Kitabı oku: «Sem Pistas », sayfa 14
CAPÍTULO 28
Riley acordou e, em seguida, apertou os olhos, protegendo o rosto com a mão. A cabeça dela estava se dividindo, sua boca estava seca. A luz da manhã da janela era ofuscante e dolorosa, lembrando-lhe estranhamente da luz branca da tocha do Peterson.
Ela ouviu a voz de April dizer: "Eu vou cuidar disso, mamãe."
Houve um leve barulho e o brilho diminuiu. Ela abriu os olhos.
Ela viu que April tinha acabado de fechar as persianas, obstruindo a luz solar direta. Ela veio até o sofá e sentou-se ao lado de onde Riley continuava imóvel. Ela pegou uma xícara de café e ofereceu a ela.
"Cuidado, está quente," disse April.
Riley, vendo a sala girando, lentamente relaxou em uma posição sentada e estendeu a mão para a caneca. Manuseando a xícara cuidadosamente, ela tomou um pequeno gole. Estava quente. Queimou ambas as pontas dos dedos e sua língua. Ainda assim, ela conseguiu segurá-la e tomou outro gole. Pelo menos a dor lhe dava uma sensação de voltar à vida.
April estava olhando para o espaço.
"Você vai querer café da manhã?" April perguntou com uma voz distante, vaga. "Talvez mais tarde," respondeu Riley. "Vou preparar."
April sorriu um pouco triste. Sem dúvida, ela podia ver que Riley não estava em condições de fazer muita coisa.
"Não, eu vou faço," disse April. "Só me avise quando você ficar com vontade de comer."
Ambas ficaram em silêncio. April continuou olhando para outro lugar. A humilhação revirava o intestino de Riley. Ela lembrou-se vagamente do seu vergonhoso telefonema para Bill ontem à noite, em seguida, seus últimos pensamentos antes de desmaiar – o hediondo reconhecimento que ela realmente atingira o fundo do poço. E agora, para piorar as coisas, sua filha estava ali para testemunhar o seu fracasso.
Ainda parecendo distante, April perguntou, "O que você está planejando fazer hoje?"
Parecia tanto uma pergunta estranha e quanto uma boa pergunta. Era hora de Riley fazer planos. Se aquele era o fundo do poço, ela precisava começar a escalá-lo.
Ela lembrou de seu sonho, das palavras de seu pai e, com isso, ela percebeu que era hora de enfrentar alguns de seus demônios.
Seu pai. A presença mais macabra de sua vida. O único que sempre tinha permanecido na parte de trás de sua consciência. A força motriz, que ela sentia às vezes, por trás de toda a escuridão que tinha aparecido em sua vida. Ele, de todas as pessoas, era uma que ela precisava ver. Se era um impulso primitivo pelo o amor de um pai, seu desejo de enfrentar de frente a escuridão em sua vida, ou um desejo de se livrar da assombração de seu sonho, ela não sabia. Mas o desejo a consumia.
"Eu acho que eu vou dirigir para ver o vovô," disse ela.
"Vovô?" Ela perguntou, chocada. "Você não o vê há anos. Por que você iria vê-lo? Acho que ele me odeia."
"Eu não penso assim," disse Riley. "Ele sempre esteve muito ocupado me odiando."
Outro silêncio se instalou e Riley sentiu que sua filha estava juntando coragem.
"Eu quero que você saiba de uma coisa," disse April. "Joguei fora o resto da vodca. Não tinha muita coisa. Eu também joguei o uísque que você ainda tinha no armário. Desculpe-me. Acho que não era da minha conta. Não deveria ter feito isso."
Lágrimas vieram aos olhos de Riley. Essa era certamente a coisa mais adulta e responsável que ela já tinha visto April fazer.
"Não, não se desculpe," disse Riley. "Foi a coisa certa a fazer. Obrigada. Desculpe-me por não ter feito eu mesma."
Riley enxugou uma lágrima e juntou coragem.
"Eu acho que é hora de realmente conversarmos," falou Riley. "Acho que é hora de contar algumas das coisas que você queria que eu contasse." Em seguida, ela suspirou. "Mas isso não vai ser agradável."
April finalmente se virou e olhou para ela, havia ansiedade em seus olhos.
"Eu realmente gostaria que você falasse, mãe," disse ela
Riley respirou longa e profundamente.
