Cherry Pie

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GOTA QUARENTA E NOVE

GOTA CINQUENTA

GOTA CINQUENTA E UM

GOTA CINQUENTA E DOIS

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GOTA CINQUENTA E OITO

GOTA CINQUENTA E NOVE

GOTA SESSENTA

Fim

Cherry Pie

Ver 3.5.3

George Saoulidis

Translator Aida Carvalho

Copyright © 2018 George Saoulidis

Published by Tektime

All rights reserved.

GOTA UM

Cherry puxou sua mala de viagem atrás de si e ficou do outro lado da rua de sua nova casa. Na fachada, lia-se 'HPP'. Era apenas a vitrine de uma loja com um apartamento anexo no topo. Ela torceu o nariz, pensou por um segundo e, em seguida, sentou-se em sua mala de viagem. Ela pegou seu tablet de desenho e começou a desenhar a vista.

A loja de armaduras ficava no meio, flanqueada por outro negócio que personalizava carros blindados. Do lado direito, uma loja de botas. Nada mais, apenas botas. Botas Kinky, botas de couro, botas de couro sintético em cores vibrantes. Cherry desenhou tudo: Os clientes que passavam, conversando entre si ou com alguém no véu, olhando as vitrines das lojas. As silhuetas dos donos dentro, pouco visíveis devido ao sol forte. Os carros estacionados na rua, os postes de luz, o grafite nas paredes.

Esta não era uma parte boa da cidade. A apenas algumas ruas da Avenida Syggrou, a rua sem saída onde os sonhos vão para morrer. Ainda assim, pareceu bom para Cherry.

Qualquer coisa pareceria boa em comparação com o que ela tinha antes.

Satisfeita com o enquadramento, ela salvou a imagem e limpou a tela do tablet, começando de novo em um detalhe. Hector estava em sua vitrine, colocando uma armadura em um de seus manequins. Ele não a tinha notado, e estava focado em seu trabalho, mãos experientes colocando as várias peças na pessoa inanimada e ajustando-as bem, como deveriam ser.

Cherry desenhou tudo. Sua expressão concentrada, seu cabelo escuro, seus olhos.

Alguém o chamou dos fundos e ele gritou alguma coisa em resposta. Cherry rapidamente copiou o esboço e mudou para outro painel, desenhando sua expressão irritada quando ele inclinou a cabeça para trás, seus olhos ainda em sua tarefa.

Patty apareceu, e Cherry copiou e mudou para um novo painel para incluí-la na cena. Ela desenhou-a rapidamente de memória, forte, modificada, mandona. Hector acenou com a mão, parecendo irritado. Ela o corrigiu sobre alguma coisa, inclinando-se para reposicionar a armadura para que ela recebesse mais luz. Ele disse algo de volta, ela levantou as sobrancelhas. Ele assentiu, aparentemente concordando com ela, de má vontade. Patty se afastou, dizendo algo que Cherry não conseguiu ouvir. Hector fez uma careta e foi vestir seus outros manequins.

Cherry capturou toda a discussão em um quadrinho improvisado. Ela passou por tudo, consertando algumas linhas grosseiras, dando pequenos retoques aqui e alí, adicionando um pouco de detalhes nas mãos onde era necessário. As mãos eram as coisas mais difíceis de desenhar, ela havia praticado muito, mas parecia que nunca seria suficiente.

Satisfeita com sua história em quadrinhos, ela deu uma olhada mais uma vez. Ela imaginou o que os balões de fala diriam e os adicionou. Ela conhecia Patty, mas mal conhecia Hector, então ela usou sua imaginação. Coçando a cabeça e pensando nisso por um minuto, ela deu um passo para trás em seu raciocínio. Bem, a discussão deles parecia a de um casal de longa data. Então, ela os fez falar como um.

"Eu não lhe disse para colocá-los sob a luz? Como os clientes os verão? Os comprarão?"

"Não me diga o que fazer com a minha loja!"

"Eu não diria, se alguém viesse aqui para comprar alguma coisa."

