Kitabı oku: «Interseção Com Nibiru», sayfa 4
Nassíria – O jantar
Depois que o Senador encerrou a conversa abruptamente, os três ficaram olhando o monitor, que mostrava desenhos abstratos e multicoloridos se mesclando continuamente.
— E agora? — perguntou o sujeito magro e alto, interrompendo aquela hipnose coletiva.
— Tenho uma ideia — respondeu o grandalhão. — Já faz algum tempo que comemos e estou vendo hambúrgueres por toda parte.
— E onde pensa que vamos encontrar hambúrguer agora?
— Não tenho a menor ideia, mas sei que se eu não comer algo logo, vou desmaiar.
— Ah, coitadinho, ele vai desmaiar — disse o magrelo com uma voz infantil. Então mudou seu tom: — Com todos esses pneus de gordura, poderia passar um mês sem comer.
— Ok, parem os dois com essa idiotice — exclamou o General, irritado. — Precisamos elaborar um plano de ação.
— Mas não consigo raciocinar de estômago vazio — disse baixinho, o gordão.
— Está bem então, — Campbell exclamou, erguendo as mãos, derrotado. — Vamos arranjar comida. E bolar um plano depois, pois temos bastante tempo até o Senador chegar.
— Assim é que se fala, General — exclamou o gordão alegremente. — Conheço um restaurante razoável onde fazem um fantástico guisado de cordeiro com batatas, cenouras e ervilhas ao molho curry.
— Bem, confesso que depois dessa descrição detalhada, também fiquei com um pouco de fome — disse o magrelo, esfregando as mãos rapidamente.
— Muito bem, me convenceu — disse o General, erguendo-se da cadeira. — Vamos andando, mas com cuidado para não sermos pegos. Duvido que já saibam, mas, para todos os efeitos, sou um fugitivo.
— E nós dois também não somos? — respondeu o magrelo. — Fugimos do acampamento e com certeza vão procurar por nós em todo lugar. Mas, por ora, não importa.
Alguns minutos depois, um carro escuro levando três sujeitos suspeitos acelerou noite adentro pelas ruas semidesertas da cidade, levantando uma leve nuvem de poeira.
— É aqui, chegamos — disse o grandalhão, que estava no banco de trás. — Está um pouco tarde, mas eu conheço o dono. Não haverá problemas.
O magrelo, que estava dirigindo, procurou um lugar fora de vista para estacionar. Deu uma volta no quarteirão e então estacionou debaixo do telhado de um barraco abandonado. Rapidamente saiu do carro e observou cautelosamente toda a redondeza, muito atento. Não havia ninguém por perto.
Deu uma volta pelo carro, abriu a porta do passageiro e disse: — Tudo quieto, General. Podemos ir.
O grandalhão também saiu do carro e avançou com passos rápidos em direção à entrada principal do estabelecimento. Tentou girar a maçaneta, sem sucesso. A porta estava trancada, e uma luz estava acesa dentro. Então tentou espiar pelo vidro, mas a grossa cortina colorida não lhe permitia entrever muita coisa. Sem perder mais tempo, começou a bater vigorosamente e não parou até ver um homenzinho, de cabelo enrolado e negro, surgir por detrás da cortina.
— Mas quem diabos... — o homenzinho começou a exclamar numa voz irritada, e quando reconheceu o amigo corpulento, parou no meio da frase e abriu a porta.
— Ah, é você. Que faz aqui a essa hora da noite? E quem são esses homens?
— Olá, seu velho gatuno, como vai? São meus amigos e estamos famintos.
— Mas o restaurante está fechado, já fiz a limpeza na cozinha e estava indo embora.
— Acho que este outro amigo meu vai te convencer — e abanou um nota de cem dólares na frente do seu nariz.
— Bem, na verdade… Devo dizer que vai — respondeu o homenzinho, arrancando a cédula da mão do gordo e fazendo-a sumir dentro do bolso da camisa. — Por favor, entrem — disse, escancarando a porta e curvando-se levemente ao mesmo tempo. Depois de rápidos olhares para trás para checar se alguém estava observando, os três, um após o outro, se esgueiraram para dentro do pequeno restaurante.
