Kitabı oku: «Interseção Com Nibiru», sayfa 2

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Astronave Theos – O superfluido

A imagem do objeto que Petri havia colocado no espaço entre Kodon e a Terra deixou ambos os terráqueos boquiabertos.

— E o que é essa coisa? — perguntou Elisa com curiosidade, enquanto ia mais perto para enxergar melhor.

— Ainda não demos um nome oficial — Petri trouxe o estranho objeto de volta ao primeiro plano de novo, e observando a doutora, acrescentou: — Talvez você possa escolher um.

— Se ao menos você explicasse o que é, talvez eu pudesse tentar.

— Nossos melhores cientistas se dedicaram a este projeto há um certo tempo — Petri entrelaçou as mãos por trás das costas e começou a andar lentamente pela sala. — Esse equipamento é o resultado de uma série de estudos que, em parte, vão mesmo além das minhas habilidades científicas.

— E posso lhes garantir que são notáveis — disse Azakis, dando um tapinha afetuoso nas costas do colega.

— Em poucas palavras, é uma espécie de sistema antigravitacional. Tem base em um princípio que, como disse, ainda está sendo estudado, mas que posso tentar resumir em algumas palavras.

— Acho que isso seria bem melhor — comentou Elisa. — Não se esqueçam de que pertencemos a uma espécie que, se comparada à sua, pode ser definida facilmente como subdesenvolvida.

Petri assentiu ligeiramente. Então se aproximou da representação tridimensional do estranho objeto e calmamente continuou a explicação. — Isto – que vocês chamaram de "rosquinha" anteriormente – é geometricamente definido como toroide. O anel tubular é oco, enquanto o que poderíamos simplesmente chamar de "buraco central" contém o sistema de propulsão e de controle.

— Até aqui, está tudo claro — disse Elisa, cada vez mais empolgada.

— Muito bem. Agora vamos examinar o princípio de operação do sistema — Petri girou a imagem do toroide e mostrou a seção interna. — O anel é preenchido por um gás, geralmente um isótopo de hélio, que, refrigerado a uma temperatura perto de zero absoluto, muda de estado e se transforma num líquido com características bem particulares. Na prática, sua viscosidade se torna quase nula e pode fluir sem gerar nenhuma fricção. Chamamos essa característica de "superfluidez".

— Agora estou ficando um pouco perdida — disse Elisa, lamentando.

— Simplificando, esse gás, em estado líquido, adequadamente estimulado pela estrutura do anel, será capaz de viajar dentro dele, sem nenhuma dificuldade, a uma velocidade próxima à da luz, e conseguirá mantê-la por um período teoricamente infinito.

— Fantástico — foi tudo o que Jack comentou, e não havia perdido nem uma sílaba de toda a explicação.

— Ok, agora acho que entendi — acrescentou Elisa. — Mas como essa engenhoca vai combater os efeitos da força gravitacional entre os dois planetas?

— É aí que as coisas começam a ficar mais complicadas — respondeu Petri. — Digamos que a rotação do superfluido a velocidades próximas à da luz, gerem uma curvatura de continuidade espaço-tempo em volta, provocando um efeito antigravitacional.

— Meu Deus! — exclamou Elisa. — Meu velho professor de física estaria se revirando no túmulo.

— E não somente ele, minha querida — acrescentou o Coronel. — Se entendi direito o que esses dois senhores estão tentando nos explicar, cá estamos conversando sobre a subversão de muitas teorias e conceitos que vários dos nossos cientistas passaram a vida inteira tentando analisar e estudar. O princípio de antigravidade foi teorizado mais de uma vez, antes que qualquer um fosse capaz de prová-lo completamente. Agora finalmente temos a prova aqui, diante de nós — e ele apontou para o estranho objeto — de que isso é realmente possível.

— Eu teria um pouco mais de cuidado — disse Azakis, atenuando um pouco o entusiasmo do Coronel. — Sinto-me obrigado a informar-lhes que essa coisa nunca foi testada em grandes objetos como planetas, ou melhor, tentamos há dois ciclos mas não terminou exatamente como esperávamos. Além disso, eventos que não antecipamos podem ocorrer, e…

— Lá vem você, trazendo má sorte como sempre — disse Petri, interrompendo seu colega. — O mecanismo já foi demonstrado antes. Nossa própria astronave usa parte desse princípio para propulsão. Vamos ser otimistas ao menos uma vez!

