Kitabı oku: «Razão Para Matar », sayfa 8

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CAPÍTULO DEZESSETE

Às sete e meia da manhã seguinte, Avery estava sentada em seu carro a meia quadra da casa de Constance e Donald Prince.

Eles moravam em Somerville, a nordeste de Cambridge, em uma pequena casa amarela com rodapé branco em uma rua tranquila do subúrbio. Uma cerca branca de madeira rodeava a propriedade. Havia duas sacadas: uma no primeiro andar e outra no segundo, onde cadeiras e uma mesa haviam sido colocadas para cafés da manhã em dias ensolarados.

A cena parecia de cinema: árvores nas calçadas, o sol raiando e pássaros cantando no céu.

Gritos eram tudo o que Avery conseguia lembrar, os gritos sem fim da única vez em que ela havia visitado os Prince, além de lágrimas e pratos jogados contra a parede enquanto os dois tentavam desesperadamente expulsá-la.

Constance e Donald Prince eram os pais de Jenna Prince, a última aluna de Harvard assassinada pelo professor Howard Randall, quase quatro anos antes. O assassinato havia acontecido apenas algumas semanas depois de que a advogada de defesa estrela Avery Black havia feito o impossível e inocentado o Professor Randall do assassinato de dois outros alunos de Harvard, apesar de circunstâncias claras apontarem contra ele.

Aqueles poucos dias entre a vitória de Avery no tribunal e a morte de Jenna Prince ressoavam na mente de Black. Com o veredito do júri, havia iniciado a celebração. Ela passou noites e noites comprando garrafas de vinho caras e dividindo a cama com muitos homens desconhecidos. Uma noite, em particular, ela havia até ligado para o ex para perguntar se ele queria retomar a relação. Ela nem sequer esperou pela resposta. Avery havia apenas rido após sua pergunta e prometido que nunca ficaria com um perdedor de novo. A culpa que ela sentia daquele momento continuava a machucar mesmo agora, anos depois.

Sua vitória havia durado pouco.

Ela soube da verdade pelos jornais poucos dias depois: “Inocentado Assassino de Harvard ataca novamente”. Como suas vítimas anteriores, muitas partes do corpo de Jenna Prince haviam sido cuidadosamente reconfigurados em pontos de referência de Harvard. Mas diferentes dos outros assassinatos, desta vez, Howard Randall havia seguido adiante imediatamente. Ele apareceu em Harvard tão logo o corpo foi encontrado, com as mãos para cima e coberto de sangue. “Essa é pra você, Avery Black”, dissera aos repórteres. “Isto é pela sua liberdade.”

E a crença dela de que ele era uma pessoa decente e honrável? De que ela havia finalmente feito o bem e libertado um inocente?

Tudo havia acabado.

Tudo o que ela acreditava estava destruído. Seu marido sempre soube a verdade sobre o excesso de confiança e ego dela. Mas sua filha? Havia sido uma revelação chocante. “Foi tudo por dinheiro?” Rose havia pensado. “Você inocentou um assassino em série. Quanto outros assassinos você inocentou para poder comprar esses sapatos?”

Avery olhou para o interior de sua BMW.

O couro estava velho e desbotado. O painel negro havia sido removido e trocado por seu rádio e scanner da polícia, além de um computador para quando ela estava em emboscadas policiais. O carro, comprado no auge de sua fama e arrogância, agora servia como uma memória de seu passado indulgente e como um testamento para seu futuro.

- Você não morreu em vão - ela prometeu pela memória de Jenna Prince. – Eu prometo.

A caminhada até a casa pareceu interminável. O barulho de seus sapatos no cimento, pássaros, carros distantes e todos os sons a fizeram mais consciente de si mesma e do que ela pretendia fazer. “Eu te odeio,” Constance havia dito todos aqueles anos antes. “Você já matou nossa filha. O que mais você quer? Perdão? Quem pode perdoar alguém tão doente e depravada como você?”

Avery seguiu caminhando.

Uma ligação teria sido inapropriada, mais até do que uma visita inesperada. Eles precisavam ver a cara dela, seu desespero. E ela precisava vê-los.

Ela tocou a campainha.

Uma voz feminina de meia idade gritou:

- Quem é?

Os passos chegaram mais perto.

A porta se abriu.

