Kitabı oku: «Atraídas », sayfa 4

Yazı tipi:

Riley levantou-se e ambos os casais se precipitaram na sua direção. Melanie Betts abraçou-se a Riley.

“Obrigada, obrigada, obrigada…” Não parava de dizer.

Os outros três juntaram-se à sua volta, sorrindo por entre as lágrimas e dizendo “obrigado” vezes sem conta.

Riley viu que Jake estava à parte no corredor. Logo que pode foi ao encontro dele.

“Jake!” Disse, dando-lhe um abraço. “Há quanto tempo!”

“Demasiado tempo,” Disse Jake com aquele sorriso de lado típico dele. “Vocês jovens nunca escrevem ou telefonam.”

Riley suspirou. Jake sempre a tratara como uma filha. E era bem verdade que ela não devia ter perdido o contacto com ele.

“Então, como tens passado?” Perguntou Riley.

“Tenho setenta e cinco anos,” Disse ele. “Tive que ser operado aos joelhos e à anca. Os meus olhos são fracos. Tenho um aparelho nos ouvidos e um pacemaker. E todos os meus amigos tirando tu já bateram a bota. Como achas que tenho passado?”

Riley sorriu. Tinha envelhecido muito desde a última vez que o vira. Mesmo assim, não parecia tão frágil como tentava aparentar. Tinha a certeza que era bem capaz de fazer o seu trabalho de antigamente caso fosse necessário.

“Bem, estou contente por teres conseguido dar o teu testemunho,” Disse Riley.

“Bem sabes que sou tão bem falante como aquele filho da mãe do Mullins.” Disse Jake.

“O teu depoimento ajudou imenso,” Disse Riley.

Jake encolheu os ombros. “Bem, gostava de o ter instigado mais. Adorava tê-lo visto perder as estribeiras à frente da comissão. Mas ele é frio e esperto. Talvez a prisão lhe tenha ensinado isso. De qualquer das formas, conseguimos uma boa decisão mesmo sem o fazer passar-se dos carretos. Talvez fique atrás das grades de vez.”

Durante alguns instantes Riley não disse nada. Jake olhou-a de forma curiosa.

“Há alguma coisa que eu não saiba?” Perguntou Jake.

“Temo que não seja assim tão simples,” Disse Riley. “Se o Mullins continuar a ter um bom comportamento na prisão, a libertação precoce poderá ser inevitável num outro ano. E nem eu, tu ou qualquer outra pessoa pode fazer o quer que seja para o impedir.”

“Meu Deus,” Disse Jake, parecendo tão zangado e amargo como no passado.

Riley sabia como é que ele se sentia. Era devastador imaginar Mullins em liberdade. A pequena vitória daquele dia parecia agora mais amarga do que doce.

“Bem, tenho que ir andando,” Disse Jake. “Foi bom voltar a ver-te.”

Foi com tristeza que Riley viu o seu antigo companheiro afastar-se. Ela compreendia porque é que ele não estava para alimentar sentimentos negativos. Não era a sua forma de estar. Riley fez questão de não se esquecer que tinha que entrar em contacto com ele em breve.

Riley também tentou ver o lado positivo do que tinha acabado de acontecer. Após quinze longos anos, os Bett e os Harter tinham-na finalmente perdoado. Mas Riley não ficou com a sensação de que merecia ser perdoada, não mais do que Larry Mullins.

Naquele preciso momento, Larry Mullins saía da sala algemado.

Ele virou-se para a enfrentar e sorriu abertamente, murmurando inaudivelmente as suas palavras malévolas.

“Até para o ano.”

CAPÍTULO SETE

Riley ia a caminho de casa no seu carro quando recebeu uma chamada de Bill. Colocou o telemóvel em alta voz.

“O que se passa?” Perguntou.

“Encontrámos outro corpo,” Disse Bill. “No Delaware.”

“Era Meara Keagan?” Perguntou Riley.

“Não. Ainda não identificámos a vítima. É uma situação muito semelhante à que aconteceu com as outras vítimas, mas muito pior.”