Havia dois cômodos que não pareciam estar particularmente bem cuidados. O chão era feito de lajes ásperas e escuras. No cômodo maior, três mesas baixas e redondas, cada uma sobre um tapete velho desbotado, estavam rodeadas de almofadas, também um pouco surradas. Porém, no outro cômodo, a decoração era mais ocidental, e bem mais aconchegante. Cortinas enormes em tons quentes cobriam as paredes. A iluminação era suave e o ambiente definitivamente muito mais acolhedor. Duas mesas pequenas já estavam preparadas, prontas para os fregueses do dia seguinte. Cada uma tinha uma toalha de mesa verde escura, com bordados multicoloridos, guardanapos da mesma cor, pratos marcadores de porcelana com bordas prateadas, garfos à esquerda, facas e colheres à direita, e no centro, uma longa vela amarela escura num pequeno castiçal de pedra negra.
— Podemos passar para lá? — perguntou o grandalhão, apontando o cômodo menor, com a enorme mão direita.
Sem responder, o homenzinho de cabelo enrolado foi ao cômodo menor, empurrou junto as duas mesas e arrumou as cadeiras, e então com uma reverência e um grande gesto teatral, disse: — Por favor, sentem-se, senhores, estarão mais confortáveis aqui.
Os três se sentaram à mesa e o grandalhão disse: — Faça seu prato especial e enquanto isso traga-nos três cervejas — Então, sem deixá-lo responder, acrescentou: — E não faça manha. Sei que tem várias caixas de cerveja escondidas por aí.
O General esperou o dono desaparecer para dentro da cozinha, e então retomou a conversa que tiveram há pouco. — O Senador é impiedoso. Devemos ser cautelosos. Se algo der errado, ele não hesitará em contratar alguém para se livrar de nós.
— Fabuloso — respondeu o gordão. — Parece que todo mundo está perdidamente apaixonado por nós, não?
— Vamos fazer nosso trabalho da melhor maneira possível, e nada vai acontecer conosco — comentou o magrelo, que até então estivera quieto. — Conheço o tipo, se não criarmos problemas e fizermos tudo que nos mandam, ficará tudo bem e cada um terá a sua merecida recompensa.
— Sim, um tiro no meio da testa — respondeu baixinho, o grandalhão.
— Vamos, não seja pessimista. Deu tudo certo até agora, não foi?
— É, até agora.
Enquanto isso, escondido na cozinha, o dono do restaurante estava conversando discretamente em árabe ao telefone: — É ele, estou lhe dizendo, é ele.
— É inacreditável que apareceu aí sem uma escolta apropriada.
— Está com outros dois. Conheço bem um deles e tenho certeza de que faz parte de alguma organização esquisita, que poderia estar ligada a ele de alguma forma.
— Consegue tirar uma foto e mandá-la para mim? Não quero me preparar para atacar e depois descobrir que é simplesmente um caso de identidade errada.
— Ok, vou ver o que posso fazer. Me dê alguns minutos.
O homem encerrou a chamada, ligou a câmera do celular, então colocou-o no bolso da camisa, de forma que a lente não estivesse totalmente coberta, e apanhando uma bandeja de alumínio, pôs três copos grandes sobre ela. Abriu três garrafas de cerveja e colocou-as próximas a cada um dos copos. Então ergueu a bandeja com a mão direita, tomou um grande fôlego e foi em direção à mesa ocupada pelos três companheiros de jantar.
— Espero que gostem da marca — disse, enquanto entregava as bebidas. — Infelizmente não temos muitos tipos diferentes. As leis daqui são bem rigorosas quanto a bebidas alcoólicas.
— Sim, sim, não se preocupe — disse o grandalhão ao pegar a garrafa e começar a se servir, enchendo o copo de espuma.
O homem, tomando cuidado especial em se posicionar diretamente em frente ao general, apanhou seu copo, inclinou-se um pouco e colocou quase metade da garrafa nele. Então, fazendo o mesmo com o copo do magrelo, exclamou: — Pronto! Não precisam de um pobre iraquiano para ensinar três americanos a servir cerveja, certo?