Constance Prince era branca, com um bronzeado artificial e cabelos cortados e loiros descoloridos. Ainda que ela quase nunca saísse de casa, a não ser para pequenas voltas com as amigas, ela estava muito maquiada: blush, delineador e batom vermelho. Tinha rugas nos olhos e na boca. Estava vestindo um suéter leve e calças vermelhas. No pulso, pulseiras de ouro, além de brincos, também com fios de ouro, nas duas orelhas.

Alguns piscares de olhos e ela parecia focar em Avery. A postura de boas-vindas rapidamente foi embora. Ela respirou fundo e deu um passo atrás, assustada.

Outra voz foi ouvida.

- Quem é, amor?

Sem uma palavra sequer, Constance tentou fechar a porta.

- Por favor - Avery disse. – eu só preciso pedir um favor. Vou embora antes de você perceber.

Uma parte do rosto de Constance podia ser visto entre a porta e a parede. Com a cabeça baixa, ela ficou parada por um momento.

- Por favor - Avery implorou. – Eu preciso de algo, mas eu não posso fazer isso sem a aprovação de vocês.

- O que você quer? – Constance murmurou.

Avery olhou para a varanda e para a rua antes de se virar novamente para a porta.

- Você leu os jornais?

- Sim.

- Tem outro assassino à solta. Ele se parece muito com o outro - Avery disse sem mencionar Howard Randall, - esperto e difícil de pegar. Outro corpo foi encontrado hoje. São dois até agora, mas pode ser que ele faça isso em trios, o que significa que outro corpo não está longe de aparecer. Eu sou policial, agora. - ela acrescentou. – Aquela vida, quem eu era lá atrás, não tem nada a ver com quem eu sou agora. Estou tentando me redimir. Estou tentando ser diferente.

A porta se abriu.

Donald Prince havia tomado o lugar de sua mulher. Mais velho, muito gordo e fora de forma, ele tinha cabelo grisalho e curto, pele avermelhada e um olhar que falava por sua surpresa e fúria. Ele vestia uma camiseta suja, shorts e chinelos verdes. Usava uma luva suja em uma das mãos.

- Que porra você quer? – ele disse. – Por que você está aqui? – Ele olhou para a rua. – Você não é bem-vinda nessa casa. Você ainda não fez mal o suficiente para nossa família?

- Eu vim para pedir sua permissão - ela disse.

- Permissão? – ele disse e quase riu. – Você não precisa da nossa permissão para nada. Nós queremos você fora das nossas vidas! Você matou nossa filha. Você não entende isso?

- Eu não matei sua filha.

Os olhos dele se arregalaram.

- Você acha que isso resolve o que você fez?

- O que eu fiz foi errado - ela disse, - e eu tenho que viver com isso, todo dia. Eu sou diferente agora. Sou policial. Eu tento pegar esses caras, não os inocentar.

- Bom, bom pra você. – Ele assentiu com raiva. – Mas isso é muito pouco e muito tarde para nós, não acha?

Ele tentou fechar a porta.

- Espere - Avery disse.

Ela colocou uma mão na madeira pintada.

- Existe um novo assassino. Igual a Howard Randall. Aqui no seu quintal. Ele vai matar de novo. Eu tenho certeza. E vai ser logo. Minhas pistas estão fracas. Eu preciso de um novo ponto de vista. Eu preciso visitar Howard, ver se ele pode ajudar. Eu quero sua permissão.

Uma risada veio de dentro.

A porta abriu.

Donald se inclinou para trás, impenetrável.

- Você quer minha permissão? Para falar com o assassino da minha filha, para poder parar outro assassino?

- Isso mesmo.

- Claro - ele disse com um sorriso falso. – Boa sorte.

Seu rosto não mostrou nenhuma simpatia, e um olhar sinistro e mortal penetrou Avery.

- Eu não me importo com quem você é agora. Entendeu? Você vem até a minha casa de novo? Fala com minha esposa? – Seus olhos mostravam violência. Sua voz se tornou um sussurro. – Eu vou te matar - ele prometeu, – e isso sim vai ser justiça. Justiça de verdade.

CAPÍTULO DEZOITO

A prisão de South Bay era um complexo gigante e marrom, que tomava mais de seis quadras no extremo sul de Boston. A fortaleza tinha forma de triângulo, com algumas poucas janelas e quase nenhuma entrada. Muitos prédios pequenos, muros altos e incontáveis portões ao redor da propriedade faziam da entrada um enigma para um visitante comum.

Avery havia estado em South Bay algumas vezes antes, tanto como advogada quanto como policial. Ainda que para ela fosse fácil transitar pela Massachusetts Avenue e pelas ruas laterais que eram o caminho para estacionar na Bradson Street e ter acesso ao prédio principal, o processo sempre era demorado e complicado.