"*Resmungar*, *resmungar*."

"O que você disse?"

"Nada, Patty."

"Bom. Bem, agora parece ok. Eu vou estar limpando os carpetes no andar de cima."

Rindo sozinha, Cherry olhou para cima. Hector estava na parte de trás e ela não podia mais vê-lo, não desse ângulo.

Como ela deveria entrar ali? "Oi, eu sou a Cherry, eu moro aqui agora, eu acho?" E então ela deixaria sua bolsa em um canto?

 

Tão estúpida.

Essa coisa toda era estúpida. Este transeunte era estúpido. Sim, você, deixe-a em paz. Ela pensou que estaria lá fora, realizando seu sonho agora, desenhando junto com os grandes. Ou, pelo menos, ela teria seu próprio webcomic. Mas o cronograma de treinos do Cyberpink era insano, e as lesões não a deixavam desenhar tanto quanto ela queria. Claro, ela era rápida, mas bloquear com seus antebraços significava que suas mãos mal podiam funcionar depois, que dirá desenhar.

Ela puxou os dados do véu para HPP. Era o mesmo tipo de negócio, rebatizado quando Hector o herdou de seu pai. A mesma coisa por, tipo, cinquenta anos. Cinquenta anos. Cherry não conseguia nem imaginar um período de tempo tão longo. Poderia muito bem ser um século.

Hector deu uma volta na loja, procurando por algo nas várias prateleiras. Hector, seu novo dono. O homem que, para todos os efeitos, tinha poder de vida e morte sobre ela. Ele poderia rastreá-la, ele poderia eletrocutá-la, ele poderia meter a mão em seu salário, ele poderia vendê-la.

Mas ele não parecia muito interessado em fazer nada disso.

Qualquer outro dono a teria rastreado no minuto seguinte à compra, provavelmente dando-lhe um choque só para fazê-la se apressar. Hector apenas ligou e a convidou. Convidou. Educadamente.

Quem, porra, era esse cara?

E Patty? Ela o adorava. Ela nunca, jamais, iria admití-lo para ele, mas era tããão óbvio. Ela não parava de falar nele quando elas conversavam. Hector faz isso e Hector faz aquilo.

Cherry levantou-se e bafejou dentro da mão, verificando seu hálito. Ela precisava de uma bala de hortelã ou algo assim. Por que ela estava nervosa assim? Não era como se ela não tivesse conhecido o cara, e ela também tinha uma amiga lá. Não, não era preocupação. Ela só não queria criar esperanças. Ela estava certa de que assim que ela atravessasse aquelas portas, elas trancariam atrás dela e o monstro emergiria. A besta rastejante que habita cada pessoa que detém o poder sobre as outras.

Ela sabia disso. Isso aconteceria. Ela estava certa disso. Poderia correr tudo bem por alguns dias, até mesmo por alguns meses. Mas a besta emergiria. Patty estava errada. Nenhum homem estava imune a isso.

Se preparando para o pior, ela puxou sua mala de viagem atrás de si e caminhou em direção a sua nova casa.

Então ela amarelou, parou e se afastou.

GOTA DOIS

Estava ficando tarde. A campainha tocou e Hector foi atender.

"É a Cherry? Diga a ela que estou esperando há séculos," disse Pickle, gritando do quarto.

Hector voltou carregando uma caixa. Era um cooler de uma marca local de refrigerantes, a Loux. "Não, não era ela. Um entregador deixou isso e..." ele leu o ORA anexado. "Oh, é para você, na verdade." Ele deslizou a caixa por sobre a mesa em direção a ela.

Pickle se animou. "Para mim? Ooh! O que é?" Ela abriu o cooler e encontrou um tesouro dentro. "Oh, pelas tetas de Athena, isso é tão incrível!" Ela abriu um shaker e segurou-o.

Hector se inclinou sobre o cooler, fazendo uma careta. "O que é isso?"

"É Pickle Juice Slushies! Eu nunca tinha nem pensado nisso! É engenhoso. Aqui, experimente!" ela apontou o canudo para ele.