Risadas altas explodiram espontaneamente entre os três convivas, que, erguendo seus copos, fizeram um brinde auspicioso.
O dono, curvando-se levemente, retirou-se novamente para a cozinha. Assim que passou pela entrada, verificando se ninguém estava olhando, checou a gravação que havia feito no celular. As fotos estavam um pouco trêmulas, mas o rosto rechonchudo do general Campbell estava claramente visível. Imediatamente enviou o filme para o número que havia chamado antes e então esperou pacientemente. Em menos de um minuto, o celular vibrou suavemente, avisando-o do recebimento de chamada.
— É ele — disse a voz no outro lado. — Estaremos aí em uma hora, no máximo. Não deixem que saiam antes de chegarmos, em hipótese alguma.
— Acabaram de chegar e ainda vão começar a jantar. Você tem bastante tempo — e desligou.
Astronave Theos – O Almirante
Elisa ainda estava observando o pequeno objeto peculiar que Azakis colocara em sua mão, quando a porta número seis do módulo de comunicação interna se abriu. Petri surgiu com um grande sorriso, segurando o celular do Coronel.
— Consegui — exclamou — ou, pelo menos, assim espero — E rapidamente se juntando aos outros três no centro da ponte de comando, continuou: — Sem dúvida, é um sistema antigo, mas acho que consegui identificar o princípio de funcionamento. Conectei a um desses satélites que circulam lentamente em torno do planeta numa órbita mais baixa que a nossa, e agora acho que será possível fazer um”telefonema”.
— Bom trabalho, meu amigo — exclamou Azakis. — Sabia que conseguiria.
— Antes de cantar vitória, vamos ver se realmente funciona — disse Jack, tirando o celular das mãos do alienígena. O Coronel olhou cuidadosamente para a tela e então disse surpreso: — É inacreditável, tenho três barras de sinal.
— Vá em frente, tente — sugeriu Elisa, toda empolgada.
Jack rapidamente passou os olhos pela lista de contatos e encontrou o número do Almirante Wilson. Mas antes de chamar, teve uma dúvida repentina: — Que horas são agora em Washington?
— Bem, deve ser duas e meia da tarde — respondeu Elisa, depois de olhar no relógio de pulso.
— Ok, vou tentar então — Jack tomou um grande fôlego e então apertou a tecla "ENTER". O celular estava chamando. Inacreditável...
Ele esperou pacientemente e somente após o sétimo toque, uma voz rouca e grave atendeu: — Almirante Benjamin Wilson, quem é?
— Almirante. É o Coronel Jack Hudson. Consegue me ouvir?
— Sim, meu caro, alto e claro. É um prazer ouvi-lo depois de tanto tempo. Está tudo bem?
— Almirante... Sim, sim, obrigado... — Jack estava muito encabulado e não sabia exatamente por onde começar. — Estou lhe incomodando porque temos um assunto de extrema urgência, mas sobretudo inacreditável.
— Pelo amor de Deus, filho, não faça suspense. Que diabos está acontecendo?
— Bem, é difícil explicar. Você confia em mim, não é?
— É claro, que pergunta é essa?
— O que estou prestes a dizer pode parecer absurdo, mas garanto que é a verdade, pura e simples.
— Jack, se não me contar imediatamente, meu pobre e velho coração vai parar.
— Ok — O Coronel fez uma breve pausa, e então desembuchou de uma só vez: — Neste momento, estou em órbita em volta da Terra. Estou numa astronave alienígena e tenho notícias terríveis para relatar diretamente ao Presidente dos Estados Unidos. Você é a única pessoa de confiança que pode me colocar em contato com ele. Juro pela memória do meu pai que isso não é uma piada.
Longos segundos se passaram, sem ouvirem nada do alto-falante do celular. Por um momento, Jack temeu que o Almirante estivesse aterrorizado. Então a voz rouca do outro lado disse: — Mas está realmente me chamando daí de cima? Como diabos consegue fazer isso?
