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Em Busca de Heróis

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Seriler: Anel Do Feiticeiro #1
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Okuyor Gabriel Vasconcelos
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Sobre Morgan Rice

Morgan Rice é a autora do best-seller #1 DIÁRIOS DE VAMPIROS, uma série destinada a jovens adultos composta por onze livros (mais em progresso); da série de Best-seller #1 – TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA, um thriller pós-apocalíptico que compreende dois livros (outro será adicionado); a série número um de vendas, O ANEL DO FEITICEIRO, composta por treze livros de fantasia épica (outros serão acrescentados).

Os livros de Morgan estão disponíveis em áudio e página impressa e suas traduções estão disponíveis em: alemão, francês, italiano, espanhol, português, japonês, chinês, sueco, holandês, turco, húngaro, checo e eslovaco (em breve estarão disponíveis em mais idiomas).

Morgan apreciará muitíssimo seus comentários, por favor, fique à vontade para visitar www.morganricebooks.com faça parte de nosso newsletter, receba um livro gratuito, ganhe brindes, baixe nosso aplicativo gratuito, obtenha as novidades exclusivas em primeira mão, conecte-se ao Facebook e Twitter, permaneça em contato!

Crítica aclamada sobre Morgan Rice

“O ANEL DO FEITICEIRO reúne todos os ingredientes para um sucesso instantâneo: tramas, intrigas, mistério, bravos cavaleiros e florescentes relacionamentos repletos de corações partidos, decepções e traições. O livro manterá o leitor entretido por horas e agradará a pessoas de todas as idades. Recomendado para fazer parte da biblioteca permanente de todos os leitores do gênero de fantasia.”

--Books and Movie Reviews, Roberto Mattos.

“Rice faz um trabalho magnífico ao atrair você para a história desde o início, utilizando uma grande qualidade descritiva que transcende a mera imagem do cenário… Muito bem escrito e de uma leitura extremamente rápida.”

--Black Lagoon Reviews (referindo-se a Turned)

“Uma história ideal para jovens leitores. Morgan Rice fez um bom trabalho, dando uma interessante reviravolta na trama… Refrescante e original. As séries giram em torno de uma garota… Uma jovem extraordinária!… Fácil de ler, mas com um ritmo de leitura extremamente acelerado… Classificação10 pelo MJ/DEJUS.”

--The Romance Reviews (referindo-se a Turned)

“Captou a minha atenção desde o início e eu não pude soltá-lo… Esta é uma história de aventura incrível que combina agilidade e ação desde o início. Você não encontrará nela nenhum momento maçante.”

--Paranormal Romance Guild (referindo-se a Turned)

“Carregado de ação, romance, aventura e suspense. Ponha suas mãos nele e apaixone-se novamente.”

--Vampirebooksite.com (referindo-se a Turned)

Uma ótima trama, este é especialmente o tipo de livro que lhe dará trabalho soltar à noite. O final é tão intrigante e espetacular que fará com que você queira comprar imediatamente o livro seguinte, só para ver o que acontecerá.

--The Dallas Examiner (referindo-se a Loved)

“Um livro que é um rival digno de CREPÚSCULO (TWILIGHT) e AS CRÔNICAS VAMPIRESCAS (VAMPIRE DIARIES) e que fará com que você deseje continuar lendo sem parar até a última página! Se você curte aventura, amor e vampiros este é o livro ideal para você!”

--Vampirebooksite.com (referindo-se a Turned)

“Morgan Rice mais uma vez mostra ser uma narradora extremamente talentosa… Esta narrativa atrairá uma grande variedade de público, incluindo os fãs mais jovens do gênero vampiro/fantasia. Terminou com uma situação de suspense tão inesperada que o deixará chocado.”