Ele levantou a palma da mão. "Eww, não, obrigado. Pode ficar com a minha parte."

Então ela notou a cor. "Ugh, eu tenho um mau pressentimento sobre isso."

"O quê?"

"É verde amarelado."

"E ai? É corante artificial, de qualquer maneira."

"Não, não, veja, é uma cor muito diluída para ser uma conserva de picles adequada."

Hector pareceu divertido e resignado. "O que é uma conserva de picles apropriada?"

Ela deu de ombros, os olhos para o lado. "Hm, algo como um intenso verde floresta. Você sabe, parecido com picles."

Hector não pareceu impressionado. Ele falou com a língua no céu da boca. "Uhum. Tanto faz. Você vai experimentar?"

O slushie estava gelado, a condensação se acumulando por todo o shaker. Ela colocou os lábios no canudo e deu um gole. "Yup, é doce. Não é tão bom."

"Como deveria ser?"

Pickle fez uma pose de 'você está brincando comigo,'. "Azedo, claro."

"Claro."

Ela lambeu os lábios, provando ao redor. "Tem um gosto no final que fica agarrado na boca. Esta bebida não é feita para os amantes de picles."

"Sério? Droga. Jogue fora então." Ele pegou o cooler.

"Cacete, não!" ela reclamou, afastando-o.

Ele riu. "Ok. Então, o que eles querem?" Ele girou o ORA e leu em voz alta. "Cara Patricia Georgiou, ficaríamos honrados se você e seu dono experimentassem nosso novo sabor Slushie e concordassem em serem patrocinados por nós. Nós anexamos os termos do contrato proposto, mas realmente queremos trabalhar com você, então, por favor, nos responda com quaisquer dúvidas que você possa ter e faremos o nosso melhor para saná-las."

Os olhos de Pickle se arregalaram. "Isso significa... Isso significa que eu..."

Hector deu um largo sorriso e assentiu. "Que você acabou de conseguir um patrocínio!"

Pickle soltou uma gargalhada de alegria e depois engoliu em seco. Ela levantou um dedo cibernético. "Não diga."

Hector se apoiou na parede e ergueu os ombros, parecendo totalmente presunçoso. "Eu só iria dizer-"

"Não diga isso!" Pickle agarrou o cooler em um abraço apertado e correu em direção ao seu quarto.

"Sério, tudo o que eu ia dizer era-"

"Não, porra, diga isso!" ela gritou do quarto.

"Eu te disse!" Hector gritou, obviamente sentindo-se cheio de si.

Ela chutou a porta, fechando-a.

"Um 'Obrigada, Hector,' seria legal, você sabe. Uma vez que eu te disse!" ele gritou.

Pickle mordeu a língua para não responder.

Ela podia ouvir os passos dele chegando até a porta. Ele falou através dela, sua voz vindo abafada. "Vamos rejeitar o patrocínio então?"

"Somos feitos de dinheiro, por acaso? Claro que não." ela zombou. "Abra logo a porta."

Hector espiou dentro. "Eu concordo, obviamente," disse ele. "Então o que vamos fazer? Você não pode endossar um produto de que não gosta."

"Calma. Eu vou até o escritório deles e digo o que eles precisam consertar. Vai ser incrível!"

"Ouch, já estou com pena deles," Hector estremeceu, depois fechou a porta e saiu.

Pickle se arrastou em sua cama e segurou o pacote de gelo cor de mijo em seus braços. Ela tomou outro gole. Mmm, não. Ainda é muito doce. Sim, ela definitivamente iria consertar este produto.

GOTA TRÊS

Hector sabia qual seria seu voto, ele podia ver em seu olho brilhante. O outro era modificado, então não era realmente tão expressivo para começo de conversa. Ele realmente não sabia como os patrocínios funcionavam, então ele enviou uma pergunta para Tony e ele respondeu com as instruções. Era muito fácil, praticamente um contrato blockchain como qualquer outro. Ele o releu algumas vezes com o script de linguagem simplificada de Tony e achou tudo certo. Nenhum adendo oculto, nenhuma brecha estranha que ele pudesse ver. Esses caras pareciam realmente querer esse acordo. Ele disse, "Foda-se,", tomou um gole de ouzo e aceitou.