— Porque realmente não existem outras alternativas, de qualquer jeito, ou estou errada? — perguntou Elisa, com uma voz decepcionada.

— Infelizmente, creio que não — disse Petri desolado, levemente cabisbaixo. — Na verdade, a única coisa que realmente temo é que, dado o tamanho reduzido do nosso toroide, não seremos capazes de absorver completamente todos os efeitos da força gravitacional, e uma parte dos grávitons conseguirá fazer seu trabalho, de qualquer forma.

— Está dizendo que essa coisa poderá não ser suficiente para impedir uma catástrofe, mesmo assim? — perguntou Elisa, aproximando-se do alienígena de maneira ameaçadora.

— Talvez não totalmente — respondeu Petri, dando um pequeno passo para trás. — Pelos meus cálculos, diria que cerca de dez por cento dos grávitons poderiam ser liberados nesse tipo de manobra.

— Então, tudo poderia ser esforço em vão?

— Absolutamente — respondeu Petri. — Reduziremos os efeitos em noventa por cento. Sobrará muito pouco para manejarmos.

— Vamos chamar de "Newark". — disse Elisa satisfeita. — Agora é melhor nos apressarmos. Sete dias passam rápido.

Base aérea Camp Adder – O refúgio

Os dois estranhos personagens, ainda vestidos de beduínos, acabavam de entrar em seu esconderijo na cidade, quando um fraco som intermitente do laptop, ainda funcionando na mesa da sala de estar, chamou-lhes a atenção.

— Quem diabos será? — perguntou o magro, irritado.

O sujeito gordo, que agora estava mancando mais do que antes, aproximou-se do computador, e depois de digitar uma senha decididamente complicada, disse: — É uma mensagem da base.

— Eles vão querer saber se a operação obteve êxito.

— Me dê um segundo para decodificá-la.

Uma série de símbolos ininteligíveis apareceu na tela, então depois de digitar uma combinação de códigos em sequência, a mensagem começou a aparecer lentamente.

General capturado e levado à base aérea Camp Adder. Requer operação imediata de resgate.

— Santo Deus! — exclamou o gordo. — Eles já sabem.

— Como diabos conseguiram?

— Bem, eles definitivamente têm mais ligações diretas do que nós. Não deixam escapar nada.

— E o que esperam que a gente faça?

— Não sei. Apenas diz aqui que devemos ir libertá-lo.

— Vestidos assim? Não acho uma boa ideia, de modo algum.

O sujeito alto e magro puxou uma cadeira da mesa, girou-a 90 graus e então, balbuciando uma série de gemidos intermitentes, caiu nela. — Só faltava essa!

Ele recostou um cotovelo na superfície polida e olhou distraidamente pela janela à sua frente. Notou que as janelas estavam realmente encardidas, e aquela à direita tinha uma rachadura que percorria quase todo o comprimento.

De repente, levantou os olhos para o companheiro, e com um sorrisinho sardônico, disse: — Acabo de ter uma ideia.

— Eu sabia, conheço esse olhar.

— Vá pegar o primeiro kit de primeiros socorros e me deixe dar uma olhada nesse galo que você tem na cabeça.

— Para ser sincero, estou mais preocupado com meu pulso. Queria saber se está quebrado.

— Não se preocupe, vou tratá-lo pra você. Eu queria ser veterinário quando era garoto.

Depois de pouco mais de uma hora e doses enormes de analgésicos e várias aplicações de pomadas, os dois comparsas estavam quase novos em folha.

Depois de se olhar no espelho pendurado na parede perto da porta de entrada, o magro disse com um sorriso: — Agora podemos ir — e passou para o quarto. Ele apareceu de novo logo depois, segurando dois uniformes militares norte-americanos passados a ferro.

— Onde conseguiu? — perguntou o gordo surpreso.

— São parte do kit de emergência que trouxe comigo. Nunca se sabe.

— Você é totalmente maluco — disse o gordo, sacudindo a cabeça ligeiramente. — E o que devemos fazer?