Riley anotou mentalmente uma série de factos relacionados com o caso. Meara Keagan ainda estava presa. O mais certo era o assassino manter cativas outras mulheres. Os homicídios continuariam, quantos é que ninguém podia saber.

A voz de Bill denotava muita agitação.

“Riley, este caso está a enlouquecer-me,” Disse. “Sei que não estou a pensar com clareza. A Lucy é fantástica, mas ainda está muito verde.”

Riley sabia bem demais como é que ele se estava a sentir. A ironia era evidente. Ali estava ela a dar o couro pelo caso Mullins. Entretanto, no Delaware, o Bill sentia como que se o seu fracasso passado tivesse custado a vida a uma terceira mulher.

Riley pensou de imediato em ir ter com Bill, apesar da viagem demorar pelo menos três horas.

“Já terminaste o que tinhas a fazer aí?” Perguntou Bill.

Riley tinha dito tanto a Bill como a Brent Meredith que naquele dia estaria no Maryland numa audiência de liberdade condicional.

“Sim,” Respondeu Riley.

“Ainda bem,” Disse Bill. “Mandei um helicóptero buscar-te.”

“Fizeste o quê?” Disse Riley exasperadamente.

“Há um aeroporto privado perto daí. Envio-te a localização. O helicóptero já deve lá estar. A bordo segue um cadete que te leva o carro.”

Sem dizer mais uma palavra, Bill desligou.

Riley conduziu silenciosamente durante alguns instantes. Ficara aliviada quando a audiência terminou. Queria estar em casa quando a filha regressasse da escola. Não houvera mais discussões no dia anterior, mas April não dissera grande coisa. Naquela manhã Riley tinha saído antes de April acordar.

Estivesse ou não pronta, já estava a trabalhar no novo caso. Teria que falar com April mais tarde.

Mas não teve que pensar muito mais para saber que estava certa. Deu meia volta e seguiu as indicações que Bill lhe enviara. A cura mais segura para o seu sentimento de fracasso, seria apanhar outro assassino e fazê-lo enfrentar a justiça – justiça verdadeira.

Chegara o momento.

*

Riley observou a rapariga morta no chão de madeira do coreto. A manhã estava luminosa e fresca. O coreto estava situado num mirante bem no centro da praça da cidade, cercado por árvores e relvados bem tratados.

A vítima era chocantemente semelhante às anteriores raparigas mortas nos meses precedentes. Estava deitada de barriga para cima e tão macilenta que parecia, sem exagero, estar mumificada. A roupa suja e rasgada que outrora lhe servira, apresentava-se agora grotescamente larga no seu corpo. Apresentava cicatrizes antigas e feridas mais recentes do que pareciam ser marcas de um chicote.

Parecia a Riley que teria cerca de dezassete anos, a idade das outras vítimas assassinadas.

Ou talvez não, Pensou.

Afinal, Meara Keagan tinha vinte e quatro. O assassino podia estar a alterar o seu Modus Operandi. Esta rapariga estava demasiado deteriorada para Riley conseguir determinar ao certo a sua idade.

Riley estava entre Bill e Lucy.

“Pareceu ter passado mais fome do que as outras duas,” Observou Bill. “Deve tê-la mantido cativa por muito mais tempo.”

As palavras de Bill denotavam uma profunda auto repreensão. Riley olhou para o parceiro. No seu rosto também era visível uma indizível amargura. Riley sabia em que é que Bill estava a pensar. Esta rapariga estaria de certeza viva e já prisioneira quando ele começara a investigar aquele caso e não descobrira nada. Bill sentia-se culpado pela sua morte.

Riley sabia que ele não se devia culpar. Mesmo assim, não sabia o que dizer para o fazer sentir-se melhor. Os seus próprios remorsos do caso Larry Mullins haviam-lhe deixado um sabor amargo na boca.

Riley virou-se para abarcar o lugar em que se encontravam. De onde estavam, a única estrutura completamente visível era o tribunal do outro lado da rua – um edifício de tijolo de grandes dimensões com uma torre de relógio. Redditch era uma encantadora e pequena cidade colonial. Riley não ficaria propriamente admirada se o corpo ali tivesse sido colocado a meio da noite sem que ninguém reparasse. A cidade já estaria a dormir há muito. A praça era delimitada por passeios pelo que, dessa forma, o assassino não deixara pegadas.

A polícia local tinha vedado a praça e mantinha os curiosos à distância. Mas Riley conseguia ver que alguns elementos da imprensa estavam reunidos junto às fitas amarelas que delimitavam o local onde o corpo havia sido encontrado.

Riley estava preocupada. Até àquele momento, a imprensa ainda não tinha feito a ligação entre os dois homicídios anteriores e o desaparecimento de Meara Keagan. Mas com este novo crime, o mais certo era alguém conseguir fazer essa ligação. O grande público saberia mais tarde ou mais cedo. E depois a investigação seria bem mais dificultosa.

Próximo deles estava o Chefe da polícia de Redditch, Aaron Pomeroy.

“Como e quando é que foi encontrado o corpo?” Perguntou-lhe Riley.

“Temos um varredor de rua que começa a trabalhar antes da alvorada. Foi ele que a encontrou.”

Pomeroy parecia estar muito abalado. Era um homem envelhecido e com excesso de peso. Riley pensou que mesmo numa pequena cidade como aquela, o mais provável era que um polícia da sua idade já tivesse lidado com um ou dois casos de homicídio. Mas talvez nunca tivesse lidado com nada tão perturbador.

A Agente Lucy Vargas ajoelhou-se junto ao cadáver e observou-o com atenção.

“O nosso assassino é alguém tremendamente confiante,” Disse Lucy.

“Como chegaste a essa conclusão?” Perguntou Riley.

“Bem, ele está a exibir os corpos,” Disse Lucy. “Metta Lunoe foi encontrada num campo aberto, Valerie Bruner ao lado de uma estrada. Apenas cerca de metade dos assassinos em série transportam as suas vítimas para fora dos locais onde o crime é perpetrado. Dos que o fazem, cerca de metade esconde-as. E a maior parte dos corpos que são deixados à vista são despejados. Este tipo de apresentação sugere que ele é bastante convencido.”

Riley ficou satisfeita pelo facto de Lucy ter estado atenta nas aulas. Mas sem saber bem porquê, julgava, por seu lado, que o objetivo deste assassino não estava minimamente relacionado com exibição de habilidades. Ele não estava a exibir-se ou a provocar as autoridades. O objetivo dele era outro e Riley ainda estava às cegas.

Contudo, tinha a certeza que estava relacionado com a forma como o corpo estava deitado. Era tão estranho como propositado. O braço esquerdo da rapariga estava esticado bem acima da cabeça. O braço direito também estava esticado mas colocado de um lado do corpo. Mesmo a cabeça, com o seu pescoço partido, tinha sido endireitada para ficar alinhada tão bem quanto possível com o resto do corpo.

Riley pensou nas fotos que vira das outras vítimas. Reparou que Lucy trazia consigo um tablet.

Pediu-lhe, “Lucy, podes mostrar-me as fotos dos outros cadáveres?”

Lucy demorou apenas alguns segundos a mostrá-las. Riley e Bill rodearam Lucy para ver as duas fotos.

Bill apontou e disse, “O corpo de Meta Lunoe estava exatamente como este. Braço esquerdo levantado, braço direito ao lado do corpo. O braço direito de Valerie Bruner estava levantado mas o braço esquerdo estava ao longo do corpo apontando para baixo.”

Riley abaixou-se, pegou no pulso do cadáver e tentou movê-lo. Todo o braço estava imóvel. O rigor mortis já se tinha instalado em pleno. Era necessário um médico-legista para determinar a hora exata da morte, embora Riley tivesse a certeza de que esta rapariga estava morta há pelo menos nove horas. E tal como as outras raparigas, tinha sido levada para aquele local pouco depois de ter sido morta.

Quanto mais Riley olhava, mais algo a incomodava. O assassino dera-se a tanto trabalho para dispor o corpo. Tinha carregado o corpo pela praça, subido seis degraus e tinha-o manipulado meticulosamente. Ainda assim, a sua posição final, parecia não fazer sentido.

O corpo não estava alinhado com nenhuma das paredes do mirante. Não estava alinhado com a abertura do mirante ou com o tribunal ou com o que quer que fosse que Riley estivesse a ver. Parecia estar colocado num ângulo casual.

Mas este tipo não faz nada de forma casual, Pensou.

Riley pressentiu que o assassino estava a tentar comunicar alguma coisa, mas não fazia a mínima ideia do que poderia ser.

“O que te parecem as poses?” Perguntou Riley a Lucy.

“Não sei,” Disse Lucy. “Não há muitos assassinos que disponham os corpos. É estranho.”

Ainda está mesmo muito verde, Fez questão de se recordar Riley.

Lucy parecia ainda não ter abarcado o facto de que eles eram precisamente chamados a resolver os casos mais estranhos. Era essa a sua rotina. Para agentes experientes como Riley e Bill, as coisas estranhas já se tinham há muito tornado parte da sua normalidade profissional.

Riley disse, “Lucy, vamos observar o mapa.”

Lucy mostrou o mapa onde era possível visionar os locais onde os outros dois corpos tinham sido encontrados.

“Os corpos foram colocados numa área bastante restrita,” Disse Lucy, apontando novamente. “Valerie Bruner foi encontrada a menos de dezasseis quilómetros do local onde Metta Lunoe foi descoberta. E esta está a menos de dezasseis quilómetros do local onde Valerie Bruner foi encontrada.”

Riley sabia que Lucy estava certa. No entanto, Meara Keagan tinha desaparecido a alguns quilómetros para norte em Westree.

“Alguém vê alguma ligação entre os locais?” Perguntou Riley a Bill e a Lucy.

“Nem por isso,” Disse Lucy. “O corpo de Metta Lunoe estava num campo à saída de Mowbray. O de Valerie Bruner na berma de uma autoestrada. E agora este está no meio de uma pequena cidade. Quase parece que o assassino está à procura de lugares que não têm nada em comum.”

Naquele preciso momento, Riley ouviu alguém a gritar no meio dos curiosos.

“Eu sei quem a matou! Eu sei quem a matou!”

Riley, Bill e Lucy viraram-se. Um homem jovem acenava e gritava para lá da fita amarela da área reservada às equipas de investigação.

“Eu sei quem a matou!” Gritou o homem novamente.

CAPÍTULO OITO

Riley olhou atentamente para o homem que gritava. Apercebeu-se que várias pessoas à sua volta faziam gestos de concordância com a cabeça.

“Eu sei quem a matou! Todos nós sabemos quem a matou!”

“O Josh tem razão,” Disse uma mulher que se encontrava ao seu lado. “Só pode ter sido o Dennis.”

“Ele é estranho,” Disse outro homem. “Aquele tipo foi sempre uma bomba relógio.”

Bill e Lucy apressaram-se para o local onde o homem gritava, mas Riley permaneceu imóvel. Chamou um dos polícias que se encontravam fora da zona restrita.

“Traga-mo cá,” Disse, apontando na direção do homem que gritava.

Riley sabia que era importante separá-lo do grupo. Se começassem a correr histórias, a verdade poderia tornar-se impossível de alcançar. Se é que havia alguma verdade no que aquelas pessoas diziam.

Para além disso, os jornalistas começavam a rodeá-lo. Não era plausível Riley interrogar o homem mesmo debaixo do nariz da imprensa.

O polícia ergueu a fita amarela e conduziu o homem para junto de Riley.

Não parava de gritar, “Todos sabemos quem a matou! Todos sabemos quem a matou!”

“Acalme-se,” Pediu-lhe Riley, levando-o pelo braço para um local onde pudessem falar tranquilamente sem serem ouvidos.

“Perguntem a qualquer pessoa sobe o Dennis,” Dizia o homem num grande estado de agitação. “É solitário. É estranho. Assusta as raparigas. Aborrece as mulheres.”

Riley pegou no seu bloco de notas. Bill fez o mesmo. Viu o intenso interesse no olhar de Bill. Mas também sabia que aquele depoimento devia ser encarado com muito cuidado. Mal sabiam o que quer que fosse. Para além disso, aquele homem estava tão agitado que Riley estava receosa do seu julgamento, Parecia ser tudo menos neutro.

“Qual é o seu nome completo?” Perguntou Riley.

“Dennis Vaughn,” Respondeu o homem.

“Continua a falar com ele,” Pediu Riley a Bill.

Bill acenou e continuou a tirar notas. Riley regressou ao mirante onde o chefe da polícia Aaron Pomeroy ainda se encontrava junto do corpo.

“Chefe Pomeroy, o que me pode dizer sobre Dennis Vaughn?”

Riley percebeu pela sua expressão que o nome lhe era mais do que familiar.

“O que quer saber a seu respeito?” Perguntou.

“Pensa que pode ser um provável suspeito?”

Pomeroy coçou a cabeça. “Agora que o refere, talvez. Pelo menos talvez seja alguém com quem valerá a pena falar.”

“Porquê?”

“Bem, temos tido imensos problemas com ele ao longo dos anos. Atentado ao pudor, comportamento obsceno, esse tipo de coisa. Há alguns anos atrás, espeitava pelas janelas e passou algum tempo no Centro Psiquiátrico de Delaware. No ano passado, ficou obcecado com uma cheerleader do secundário, escreveu-lhe cartas e perseguiu-a. A família da rapariga obteve uma ordem do tribunal, mas ele ignorou-a. Por esse motivo, esteve preso seis meses.”

“Quando é que foi libertado?” Perguntou Riley.

“Em Fevereiro.”

Riley estava a ficar cada vez mais interessada. Dennis Vaughn tinha saído da prisão pouco antes dos homicídios terem começado. Seria uma coincidência?

“As raparigas e mulheres da terra começam a queixar-se,” Disse Pomeroy. Os boatos dizem que anda a tirar-lhes fotos. Ainda não é o suficiente para o prendermos.”

“Que mais me pode dizer a seu respeito?” Perguntou Riley.

Pomeroy encolheu os ombros. “Bem, ele é uma espécie de vagabundo. Deve ter uns trinta anos e nunca se conseguiu aguentar num trabalho. Não liga nenhuma à família que tem na cidade – tias, tios, avós. Sei que ultimamente anda muito soturno. Culpa toda a cidade pelo facto de ter estado na prisão. Está sempre a dizer às pessoas, ‘um destes dias,’”

“Um destes dias o quê?” Perguntou Riley.

“Ninguém sabe. As pessoas começaram a chamar-lhe bomba relógio. Não sabem o que poderá fazer a seguir. Mas que saibamos, ele nunca foi verdadeiramente violento.”

A mente de Riley andava a mil, tentando chegar a alguma conclusão quanto àquela nova possível pista.

Entretanto, Bill e Lucy tinham terminado a conversa com o homem e caminhavam na direção de Riley e Pomeroy.

O rosto de Bill estava luminoso e confiante – uma súbita mudança face à sua recente disposição sombria.

“Dennis Vaughn só pode ser o nosso assassino,” Disse a Riley. “Tudo o que aquele homem nos contou se enquadra perfeitamente no perfil.”

Riley não disse nada. Parecia provável, mas não tiraria conclusões precipitadas.

Além disso, a certeza na voz de Bill deixou-a nervosa. Desde que ali chegara naquela manhã, sentia que Bill estava na corda bamba, prestes a resvalar nalgum tipo de comportamento errático. Era compreensível, dados os seus sentimentos pessoais quanto ao caso, sobretudo porque se considerava culpado de não o ter resolvido. Mas também se podia tornar num problema sério. Riley precisava do Bill sólido e equilibrado a que se habituara.

Virou-se para Pomeroy.

“Posso dizer-nos onde é que o podemos encontrar?”

“Claro,” Disse Pomeroy, apontando. “Vão sempre a direito na rua principal até chegarem a Brattleboro. Virem à esquerda e a casa dele é a terceira à direita.”

Riley pediu a Lucy, “Fica aqui à espera da equipa do médico-legista. Podem levar o corpo. Temos fotografias mais do que suficientes.”

Lucy assentiu.

Bill e Riley caminharam na direção da fita amarela onde os jornalistas esperavam por eles com câmaras e microfones apontados.

“O FBI tem algo a declarar?” Perguntou um deles.

“Ainda não,” Disse Riley.

Ela e Bill passaram debaixo da fita e abriram caminho entre os jornalistas e curiosos.

Outra jornalista gritou, “Este homicídio está de alguma forma relacionado com as mortes de Metta Lunoe e Valerie Bruner?”

“Ou com o desaparecimento de Meara Keagan?” Perguntou outra.

Riley irritou-se com aquelas perguntas. Não faltaria muito até que a notícia de que havia um assassino em série à solta no Delaware se espalhasse.

“Sem comentários,” Disse aos jornalistas. Depois acrescentou, “Se continuam a seguir-nos, prendo-vos por interferirem com uma investigação. Chamamos a isso, obstrução à justiça.”

Os jornalistas afastaram-se. Riley e Bill furaram a pequena multidão e continuaram o seu caminho. Riley sabia que não teriam muito tempo antes que outros jornalistas mais agressivos acorressem à cena. O mais certo era terem que lidar com muita atenção mediática.

A caminhada era curta até casa de Dennis Vaughn. Chegaram a Brattleboro depois de atravessarem três quarteirões e viraram à esquerda.

A casa de Vaughn era uma pequena ruína delapidada com um telhado de zinco muito degradado, tinta branca a descascar e com um alpendre fronteiro de aspeto desleixado. O relvado era um matagal de ervas daninhas e, estacionado na entrada, encontrava-se um Plymouth Valiant de aparência decrépita. Não havia dúvidas de que o veículo era suficientemente grande para transportar cadáveres.

Bill e Riley dirigiram-se ao alpendre e bateram à porta.

“Qué que querem?” Proferiu uma voz do interior da casa.

“Estamos a falar com Dennis Vaughn?” Perguntou Bill.

“Talvez. Porquê?”

Riley disse, “Somos do FBI e queremos falar consigo.”

A porta da frente abriu-se. Dennis Vaughn estava na soleira, renitente em deixá-los entrar. Vaughn era um jovem de aspeto desagradável, com excesso de peso e uma barba desgrenhada. A camisola interior rasgada e cheia de nódoas não conseguia esconder o excesso de pelos corporais.

“De que é que se trata?” Perguntou Vaughn com um tom de voz petulante e trémulo. “Estão aqui para me prender ou quê?”

“Só lhe queremos fazer algumas perguntas,” Disse Riley, mostrando o distintivo. “Podemos entrar?”

“Porque é que vos deixaria entrar?” Perguntou Vaughn.

“Porque é que nos deixaria entrar?” Perguntou Riley. “Não tem nada a esconder, pois não?”

“Também podemos regressar com um mandado,” Acrescentou Bill.

Vaughn abanou a cabeça e rosnou, deixando Bill e Riley entrar.

A casa era ainda mais decadente no seu interior. O papel de parede estava a descascar e havia tábuas de madeira partidas no soalho. Quase não havia mobília, só um par de cadeiras maltratadas e um sofá com o enchimento a saltar para fora. Pratos e tigelas estavam espalhados um pouco por todo o lado, alguns repletos de comida bolorenta. O ar estava repleto de odores desagradáveis.

O que mais chamou a atenção de Riley foram as inúmeras fotografias coladas ao acaso nas paredes. Todas elas de mulheres e raparigas em poses casuais insuspeitas.

Vaughn reparou no interesse de Riley pelas fotos.

“É o meu hobby,” Disse. “Tem algum mal?”

Riley não respondeu e Bill permaneceu calado. Riley duvidava de que houvesse algo ilegal nas fotos em si. Pareciam ter sido todas tiradas no exterior em locais públicos à luz do dia e nenhuma era propriamente indecente. Ainda assim, o mero ato de tirar fotografias a raparigas e mulheres sem o seu conhecimento ou consentimento, pareceu a Riley bastante assustador.

Vaughn sentou-se numa cadeira de madeira que chiava sob o seu peso.

“Estão aqui para me acusar de alguma coisa,” Disse. “Por isso, porque é que não se despacham?”

Riley sentou-se noutra cadeira raquítica à frente de Vaughn. Bill ficou ao lado de Riley.

“Pensa que estamos aqui para o acusar de quê?”

Tratava-se de uma técnica de interrogatório que lhe fora muito útil no passado. Por vezes, o melhor era não começar com perguntas diretas acerca de um caso. Por vezes, o melhor era deixar um potencial suspeito falar até se enterrar nas suas próprias palavras.

Vaughn encolheu os ombros.

“Uma coisa ou outra,” Disse. “Há sempre alguma coisa. As pessoas interpretam sempre tudo mal.”

“O que é que interpretam mal?” Perguntou Riley.

“Eu gosto de raparigas, ok?” Disse. “Que homem da minha idade não gosta? Porque é que as pessoas pensam que tudo o que faço é errado só porque sou eu a fazê-lo?”

Olhou à sua volta para as diferentes fotografias, como se à espera que dissessem algo para o defender. Riley esperou que ele continuasse a falar. Esperava que Bill fizesse o mesmo, mas a impaciência do seu parceiro era tensa e visível.

“Eu tento ser amigável com raparigas,” Disse. “Que culpa tenho eu se não me compreendem?”

A sua voz era lenta, talvez até um pouco fraca. E no entanto, Riley tinha a certeza de que ele não estava bêbado nem drogado. Talvez fosse mentalmente lento ou tivesse algum problema neurológico.

“Porque pensa que as pessoas o tratam de forma diferente?” Perguntou Riley, tentando soar compreensiva.

“Como posso saber?” Disse Vaughn, encolhendo novamente os ombros.

De repente, num tom de voz sombrio e quase inaudível, acrescentou…

“Um destes dias.”

“’Um destes dias’ o quê?” Perguntou Riley.

Mas Vaughn encolheu novamente os ombros. “Nada. Não quero dizer nada. Mas um destes dias. É só o que digo.”

Era um incentivo para Riley o facto da sua conversa se estar a tornar absurda. Tal geralmente ocorria antes de um suspeito se atraiçoar a si próprio.

Mas antes de Vaughn dizer mais uma palavra que fosse, Bill dirigiu-se a ele ameaçadoramente.

“O que é que sabe sobre os homicídios de Metta Lunoe e Valerie Bruner?”

“Não as conheço,” Respondeu Vaughn.

Bill debruçou-se ainda mais sobre Vaughn e trespassou-o com o seu olhar. Agora Riley estava a ficar preocupada. Queria poder dizer a Bill para parar com aquilo, mas interferir naquele momento, podia piorar tudo.

“E Meara Keagan?” Perguntou Bill.

“Também não a conheço.”

Agora Bill falava mais alto.

“Onde estava na última quinta-feira à noite?”

“Não sei.”

“Quer dizer que não estava em casa?”

Vaughn suava com o nervosismo. Os seus olhos estavam dilatados de medo.

“Talvez não estivesse. Não sei. Às vezes saio.”

“Onde vai?”

“Ando por aí. Gosto de sair da cidade. Odeio esta cidade. Gostava de poder viver noutro sítio.”

Bill cuspiu a sua próxima pergunta no rosto de Vaughn.

“E por onde é que andou na passada quinta-feira?”

“Não sei. Nem sei se andava por aí nessa noite.”

“Está a mentir,” Gritou Bill. “Estava a conduzir em Westree, não estava? Encontrou uma bela mulher por lá, não foi?”

Riley saltou do seu lugar. Bill estava claramente descontrolado. Tinha que o parar.

“Bill,” Disse calmamente, agarrando-o pelo ombro.

Bill afastou a sua mão. Empurrou Vaughn na cadeira. Já quase a partir, a cadeira acabou por se quebrar. Vaughn ficou caído no chão durante alguns instantes. Depois Bill agarrou-o pela camisola interior e empurrou-o contra uma parede.