--The Romance Reviews (referindo-se a Loved)
Livros de Morgan Rice

O ANEL DO FEITICEIRO

EM BUSCA DE HERÓIS (Livro #1)

UMA MARCHA DE REIS (Livro #2)

UM DESTINO DE DRAGÕES (Livro #3)

UM GRITO DE HONRA (Livro #4)

UM VOTO DE GLÓRIA (Livro #5)

UMA CARGA DE VALOR (Livro #6)

UM RITO DE ESPADAS (Livro #7)

UM ESCUDO DE ARMAS (Livro #8)

UM CÉU DE FEITIÇOS (Livro #9)

UM MAR DE ESCUDOS (Livro #10)

UM REINADO DE AÇO (Livro #11)

UMA TERRA DE FOGO (Livro #12)

UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro #13)

TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA

ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro #1)

ARENA DOIS (Livro #2)

DIÁRIOS DE UM VAMPIRO

TRANSFORMADA (Livro #1)

AMADA (Livro #2)

TRAÍDA (Livro #3)

DESTINADA (Livro #4)

DESEJADA (Livro #5)

PROMETIDA EM CASAMENTO (Livro #6)

JURADA (Livro #7)

ENCONTRADA (Livro #8)

RESSUSCITADA (Livro #9)

SUPLICADA (Livro #10)

DESTINADA (Livro #11)

Ouça o audiobook O ANEL DO FEITICEIRO!
Agora disponível em:
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Copyright © Morgan Rice 2012

Todos os direitos reservados. Exceto os permitidos, sujeitos à Lei de direitos autorais dos Estados Unidos de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida; distribuída; ou transmitida, em qualquer forma ou por qualquer meio; ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recuperação, sem a prévia autorização da autora.

Este e-book é licenciado unicamente para seu usufruto pessoal. Este e-book não pode ser revendido ou cedido a outras pessoas. Caso você deseje compartilhar este livro com outra pessoa, por favor, adquira uma cópia extra para cada uma delas. Se você estiver lendo este livro sem o haver comprado, ou o mesmo não foi adquirido para seu uso exclusivo, por gentileza, devolva-o e adquira sua própria cópia. Obrigada por respeitar o trabalho árduo desta autora.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, lugares, eventos e incidentes ou são o produto da imaginação da autora ou são utilizados ficcionalmente. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.

A imagem de capa é de propriedade de RazoomGame e usada sob licença da Shutterstock.com.

 
“Inquieta fica a cabeça que usa a coroa.”
 
—William Shakespeare
Henrique IV- Parte II


CAPÍTULO UM

O garoto estava no monte mais alto da parte baixa do campo no reino ocidental do Anel, fitando o Norte, observando os raios do primeiro sol nascente. Até onde sua vista alcançava se estendiam as colinas verdejantes e onduladas, como as corcovas dos camelos, descendo e subindo em uma série de vales e montes. Os primeiros raios ardentes e alaranjados do sol pairavam na névoa matinal, fazendo tudo reluzir, proporcionando à luz uma magia que combinava perfeitamente com o estado de ânimo do garoto. Ele raramente despertava assim tão cedo ou se aventurava a estar tão longe de casa – e nunca havia subido a tais alturas, já que sabia que isso despertaria a fúria de seu pai. Porém, nesse dia ele não se importava com isso. Nesse dia, ele desconsiderou os milhões de regras e obrigações que o tinham oprimido durante seus quatorze anos, já que esse dia era diferente. Era o dia em que o seu destino havia chegado.

O garoto – Thorgrin do Reino ocidental da província do Sul do clã McLeod – conhecido por todos, tal como ele gostava, simplesmente como Thor – era o caçula dos quatro filhos e o menos preferido por seu pai. Ele tinha ficado acordado a noite inteira, antecipando esse dia. Ele tinha dado voltas na cama, sem poder pregar os olhos, aguardando, desejoso, que os primeiros raios de sol despontassem. Visto que um dia como esse tomava lugar apenas a cada sete anos, caso ele o perdesse, teria de permanecer varado nessa vila, condenado a pastorear o rebanho de seu pai pelo resto da vida. Esse era um pensamento que ele simplesmente não podia suportar.

