença de morte.



Para dar o exemplo, a mulata caiu de joelhos diante do santuário, tendo no rosto a serenidade que faz belos e venerandos os mártires, os verdadeiros mártires.



Teresa foi a primeira que imitou sua madrasta, e as outras não se demoraram a acompanhar Teresa. Quem poderia resistir à heróica decisão de Rosalina inspirada no sentimento da honra, e na oração?



— Abrem, ou não abrem? perguntou nesse ínterim de fora Joaquim impaciente.



A resposta que a esta pergunta deram as mulheres foi o continuarem o terço alguns minutos antes interrompido, resposta que há de perdurar nas tradições populares, como um traço característico da firmeza e do valor das gentes do norte naqueles tempos de grandeza de ânimo que raro aparece hoje.



— Ah! estão rezando. Fogo, Manuel Corisco, fogo, Mulatinho, fogo, Trovão!



De repente um clarão afogueado inundou o terreiro, e indicou que a ordem do capitão do bando ia ser prontamente executada.



— Depressa, depressa — gritou Joaquim.



— Enquanto o diabo esfrega um olho, o mocambo fica torrado, e as caiporinhas são nossas — respondeu José Trovão, chegando a chama do seu facho a um montão de cangalhas, tripeças, gamelas e outros objetos encontrados no alpendre, e que ele havia apinhado de propósito, para servirem de combustíveis, ao pé das quatro janelas da casa.



Esta operação reproduziu-se na porta fronteira, nas portas e janelas laterais, no peitoril de madeira e nas toscas colunas que sustentavam de espaço a espaço o telheiro do alpendre.



Quando o espírito racional ultrapassa os limites que o separam dos instintos da fera; quando o homem deixa atrás de si, na sua marcha descendente, o animal cerval que bebe o sangue por natural fatalidade a que não pode resistir, não raro figura de protagonista de dramas que, como este, enlutam a história e envergonham a humanidade.



A porta principal tinha sido respeitada. Diante dela estendeu-se pelo chão, formando-se em semicírculo, o bando dos salteadores, os quais ao espetáculo das chamas que do peitoril passando às paredes e destas à coberta, envolveram em poucos momentos a casa e formaram uma só chama, uma fogueira única, gigantesca e medonha, só tinham infames graçolas e indecentes insultos para as vítimas. Sujos, maltrapilhos, nas mãos as facas nuas e os bacamartes sinistros, semelhavam, ao clarão da fogueira imensa, uma legião de demônios que só as crepitantes labaredas separavam dos anjos.



— Quando se resolverem a não morrer assadas na coivara, como lagartixas, abram a porta e saiam sem susto que não havemos de brigar — disse Joaquim.



O estalido da madeira, do barro, das telhas abafou em poucos momentos as vozes das mulheres.



— Que fazem, que não saem logo? perguntou o Mulatinho depois de alguns minutos de espera infrutífera.



— Venham para fora, raparigas — acrescentou o Trovão.



Ainda bem não tinha proferido estas palavras, quando a frente da casa vinha abaixo, atirando torrões abrasados contra as feras que, afrontando o pudor com expressões obscenas, assistiam, ébrios de ferocidade, à medonha representação.



— Parece-me que as caiporinhas se escaparam — disse Joaquim.



A esta voz todos os malfeitores correram à porta principal sobre cujos portais descansavam uns restos de caibros incendidos.



Descarregando então os coices dos bacamartes sobre a porta, fizeram-na em pedaços, e invadiram o estreito espaço aonde as chamas ainda não haviam chegado.



Ao mesmo tempo um grito, a que melhor se chamara o eco de uma angústia longamente recalcada e de súbito desprendida, dominando o estrondear do incêndio, veio ressoar no pátio.



— Minha mãe, minha mãe não morrerá no fogo!



Então viu-se uma cena horrivelmente bela. Lu