"Alguns meses atrás, eu estava trabalhando em um caso," disse ela. Alívio se espalhou pelo seu corpo quando ela começou a revelar para a April o caso de Peterson. Ela percebeu que fazia muito tempo que ela devia ter falado sobre isso.
"Eu fiquei muito ansiosa," continuou ela. "Estava sozinha e me deparei com uma situação, eu não estava disposta a esperar. Não chamei os reforços. Eu pensei que eu poderia cuidar dele sozinha."
April, disse: "Isso é o que você faz o tempo todo. Você tenta cuidar de tudo sozinha. Sem mim até. Sem sequer falar comigo."
"Você está certa."
Riley se preparou.
"Eu libertei Marie do cativeiro."
Riley hesitou, então finalmente continuou. Ela ouviu sua própria voz trêmula.
"Eu fui capturada," continuou ela. "Ele me colocou em uma jaula. Havia uma tocha."
Ela começou a chorar, todo o seu terror reprimido correndo para a superfície. Ela estava tão envergonhada, mas não conseguia parar.
Para sua surpresa, ela sentiu a mão reconfortante de April em seu ombro, e ouviu April também chorando.
"Está tudo bem, mãe," disse ela.
"Eles não conseguiam me encontrar," continuou Riley, entre soluços. "Eles não sabiam onde procurar. E a culpa era minha. "
"Mãe, nada é culpa sua," disse April.
Riley enxugou as lágrimas, tentando se recompor.
"Depois, eu finalmente sai. E explodi o lugar. Eles dizem que o homem está morto. Que ele não pode me ferir agora."
Houve um silêncio.
"Ele está?" Perguntou April.
Riley tão desesperadamente queria dizer que sim, para tranquilizar sua filha. Mas, em vez disso, ela encontrou-se dizendo:
"Eu não sei."
O silêncio se adensou.
"Mãe", disse April, com um novo tom de sua voz, um de bondade, de compaixão, de força, um que Riley nunca tinha ouvido antes, "você salvou a vida de alguém. Você devia estar muito orgulhosa de si mesma."
Riley sentiu um novo temor quando ela balançou a cabeça lentamente.
"O quê?" Perguntou April.
"É onde eu estava ontem," respondeu Riley. "Marie. Seu funeral."
"Ela está morta!?" Ela perguntou, espantada.
Riley só conseguiu mexer a cabeça.
"Como?"
Riley hesitou. Ela não queria dizer isso, mas não tinha escolha. Ela devia toda a verdade a April. Estava cansada de guardar a verdade.
"Ela se matou."
Ela ouviu April arquejar.
"Oh, mamãe," disse ela, chorando. "Eu sinto muito, muito mesmo."
Ambas choraram por um longo, longo tempo, até que finalmente um silêncio reconfortante se estabeleceu.
Riley respirou fundo, inclinou-se e sorriu para April, afastando carinhosamente uma mecha de cabelo de suas bochechas molhadas.
"Você tem que entender que haverá coisas que eu não posso contar a você," disse Riley. "Ou porque eu não posso dizer a ninguém, ou porque não seria seguro você saber, ou talvez apenas porque eu não acho que você deveria pensar sobre o assunto. Eu tenho que aprender a ser a mãe aqui."
"Mas algo tão grande como isso," disse April. "Você devia ter me contado. Você é a minha mãe, afinal de contas. Como eu saberia o que você está passando? Eu já sou velha o suficiente. Eu posso entender. “
Riley suspirou.
"Acho que eu pensei que você já tinha coisas demais para se preocupar. Especialmente com divórcio meu e do seu pai."
"O divórcio não foi tão difícil como você nunca conversar comigo," rebateu April. "Papai sempre me ignorou exceto quando ele tinha vontade de me dar ordens. Mas você – é como se, de repente, você não estivesse mais lá."
Riley pegou a mão de April e apertou-a com força.
"Sinto muito," disse Riley. "Por tudo."
April assentiu.
"Sinto muito também," disse ela.
Elas se abraçaram e, quando Riley sentiu as lágrimas de April tocando seu pescoço, ela prometeu ser diferente. Ela prometeu fazer uma mudança. Quando esse caso fosse deixado para trás, ela se tornaria a mãe que ela sempre quis ser.
CAPÍTULO 29
Riley dirigiu relutantemente para o coração de sua infância. O que ela esperava encontrar lá, ela não sabia. Mas ela sabia que essa era uma missão fundamental – para si mesma, pelo menos. Ela se preparou para a ideia de ver seu pai. Já sabia que precisava enfrentá-lo.