Dia de alistamento. Era o dia no qual o exército real percorria a províncias e recrutava os voluntários para a legião do rei. Desde que Thor tivera consciência do mundo, ele não havia sonhado com outra coisa. Para ele, a vida significava apenas uma coisa: alistar-se no Exército Prata, a força de elite dos cavaleiros do rei, revestidos com as melhores armaduras e os mais seletos braços de todas as partes dos dois reinos. E ninguém poderia ingressar no Exército Prata, a menos que se unisse antes à Legião, a companhia de escudeiros, cujas idades variavam entre quatorze e dezenove anos de idade. A menos que alguém fosse filho de um nobre ou um guerreiro famoso, não havia outra maneira de unir-se à Legião.

 

O dia do alistamento era a única exceção, esse era um evento raro, ocorrido com pouca frequência, geralmente quando o contingente da Legião se reduzia e os seus homens percorriam a terra em busca de novos recrutas. Todos sabiam que poucos plebeus tinham chance de ser selecionados e que apenas uns poucos realmente entrariam na Legião.

Thor estava lá, estudando o horizonte atentamente, à procura de qualquer sinal de movimento. Ele sabia que o Exército Prata teria de tomar a única rota para o seu vilarejo e ele seria o primeiro a detectá-lo. Seu rebanho de ovelhas protestava ao seu redor, elevando-se em um coro de grunhidos irritantes, pressionando-o a trazê-las de volta montanha abaixo onde o pasto era melhor. Ele tratou de bloquear o ruído e o fedor. Ele tinha de concentrar-se.

O que tinha tornado tudo isso suportável, durante todos esses anos de cuidar do rebanho, de ser o desprezado por seus pais e seus irmãos, de ser aquele com quem menos se importavam e o mais carregado com obrigações, era a ideia de que um dia ele deixaria este lugar. Um dia, quando o Exército Prata viesse, ele surpreenderia a todos aqueles que o haviam subestimado e seria selecionado. Em um só movimento, ele subiria a sua carruagem e diria adeus a todos eles.

O pai de Thor, é claro, nunca considerou seriamente que ele pudesse ser um candidato para a Legião; de fato, seu pai nunca o considerou um bom candidato para coisa alguma. Em vez disso, seu pai devotava todo seu carinho e afeto aos três irmãos mais velhos de Thor. O mais velho deles tinha dezenove anos e os outros dois tinham dezoito e dezessete anos respectivamente, sendo Thor três anos mais jovem que o seu irmão mais velho. Talvez, porque a diferença de idade entre seus irmãos mais velhos era menor, ou talvez porque eles se pareciam muito entre si e em nada se pareciam a Thor, os três irmãos eram muito unidos, raramente estavam conscientes da existência de Thor.

Para piorar as coisas, eles eram altos, fornidos e mais fortes do que ele. Thor sabia que ele não era baixo, mas mesmo assim se sentia pequeno ao lado deles, sentia que suas pernas musculosas eram frágeis, comparadas com as pernas do tipo barril de carvalho de seus irmãos. Seu pai não fazia nada para retificar isso – na verdade, parecia desfrutar disso – delegando a Thor o cuidado do rebanho e o trabalho de afiar as armas, enquanto que seus irmãos tinham toda a permissão para treinar. Nunca se expressava isso abertamente, mas estava implícito que Thor passaria sua vida relegado; sendo forçado a observar seus irmãos conquistar grandes coisas. Seu destino, no que dependesse de seu pai e de seus irmãos, era que ele permanecesse ali, engolido por seu vilarejo e provesse o necessário para satisfazer às demandas de sua família.

Pior ainda, era o fato contraditório de que Thor percebia que seus irmãos se sentiam ameaçados por ele, talvez até mesmo o odiassem. Thor podia ver isso em cada um dos seus olhares, em cada um dos seus gestos. Ele não entendia como, mas ele despertava algo como temor ou ciúmes em seus irmãos. Talvez fosse porque ele era muito diferente deles, não se parecia fisicamente com eles, não falava da mesma maneira que eles; ele nem mesmo se vestia igual a eles; seu pai sempre reservava o melhor – as túnicas de cor púrpura e vermelha – as armas mais reluzentes para os seus irmãos – ao passo que a Thor só restava usar os mais ásperos dos trapos.