Visitantes normalmente precisavam de uma permissão por escrito já no dia anterior para entrar. Se não houvesse nenhum aviso antecipado da visita, eles geralmente eram mandados embora por razões de segurança, independente do nome, cargo ou razão para estar lá. O fato de Avery ser policial não significava muito para os administradores de South Bay. Prisões eram como ilhas privadas, com suas próprias regras, onde os funcionários só deviam satisfação ao administrador e ao diretor.

Avery, no entanto, não era uma visitante comum.

Uma pseudo-celebridade em South Bay, ela era conhecida por quase todos os funcionários. O julgamento que absolveu Howard Randall de assassinato havia sido televisionado. O que também havia sido televisionado fora sua rendição sangrenta dias depois. Nos dois episódios, o rosto de Black fora exposto em todos os lados, e até seu desaparecimento e ressurgimento na Polícia de Boston, seu nome havia se tornado sinônimo de advogados corruptos e necessidade de uma profunda reavaliação no sistema judiciário.

No detector de metais, um guarda disse:

- Ei, senhora Black! Veja só, Joey! Olha quem está aqui! Avery Black voltou.

- E aí, senhora Black?

Avery acenou.

- Olá, rapazes.

Ela colocou suas coisas na mesa e foi até o scanner.

Outro guarda falou:

- A que devemos a honra, senhora Black?

- Eu vim ver Howard Randall.

- Uou! – Muitos guardas disseram em coro.

- Queria ser uma mosca naquela sala - alguém disse. – Cuidado, Black. Randall foi transferido para o Bloco B dois meses atrás. Ele cortou um preso em pedaços. Foi feio. O velho ainda está ativo!

Após o detector de metais, ela foi revistado e seguiu para a sala de visitantes.

- Nome? – disse uma mulher gordinha e sisuda dentro de uma sala fechada.

- Avery Black. Esquadrão de Homicídios da Polícia de Boston.

- Você não está na lista, Black. Vai ter que voltar outra hora.

Um guarda que estava passando entrou na conversa.

- Não, não - ele disse, - deixe ela passar. Você sabe quem ela é? Avery Black. Inocentou aquele velho louco do Randall por assassinato. O caso mais fascinante que eu já vi.

- Você se responsabiliza?

- Sim, sim. Deixe ela passar. Vou mandar alguém ver o Randall. Ver se ele está afim de conversar. Desculpe, senhora Black, mas se Randall não quiser vê-la, não vou poder fazer nada.

- Tudo bem - ela disse.

A sala de espera fechada era grande e com paredes verdes. Ruídos ainda ressonavam além dos portões, pelas portas fechadas. Várias mesas e cadeiras estavam ocupadas por visitantes esperando pela chance de ver seus amados. Um casal mexicano estava brigando enquanto seus três filhos corriam pela sala e tentavam conversar com os outros.

O que eu estou fazendo aqui? Avery pensou.

- Black! Você tem sorte! – O guarda a chamou. – Randall disse que ele esteve esperando por você. Mas sem sala de visita pública. Ele tem que ficar na cela. Se ele abrir a boca, está ferrado. Eu vou te levar lá embaixo até a parte de fora da cela dele. Mais privacidade pra vocês, certo? Além disso, você foi advogada dele. Vocês não têm privilégios de advogado-cliente?

A descida da escada até o piso subterrâneo era tudo o que Avery lembrava.

Presos gritavam em suas celas: “Me tire daqui! Sou inocente!” Guardas respondiam: “Cale a boca!” Presos e guardas sussurraram para ela. “Ei, delícia! Quer uma visita íntima?”

O piso subterrâneo era mais escuro do que o resto da prisão, com pouca luz e portas pretas grossas em uma parede de concreto pintada de cinza. Números brancos estavam pintados em cada porta. B1, B2, B3… O guarda passou por cada porta e abriu outro portão.

- Vamos colocá-lo na sala de reuniões para você - ele disse. – Você vai estar mais confortável lá. Quando terminar, apenas grite.

Uma porta preta sem marcação entre muitas foi aberta.

Howard Randall estava sentado ao fim de uma grande mesa de metal em uma sala muito pequena. Ele tinha uma cabeça grande, com poucos cabelos grisalhos dos lados. Óculos grossos enfeitavam seu rosto enrugado. Seus olhos pequenos miraram Avery com excitação. Ele estava vestido com um uniforme alaranjado. Suas mãos murchas estavam sobre a mesa, presas por algemas. Da mesma forma, seus pés estavam algemados aos pés da mesa para prevenir qualquer movimento.