Ele esperou alguns minutos pelas confirmações e depois checou as estatísticas de Pickle:


Nome Patricia Georgiou
Pseudônimo Pickle
Força 2
Velocidade 1
Estratégia 3
Sensualidade 1
Dimensões de Bojo D
Modificações Corporais 22%
Time Pie
Posição Enforcer (Espada e Escudo)
Vitórias 4
Derrotas 71
Rendimento 5500
Patrocínios Pickle Juice Slushies

Mil euros a mais a cada mês, caindo assim, fácil, na conta dela. Ele definitivamente poderia trabalhar com isso. Especialmente com todos os custos ocultos de possuir uma equipe. Era uma loucura, eles precisavam de merda que ele nem tinha pensado. Logotipos, sites, serviços de streaming, gerenciadores de mídias sociais, e ele estava contratualmente obrigado a fornecê-los ao torneio Cyberpink. Tarados precisam de um buraco de fechadura para espiar, claro. Você tinha que torná-lo grande o suficiente e pesquisável on-line em menus suspensos ordenados em lascívia decrescente. Felizmente, Tony estava muito ansioso para resolver tudo para ele. Ele praticamente se tornou indispensável, Hector nem sabia onde o site da equipe estava hospedado, quanto mais ir e trabalhar nele. Bem, o homem pode ser insuportável às vezes, mas ele era um mago com computadores. E ele estava babando em todo o seu teclado desde que começou a estar em torno de atletas Cyberpink durante todo o dia. Hector decidiu deixar o homem ter suas fantasias. Ele atrasaria alguns pagamentos por agora, mas pagaria ao homem sua parte justa. Ele estava fazendo coisas que Hector nem havia pensado. Ele havia vinculado feeds de notícias e automações que Hector nem entendia. Todos os fanboys lascivos seriam notificados naquele segundo sobre a atualização do patrocínio, eles logo fariam seus pedidos online. Línguas de fanboys cor de picles, isso era uma coisa engraçada de se imaginar.

Hector sacudiu a cabeça. Um mundo estranho para viver, isso era certo.

Ele se levantou, olhou pela janela, para a rua iluminada. As pessoas ainda estavam andando, apesar das lojas estarem fechadas a essa hora. É claro que o comércio não parava apenas porque as horas de funcionamento sugeridas pelo governo haviam acabado. Hector avistou o traficante habitual na esquina, apenas uma criança, mal devia ter seus 17 anos de idade. E, aparentemente, havia uma jovem conversando com ele, prestes a conseguir algo. Ela tinha cabelo curto e uma aparência legal e estava arrastando uma bolsa de viagem atrás.

Porra, Cherry!

Hector desceu as escadas correndo, foi para fora e atravessou a rua. "Hey, Mike," ele disse casualmente.

"Hey, Sr. Troy. Que houve?" o jovem confuso disse, seus olhos se movendo ao redor. Ambos sabiam que Hector não era um cliente habitual.

"Oh, está tudo bem. Oh, hey, Cherry, não te notei aí." Hector se apoiou no poste de luz da rua.

Cherry fez uma careta para ele. "Se você veio aqui para me impedir-"

Hector levantou a mão. "Deixe-me realmente pará-la aí mesmo. Eu não me importo realmente. Mas eu sei que esse jovem empreendedor aqui acaba vendendo lixo para as pessoas que são novas no bairro." Ele se virou lentamente para Mike, encontrando seu olhar.

Ele estava apavorado. "Sr. Troy, eu nunca faria isso! De verdade." Ele pegou o pó de volta da mão de Cherry e trocou-o por outro. Virando-se para ela, ele disse, "Da próxima vez, comece citando o fato de que você é conhecida do Sr. Troy, ok, amor?"