Wilson realmente era surpreendente. Em vez de se preocupar com alienígenas, ficava imaginando como consigo usar meu celular daqui de cima... Formidável...
— Bem, com a tecnologia deles, conseguiram fazer algum tipo de conexão com um satélite de telecomunicação. Não posso lhe dizer mais que isso.
— Alienígenas. Da onde são? E o que exatamente é essa catástrofe iminente? E por que escolheram você?
— Almirante, é uma longa história que espero ter tempo de lhe contar, mas por ora, a coisa mais importante é que me ponha em contato com o Presidente o mais depressa possível.
— Meu querido rapaz, confio plenamente em você, mas para conseguir que o Presidente acredite numa história como essa, precisarei algo mais que um simples telefonema.
— Sim, imaginei isso e me parece justo — continuou Jack. — E se eu dissesse que neste momento, você está sentado numa poltrona marrom escura, com uma cópia do New York Times, será que a minha história seria mais convincente? — Petri conseguira identificar as coordenadas do Almirante por meio do sinal do celular, posicionara a Theos bem no zênite da cidade e ativou os sensores de curto alcance, apontados diretamente para a fonte das emissões.
— Raios me partam — exclamou o Almirante, pulando e deixando o jornal cair no chão. — Como é que sabe disso? Não existem câmeras ocultas aqui. Meu escritório é verificado todos os dias.
— Bem, não estou exatamente usando uma "câmera" para vê-lo. Digamos que é um sistema de visualização absolutamente incrível. Estamos a uma distância de 50.000 quilômetros da Terra, e pude ler com facilidade seu jornal, da onde estou. Posso até informar seu batimento cardíaco.
— Está brincando, não é?
Jack olhou para Petri, que imediatamente mudou o modo de visualização.
Agora a figura do Almirante aparecia avermelhada, com vários matizes de amarelo e cinza escuro. Alguns números surgiram no canto superior direito da tela.. Jack os leu e disse: — Seu batimento cardíaco é de noventa e oito por minuto e sua pressão arterial é de 135/90 mmHg.
— Sim, eu sei, é um pouco alta. Tomo remédio para controlar, mas nem sempre funciona. É a idade, sabe... — Então ele ponderou um momento e exclamou: — Mas é absolutamente incrível, é surpreendente! Será que você consegue fazer a mesma coisa com o Presidente?
— Acho que sim — respondeu Jack, esperando um sinal positivo de Petri, que simplesmente assentiu de leve.
— Poderia pelo menos me dar uma pista sobre o que vai acontecer com nós todos? Considerando que eles vieram sabe-se lá de onde para nos avisar, é sinal de que deve ser um evento bastante grave.
— Ok, acho justo você saber.
Elisa estava encorajando-o a continuar com gestos das mãos e fazendo caretas esquisitas com a boca.
— O planeta deles está chegando perto do nosso num ritmo vertiginoso. Um dos seus satélites, Kodon para ser exato, vai se aproximar e nos atingir em menos de sete dias, e poderia causar uma série de transtornos indescritíveis. Até a nossa órbita e a da Lua poderiam ser afetadas. Ondas gigantescas na Terra poderiam varrer áreas submersas e as águas poderiam levar milhões e milhões de pessoas. Em resumo, uma catástrofe.
O Almirante estava emudecido. Ele afundou pesadamente na sua poltrona marrom, e em voz baixa, somente conseguiu sussurrar: — Bem, raios me partam.
— Na verdade, nossos amigos aqui gostariam de disponibilizar para nós um sistema que seja capaz de conter a maioria dos efeitos do desastre, mas é um procedimento muito perigoso, que nunca foi testado. Além disso, mesmo que tudo dê certo, na melhor maneira possível, não conseguiríamos sair ilesos do acontecimento. Uma parte da influência planetária, embora pequena, infelizmente não pode ser controlada. Portanto, devemos nos preparar para reduzir a um mínimo os danos e as perdas.