Inclinadas à sua volta estavam as Montanhas Apalaches, no extremo sul em relação às suas investigações recentes. A viagem até ali tinha sido um tônico em alguns aspectos e, com as janelas abertas, ela estava começando a se sentir melhor. Tinha esquecido como o vale de Shenandoah era belo. Ela se viu dirigindo para o alto através de corredores rochosos e ladeando rios.
Passou por uma cidade montanhosa típica – pouco mais do que um conjunto de edifícios, um posto de gasolina, um supermercado, uma igreja, um punhado de casas, um restaurante. Ela se lembrava de como ela passara seus anos de infância em uma cidade muito parecida com aquela.
Também se lembrou de como ela estava triste quando eles se mudaram para Lanton. Sua mãe tinha dito que era porque lá era uma cidade universitária e tinha muito mais a oferecer. Isso tinha redefinido as expectativas de vida de Riley quando ela ainda era muito jovem. Será que as coisas teriam corrido melhor se ela pudesse ter passado toda a sua vida naquele mundo mais simples e inocente? Um mundo onde sua mãe não era susceptível a ser alvejada por tiros em um lugar público?
A cidade desapareceu atrás dela após várias curvas das estradas da montanha. Depois de algumas milhas, Riley entrou em uma estrada de terra sinuosa.
Antes que demorasse demais, ela chegou até a casa que seu pai tinha comprado depois de se aposentar da Marinha. Um veículo utilitário velho amassado estava estacionado nas proximidades. Ela não ia ali havia mais de dois anos, mas ainda conhecia bem o local.
Riley estacionou e saiu do carro. Enquanto caminhava em direção à casa, ela respirou o ar limpo da floresta. Era um belo dia ensolarado e, naquela altitude, a temperatura estava fresca e agradável. Ela se deleitou com a esplêndida calma, quebrada por nada mais do que o canto dos pássaros e o farfalhar das folhas na brisa. Era bom estar rodeada por todos os lados por uma densa floresta.
Ela caminhou em direção à porta, passando por um toco de árvore onde seu pai cortava a lenha. Havia uma pilha de madeira nas proximidades – sua única fonte de calor nos períodos mais frios. Ele também vivia sem eletricidade, mas a água da nascente foi canalizada para dentro da moradia.
Riley sabia que essa vida simples era uma questão de escolha, não de pobreza. Com seus excelentes benefícios, ele poderia ter se aposentado em qualquer lugar que ele quisesse. Ele tinha escolhido ali e Riley não podia culpá-lo. Talvez um dia ela faria o mesmo. Claro, uma pensão substancial parecia bem menos provável, agora que ela tinha perdido seu distintivo.
Ela empurrou a porta e essa abriu sem impedimentos. Naquela região, havia pouco medo de intrusos. Ela entrou e olhou em volta. O único cômodo simples, mas confortável estava fracamente iluminado, havia vários lampiões a gás apagados aqui e ali. As tábuas de pinheiro exalavam um cheiro amadeirado quente e agradável.
Nada havia mudado desde a última vez que Riley estivera ali. Ainda não havia nenhuma cabeça de veado das montanhas, nem nenhum sinal de animais caçados. Seu pai matava mais animais do que deveria, mas apenas para alimentar-se e vestir-se.
O silêncio foi quebrado por um tiro no lado de fora. Ela sabia que ainda não era temporada de caça aos veados. Ele provavelmente estava atirando em algum animal menor – esquilos, corvos ou marmotas. Ela deixou a casa e foi subindo a montanha, passando pelo fumeiro onde ele armazenava sua carne, em seguida, seguiu uma trilha para dentro da floresta.
Ela passou pela nascente coberta de onde vinha água fresca. Chegou ao limite do que restava de um antigo pomar de maçãs. Pequenas frutas encaroçadas estavam penduradas nas árvores.
"Papai!" Ela gritou.
Não houve resposta. Ela forçou sua entrada no pomar cheio de mato. Logo ela viu que seu pai estava por perto – um homem alto, desengonçado, usando um boné de caça e um colete vermelho e segurando um rifle. Três esquilos mortos jaziam a seus pés.
Ele virou o rosto enrugado, severo e judiado em direção a ela, não parecendo nem um pouco surpreso ao vê-la e nem um pouco satisfeito.