Cherry cruzou os braços e olhou para o lado. "Tanto faz."

"Tudo feito aqui? Vamos lá para cima, Patty está esperando por você o dia todo, ela estava preocupada com você."

Cherry seguiu-o por alguns passos e depois plantou os pés na calçada. "O que você vai fazer, me dar um sermão? Tirá-lo de mim?"

Hector se virou para ela e colocou as palmas das mãos no ar. "Você tem, o quê, vinte e dois anos de idade? Isso significa que você é uma adulta. E não, para ser honesto, eu preferiria que você não usasse drogas na minha casa. Mas se a alternativa é você sair na rua e cheirar em algum beco, então, por favor, entre. Sério, Patty tem andado de um lado para o outro o dia todo, ela está me enlouquecendo."

 

Ele partiu e Cherry ainda ficou lá.

"Eu estou indo para dentro, a porta está aberta para quando você se decidir," disse Hector em voz alta, indo embora.

Uma careta depois e ele ouviu a mala de viagem deslizar pela rua em direção a ele.

GOTA QUATRO

"Cherry!" Pickle exclamou e lhe abraçou, não, espremeu bem apertado.

"Oi. Estou aqui. Yay," Cherry disse com um sorriso forçado.

"Finalmente! Eu fiquei preocupada, você não respondeu as minhas mensagens. Deixa pra lá, deixa eu te mostrar tudo. Esta é a casa, e esse é..."

Pickle falou sem parar sobre o lugar, parecendo atordoada. Cherry não queria azedar seu humor, mas ela simplesmente não estava se sentindo animada. Claro, ela confiava na amiga e estava certa de que isso não era algum tipo de armadilha, mas ela já havia se iludido muitas vezes antes. Ela não pôde deixar de esperar que algo acontecesse.

"Esta é a cozinha, é praticamente a nossa sala de reuniões. Este é o ouzo de Hector, tem um bom estoque disso, se você aguentar. Este armário é minha despensa de picles, você pode pegar o quanto quiser." Ela pegou um frasco inteiro de picles.

"Puxa, obrigada..." Cherry riu.

"E este é o nosso quarto. Nós vamos dormir juntas esta noite e iremos buscar uma cama para você de manhã cedo, tudo bem?"

Cherry encolheu os ombros e deixou sua mala num canto. Pickle estava agitada, apontando as coisas para a esquerda e para a direita. "Este é o banheiro, podemos usar o de cima. Hector deixou apenas para nós. E este é o depósito, nunca toque em nada aqui dentro, é tudo empoeirado, de qualquer forma. Este é o quarto de Hector e agora vamos descer as escadas." A três passos do fim da escada, ela sentou-se e sussurrou o resto. "Este ponto é o melhor para dar uma espiada em Hector, enquanto ele trabalha, sem incomodá-lo. É uma bela vista enquanto se come um lanche." Pickle mordeu um picles e observou.

Hector estava realmente sem camisa, suando por cima da sua forja. Era uma forja de alta tecnologia, construída para trabalhos de precisão, que podia até mesmo fazer peças de naves espaciais, mas ainda assim era quente pra caralho. Uma chaminé feita de metamateriais à base de grafeno levava o calor para longe e para fora. Ele estava fazendo peças para suas armaduras, fazendo trabalhos pesados em um momento, batendo no metal com martelos e derramando ligas fundidas em moldes, e no momento seguinte ele fazia um delicado bordado, misturando o material macio ao resistente em uma fusão perfeita.

Cherry observou também, e distraidamente aceitou um picles do pote e o mastigou. Hector parecia Hefesto, trabalhando em sua forja. Mas em vez do baixo e atarracado CEO Olímpico, este era alto, magro, com músculos construídos pelo trabalho, nada parecido com o tipo fisiculturista inchado. As garotas observavam enquanto os músculos se definiam e contraíam, direcionando cada golpe do martelo no local exato em que ele estava mirando. Cherry podia ver que não havia excessos, nem golpes errados, nem desperdício de material. Era como assistir a um pintor pousar cada pincelada no ângulo e posicionamento precisos para terminar com uma obra-prima. Um pintor com um martelo e músculos definidos e brilhantes, cabelos escuros e uma barba curta, e o roçar de um peito peludo que terminava em uma linha de pelos ainda mais escuros na parte inferior da barriga, e desciam para dentro de suas calças... Depois de um longo momento, ela sussurrou, "Eu ia realmente tirar sarro de você no começo, mas posso definitivamente ver o motivo."

