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Kitabı oku: «Crisfal», sayfa 4

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XLIV

 
Troquei amor por riqueza,
porque mo trocar fizerom;
mas bem pago esta crueza,
que, em que cem contos me derom,
descontaram-se em tristeza.
Meu esposo aborreço
quando me à lembrança vem
do primeiro querer bem:
ninguém venda amor por preço,
pois ele preço não tem.
 

XLV

 
Não tenho que lhe falar
se não sam cousas passadas;
se lhe estas quero contar,
vam ser todas namoradas
pera o pouco namorar.
Fora ele o meu amor
e vivera eu pobremente!…
Que grande engano de gente!:
que pobreza há i maior
que a vida descontente?
 

XLVI

 
Quando com ele me assento,
mil vezes caio em míngoa,
porque, por esquecimento,
falando, descobre a língua
o que está no pensamento.
Faz-nos isto então ficar
eu muda e ele mudado;
ama-me como é amado;
pera me disto guardar
por bom hei guardar o gado.
 

XLVII

 
Maria perdi – mesquinha!
Logo em sermos apartadas,
do meu mal fui adevinha;
milhor sejam suas fadas
do que foi a fada minha.
Deus a dê ao seu Crisfal,
por ambos contentes ter,
e mais não lhe quero ver,
mas já sei, pelo meu mal,
o bem d’outrem escolher.
 

XLVIII

 
Quando a eu assi ouvi
doer-se de minha pena,
com novos olhos a vi,
e então que era Helena,
minha amiga, conheci.
Esta pastora e dama
certo que milhor lhe ia
quando a cantar ouvia,
dando fé que em sua cama
o velho não dormiria.
 

XLIX

 
Pena me deu de não crer
vê-la em tal tristeza posta;
quisera-lhe eu responder,
mas trespôs .a tresposta,
pelo qual não pôde ser.
Depois de ver-me sem ela,
os meus olhos me chorarom:
quantas cousas lhe lembrarom
que antre mim, Maria e ela
em outros tempos passarom!
 

L

 
Dês que aqui, com meu cuidado,
me estive fazendo guerra,
sendo o dia já passado,
vi-me levado da terra,
contra as nuvens alçado.
Então, como que voante,
de quem me ali trouxera
sonhei que levado era
contra onde, a tarde ante,
o sol vi que se pusera.
 

LI

 
Indo não com menos dor,
em que já com mais sossego,
os ventos me foram pôr,
depois de passar Mondego,
sobre as serras de Loor.
Vão ali grandes montanhas
de alguns vales abertas,
todas de soutos cobertas,
aos naturais estranhas,
mas à saudade certas.
 

LII

 
Junto de .a fonte era
o lugar onde fui posto,
onde sê-lo não quisera,
sendo bem lugar de gosto
para quem gosto tivera;
mas a mim nem o passado
nem o que me era presente
nada me não fez contente,
que nisto o magoado
é como o muito doente.
 

LIII

 
Coberta era a fonte
de tam fresco arvoredo,
que não sei como o conte,
mui quieto e mui quedo,
por ser antre monte e monte.
A noite, de ventos muda,
como saudade escolha;
e, por que mais prazer tolha,
chovia água miúda
por cima da verde folha.
 

LIV

 
Depois que ali chegava,
ou depois que ali cheguei,
sonhava que acordava;
e do que atrás passei
de ser sonho me lembrava.
O que então me era mostrado
tendo só por verdadeiro,
ao pé de um castanheiro
me pus, triste, assentado,
ouvindo o tom de um ribeiro.
 

LV

 
Meus olhos e eu passamos
ali a noute em clamores,
até que ao tempo chegamos
a que nós outros, pastores,
o dilúculo chamamos.
Naqueste tempo corrompe
a ave que chamam leal
o silêncio de seu mal,
que é quando a alva rompe
e o dia faz sinal.
 

LVI

 
Então, por que tudo fale,
contanto as mais paixões
que rezão é que não cale,
ouvi gritar uns pavões
lá no mais baixo do vale.
Trás isto, pouco tardando,
um doce cantar ouvia
que na minha alma caía,
o qual eu, bem escutando,
entendi que assi dezia:
 

LVII

 
Não sei para que vos quero,
pois me d’olhos não servis,
olhos a que eu tanto quis!
 

LVIII

 
Pera ver me fostes dados,
vós só a chorar vos destes;
e se eu tenho cuidados,
meus olhos, vós mos fizestes:
dês que neles me pusestes,
de descanso me fugis,
olhos a quem eu tanto quis!
 
Yaş sınırı:
12+
Litres'teki yayın tarihi:
24 ağustos 2016
Hacim:
17 s. 1 illüstrasyon
Telif hakkı:
Public Domain
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