"Você não devia estar aqui sem um colete vermelho, menina," ele rosnou. "Sorte sua que eu não atirei em você."
Riley não respondeu.
"Bem, não há nada aqui fora para atirar agora," disse ele, irritado, descarregando sua arma. "Você afugentou todos eles com seus gritos e quebrando os galhos do chão enquanto andava. Pelo menos eu tenho esquilos para o jantar."
Ele começou a caminhar em direção à sua casa, descendo a montanha. Riley o seguiu, mal capaz de acompanhar seus longos passos rápidos. Depois de anos de aposentadoria, ele ainda caminhava com seu velho porte militar, seu corpo todo enrolado como uma grande mola de aço.
Quando chegaram à casa, ele não a convidou a entrar, não que ela esperasse que ele o fizesse. Em vez disso, ele jogou os esquilos em um cesto perto da porta, em seguida, caminhou até o toco de madeira perto da pilha de lenha e sentou lá. Ele tirou o boné, revelando cabelos grisalhos que ainda estavam cortados curtos, no estilo da Marinha. Ele não olhou para Riley.
Com nenhum outro lugar para sentar, Riley se sentou nos degraus da frente.
"O interior da sua casa está legal," disse ela, tentando encontrar algo para falar. "Eu vejo que você ainda não está montando troféus."
"Sim, bem," ele disse com sorriso: "Eu nunca ganhei nenhum troféu quando matei no Vietnã. Não vou começar agora."
Riley assentiu. Ela ouvia essa sua observação constantemente, sempre carregada com sua típica risada humorosa.
"Então, o que você está fazendo aqui?" Perguntou seu pai.
Riley começou a se perguntar. Que diabos ela estava esperando daquele homem inflexível, tão incapaz do mínimo afeto?
"Estou com alguns problemas, papai," ela disse.
"Com o quê?"
Riley balançou a cabeça e sorriu tristemente. "Não sei por onde começar," ela respondeu.
Ele cuspiu no chão.
"Foi uma coisa idiota que você fez, ser pega por esse psicopata," disse ele.
Riley ficou surpresa. Como ele sabia? Ela não tinha nenhum contato com ele há um ano.
"Pensei que você vivesse completamente isolado," disse ela.
"Eu vou à cidade de vez em quando," seu pai falou. "E ouço coisas."
Ela quase disse que sua "coisa idiota" tinha salvado a vida de uma mulher. Mas lembrou rapidamente – não era totalmente verdade, não a longo prazo.
Ainda assim, Riley achou interessante que ele sabia sobre isso. Ele realmente havia se dado o trabalho de descobrir que algo havia acontecido com ela. O que mais ele poderia saber sobre sua vida?
Provavelmente não muito, ela pensou. Ou pelo menos nada que ela fizera certo de acordo com os padrões dele.
"Então você desmoronou depois de toda aquela coisa com o assassino?" Ele perguntou. Riley se irritou com isso.
"Se você quer dizer que eu sofri de TEPT, sim, eu sofri."
"TEPT," ele repetiu, rindo cinicamente. "Eu nem me lembro exatamente o que essas malditas letras significam. Apenas uma maneira elegante de dizer que você é fraca, que eu me lembre. Eu nunca sofri com esse negócio de TEPT, nem depois que cheguei em casa da guerra, nem depois de todas as coisas que eu vi e fiz e que fizeram para mim. Não vejo como alguém consegue ficar usando isso como desculpa."
Ele ficou em silêncio, olhando para o espaço como se ela não estivesse ali. Riley percebeu que aquela visita não ia acabar bem. Ela poderia muito bem falar um pouco sobre o que estava acontecendo em sua vida. Ele não teria nada incentivador para falar sobre isso, mas pelo menos seria uma conversa.
"Estou tendo problemas com um caso, papai," ela disse. "É mais um serial killer. Ele tortura mulheres, as estrangula e depois as coloca em locais abertos."
"Sim, eu ouvi sobre isso também. Exibe as mulheres nuas. Que coisa doente." Ele cuspiu de novo. "E deixe-me adivinhar. Você está em desacordo com o Escritório sobre isso. Os poderosos não sabem o que eles estão fazendo. Eles não lhe dão ouvidos."
Riley ficou pasma. Como ele adivinhou?
"Aconteceu o mesmo comigo no Vietnã," disse ele. "A disputa não acabava, eles estavam lutando uma guerra maldita. Cristo, se tivessem me deixado tudo comigo, teríamos ganho. Fico enojado só de pensar sobre isso."
Riley ouviu algo em sua voz que ela não tinha ouvido muitas vezes, ou pelo menos tinha raramente notado. Era arrependimento. Ele realmente sentia-se arrependido por não ter ganhado a guerra. Não importava que ele não deveria se culpar. Ele se sentia responsável.
Enquanto Riley estudava seu rosto, ela percebeu algo. Ela se parecia com ele, mais do que ela se parecia com sua mãe. Mas era mais do que isso. Ela era como ele, não apenas em seu jeito horrível com relacionamentos, mas com sua determinação insistente, seu senso de responsabilidade arrogante.
E isso não era inteiramente uma coisa ruim. Neste raro momento familiar, ela se perguntou se talvez ele realmente pudesse contar-lhe algo que ela precisava saber.
"Papai, o que ele faz – é tão feio, deixando corpos nus e tão horrivelmente posicionados, mas-" ela parou, tentando encontrar as palavras certas.
"Os lugares que ele os deixa são sempre tão bonitos – florestas e riachos, cenas naturais como essa. Por que você acha que ele pega esses lugares para fazer algo tão feio e cruel?"
Os olhos do pai se voltaram para dentro. Ele parecia estar explorando seus próprios pensamentos, suas próprias memórias, falando tanto sobre si mesmo como sobre qualquer outra pessoa.
"Ele quer começar tudo de novo," disse ele. "Ele quer percorrer todo o caminho de volta para o começo. Não é o mesmo com você? Não basta você querer voltar para onde você começou e começar tudo de novo? Voltar para onde você era uma criança? Encontrar o lugar onde tudo deu errado e fazer a vida ser completamente diferente?"
Ele fez uma pausa por um momento. Riley se lembrou de seus pensamentos de quando ela estava dirigindo para lá – como ela ficou triste quando era uma menininha e teve que deixar aquelas montanhas. Havia de fato alguma verdade essencial naquilo que seu pai estava dizendo.
"É por isso que eu vivo aqui," ele falou, deslizando mais profundamente no devaneio.
Riley ficou sentada em silêncio, absorvendo tudo. As palavras de seu pai começaram a trazer algo em foco. Ela tinha, há muito tempo, presumido que o assassino mantinha e torturava as mulheres em sua casa de infância. Não lhe ocorrera que ele escolhia aquela cena por uma razão – para, de alguma forma, alcançar seu passado e mudar tudo.
Ainda sem olhar para ela, seu pai perguntou: "O que o seu instinto lhe diz?"
"É algo a ver com bonecas," Riley respondeu. "É algo que o Escritório não está percebendo. Eles estão investigando tudo errado. Ele é obcecado por bonecas. Essa é a chave de alguma forma."
Ele resmungou e arrastou os pés.
"Bem, você apenas tem que seguir esse seu instinto," disse ele. "Não deixe os bastardos lhe dizerem o que fazer."
Riley ficou muda. Não era como se ele estivesse lhe fazendo um elogio. Não era como se ele quisesse ser agradável. Ele era o mesmo idiota colérico que sempre tinha sido. Mas, de alguma forma, ele estava dizendo exatamente o que ela precisava ouvir.
"Eu não vou desistir," ela afirmou.
"É bom mesmo que você não desista," ele rosnou em um sussurro.
Não havia nada mais a dizer. Riley levantou-se.
"Foi bom ver você, papai," disse ela. E ela meio que quis dizer isso mesmo. Ele não respondeu, apenas ficou lá olhando para o chão. Ela entrou no carro e foi embora.
Enquanto ela dirigia, percebeu que se sentia diferente de quando ela veio e, de alguma estranha forma, muito melhor. Algo, ela sentiu, tinha sido resolvido entre eles.
Ela também sabia de algo que ela não soubera antes. Onde quer que o assassino vivesse, não era em um cortiço, nem um esgoto, nem em um barraco degradado e miserável em algum lugar da floresta.
Seria em um lugar de beleza, um lugar onde a beleza e horror estavam posicionados de forma igual, lado a lado.
*
Um pouco mais tarde, Riley estava sentada no balcão de um café na cidade vizinha. Seu pai não havia lhe oferecido nada para comer, o que não era nenhuma surpresa, e agora ela estava com fome e precisava de alguma coisa para se alimentar e poder voltar para casa.