— Este é o plano — disse o magro, com um ar satisfeito, jogando para o colega o tamanho extra grande. — Você será o General Richard Wright, diretor de uma agência ultrassecreta do governo, que ninguém conhece.

— Obviamente, se é ultrassecreta. E você?

— Serei seu braço direito. Coronel Oliver Morris, a seu serviço, senhor.

— Então sou seu superior. Gosto disso.

— Mas não se acostume muito, ok? — disse o sujeito magro, erguendo o dedo indicador. — E esses são nossos documentos, com nossos distintivos.

— Caramba! Parecem reais.

— E isso não é tudo, meu velho — e mostrou ao outro uma folha de papel timbrado, assinada pelo Coronel Jack Hudson. — Essa é a solicitação oficial de transferência de prisioneiros para um "local seguro".

— Onde raios conseguiu isso?

— Imprimi mais cedo, enquanto você estava no banho. Pensou que era o único mago dos computadores?

— Estou impressionado. É até melhor que o original.

— Vamos entrar na base militar e deixar que entreguem o General. Se eles se oporem, podemos dizer a eles para contatar diretamente o Coronel Hudson. Não acho que celulares funcionam no espaço — e ambos deram muitas gargalhadas.

Por volta de uma hora depois, quando o sol se escondia por trás de uma duna alta de areia, um jipe militar, levando um Coronel e um General em uniformes de gala, parou na entrada da base aérea de Imam Ali ou Camp Adder, como os americanos a rebatizaram durante a guerra do Iraque. Dois militares, armados até os dentes, saíram da guarita blindada, e se moveram rapidamente em direção ao veículo. Dois outros, à distância, mantinham a visão nos passageiros.

— Boa noite, Coronel — disse o soldado mais próximo, dando uma elegante saudação militar. — Posso ver seus documentos e do General, por favor?

O Coronel magro e alto que estava sentado ao volante não disse nada. Ele tirou um envelope amarelo do bolso interno da jaqueta e entregou ao soldado. Este levou algum tempo lendo e apontou a lanterna nos rostos dos dois algumas vezes. O General visivelmente sentiu uma gota de suor que, a partir do galo em sua testa, começava a escorrer lentamente pelo nariz, e então cair no terceiro botão da sua jaqueta, que estava absurdamente tesa pela força do enorme estômago por debaixo.

— Coronel Morris e General White — disse o militar, novamente apontando a lanterna no rosto do Coronel.

— Wright, General Wright! — respondeu o Coronel magrelo num tom irritado. — Qual é o problema, Sargento, não consegue ler?

O Sargento, que pronunciara o sobrenome do General incorretamente de propósito, sorriu ligeiramente e disse: — Arranjarei para que alguém os acompanhe. Sigam esses homens — e com um aceno, ordenou aos dois militares para os levarem à prisão.

O Coronel ligou devagar o motor do jipe. Ainda não havia andado uns doze metros, quando ouviu um grito: — Pare, senhor!

O sangue gelou nas veias dos dois ocupantes do veículo. Permaneceram imóveis por longos momentos, até a voz continuar, dizendo: — Esqueceram seus documentos.

O corpulento General deu um suspiro de alívio tão grande que todos os botões do seu uniforme quase estouraram.

— Obrigado, Sargento — disse o homem magro, estendendo a mão ao soldado. — Estou envelhecendo mais cedo que pensei.

Eles partiram de novo no jipe e seguiram os dois soldados, que prosseguindo em ritmo acelerado, rapidamente os levaram à entrada de um edifício baixo e definitivamente desgastado. O soldado mais jovem bateu na enorme porta e entrou sem esperar resposta. Em seguida, um grande homem negro, completamente careca, com listras de sargento e rosto de valentão, apareceu na porta e ficou em posição de sentido. Fez uma saudação e disse: — General, Coronel. Entrem, por favor.

Os dois oficiais saudaram em resposta, e tentando ignorar as várias dores que começavam a reaparecer, entraram na grande sala.

— Sargento — disse o sujeito magro com determinação. — Temos aqui uma ordem escrita do Coronel Hudson nos autorizando a levar o General Campbell — e entregou ao outro o envelope amarelo.

O enorme sargento abriu e ficou lendo o conteúdo. Então, olhando fixamente com olhos penetrantes e escuros os do Coronel, proferiu: — Terei de verificar.