Mesmo assim, Thor fazia o melhor que podia com o que ele tinha, encontrando uma maneira de fazer com que suas roupas lhe servissem. Ajustou sua túnica com uma faixa ao redor dos seus quadris e agora que o verão havia chegado, ele cortou as mangas para permitir que seus braços tonificados fossem acariciados pela brisa.

Suas túnicas combinavam com calças de tecido áspero, seu único par, suas botas estavam feitas do couro de mais baixa qualidade, amarradas às suas pernas. O couro de suas botas dificilmente poderia se comparar ao couro dos calçados de seus irmãos, mas ele lhe servia. Thor usava a típica vestimenta de um pastor.

Porém sua postura dificilmente era a típica de um pastor. Thor se erguia alto e firme com o queixo orgulhoso e nobre, pômulos destacados e olhos cinza, parecendo um guerreiro fora do seu elemento. Seu cabelo liso e marrom caía em ondas em sua cabeça, por suas orelhas e detrás delas. Seus olhos brilhavam como um peixinho sob a luz.

Os irmãos de Thor tiveram permissão para dormir um pouco mais esta manhã, tomar um café da manhã farto, eles seriam enviados para a seleção com as melhores armas e a benção de seu pai. Thor, por outro lado nem sequer tinha permissão para se apresentar. Thor quis discutir esse assunto com seu pai, mas não teve êxito. Seu pai finalizou rapidamente a conversação, Thor não havia tentado abordar esta questão novamente. Simplesmente não era justo.

Thor estava determinado a rejeitar o destino que o seu pai havia traçado para ele: ao primeiro sinal da caravana real, ele correria até a sua casa, confrontaria o seu pai, e, gostando ele ou não, Thor se daria a conhecer aos homens do rei. Ele se postularia para seleção com os outros. Seu pai não poderia detê-lo. Sentia um nó no estômago só de pensar nisso.

Os primeiros raios de sol se elevaram bem alto e os segundos raios, de uma tonalidade verde menta, começaram a surgir, acrescentando uma capa de luz ao céu de cor púrpura. Foi quando Thor os viu.

Ele permaneceu erguido, cabelos arrepiados, eletrizado. Ali no horizonte surgia a silhueta turva de uma carruagem, suas rodas lançando poeira ao céu. Seu coração batia mais rápido quando outra apareceu; e logo, mais outra. Mesmo dali, as carruagens douradas cintilavam ao sol, como um peixe prateado ao saltar da água.

Para quando ele contou doze delas, já não pôde esperar mais. Seu coração batia descompassado no peito, esquecendo seu rebanho pela primeira vez na vida, Thor deu a volta e tropegamente desceu a colina, determinado a não parar diante de nada até que ele pudesse dar-se a conhecer.

*

Thor quase não parou para tomar fôlego, enquanto corria colina abaixo, através das árvores, cujos galhos o arranhavam sem que ele se importasse. Ele chegou a uma clareira e viu sua aldeia que se estendia abaixo: uma cidade pacata com casas de apenas um andar, feitas de argila, pintadas de branco e com tetos de palha. Não havia mais do que algumas dezenas de famílias entre elas. A fumaça subia das chaminés, visto que a maioria estava levantada desde cedo para preparar seu café da manhã. Era um lugar paradisíaco, longe o suficiente – um dia de viagem inteiro – de distância da corte do rei, para dissuadir os transeuntes. Era apenas mais uma aldeia agrícola na borda do Anel, outra engrenagem na roda do Reino Ocidental.

Thor precipitou-se pela reta final irrompendo na praça da aldeia, levantando poeira enquanto prosseguia. Galinhas e cachorros fugiam de seu caminho. Uma mulher idosa, que estava do lado de fora de sua casa diante de um caldeirão de água borbulhante, murmurou algo para ele.

“Mais devagar, menino!” Ela gritou quando ele passou correndo, lançando poeira em seu fogo.

Porém, Thor não reduziria a marcha – nem por ela, nem por ninguém. Ele passou por uma rua, depois por outra, dobrando e virando em direção ao caminho que ele sabia de cor, até que ele chegou em casa.