Assim que a garçonete lhe entregara seu sanduíche de bacon, alface e tomate à sua frente no balcão, o telefone celular de Riley tocou. Ela olhou para ver quem estava chamando, mas não havia nenhuma identificação. Ela atendeu o telefonema com cautela.
"É Riley Paige?" Perguntou uma mulher com uma voz eficiente.
"Sim," Riley confirmou.
"Estou com o senador Mitch Newbrough na linha. Ele quer falar com você. Poderia aguardar, por favor?"
Riley sentiu uma sacudida alarmante. De todas as pessoas com quem ela não queria conversar, Newbrough estava no topo de sua lista. Ela tinha o desejo de terminar a chamada sem dizer mais nada, mas depois pensou melhor. Newbrough já era um poderoso inimigo. Fazer ele odiá-la ainda mais não era uma boa ideia.
"Eu aguardo," disse Riley.
Poucos segundos depois, ela ouviu a voz do senador.
"É o senador Newbrough aqui. Estou falando com Riley Paige, eu presumo."
Riley não sabia se deveria ficar furiosa ou aterrorizada. Ele estava falando como se fosse ela quem estava ligando.
"Como você conseguiu esse número?" Ela perguntou.
"Eu consigo as coisas quando eu as quero," disse Newbrough em sua voz tipicamente fria. "Quero falar com você. Pessoalmente."
O medo de Riley se aprofundou. Que possível razão ele poderia ter para querer vê-la? Isso não poderia ser bom. Mas como ela podia dizer não sem piorar as coisas?
"Eu poderia passar em sua casa," disse ele. "Sei onde você mora."
Riley quase perguntou como ele sabia o endereço dela. Mas lembrou-se que ele já tinha respondido a essa pergunta.
"Prefiro que nós encerremos esse assunto agora, por telefone," disse Riley.
"Temo que isso não seja possível," disse Newbrough. "Não posso falar sobre isso no telefone. Quando você pode me encontrar?"
Riley sentiu-se nas garras da poderosa vontade de Newbrough. Ela queria recusar, mas, de alguma forma, não conseguiu fazê-lo.
"Estou fora da cidade agora," ela respondeu. "Não irei para casa até bem mais tarde. Amanhã de manhã eu levo minha filha para a escola. Poderíamos nos encontrar em Fredericksburg. Talvez em um café."
"Não, não em um lugar público," disse Newbrough. "Tem que ser em algum lugar menos visível. Repórteres tendem a me seguir por aí. Eles ficam em cima de mim sempre que têm uma chance. Eu prefiro ficar fora de seu radar. Que tal em Quantico, na sede da UAC?"
Riley não conseguiu tirar uma nota de amargura em sua voz.
"Eu não trabalho mais lá, lembra?" – disse ela. "Você devia saber disso melhor do que ninguém."
Houve uma breve pausa.
"Você conhece o Clube de Campo Magnolia Gardens?" Perguntou Newbrough.
Riley suspirou ante o absurdo da questão. Ela certamente não fazia parte daquele tipo de círculo.
"Não posso dizer que eu conheço," ela respondeu.
"É fácil de encontrar, fica no meio do caminho entre Quantico e minha fazenda. Esteja lá às dez e meia da manhã."
Riley estava gostando cada vez menos daquilo. Ele não estava pedindo, ele estava dando uma ordem. Depois de destruir sua carreira, que direito ele tinha de exigir algo dela?
"É muito cedo?" Newbrough perguntou quando Riley não respondeu.
"Não," Riley disse, "é só que-"
Newbrough interrompeu: "Então, esteja lá. É só para membros, mas vou notificá-los para autorizarem você. Você vai querer fazer isso. Vai ver que é importante. Confie em mim."
Newbrough terminou a ligação sem se despedir. Riley ficou boquiaberta.
"Confie em mim," ele tinha dito.
Riley podia ter achado engraçado se não fosse tão desencorajador. Ao lado de Peterson e de qualquer outro assassino que ela estivesse investigando, Newbrough era possivelmente a pessoa que ela menos confiava do mundo. Ela confiava menos nele do que confiava em Carl Walder. E isso significava muito.
Mas ela não parecia ter qualquer escolha. Ele tinha algo a dizer a ela, ela podia sentir isso. Alguma coisa, ela pressentia, que podia até levar ao assassino.