Kitabı oku: «Em Busca de Heróis», sayfa 10

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“Ele é um demônio!” Gritou um deles.

“Um feiticeiro!” Exclamou outro.

Thor estava avassalado. Ele não tinha nenhuma compreensão do que acabara de fazer. Mas ele sabia que não era normal. Ele estava orgulhoso e envergonhado, encorajado e com medo.

Kolk avançou para dentro do círculo, ficando de pé entre Thor e Elden.

“Esse não é lugar para feitiços, rapaz, quem quer que você seja.” Ele castigou Thor. “É um lugar para a batalha. