Kitabı oku: «Razão Para Matar », sayfa 3

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CAPÍTULO SEIS

Do lado de fora, Avery olhou para o sol e respirou fundo.

A Church Street era muito movimentada, e muitos lugares tinham câmeras. Mesmo no meio da noite, ela não acreditava que era ali que Cindy havia sido raptada.

Onde você foi? Imaginou.

Uma busca rápida no celular mostrou o caminho mais rápido para a Winthrop Square. Ela seguiu na Church e virou à esquerda na Brattle. A Brattle Street era mais larga que a Church, com a mesma quantidade de lojas. Na rua, ela viu o Teatro Brattle. Um pequeno beco se situava em um dos lados do prédio, colado em um café. Árvores deixavam a área em sombras. Curiosa, Avery caminhou até a faixa estreita entre os prédios.

Ela voltou à Brattle e olhou cada uma das fachadas no raio de uma quadra nos dois lados da Church Street. Havia pelo menos duas lojas com câmeras no lado de fora.

Ela entrou em uma pequena tabacaria.

O sino na porta tocou.

- Posso ajudar? – Disse um hippie, branco e idoso, com dreadlocks no cabelo.

- Sim - disse Avery – Eu vi que você tem uma câmera ali fora. Até onde você acha que ela chega?

- Na quadra inteira - ele disse – nas duas direções. Tive que instalar há dois anos. Malditos universitários. Todo mundo acha que esses jovens de Harvard são especiais, mas são apenas um bando de imbecis como quaisquer outros. Durante anos eles quebraram minhas janelas. Essas pegadinhas de faculdade, sabe? Não comigo. Você sabe quanto custa uma janela dessa?

- Eu sinto por isso. Olha, eu não posso garantir - ela disse mostrando seu distintivo – mas algumas dessas crianças idiotas podem ter causado um distúrbio aqui na rua, mais pra frente. Não há câmeras lá. Eu poderia dar uma olhada? Eu sei o horário exato. Não vai demorar.

Ele franziu a testa e murmurou para si mesmo.

- Não sei. Eu tenho que cuidar da loja. Eu estou sozinho aqui.

- Eu vou fazer seu tempo valer a pena. – Ela sorriu. – O que acha de 50 mangos?

Sem falar nada, ele baixou a cabeça, saiu do balcão e mudou o sinal da porta de “aberto” para “fechado”.

- Cinquenta mangos? – ele disse. – Entre!

A parte de trás da loja era escura e bagunçada. Entre caixas e alguns objetos, o homem abriu espaço até uma televisão. Acima da televisão, em uma estante mais alta, havia uma série de equipamentos eletrônicos conectados à TV.

- Eu não ando usando muito - ele disse – apenas quando há algum problema. As fitas são apagadas toda semana, às segundas à noite. Quando foi seu incidente?

- Sábado à noite – respondeu Black.

- Certo. Então você está com sorte.

Ele ligou a TV.

A imagem em preto e branco era de fora da loja. Avery podia ver perfeitamente a entrada, assim como o outro lado da rua e boa parte da Brattle. A área que ela queria investigar, especificamente, estava a mais ou menos 50 metros. A imagem estava granulada, e era quase impossível ver alguma coisa na frente do beco.

Um pequeno mouse foi usado para ver as imagens antigas.

- Que horas você disse? – Ele perguntou.

- Quinze para as três - ela respondeu – mas eu preciso ver outros horários também. Você se importa se eu sentar aqui e olhar eu mesma? Você pode voltar para a loja.

Um olhar suspeito a fitou.

- Você vai roubar alguma coisa?

- Eu sou policial - ela disse. – Seria contra meus princípios.

- Então você não é como todos os policiais que eu conheço – ele riu.

Avery puxou uma pequena cadeira. Ela tirou a poeira e sentou-se. Analisou o equipamento rapidamente e logo aprendeu a colocar as imagens para frente e para trás.

Às quinze para as três, algumas poucas pessoas caminhavam nos dois sentidos da Brattle Street.

Às dez para as três, a rua parecia vazia.

Às oito para as três, alguém – uma garota pelo vestido e cabelo – apareceu no vídeo, na direção da Church. Ela caminhou pela Brattle e virou à esquerda. Assim que passou do café, uma imagem escura vinda das árvores apareceu junto à dela, e os dois desapareceram. Por um momento, Avery só conseguia ver o movimento indecifrável de várias sombras negras. Na continuação da cena, as árvores tomaram sua forma original. A garota nunca reapareceu.

- Merda! – Sussurrou.

Ela tirou um moderno walkie-talkie da parte de trás de seu cinto.

- Ramirez - disse – cadê você?

- Quem é? – respondeu uma voz crepitante.

- Você sabe quem é. Sua nova parceira.

- Ainda estou na Lederman. Quase terminando aqui. Eles acabaram de levar o corpo.

- Eu preciso de você aqui, agora. – Ela disse e o deu a localização. – Eu acho que sei onde Cindy Jenkins foi raptada.

* * *

Uma hora depois, Avery já tinha bloqueado os dois lados do beco com fita amarela. Na Brattle Street, um carro da polícia e uma van da perícia estavam estacionadas na calçada. Um oficial foi posicionado para afastar os curiosos.

O beco terminava em uma rua larga e escura, mais ou menos na metade da quadra. Em um lado da rua havia um prédio de uma imobiliária com fachada de vidro e uma doca de carregamento. No outro lado da rua havia um complexo de casas. Havia também um estacionamento com espaço para quatro carros. Outro carro de polícia, parado rente a mais uma faixa de fita amarela, estava ao fim do beco.

Avery estava parada em frente à doca.

- Ali - disse, apontando para uma câmera no alto. – Nós precisamos daquelas imagens. Provavelmente essa câmera é da imobiliária. Vamos até lá ver o que podemos encontrar.

Ramirez balançou a cabeça.

- Você está louca - disse – não deu pra ver nada naquela fita.

- Cindy Jenkins não tinha porque entrar nesse beco – disse Avery. – O namorado dela mora na direção contrária.

- Talvez ela queria dar uma caminhada. – Ramirez argumentou. – Só estou dizendo que estamos colocando muitos homens trabalhando aqui, e tudo que temos é um pressentimento.

- Não é só um pressentimento. Você viu a fita.

- Eu vi um monte de borrões pretos que não consegui identificar! – Ele argumentou. – Por que o assassino atacaria aqui? Tem câmeras em todos os lados. Só se ele fosse um idiota!

- Vamos descobrir – respondeu Black.

A imobiliária Top Real State era dona do prédio de vidro e da doca.

Após uma pequena discussão com a segurança no hall de entrada, Avery e Ramirez foram instruídos a esperar no sofá de couro até que alguém com mais autoridade chegasse. Dez minutos depois, o chefe da segurança e o presidente da empresa apareceram.

Avery abriu seu melhor sorriso e apertou suas mãos.

- Obrigada por virem – disse. – Nós gostaríamos de ter acesso à câmera que está bem acima da sua doca. Nós não podemos garantir – ela franziu a testa – mas acreditamos que uma garota, que agora está morta, foi raptada sábado à noite, provavelmente em frente à sua porta de trás. A não ser que encontremos algo, nós não vamos levar mais do que 20 minutos.

- E se vocês encontrarem? – perguntou o presidente.

- Nesse caso você terá feito a coisa certa em ajudar a polícia em algo tão importante e urgente. Um mandado pode nos tomar um dia inteiro. O corpo da garota está morto há dois dias. Ela não pode mais falar. Ela não pode nos ajudar. Mas você pode. Por favor, nos ajude. A cada segundo perdido nós ficamos mais longe da verdade.

O presidente assentiu e se virou para seu segurança.

- Davis – disse – mostre a eles. Dê tudo o que eles precisarem. Se houver algum problema – ele olhou para Avery – por favor me avise.

No caminho, Ramirez sussurrou:

- Que encantadora.

- Faço o que for preciso. – respondeu Avery, também com um sussurro.

O escritório de segurança da Top Real State era uma sala barulhenta, com mais de 20 televisões. O guarda sentou-se à frente de uma mesa preta e um teclado.

- OK - ele disse – Hora e local?

- Doca. Por volta de duas e cinquenta e dois, e depois adiante.

Ramirez balançou a cabeça.

- Nós não vamos encontrar nada.

As câmeras da imobiliária eram muito melhores do que a da tabacaria, além de serem coloridas. A maioria das telas tinha um tamanho parecido, mas uma em particular era maior. O segurança pôs a câmera da doca na tela grande e depois começou a retroceder a imagem.

- Aí – interrompeu Avery. – Pare!

A imagem foi paralisada às duas e cinquenta. A câmera mostrava uma vista panorâmica do estacionamento diretamente da doca, bem como o lado esquerdo, em direção ao sinal de Rua sem Saída e da próxima rua. Havia apenas uma vista parcial do beco em direção à Brattle. Apenas um carro estava parado no estacionamento: uma minivan que parecia ser azul-escura.

- Aquele carro não deveria estar ali – apontou o segurança.

- Você pode consultá-lo? – perguntou Avery.

- Sim, vou fazer isso – disse Ramirez.

Os três seguiram olhando. Por enquanto, o único movimento vinha dos carros na rua perpendicular e das árvores.

Às duas e cinquenta e três, duas pessoas apareceram na tela.

Devia ser um casal apaixonado.

Um era um pequeno homem, magro e baixo, com cabelo grosso, bigode e óculos. A outra era uma garota, mais alta, com cabelos longos. Ela vestia sandálias e um vestido claro de verão. Eles pareciam estar dançando. Ele segurava uma das mãos dela e a girava pela cintura.

- Cacete! – disse Ramirez – é Jenkins!

- Mesmo vestido – disse Avery – Sapato, cabelo.

- Ela estava dopada – ele falou. – Olhe só. Os pés estão se arrastando.

Eles assistiram ao assassino abrir a porta do carona e colocar a garota dentro do carro. Depois, ele caminhou para o lado do motorista, olhou diretamente para a câmera da doca, curvou-se como se estivesse no teatro, e chegou à porta do motorista.

- Merda! – Ramirez berrou. – Esse filho da puta está brincando com a gente!

- Quero todos trabalhando nisso – disse Avery. – Thompson e Jones ficam o tempo todo na vigilância a partir de agora. Thompson pode ficar no parque. Fale para ele sobre a minivan. Isso vai ajudá-lo nas buscas. Nós precisamos saber para que direção esse carro foi. Jones tem uma missão mais difícil. Ele precisa vir até aqui agora e seguir a van pelas imagens. Não quero saber como. Diga a ele para ir atrás de qualquer câmera que possa ajudar ele nisso.

Ela virou-se para Ramirez, que a olhava, chocado.

- Achamos nosso assassino.

CAPÍTULO SETE

O cansaço finalmente chegou para Avery às quinze para as sete da noite, no elevador que subia com direção ao segundo andar da estação de polícia. Toda a energia e ímpeto que havia chegado com as revelações daquela manhã culminaram em um dia produtivo, mas em uma noite de muitas perguntas sem resposta. Sua pele clara estava um pouco queimada pelo sol, seu cabelo bagunçado, a jaqueta que estava usando jogada em seus ombros. Sua camiseta, suja e amassada. Ramirez, por outro lado, parecia estar com mais forças do que pela manhã. Cabelo penteado para trás, roupa quase sem amasso, olhos afiados e apenas uma gota de suor na testa.

- Como você pode parecer tão inteiro? – Ela perguntou.

- São minhas raízes hispano-mexicanas – explicou orgulhoso. – Eu posso trabalhar vinte e quatro, vinte e oito horas e ainda assim manter esse brilho.

Um rápido olhar para Avery e ele lamentou:

- É, você está bem acabada.

Seus olhos se encheram de respeito.

- Mas você conseguiu.

O segundo andar não estava completamente cheio à noite, com a maioria dos oficiais em casa ou trabalhando nas ruas. As luzes da sala de conferências estavam acesas. Dylan Connelly estava lá dentro, obviamente irritado. Quando os viu, ele abriu a porta.

- Onde vocês estavam? – Esbravejou. – Eu disse que queria um relatório às cinco! São quase sete. Vocês desligaram os walkie-talkies. Os dois! – Ele apontou. – Eu poderia esperar isso de você, Black, mas não de você, Ramirez. Ninguém me ligou. Ninguém atendeu as ligações. O capitão também está puto, então não adianta chorar pra ele. Vocês têm ideia do que aconteceu por aqui? Que merda vocês estão pensando?

Ramirez levantou as mãos.

- Nós ligamos - disse – nós deixamos uma mensagem.

- Você ligou vinte minutos atrás – Dylan esbravejou. – Eu estou te ligando a cada meia hora desde as quatro e quarenta. Alguém morreu? Vocês estavam perseguindo o assassino? O Deus Todo Poderoso desceu do céu para ajudar vocês nesse caso? Porque essas são as únicas respostas aceitáveis para essa desobediência flagrante. Eu deveria tirar vocês dois desse caso agora mesmo!

Ele apontou para a sala de conferências.

- Entrem aí.

Ameaças raivosas não funcionavam com Avery. A fúria de Dylan era um barulho distante que ela poderia facilmente ignorar. Ela havia aprendido a fazer isso há muito tempo, ainda em Ohio, quando tinha que escutar seu pai gritando com sua mãe quase todas as noites. Naquele tempo, ela colocava as mãos nas orelhas com força, cantava e sonhava com o dia em que finalmente seria livre. Agora, ela tinha coisa mais importantes para prestar atenção.

O jornal da tarde estava sobre a mesa.

A foto de Avery estava na capa, em uma foto em que parecia que alguém havia apenas empurrado uma câmera em seu rosto. A manchete dizia: “Assassinato no Lederman Park. Advogada defensora de assassinos em série no caso!” Ao lado da foto de página inteira havia uma foto de Howard Randall, o velho e acabado assassino dos pesadelos de Avery com uma garrafa de Coca-Cola e um sorriso no rosto. A manchete sobre sua foto dizia: “Não acredite em ninguém. Advogados ou policiais”.

- Você viu isso? – Perguntou Connelly.

Ele pegou o jornal e virou para a contra capa.

- Você está na capa! Primeiro dia no Esquadrão de Homicídios e você está na capa dos jornais… outra vez. Você consegue ver o quão amador é isso? Não, não - ele disse ao ver a expressão de Ramirez – nem tente falar nada agora. Vocês dois foderam tudo. Eu não sei com quem vocês falaram hoje de manhã, mas vocês começaram uma avalanche! Como é que Harvard ficou sabendo da morte de Cindy Jenkins? Tem uma homenagem pra ela no site da Kappa Kappa Gamma!

- Um chute, quem sabe? – disse Avery.

- Vá se foder, Black! Você está fora do caso. Entendeu?

O capitão O’Malley entrou na sala.

- Espere! – Disse Ramirez. – Você não pode fazer isso. Você não sabe o que nós conseguimos!

- Não me importa o que vocês conseguiram - Dylan esbravejou. - Eu ainda não terminei. Essa merda fica pior. O Prefeito ligou uma hora atrás. Parece que ele costumava jogar golf com o pai da Jenkins, e ele quer saber porque uma ex-advogada de defesa, que livrou um assassino em série da prisão, está cuidando do caso de assassinato da filha de um amigo tão próximo.

- Acalme-se – O’Malley interviu.

Dylan caminhou pela sala, com o rosto vermelho e a boca aberta. Ao sinal do Capitão, que era menor e mais calmo, mas parecia pronto para explodir, ele tentou se acalmar.

- Por alguma razão - O’Malley disse com a voz branda – esse caso saiu do controle. Por isso, eu quero saber o que vocês fizeram o dia todo. Se estiver tudo bem por você, Dylan.

Connelly murmurou qualquer coisa e saiu.

O capitão assentiu para Avery.

- Explique-se.

- Eu não falei o nome da vítima para ninguém – disse Avery. – Mas eu falei com uma garota da Kappa Kappa, a melhor amiga de Cindy Jenkins, Rachel Strauss. Ela deve ter se dado conta. Eu sinto por isso. – Falou com um olhar realmente sentido para Dylan. – Esse tipo de conversa não é meu forte. Eu queria respostas e eu as consegui.

- Conte pra eles – intrometeu-se Ramirez.

Avery andou em volta da mesa de conferências.

- Nós temos um assassino em série nas mãos.

- Ah, fala sério! – lamentou Dylan. – Como ela pode dizer isso? Ela está no caso faz um dia. O que nós temos é uma garota morta. Não tem como.

- Você pode calar a boca? – berrou O’Malley.

Dylan mordeu os lábios e assentiu.

- Esse não é um assassinato comum – disse Avery. – Você mesmo me disse, Capitão, e você deve ter percebido também - continuou olhando para Dylan. – A vítima foi transformada para parecer viva. Nosso assassino a venerava. Sem feridas no corpo, sem entradas a força, então podemos eliminar gangues e violência doméstica. Os peritos confirmaram que ela foi drogada com um anestésico forte, provavelmente natural, que o assassino pode ter criado ele mesmo, com extrato de plantas que podem ter a paralisado instantaneamente e a matado devagar. Levando em conta que ele guarda essas plantas clandestinamente em um lugar fechado, ele precisa de luzes, comida e um sistema de irrigação. Eu fiz algumas ligações para descobrir como essas sementes são importadas, onde são vendidas, e como colocar as mãos nesse equipamento. Ele também queria que a vítima ficasse viva, pelo menos um pouco. Eu não sabia porque, até que nós o encontramos nas imagens de vigilância de uma câmera.

- Que? – murmurou O’Malley.

- Nós o encontramos – disse Ramirez. – Não se anime muito. As imagens são granuladas e difíceis de ver, mas todo o rapto pode ser visto de duas câmeras diferentes. Jenkins saiu da festa um pouco depois das duas e meia na madrugada de domingo para ir para a casa do namorado. Ele mora a mais ou menos cinco quadras do prédio das Kappa Kappa Gamma. Avery fez o mesmo caminho que ela imaginava que Jenkins havia feito. Ela encontrou um beco. Não sei o que deu nela pra fazer isso, mas com um pressentimento, ela foi checar a câmera de segurança em uma tabacaria próxima ao local.

- Você precisa de um mandado para isso. – interrompeu Dylan.

- Só se alguém pedir. – Avery respondeu. – E às vezes um sorriso amigo e uma conversa convincente podem ajudar muito. Aquela tabacaria sofreu com vandalismo mais ou menos dez vezes no último ano. Eles instalaram uma câmera do lado de fora recentemente. A loja fica no lado oposto ao beco, meia quadra antes, mas claramente é possível ver uma garota debaixo de algumas árvores, e eu achei que poderia ser Cindy Jenkins.

- Foi quando ela me ligou – Ramirez tomou a palavra. – Eu achei que ela estava louca. Sério. Eu vi o vídeo e eu não teria notado nada. Mas Black me fez ligar para os peritos e levar a equipe toda para lá. Você pode imaginar, eu fiquei puto. No entanto - ele falava com ânimo nos olhos – ela estava certa. Havia outra câmera em uma doca nos fundos do beco. Nós pedimos para a empresa para ver as imagens. Eles concordaram e, boom! – Ele abriu os braços – Um homem apareceu no beco segurando nossa vítima. O mesmo vestido. Os mesmos sapatos. Ele é minúsculo, menor que Cindy, e dançava. Na verdade, ele estava segurando ela e dançando. Aquele merda estava nos provocando. Ele colocou ela no banco da frente de uma minivan e dirigiu para o nada. O carro é um Chrysler, azul escuro.

- Rastrearam a placa?

- É falsa. Eu já rastreei. Devia ser uma placa de mentira. Estou fazendo uma lista de todas as minivans Chrysler daquela cor vendidas nos últimos cinco anos em um raio considerável. Vai demorar um pouco, mas talvez nós conseguiremos diminuir a lista com mais informações. Outra coisa, ele estava disfarçado. Mal dava pra ver a cara. Estava de bigode, talvez peruca, óculos. A única coisa que podemos ter certeza é a altura, entre 1,65 e 1,68m, e talvez a cor da pele: branca.

- Onde estão as fitas? – Perguntou O’Malley.

- Lá embaixo, com Sarah – respondeu Avery. – Ela disse que pode levar um tempo, mas ela vai tentar desenhar um retrato do assassino com base no que ela conseguir ver até amanhã. Assim que tivermos um retrato, podemos comparar com nossos suspeitos, colocar da base de dados e ver o que encontramos.

- Onde estão Jones e Thompson? – Perguntou Dylan.

- Espero que trabalhando ainda – disse Avery. – Thompson está no comando das buscas no parque. Jones está tentando descobrir para onde foi a minivan depois que saiu do beco.

- Até a hora que saímos – acrescentou Ramirez – Jones tinha encontrado pelo menos seis câmeras em um raio de dez quadras do beco que poderiam ajudar.

- Mesmo que ele perca o carro de vista – Avery disse – nós podemos pelo menos restringir a direção. Nas sabemos que ele foi para o norte do beco. Essa informação, junto com seja lá o que Thompson encontrar no parque, pode nos fazer determinar uma área e ir de casa em casa se for preciso.

- E os peritos? Encontraram algo? – O’Malley perguntou.

- No beco, nada. – Avery respondeu.

- Isso é tudo?

- Nós temos alguns suspeitos, também. Cindy estava em uma festa na noite do rapto. Um cara chamado George Fine estava lá. Parece que ele estava atrás de Cindy há anos: indo às mesmas aulas, aos mesmos eventos que ela. Ele beijou Cindy pela primeira vez e dançou com ela a noite toda.

- Você falou com ele?

- Ainda não – ela disse, e olhou para Dylan. – Eu queria sua aprovação antes de criar uma tempestade em Harvard.

- Que bom que você ainda tem algum senso de protocolo. – Dylan resmungou.

- Também tem o namorado - ela acrescentou para O’Malley. – Winston Graves. Cindy teoricamente iria para a casa dele naquela noite. Mas nunca apareceu.

- Então temos dois suspeitos em potencial, imagens do caso, e um carro para encontrar. Estou impressionado. E sobre o motivo? Você já pensou em algo?

Avery desviou o olhar.

As imagens que ela viu, bem como a maneira com que a vítima havia sido manipulada e colocada no parque, tudo apontava para um homem que amava o que fazia. Ele já tinha feito aquilo antes, e faria novamente. Algum tipo de força maior devia tê-lo motivado, porque ele teve pouco cuidado com a polícia. Aquela cena no beco, diretamente para a câmera, também dizia muito. Aquilo demandava coragem, ou estupidez, e nada no rapto ou na colocação do corpo no parque apontavam para algo impensado.

- Ele está jogando conosco – ela disse. – Ele gosta de fazer o que faz, e quer fazer novamente. Eu diria que ele tem algum tipo de plano. Isso ainda não acabou.

Dylan bufou e balançou a cabeça.

- Ridículo.

- Tudo bem – disse O’Malley. – Avery, você está liberada para falar com os suspeitos amanhã. Dylan, entre em contato com Harvard e os deixe a par da situação. Eu vou ligar para o comandante hoje à noite e avisá-lo do que nós já temos. Eu acho que também devemos te dar um mandado de acesso às câmeras. Vamos manter Thompson e Jones nas tarefas deles. Dan, eu sei que você trabalhou o dia todo. Só mais uma coisa e você pode ir embora. Consiga o endereço dos dois garotos de Harvard se você ainda não tem. Passe por lá no caminho pra casa. Certifique-se de que eles não vão fugir. Não quero ninguém escapando.