“Bill, para com isso,” Gritou Riley.

Bill empurrava Vaughn contra a parede, Riley começou a temer que Bill sacasse a qualquer momento da arma.

“Prova-o!” Rosnou Bill.

Riley conseguiu, por fim, colocar-se entre Bill e Vaughn. Empurrou Bill com força.

“Chega!” Gritou. “Vamos embora!”

Bill olhava para ela com olhos cheios de raiva.

Riley virou-se para Vaughn e disse, “Peço desculpa. O meu parceiro pede desculpa. Vamos embora.”

Sem esperar que Vaughn proferisse uma palavra, Riley empurrou Bill na direção da porta e para o alpendre.

“Que raio se passa contigo?” Perguntou Riley.

“Que raio se passa contigo? Deixa-me voltar lá para dentro. Temo-lo na mão. Sei que sim. Vamos obrigá-lo a mostrar-nos a carta de condução, saber qual é o nome do meio.”

“Não,” Disse Riley. Não o vamos obrigar a fazer nada. Raios, Bill, podes perder o teu distintivo por agires dessa forma. Devias saber isso melhor do que ninguém.”

Bill parecia não acreditar no que estava a ouvir. “Porquê?” Exigiu saber. “Temo-lo na mão. Podemos obter uma confissão.”

Riley só tinha vontade de abanar Bill.

“Não sabemos isso. Talvez seja o nosso assassino, mas não me parece.”

“Porque não?”

“Em primeiro lugar, aquele carro que ele tem é facilmente reconhecido e lembrado.”

Bill pensou por um momento.

“Então usou um carro diferente.”

“Talvez, mas não me parece que seja suficientemente organizado para levar a cabo tantos homicídios sem ser descoberto.”

“Pode ser só fingimento.”

Riley começava a impacientar-se com a resistência de Bill.

“Bill, pensa na forma cuidadosa como estes corpos foram dispostos. Esticados de forma tão impecável. Braços colocados em posições tão exatas.”

“Ele podia ter feito isso.”

Riley já não aguentava mais. Bill estava a ser de uma teimosia atroz.

“Não me parece,” Disse Riley. “Pensa na casa dele. Nada está arrumado de forma impecável, nem as fotografias. Nada parece intencional. Absolutamente nada.”

“Exceto o facto de que pretende matar,” Disse Bill. Ainda estava zangado, mas Riley percebeu que se começava a acalmar.

“Bill,” Disse. “Algo move este assassino, alguma lógica que o leva a matar estas mulheres. Até agora não nos é possível discernir quais os seus motivos, mas é isso que quero descobrir.”

Nem Riley, nem Bill proferiram uma palavra durante o curto caminho de regresso. Quando avistaram a praça da cidade, Riley viu que o carro do médico-legista já havia chegado e o corpo estava a ser levado.

Riley ficou abalada. O interrogatório tinha sido um desastre e ela não fazia a mínima ideia se Dennis Vaughn era o seu suspeito ou não.

A preocupação de Riley agora roçava o pânico.

Se não posso contar com o Bill, com quem posso contar?

Ücretsiz ön izlemeyi tamamladınız.

₺103,42
Yaş sınırı:
16+
Litres'teki yayın tarihi:
10 ekim 2019
Hacim:
251 s. 3 illüstrasyon
ISBN:
9781640292017
İndirme biçimi:
Metin
Ortalama puan 3,4, 9 oylamaya göre
Metin
Ortalama puan 5, 1 oylamaya göre
Metin
Ortalama puan 5, 1 oylamaya göre
Metin
Ortalama puan 0, 0 oylamaya göre
Metin
Ortalama puan 2,5, 2 oylamaya göre
Metin
Ortalama puan 0, 0 oylamaya göre
Metin
Ortalama puan 3, 2 oylamaya göre
Metin
Ortalama puan 0, 0 oylamaya göre
Metin
Ortalama puan 4,5, 2 oylamaya göre
Metin
Ortalama puan 0, 0 oylamaya göre