— Prossiga — respondeu o oficial tranquilamente.

O enorme homem negro tirou outra folha de papel de uma gaveta na mesa e comparou-a cuidadosamente com a que estava em sua mão. Olhou de novo para o Coronel e sem mostrar emoção, acrescentou: — A assinatura é a mesma. Importa-se se eu ligar para ele?

— É seu dever. Mas vamos ser rápidos, por favor. Já perdemos muito tempo — respondeu o Coronel magrelo, fingindo estar prestes a perder a paciência.

De nenhum modo assustado, o sargento lentamente levou a mão ao bolso do uniforme e tirou seu celular. Digitou um número e esperou.

Os dois oficiais prenderam a respiração até o militar, depois de apertar um botão no celular, comentar laconicamente: — Fora de alcance.

— Então, sargento, vamos andando? — exclamou o oficial num tom mais autoritário que antes. — Não podemos ficar aqui a noite toda.

— Vá e traga o General — o enorme sargento ordenou a um dos soldados que acompanhara os dois oficiais.

Após alguns minutos, um homem completamente calvo, com um enorme bigode e sobrancelhas cinzentas, e dois pequenos olhos brilhantes, apareceu na porta atrás do sargento. Usava uniforme de General, mas faltava uma das estrelas de ordenança no ombro direito. Estava algemado e atrás dele, o soldado de há pouco, o mantinha na mira.

O General deu um salto ao ver os dois oficiais, e então, adivinhando o plano, permaneceu quieto e tentou parecer tão triste quanto podia.

— Obrigado, soldado — disse o Coronel magricelo, retirando sua Beretta M9 do coldre. — Agora levaremos esse patife.

Astronave Theos - Plano de ação

— Não é emocionante pensar que nós dois vamos salvar a Terra, amor? — disse Elisa, olhando para o Coronel como um gato mimado, ao procurar a mão dele.

— Amor? Não é cedo demais para isso? — Jack a repreendeu, franzindo a testa.

Elisa recuou, e então quando o Coronel sorriu afetuosamente e tocou sua bochecha, ela percebeu que ele estava brincando. — Peste! Não brinque comigo de novo, senão vai ver — e começou a socar o peito dele com as duas mãos.

— Ok, ok — sussurrou Jack, abraçando-a ternamente. — Foi só um joguinho tolo. Não farei de novo.

O abraço súbito teve um efeito calmante e relaxante em Elisa. Ela sentiu toda a tensão que acumulara até então derreter de repente, como neve ao sol. Depois de tudo o que acontecera nas últimas horas, era do que precisava. Mergulhou nos braços dele, e lentamente fechando os olhos, encostou a cabeça no peito firme e se deixou levar completamente.

Enquanto isso, Azakis entrou na cabine terrivelmente estreita do H^COM e esperou resposta para a solicitação de comunicação na tela holográfica à sua frente.

Uma série de ondas multicoloridas, partindo do centro da tela, começou a criar um efeito semelhante ao de uma pedra jogada nas águas calmas de um lago. Do nada, as ondas gradualmente começaram a esvanecer e o rosto macilento e marcado pelo tempo do seu Ancião superior apareceu.

— Azakis — disse o homem sorrindo ligeiramente, enquanto erguia devagar a mão esquelética em saudação. — Como este pobre velho pode ajudá-lo?

— Revelamos a verdade para os dois terráqueos.

— Ousado — comentou o Ancião, segurando o queixo entre o polegar e o indicador. — E como reagiram?

— Digamos que depois do genuíno assombro inicial, acho que muito bem — Azakis pausou brevemente e depois disse, em tom sério: — Sugerimos o uso do superfluido do toroide para eles.

— O toroide? — exclamou o outro, levantando-se com uma agilidade de dar inveja a qualquer jovem. — Mas ainda não foi testado. Lembra-se do que aconteceu na última vez? Poderíamos criar uma flutuação de gravidade descontrolada com essa coisa e também existe o risco de criar um mini buraco negro.

— Eu sei, sei muito bem — respondeu Azakis em voz baixa. — Mas não acho que haja alternativa. Desta vez, se não adotarmos medidas drásticas, a passagem de Kodon pode ser fatal para os terráqueos.

— Qual é o seu plano?

— As estimativas são de que as órbitas dos dois planetas entrarão em interseção em menos de sete dias. Se pudesse fazer com que preparem o toroide e o tragam aqui a mim, pelo menos um dia antes.

— Isso não é tempo suficiente, você sabe.

— Terá de me conceder uma pequena margem para o posicionamento, configuração e procedimento de ativação.

— Tenho um mau pressentimento — disse o Ancião, passando a mão no cabelo grisalho.

— Petri está comigo. Tudo vai correr bem.

— Vocês dois são homens inteligentes, não duvido disso, mas muito cuidado. Essa coisa pode se tornar uma arma letal.

— Apenas nos deixe usá-la a tempo, deixe o resto conosco. Não se preocupe.

— Ok. Retornarei o contato assim que tudo estiver pronto. Boa sorte.

O rosto do seu superior desapareceu do monitor, que voltou a mostrar as mesmas ondas multicoloridas de antes.

Azakis lentamente levantou-se da cadeira desconfortável e ficou de pé com as mãos apoiadas no topo da mesa estreita por um instante. Milhares de pensamentos inundavam a sua mente, e enquanto um tremor ligeiro percorria suas costas, teve a nítida sensação de que estavam prestes a entrar num mar de desgraças.

— Zak — exclamou seu colega de aventuras animadamente, quando o viu emergir da cabine do H^COM. — O que o velho disse?

Azakis se espreguiçou e então respondeu calmamente: — Ele nos deu sua autorização. Se tudo correr como planejado, teremos o toroide, ou melhor, Newark, um dia antes das órbitas dos planetas entrarem em interseção.

— Tomara que a gente consiga. Não será fácil configurar essa coisa em tão pouco tempo.

— Está preocupado com o quê, meu amigo? — replicou Azakis com um leve sorriso. — Na pior das hipóteses, apenas abriremos uma distorção no espaço-tempo. Ela engolirá a Terra, Kodon, Nibiru e todos os outros satélites, de uma vez.

Os dois terráqueos, que estavam a pouca distância e que não haviam perdido uma única palavra dessa conversa, estavam petrificados.

— O que está falando? — Elisa conseguiu dizer precipitadamente, enquanto o olhava horrorizada. — Uma distorção no espaço-tempo? Engolir? Está dizendo que se esse plano não funcionar, geraremos a destruição do nosso e do seu povo?

— Bem, há uma pequena chance — comentou Azakis discretamente.

— Uma "pequena chance"? E diz isso com esse olhar calmo e sereno? Deve ser maluco! E nós, mais que vocês.

— Acalme-se, querida — interveio Jack, segurando-a pelos ombros e olhando diretamente em seus olhos. — Eles são mais inteligentes e mais preparados do que nós. Se decidiram seguir esse caminho, não podemos fazer nada a não ser apoiá-los e dar toda a ajuda que pudermos.

A doutora deu um longo suspiro e então disse: — Preciso sentar. Tivemos muitas emoções hoje. Se continuarem assim, vão me matar.

Jack tomou-a pelo braço e a levou para a poltrona mais próxima. Elisa caiu nela como um peso morto, com um gemido fraco.

— Talvez tenhamos reduzido demais a porcentagem de oxigênio na atmosfera — Azakis murmurou para seu colega.

— Tentei fazer com que fosse compatível para todos nós e para evitar de usar aqueles terríveis respiradores.

— Sei disso, amigo, mas receio que eles estejam sendo afetados excessivamente por isso.

— Ok, mudarei a mistura. Podemos nos adaptar mais facilmente.

O Coronel, porém, não parecia afetado de maneira alguma e estava de bom humor, mais do que nunca. Ação e riscos eram seu ganha-pão e sentia-se perfeitamente à vontade em situações como esta. — Bem — exclamou, enquanto se posicionava logo abaixo da imagem tridimensional do Newark, que ainda estava erguida majestosamente no meio da sala. — Essa coisa pode salvar a todos nós ou levar-nos à absoluta destruição.

— Uma análise sucinta mas válida — comentou Azakis.

— Neste momento — disse o Coronel num tom sério e com uma voz grave — creio que chegou a hora de avisar o resto do planeta sobre a catástrofe iminente.