Era uma moradia pequena, modesta, como todas as outras, com suas paredes de argila branca e telhado de palha em ângulo. Como todas as demais, seu espaço único estava dividido, seu pai dormia em um lado e seus três irmãos do outro; a diferença das demais casas, a dele tinha um pequeno galinheiro nos fundos, e ali Thor foi exilado para dormir. A princípio ele dormia em um beliche com seus irmãos; mas com o tempo, eles tinham se tornado maiores; mais cruéis e mais seletivos e armaram toda uma cena para privá-lo de seu espaço. Thor tinha sido ferido, mas agora ele apreciava seu próprio espaço, preferindo ficar longe da presença deles. O incidente apenas confirmou o que ele já sabia: que ele havia sido desterrado por sua família.

Thor correu para a porta da frente e irrompeu por ela sem parar.

“Pai!” Ele gritou, tentando recuperar o fôlego. “O Exército Prata! Eles estão chegando!”

Seu pai e três irmãos estavam sentados curvados sobre a mesa do café, já vestidos com suas melhores vestes. Ao ouvir suas palavras pularam e correram atrás dele, esbarrando entre si enquanto corriam para fora da casa em direção à estrada.

Thor seguiu-os para fora e todos ficaram ali olhando o horizonte.

“Não vejo ninguém.” Drake, o mais velho, respondeu com sua voz grave. Com os ombros mais fortes, o cabelo cortado curto como seus irmãos, olhos castanhos e lábios finos cheios de desaprovação, ele fez uma careta para Thor, como de costume.

“Nem eu.” Ecoou Dross, apenas um ano mais novo que Drake, mas sempre tomando seu partido.

“Eles estão vindo!” Thor gritou de volta. “Eu juro!”

Seu pai virou-se para ele e agarrou-lhe os ombros severamente.

“E como é que você sabe?” Ele exigiu…

“Eu os vi.”

“Como? Desde onde?”

Thor hesitou; seu pai o havia apanhado. Ele sabia, é claro, que o único lugar desde onde Thor poderia ter avistado o Exército Prata era o topo da colina. Agora, Thor estava inseguro sobre o que responder.

“Eu subi a colina.”

“Com o rebanho? Você sabe que ele não deve ir tão longe.”

“Mas hoje era diferente. Eu tinha de ver.”

O pai disse rispidamente.

“Vá para dentro de uma vez e traga as espadas de seus irmãos e lustre suas bainhas, para que elas se vejam o melhor possível, antes que cheguem os homens do rei.”

Seu pai, já farto dele, voltou-se para seus irmãos, que estavam todos na estrada olhando.

“Você acha que eles vão nos escolher?” Perguntou Durs, o mais novo dos três, um total de três anos à frente do Thor.

“Eles seriam tolos se não o fizessem.”Disse o pai deles. “Eles estão com poucos homens este ano. Deve ter ocorrido uma redução nas filas – ou do contrário eles não se incomodariam em vir. Fiquem alinhados, vocês três, mantenham seu queixo erguido e peito aberto. Não olhem para eles diretamente nos olhos, mas tampouco desviem o olhar. Sejam fortes e confiantes. Não demonstrem fraqueza. Se vocês quiserem estar na Legião do rei, vocês devem agir como se já estivessem nela.”

“Sim, Pai.” Seus três rapazes responderam em uníssono, ficando em posição.

Ele se virou e encarou Thor.

“O que você ainda está fazendo aí?” Ele perguntou. “Vá para dentro!”

Thor estava ali, indeciso. Ele não queria desobedecer a seu pai, mas tinha de falar com ele. Seu coração batia descompassado enquanto ele debatia isso. Ele decidiu que seria melhor obedecer, trazer as espadas e então, enfrentaria seu pai. Desobedecer abertamente a seu pai, não o ajudaria.

Thor correu para dentro de casa, cruzou pela parte de trás para o galpão de armas. Ele encontrou as três espadas de seus irmãos, objetos de culto de todos eles, coroadas com os melhores punhos de prata.