— Meu caro jovem — respondeu sutilmente o Almirante. — Eu realmente acho que o Presidente deve ficar imediatamente a par de tudo o que acabou de me contar. Só espero, pelo bem de nós dois, que não seja alguma brincadeira, porque ninguém sairá impune, embora, no meu íntimo esteja na esperança de que seja. Talvez, simplesmente adormeci na cadeira e logo vou acordar, descobrindo que isso não é mais que um pesadelo.
— Também desejo isso, Almirante. Mas infelizmente, não é um pesadelo mas a dura realidade. Confio que informará essa notícia ao Presidente.
— Ok. Só me dê um pouco de tempo para encontrar a maneira certa de chegar até ele. Como poderei entrar em contato com você?
— Acho que pode me chamar nesse número — disse Jack olhando para Petri, que com uma expressão hesitante, encolheu os ombros. — Deverá funcionar — continuou Jack. — Mas se não retornar dentro de uma hora, lhe chamarei de novo, ok?
— Ok. Até breve, então.
— Muito obrigado — disse o Coronel e encerrou a conversa. Ele permaneceu completamente imóvel por alguns segundos, com os olhos fixos no espaço, então virando-se para os outros três, que estavam escutando atentamente cada palavra, disse, bastante calmo: — Ele vai nos ajudar.
— Esperemos que sim — disse Elisa, um pouco hesitante. — Não acho que será fácil convencer o Presidente de que isso não é uma farsa.
— Somente ele pode fazer algo assim. Vamos dar-lhe um pouco de tempo — Então, se dirigindo a Petri, disse: — tente dar um espetáculo com seus "sensores" ou qualquer outra mágica que queira usar. Precisamos surpreendê-los com algo realmente excepcional, que deixará todos boquiabertos.
— Deixe comigo — disse Petri com um sorrisinho sardônico. — Temos um monte de efeitos especiais.
— Se quiser, posso mostrar o local exato da Casa Branca, a residência oficial do Presidente dos Estados Unidos, e o Pentágono, que é claro, é o Quartel-general do Departamento de Defesa.
— Bem — disse Elisa aproximando-se de Azakis — enquanto vocês dois se divertem espantando essas pobres almas na Terra, gostaria que me dissesse o que é esse estranho objeto que meu deu mais cedo.
— Como disse, penso que pode ser a solução para todos os seus problemas de descarte de lixo.
— Não vai dizer que poderei acioná-lo para fazer com que todo o plástico que está espalhado desapareça, vai?
— Infelizmente ainda não inventamos algo assim, mas deverá ajudá-los a substituí-lo.
— Sou toda ouvidos — e ela entregou-o para ele.
— Este pequeno objeto não é nada mais que um minigerador de campo de força. Graças a alguns programas bem simples, ele pode tomar qualquer formato que você desejar.
— O que quer dizer?
— Vou te mostrar agora. Abra a sua mão — Azakis apertou suavemente o pequeno retângulo escuro entre o polegar e o indicador e colocou-o na palma aberta dela. Não passou nem um segundo quando, como mágica, um lindo vaso em milhares de cores se materializou em sua mão.
— Raios... — Assustada, por instinto Elisa afastou a mão e largou o vaso, que caiu no chão, saltando de qualquer jeito aqui e ali, mas sem se quebrar, e sobretudo, sem fazer nenhum barulho.
— Desculpe — Elisa conseguiu sussurrar, lamentando. — Na verdade não esperava por isso — e se curvou para apanhá-lo de novo.
Ela segurou-o, ergueu-o acima da cabeça e começou a examiná-lo de todos os lados. Apesar da superfície totalmente lisa, a luz não parecia ser refletida nela, de modo nenhum. O objeto era mais frio ao toque do que esperava e não parecia ser feito de qualquer material que conhecesse.
— Essa coisa é absolutamente impressionante. Como fez isso?
— É graças a isto — respondeu Azakis, indicando o pequeno objeto negro, que parecia estar preso à base do vaso. — É isso que está gerando um campo de força no formato que pode ver.
— E você também poderia fazer isso no formato de uma garrafa?