— E como pensa em fazer isso? — perguntou Elisa, da poltrona. — Vamos pegar o telefone, chamar o presidente dos Estados Unidos e dizer: Olá, Senhor Presidente. Sabia que estamos na companhia de dois alienígenas que nos disseram que, em alguns dias, um planeta vai se aproximar e nos varrer da face da terra?

— No mínimo ele pedirá um rastreamento da ligação, chamará alguém para nos apanhar e nos levar para um manicômio — respondeu Jack, sorrindo.

— Mas você não tem um sistema de comunicação global como o nosso GCS? — Petri perguntou ao Coronel, intrigado.

— “GCS"? O que quer dizer?

— É um sistema de comunicação geral, capaz de memorizar e disseminar informações em uma escala planetária. Nós todos podemos acessá-lo, em níveis variados, por meio de um N^COM, um sistema neural implantado diretamente nos nossos cérebros, quando nascemos.

— Legal! — exclamou Elisa, surpresa. Então continuou, dizendo: — Na verdade, temos um sistema desse tipo. Chama-se internet, mas não estamos nem perto do seu nível.

— E não seria possível usar a sua "internet" para mandar uma mensagem para o planeta inteiro? — perguntou Petri, curioso.

— Bem, não é tão simples assim — respondeu Elisa. — Poderíamos inserir informações no sistema, mandar mensagens para grupos de pessoas, talvez até um vídeo curto e tentar disseminá-lo o máximo possível, mas ninguém acreditaria em nós, e certamente não chegaria a todos — Ela pensou alguns segundos e então acrescentou: — Acho que o único jeito seria com a boa e velha televisão.

— Televisão? — questionou Azakis. Então, virando-se para Petri, ele disse: — Por acaso esse não seria o sistema que usamos para receber imagens e filmes quando estávamos na rota até aqui?

— Acho que sim, Zak — e dizendo isso, começou a mexer numa série de comandos no console central. Depois de alguns segundos, trouxe algumas das sequências que haviam gravado anteriormente para a tela gigante. — É disso que estava falando?

Uma infinidade de filmes de todo tipo começou a aparecer em rápida sucessão: comerciais, noticiários, partidas de futebol e até filmes em preto e branco com Humphrey Bogart.

— Mas é Casablanca — exclamou Elisa, admirada. — Onde conseguiu tudo isso?

— Suas transmissões também irradiam para o espaço — respondeu Petri tranquilamente. — Tivemos que trabalhar um pouco no nosso sistema de recepção, mas no fim, conseguimos recebê-las.

— Foi graças a elas — acrescentou Azakis, — que conseguimos aprender a sua linguagem.

— E mais algumas bem mais complicadas — comentou tristemente Petri. — Quase fiquei doido com todos aqueles desenhinhos.

— Porém, — interveio o Coronel abruptamente — estávamos falando exatamente sobre isso, mas não acho que seja a melhor solução.

— Perdoe-me, Jack — interveio Elisa. — Não acha que seria melhor, antes de tudo, avisar seus superiores no ELSAD? Afinal, a não ser que eu não tenha entendido, ninguém mais além do próprio presidente dos Estados Unidos está no topo dessa organização, correto?

— E como sabe de tudo isso? — contestou o Coronel, atônito.

— Bem, até mesmo eu tenho as minhas fontes — disse Elisa, maliciosamente afastando uma mecha de cabelo que caíra em sua bochecha direita.

— As suas mulheres também agem assim? — perguntou Jack, abordando os dois alienígenas que estavam observando a cena, impressionados.

— Meu querido amigo, as mulheres são iguais em todo o universo — respondeu Azakis sorrindo.

— No entanto — continuou o Coronel depois de arriscar a piada, — acho que está absolutamente certa. Precisamos de uma instituição confiável para transmitir notícias tão sérias e preocupantes. Só estou um pouco apreensivo quanto às infiltrações externas que envolveram o General Campbell e os dois sujeitos que nos atacaram. O General, na verdade, era meu superior direto, mas aparentemente, ele é corrupto e traidor.

— Afinal, precisamos dar esse telefonema sobre o qual estávamos brincando? — respondeu a doutora Elisa.

— Parece absurdo, mas talvez seja a única solução.