- Vamos lá, Howard - o guarda disse. – Está vendo o que eu faço por você? Eles não queriam deixar ela descer. Ela não marcou visita. Mas eu fiz ela entrar. Isso deve valer algumas coisas, certo?

Howard sorriu e assentiu agradecido.

- Claro, agente Roberts - ele disse com sua voz confiante. – Por que nós não falamos sobre o pagamento mais tarde?

Corpulento e com a barba por fazer, o guarda retribuiu o sorriso.

- Negócio fechado - ele disse. – Lembre-se - ele falou para Avery – grite quando terminar. Eu vou estar aqui fora. Não vai fazer picadinho dela - ele riu.

A porta se fechou com força.

A última vez em que Avery havia visto ele fora a mais de três anos antes, em uma conversa rotineira que ela esperara que lhe desse algumas respostas. Tudo o que Howard havia feito era falar sobre quão agradecida ela deveria ser por tudo o que ele tinha dado a ela.

Ele parecia mais pacífico do que na última visita. Comida ruim e sem exercícios, Avery pensou. Mas seus olhos… Seus olhos brilhavam como estrelas.

- Como vai você, Howard?

- Como vai você, Avery?

- Sempre bancando o terapeuta - ela disse. – O que foi aquilo? – ela perguntou olhando sobre seus ombros. – Que tipo de pagamento ele quer?

- O agente Roberts gosta de ser acariciado - ele disse. – Ele gosta de homens mais velhos. Eu o excito. Ele vai querer um tempo a sós mais tarde.

- Eu pensei que você era assexuado.

Howard deu de ombros.

- Você se sente sozinho aqui - ele explicou. – Nós fazemos o que tem que ser feito para sobreviver, não é, Avery?

Ela endureceu e se defendeu.

- O que você quer dizer com isso?

Um ar mais leve e despreocupado tomou conta de Howard. Ele tentou abrir as palmas das mãos, sentar mais para trás e relaxar. As correntes o mantiveram perto da mesa.

- Chegue mais perto, Avery - ele disse, - por que tão acuada? Você veio até mim. Eu sou um simples preso. Como eu poderia lhe machucar?

- Eu ouvi que você cortou dois presos em pedaços aqui.

- Aqui é diferente - ele assentiu, como quem entendesse. – Minhas ações foram completamente em defesa, dada a situação. Por favor, chegue perto. Sente-se. Visitas são algo tão raro atualmente. Acredite em mim, não vou morder - ele disse com um sorriso sinistro, que mostrou seus pequenos dentes.

O nojo que Avery sentia dele voltou com força total. Ela lhe desejou toda desgraça possível. Ele me manipulou, ela pensou, mentiu para mim, armou para destruir minha vida. Por que eu vim até aqui? Por que eu confiaria nele? Ele não pode me ajudar.

Como se pudesse ler a mente dela, Randall disse:

- Você veio até aqui por causa do caso, não é?

- Que caso?

- No jornal de hoje, estão chamando ele de Assassino da Irmandade, se eu lembro bem. Duas vítimas, ambas universitárias, estranhamente colocadas como… Como manequins.

- O que você sabe sobre isso?

- Sente-se - ele repetiu.

Relutando, Avery puxou um banco e sentou-se.

- Melhor agora, não? – Ele balbuciou.

- O guarda disse que você estava esperando por mim.

- Sim - ele disse.

- Como você sabia que eu viria?

- Eu não sabia, Avery. Eu não leio mentes. Mas eu sei das coisas - ele sussurrou e se inclinou para frente. – Eu sei que você foi recentemente promovida à detetive na divisão de homicídios, e que você está no comando desse caso, certo? Os jornais dizem isso. E eu sei que você tem uma ótima habilidade, Avery, que é sua vontade interminável. Você não vai parar até vencer. Mas esse caso é um pouco demais pra você, não é? Defender um homem comum é uma coisa. Caçar membros de gangues é outra. Aquela gente tem desejos e necessidades básicas, razões fáceis de se entender. Mas pessoas como eu? – Ele deixou as palavras no ar. – Nós somos uma classe diferente. Nossos motivos, nossas razões são muito mais difíceis de entender do que… meros mortais.

- Você está dizendo que eu sou um mero mortal?

Ele balançou a cabeça positivamente, sem perceber.