- Eu posso fazer isso – disse Ramirez.

- Ok - aprovou O’Malley. – Vá. Excelente trabalho de vocês dois. Vocês devem ter orgulho disso. Avery e Dylan, fiquem aqui mais um pouco.

Ramirez olhou para Avery.

- Você quer que eu te busque amanhã de manhã? Às 8? Vamos sair juntos?

- Claro.

- Eu vou me manter em contato com Sarah sobre o retrato. Talvez ela tenha algo.

Ver um parceiro querendo ajudar, por livre e espontânea vontade, era algo novo para Avery. Todos os seus outros parceiros desde que ela havia entrado na polícia tinham tido vontade deixá-la morta em uma vala, se possível.

- Parece ótimo – ela disse.

Assim que Ramirez saiu, O’Malley fez Dylan sentar-se em um lado da mesa de conferências, e Avery no outro.

- Escutem, vocês dois - disse com voz firme. – O comandante me ligou hoje, querendo saber o que eu estava pensando, colocando uma ex-advogada de defesa criminal conhecida e acabada neste caso. Avery, eu disse a ele que você era a oficial certa para este trabalho e mantive minha decisão. Seu trabalho hoje prova que eu estava certo. Mas são quase sete e meia e eu ainda estou aqui. Eu tenho uma esposa e três filhos esperando por mim em casa e eu quero muito ir para casa vê-los e esquecer desse lugar horrível por um tempo. Claro, nenhum de vocês têm essa preocupação, então talvez vocês não entendam o que eu estou dizendo.

Ela o olhava de volta, pensando.

Vamos logo. Pare de me encher com suas besteiras.

Um silêncio tenso tomou conta da sala.

- Dylan, comece a agir como um supervisor. Não me ligue a cada detalhezinho. Aprenda a cuidar do seu pessoal sozinho. E você - ele disse a Avery – é melhor parar com esse jeito idiota e com as atitudes de quem não está nem aí e começar a agir como se você se importasse, porque eu sei que você se importa. – Ele olhou para ela por um bom tempo. – Eu e Dylan ficamos te esperando por horas. Você quer desligar o rádio? Não atender o telefone? Isso te ajuda a pensar? Bom pra você. Faça isso. Mas quando seu superior liga, você tem que retornar. A próxima vez que isso acontecer, você está fora do caso. Entendido?

Avery assentiu, humildemente.

- Entendido.

- Entendido. – Dylan repetiu.

- Que bom – O’Malley respondeu.

Ele levantou-se e sorriu.

- Agora… Eu tinha que ter feito isso antes, mas não há hora melhor para apresentações. Avery Black, eu gostaria de te apresentar Dylan Connelly, pai divorciado de duas crianças. A esposa o deixou dois anos atrás porque ele nunca voltava para casa e bebia muito. Agora eles moram em Maine e ele nunca vê os filhos, então ele está sempre estressado.

Dylan endureceu-se e se preparou para falar, mas não disse nada.

- E Dylan… Apresento Avery Black, ex-advogada de defesa criminal que se fodeu ao libertar um dos piores assassinos do mundo nas ruas de Boston, um homem que voltou a matar e destruiu a vida dela. Ela perdeu um marido multimilionário e tem uma filha que quase não fala com ela. E, assim como você, ela geralmente desconta as mágoas no trabalho e no álcool. Você vê? Vocês têm mais em comum do que você pensava.

Ele voltou a ficar sério.

- Não me envergonhem de novo, ou os dois estão fora do caso.

Yaş sınırı:
16+
Litres'teki yayın tarihi:
10 ekim 2019
Hacim:
231 s. 2 illüstrasyon
ISBN:
9781632919564
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