Ele correu para os seus irmãos, entregou a cada um uma espada, em seguida, virou-se para seu pai.

“O quê! Não estão polidas?” Disse Drake.

Seu pai virou-se para ele com desaprovação, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Thor falou.

“Pai, por favor. Eu preciso falar com você!”

“Eu lhe disse para polir.”

Por favor, Pai!”

O pai o olhou de volta, vacilante. Ele deve ter visto a seriedade no rosto de Thor, porque, finalmente, disse, “E então?”

“Eu quero me alistar com os outros… Na Legião.”

Seus irmãos, atrás dele, caíram na risada fazendo com que seu rosto ficasse vermelho, ardendo de raiva…

Mas seu pai não riu; ao contrário, sua carranca se fechou mais ainda.

“Você quer mesmo?” Ele perguntou.

Thor assentiu vigorosamente com um movimento de cabeça.

“Tenho 14 anos. Eu sou elegível.”

“A idade mínima é quatorze anos.” Drake disse com desprezo, por cima do ombro. “Se eles o aceitassem, você seria o mais jovem. Você acha que eles escolheriam você em lugar de mim, alguém que é cinco anos mais velho do que você?”

“Você é um insolente.” Disse Durs. “Sempre foi.”

Thor virou-se para eles e disse: “Eu não estou perguntando para vocês.”

Ele voltou-se para seu pai, que ainda estava carrancudo.

“Pai, por favor.” Ele disse. “Permita-me ter uma chance. Isso é tudo que eu peço. Eu sei que sou jovem, mas eu vou me pôr à prova ao longo do tempo.”

Seu pai abanou a cabeça.

“Você não é um soldado, rapaz. Você não é como seus irmãos. Você é um pastor. Sua vida está aqui. Comigo. Você vai cumprir com suas obrigações e cumpri-las bem. Ninguém deve sonhar alto demais. Abrace a sua vida e aprenda a amá-la.”

 

Thor sentiu seu coração partir quando viu sua vida desmoronar diante de seus olhos.

Não, ele pensou. Isso não pode ser verdade.

“Mas, Pai!…”

“Silêncio!” Ele deu um grito tão agudo que cortou o ar. “Já tive suficiente. Aí vêm eles. Fique fora do caminho e melhore suas maneiras enquanto eles estiverem aqui.”

Seu pai se aproximou e com uma mão empurrou Thor para o lado, como se ele fosse um objeto que era melhor não ser visto. Sua palma corpulenta espetou o peito de Thor.

Um grande estrondo se ouviu, os habitantes debandaram de suas casas, ganhando as ruas. Uma nuvem de poeira crescente anunciava a caravana, momentos depois, chegou uma dúzia de carruagens puxadas por cavalos, fazendo um barulho como o de um grande trovão.

Eles chegaram à cidade como um exército repentino, parando perto de casa de Thor. Os seus cavalos, empinando no lugar, bufando. Levou muito tempo para que a nuvem de poeira assentasse. Thor ansiosamente tentava vislumbrar suas armaduras, suas armas. Ele nunca tinha estado tão perto do Exército Prata antes e seu coração batia acelerado.

O soldado que cavalgava sobre o garanhão cor de chumbo desmontou. Ali estava ele, um membro real do Exército Prata, coberto com sua cota de malha com seus elos brilhantes, uma longa espada em seu cinto. Ele parecia estar na casa dos trinta, um homem de verdade, barba por fazer, cicatrizes no rosto e um nariz quebrado durante alguma batalha. Ele era o homem mais substancial que Thor já tinha visto – duas vezes maior do que os outros – com um semblante que indicava que ele estava no comando.

O soldado saltou para a estrada de terra, as esporas tilintando quando ele se aproximou dos rapazes enfileirados.

Rapazes de todas as partes da vila permaneciam atentos, expectantes. Juntar-se ao Exército Prata significava uma vida de honra, de batalha, de renome, de glória – juntamente com terras, títulos e riquezas. Representava a melhor noiva, a terra mais seleta, uma vida de glória. Significava honra para sua família, e ingressar na legião era o primeiro passo.