As duas mastigaram mais picles, apreciando a vista em silêncio.

"Esqueci de pegar alguns absorvente, você pode me emprestar algum?" Cherry disse, se despindo em seu quarto.

Pickle sorriu e apontou para o armário. "Abra aquela porta."

Cherry o fez e, assim que abriu, uma pilha de absorventes e O.B.s e todo tipo de produto de cuidados menstruais caiu no chão em torno de seus pés. Ela gritou, "O quê?! Você planejou isso, não é? Haha. Muito engraçada, muito madura você. O que é tudo isso, afinal?" Ela pegou um pacote da pilha.

Pickle colocou um pijama confortável e abraçou as pernas, perto dela. "Hector não sabia o que pegar para mim, então ele comprou dois de tudo."

Cherry desdenhou. "Aww, que adorável!"

Pickle riu e trouxe um segundo travesseiro.

"Então... vocês dois já... você sabe? Fizeram alguma coisa?" Cherry perguntou, indo em direção ao banheiro.

"Fizemos o quê?"

Cherry parou e imitou um dedo em um buraco, entrando e saindo.

Os olhos de Pickle se arregalaram. "Não! Unh-uh. Nope."

Cherry inclinou a cabeça para o lado. "Sério? Eu pensei o contrário."

"Não!" Pickle gritou. "Por que eu faria isto?" ela protestou, sua voz ficando aguda.

Cherry olhou para ela. "Então... Você não se importa se eu..." ela moveu o dedo ao redor, apontando para alguns lugares.

"Todo seu." Pickle sacudiu a cabeça vigorosamente.

Retornando do banheiro, Cherry encontrou Pickle segurando seu pacote de pó. Havia uma profunda carranca no lado carnudo do rosto dela. Cherry tentou encolher os ombros, "Eu... Uh, não ia usar. Eu não sei o que eu estava pensando, na verdade. Eu estava lá fora, prestes a vir aqui, entrei em pânico."

"Você entrou em pânico e foi comprar drogas?" Pickle disse, suspirando baixinho.

"Sim. Eu pensei que eu estava indo para a mesma situação, só que com um dono diferente. Foi um último ato de desafio, sabe?"

"Na verdade, não," disse Pickle simplesmente, colocando o saco de cocaína de volta na cômoda.

"Isso soa estúpido para mim também agora que eu disse em voz alta. Eu sei que deveria ter confiado em você, você disse que era ótimo aqui, e eu queria acreditar nisso. Eu ainda quero... é só..." Cherry sentou na cama e cobriu o rosto.

Pickle a abraçou. "Eu sei, Caroline. Eu sei."

Sentindo-se segura e amada pela primeira vez em anos, protegida nos braços de uma figura materna, Cherry deixou as lágrimas caírem e soluçou baixinho. Pickle apenas a segurou lá, acariciando o cabelo de Cherry com os dedos, cantarolando suavemente. Beijou-a na testa. "Está segura agora. Não vou deixar nada acontecer com você."

Cherry então soltou tudo, se esganiçando de chorar.

Um pouco depois, as duas se arrastaram para a cama. Uma desajeitada Pickle a abraçou com força: "Eu fico por trás na conchinha."

"Por que você fica por trás?" Cherry reclamou, sem realmente se importar.

"Porque eu sou mais velha," disse Pickle, encerrando a discussão.

Cherry se contorceu. "Ai, garota, seu exoesqueleto está cutucando as minhas costas. Isso é tortura."

"Quando você conseguir sua própria cama, estará livre dessa tortura. Agora cale a boca e se vire."

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