— Certamente — disse Azakis, com um sorriso. — Veja — dizendo isso, colocou a ponta do indicador no pequeno retângulo e o vaso desapareceu. Segurou-o mais uma vez, apoiando o polegar nele e uma garrafa elegante azul-cobalto, com um gargalo longo e fino, apareceu do nada.
Elisa ficou boquiaberta e levou uns instantes para se recompor. Então, sem tirar os olhos do objeto recém-criado, disse, numa voz distorcida pela emoção: — Jack, venha aqui, tem que ver isto.
O Coronel, que a essa altura já havia dado a Petri todas as informações para encontrar os dois alvos, virou em sua direção, e em passos lentos, se aproximou. Ele olhou distraidamente para o objeto que Azakis estava segurando, e numa voz entediada, disse: — uma garrafa? E o que tem de tão interessante para ver?
— Sim, uma garrafa — respondeu Elisa, zangada. — Exceto que uns minutos atrás, era um lindo vaso colorido.
— Tá, sério, pare de gozação!
— Zak, mostre para ele.
O alienígena executou a mesma operação simples de antes, e dessa vez, uma enorme esfera, escura como breu, surgiu em suas mãos.
— Credo — exclamou o Coronel, pulando para trás.
— Você reconhece isto, não? — disse Azakis, abraçando a bola de quase um metro de diâmetro.
— Sim, sim — exclamou a doutora, toda entusiasmada. — É idêntica àquela que encontramos enterrada no acampamento, dentro do misterioso recipiente de pedra.
— E havia mais três — acrescentou o Coronel, — que serviram de base para o pouso da nave auxiliar.
— Precisamente — confirmou Azakis. — Nós as abandonamos na última vez, e usamos como referência para a recuperação da carga com o plástico.
— Caramba — exclamou Elisa. — Agora tudo está ficando mais claro, aos poucos.
— Perdoe-me se for uma pergunta idiota — disse Jack, encarando o alienígena. — Mas se quiséssemos usar essas coisas como recipientes, para colocar água, por exemplo, também teríamos que inventar um sistema prático de fechar e abrir. Como poderíamos fazer isso?
— Fácil. Simplesmente use outra e faça o molde de uma tampa.
— Que tonto que sou. Não tinha pensado nisso — disse Jack, dando um tapinha na própria testa.
— Como você chama essas coisinhas lindas? — perguntou Elisa, curiosa.
— No nosso planeta, são chamados de Shans — respondeu Azakis, enquanto fazia a bola desaparecer, e de novo entregou à Elisa o pequeno retângulo negro.
— Então este é um pequeno Shan — disse Elisa sorrindo, segurando-o entre os dedos, enquanto o observava atentamente. — Posso tentar criar alguma coisa?
— Bem, não é tão simples assim. Eu posso porque uso o meu implante N^COM para programá-lo em tempo real. Então ou eu faço um implante em você também, ou você pode usar... — ele parou de falar e começou a vasculhar uma pequena gaveta na lateral do console. Alguns segundos depois, retirou uma espécie de capacete, bem semelhante ao que usaram antes para respirar, e entregando a ela, terminou a frase dizendo: — isto.
— Tenho que colocar na minha cabeça? — perguntou Elisa, hesitante.
— Claro.
— Essa coisa não vai explodir meu cérebro, vai?
Azakis sorriu. Delicadamente, tomou as mãos de Elisa e ajudou-a a posicionar o capacete corretamente.
— E agora?
— Segure o Shan entre seus dedos e imagine qualquer objeto. Não se preocupe com o tamanho. Está programado para não se transformar em nada maior que um metro cúbico.
Elisa fechou os olhos e concentrou-se. Depois de alguns segundos, um fantástico suporte de vela prateado se materializou nas suas mãos.
— Meu Deus — exclamou, abismada. — É absurdo. É inacreditável — Elisa não conseguia controlar a emoção. Ela continuou a virar o objeto várias vezes em suas mãos, examinando cada detalhe. — É exatamente como o imaginei. Não é possível, devo estar sonhando.