Thor estudou as carruagens grandes, douradas, sabia que elas só podiam abrigar os muitos recrutas. Era um reino amplo e havia ainda muitas cidades para visitar. Ele engoliu em seco, dando-se conta de que suas chances eram ainda mais remotas do que ele pensava. Ele teria de vencer a todos esses outros rapazes – muitos deles eram consideráveis lutadores, juntamente com os seus três próprios irmãos. Ele foi invadido por um sentimento de abatimento.

Thor mal conseguia respirar enquanto o soldado passeava em silêncio, observando as linhas de candidatos. Ele começou do outro lado da rua, então lentamente fechou o círculo. Thor conhecia todos os outros rapazes, é claro. Ele também sabia que alguns deles secretamente não queriam ser escolhidos, mesmo que suas famílias desejassem enviá-los. Eles estavam com medo; eles não dariam bons soldados.

Thor ardia de indignação. Ele sentia que merecia ser escolhido tanto quanto qualquer um deles. O fato de que seus irmãos fossem mais velhos, maiores e mais fortes não significava que ele não tivesse direito de apresentar-se e de ser escolhido. Ele ardia de ódio por seu pai e quase saltou de sua pele quando o soldado se aproximou.

O soldado parou, pela primeira vez, diante de seus irmãos. Olhou para eles de cima a baixo e parecia impressionado. Ele estendeu a mão, pegou uma das suas bainhas e a arrancou, como se quisesse testar que tão firme estava.

Ele abriu um sorriso.

“Você ainda não usou sua espada em uma batalha, não é mesmo?” Ele perguntou a Drake.

Thor viu Drake nervoso pela primeira vez em sua vida. Drake engoliu em seco.

“Não, meu senhor. Mas eu usei muitas vezes em práticas e espero que…”

Em prática!”

O soldado rugiu com um riso e virou-se para os outros soldados que se juntaram, rindo da cara de Drake.

Drake virou vermelho como um tomate. Era a primeira vez Thor o via tão envergonhado – normalmente, era Drake quem fazia com que os outros se sentissem envergonhados.

“Bem, então eu certamente direi aos nossos inimigos para temerem você – você que empunha sua espada em práticas!”

A multidão de soldados riu novamente.

O soldado, em seguida, dirigiu-se aos outros irmãos de Thor.

“Três rapazes do mesmo estoque.” Ele disse, esfregando a barba em seu queixo. “Isso pode ser útil. Todos são de bom tamanho, embora sem experiência. Vocês vão precisar de muito treinamento se quiserem avançar as etapas.”

Ele fez uma pausa…

“Acho que podemos encontrar lugar.”

Ele assentiu com a cabeça em direção ao vagão traseiro.

“Entrem e sejam rápidos. Antes que eu mude de ideia.”

Os três irmãos de Thor correram para o transporte, radiantes. Thor notou que seu pai estava radiante também.

Mas ele estava cabisbaixo, ao vê-los partir.

O soldado virou-se e foi em direção a próxima casa. Thor já não pôde aguentar mais.

“Senhor!” Thor gritou.

Seu pai se virou e olhou para ele, mas Thor já não se importava.

O soldado parou de costas para ele e virou-se lentamente.

Thor deu dois passos à frente, seu coração batia descompassado, estufou o peito tanto como lhe era possível.

“Não fui levado em consideração, Senhor.” Disse ele.

O soldado, atônito, olhou Thor de cima a baixo como se tivesse contado uma piada.

“É mesmo?” Ele perguntou e explodiu em uma gargalhada.

Seus homens caíram na risada também. Mas Thor não se importou… esse era o seu momento. Era agora ou nunca.

“Eu quero me juntar à Legião!” Disse Thor.

O soldado avançou em direção de Thor.

“Agora?”

Ele parecia divertido.

“E você, por acaso, já chegou a cumprir quatorze anos?”

“Eu cumpri senhor. Há duas semanas…”

Há duas semanas!