- Eu sei que você está aqui - ele disse, - o que significa que você precisa de algo. Eu acho que você quer que eu lhe ajude a resolver esse caso. Uma atitude ousada, senhora Black. Eu achei que você me desprezasse, e mesmo assim você está aqui, vindo até mim pedindo ajuda. Somos parceiros de novo.

- Nós nunca fomos parceiros.

- Nós sempre fomos parceiros - ele rapidamente corrigiu. – Eu vim parar nesse lugar por você, Avery, para te mostrar a luz, para que você mudasse, não suas roupas, mas quem você é por dentro. Uma pessoa, uma vida, pode mudar o mundo, e você é uma prova, meu maior presente para a humanidade. Você é diferente agora. Eu posso notar. O jeito arrogante já não existe. O ar pretensioso também não. Você está sentada em frente a mim como uma humilde serva da justiça, não da riqueza, do poder ou da ganância. Eu gosto da sua nova versão, Avery. Aprovo de todo coração.

A pessoa de quem ele estava falando, a pessoa que ele parecia amar, era o resto da mulher que Avery sentia que havia sido, um resto danificado, que havia desmoronado tanto que ela nunca mais arrumava o cabelo ou pensava no que vestir no dia a dia. Ela era um fantasma, um fantasma em volta do seu velho carro, vestindo roupas de sua velha vida, mas completamente morta, a não ser pela vontade de vencer, uma vontade que a forçava a buscar justiça em qualquer lugar para que, um dia, ela pudesse corrigir os erros do seu passado e sentir-se livre.

- Eu odeio quem eu me tornei - ela disse.

- E se você pudesse voltar atrás - ele perguntou, - você voltaria?

Não, Avery pensou. Ela jamais voltaria atrás. Aquela vida havia acabado. Mas sua nova vida… Ainda não estava completa. Ela ainda estava em desgraça, lutando nas sombras. Lembranças de seu apartamento vazio e escuro retornaram, de sua vida sem amigos nem família, da filha que não queria nada com ela. De repente, Avery sentiu seu pensamento escapando para um lugar em que ela havia estado apenas uma vez na vida. Um lugar escuro.

- Eu não posso voltar atrás - ela disse.

- Então - Howard se deu conta, - o passado se foi, mas o futuro ainda não é perfeito. Eu posso te ajudar Avery. Eu quero te ajudar.

Avery olhou para cima, para a sala novamente, sentada à frente de Howard Randall e imersa em um caso que já parecia frio.

- Eu preciso da sua ajuda - ela admitiu.

- E eu quero algo de você, Avery.

Os pequenos olhos castanhos arregalaram-se com uma intensidade apaixonada, e ele se inclinou para frente o máximo que pode para então repetir:

- Eu quero algo de você.

- O que você precisa? – Ela perguntou.

O comportamento de Randall mudou completamente. Ele bateu com as mãos na mesa, se inclinou e praticamente gritou no rosto dela, com palavras rápidas e intensas.

- Pai - ele disse, - Grover Black. Alcoólatra. Estuprador. Molestador. Assassino.

As palavras, como tiros no coração, enviaram Avery para o passado e lá estava ela novamente, com seu pai e sua mão naquela casa em Ohio.

- Não - ela disse.

- Mãe. Layla Black. Alcoólatra. Viciada. Louca!

Avery havia ido a terapeutas, muitos deles, após o incidente com Randall, mas nada chegava perto disso. Ela havia se defendido deles, estado em controle todo o tempo. Agora, Randall havia a reduzido a uma criança de seis anos com poucas palavras e uma paixão incrível.

Lágrimas caíram, lágrimas instintivas de uma jovem que queria salvar sua mãe de um pai com uma arma em punho e sem limites.

- Pai! Alcoólatra. Culpado. Assassino!

Desesperada, fora de si, Avery levantou-se e bateu na porta.

- Me tire daqui! - ela gritou.

Randall calou-se. Ele inclinou-se para trás e levantou as sobrancelhas.

- Seu assassino é um artista, certo? – ele disse. – Os corpos foram posicionados como se estivessem apaixonados? Ele é introvertido, sonhador. Não alguém que raptaria garotas aleatoriamente na rua. Ele tem que encontrá-las, vigiá-las, conhecê-las de algum lugar. Pense, Avery. Pense…

O guarda abriu a porta.

Avery saiu.

Yaş sınırı:
16+
Litres'teki yayın tarihi:
10 ekim 2019
Hacim:
231 s. 2 illüstrasyon
ISBN:
9781632919564
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