O soldado quase chorou de rir e o mesmo sucedeu com os homens que estavam atrás dele.

“Nesse caso, nossos inimigos certamente tremerão de medo simplesmente ao ver você.”

Thor sentiu-se queimando de raiva. Ele tinha de fazer algo. Não podia deixar que tudo acabasse assim. O soldado se virou para ir embora – mas Thor não podia permitir isso.

Thor deu um passo à frente e gritou: “Senhor! O senhor está cometendo um erro!”

Um suspiro de horror se espalhou através da multidão, no momento em que o soldado parou e virou-se lentamente, mais uma vez.

Agora ele estava carrancudo.

“Garoto estúpido.” Seu pai disse, agarrando Thor pelo ombro. – “Volte para dentro!”

“Eu não vou!” Gritou Thor, tentando se desvencilhar de seu pai.

O soldado deu um passo em direção de Thor e seu pai retrocedeu.

“Você sabe qual é o castigo por insultar o Exército Prata?” O soldado perguntou com rispidez.

O coração de Thor batia forte, mas ele sabia que não podia recuar.

“Por favor, perdoe-o, Senhor.” Rogou seu pai. “Ele é ainda é uma criança e…”

“Eu não estou falando com você.” Disse o soldado. Com um olhar fulminante que forçou o pai de Thor a recuar.

O soldado voltou-se novamente para Thor.

“Responda-me!” Disse ele.

Thor engoliu saliva, incapaz de falar. Isso não era o que ele tinha tido em mente.

“Insultar o Exército Prata é insultar o próprio rei.” Thor disse humildemente, recitando o que ele tinha aprendido de memória.

“Sim.” Disse o soldado. “Isso significa que eu posso dar-lhe quarenta chicotadas, seu eu quiser.”

“Eu não desejo insultá-lo, senhor.” Disse Thor. “Eu quero apenas ser recrutado. Por favor! Tenho sonhado com isso toda a minha vida. Por favor! Deixe-me acompanhá-lo.”

O soldado olhou para ele e lentamente, sua expressão suavizou-se. Depois de um longo tempo, ele balançou a cabeça.

“Você é jovem, rapaz. Você tem um coração valente. Mas você não está pronto. Volte para nós quando você for desmamado.”

Ao dizer isso, ele se virou e saiu, mal olhou para os outros rapazes. Montou rapidamente em seu cavalo.

Thor, cabisbaixo, viu como a caravana punha-se em marcha; ela se foi tão rápido como tinha chegado.

A última coisa que Thor viu foi seus irmãos, sentados no fundo da última carruagem, olhando para ele com desaprovação e zombaria. Eles estavam sendo levados embora diante de seus olhos, para longe dali, para uma vida melhor.

Thor sentiu-se morrer por dentro.

Como a excitação em torno dele se desvaneceu, os aldeões regressaram às suas casas.

“Você percebe o quão estúpido você foi, garoto tolo?” O pai de Thor falou, agarrando seus ombros. “Você se dá conta de que poderia ter arruinado a oportunidade dos seus irmãos?”

Thor se desvencilhou das mãos de seu pai, seu pai o agarrou de volta e golpeou-lhe o rosto com as costas da mão.

Thor sentiu o ardor do golpe e olhou de volta para seu pai. Uma parte dele, pela primeira vez, na vida, quis revidar e bater em seu pai. Mas ele se conteve.

“Pegue minhas ovelhas e traga-as de volta. Já! E quando você voltar, não espere obter comida de mim. Você vai ficar sem jantar hoje à noite e vai pensar sobre o que você fez.”

“Talvez eu não volte nunca mais!” Thor gritou quando ele se virou e saiu para longe de sua casa, em direção as colinas.

“Thor!” seu pai gritou. Alguns dos moradores que tinham permanecido na estrada, pararam e assistiram à cena.

Thor acelerou o passo, logo começou a correr desejando distanciar-se desse lugar o máximo possível. Mal se dava conta de que estava chorando, as lágrimas estavam inundando o seu rosto, pois todos os sonhos que ele havia abrigado tinham sido despedaçados.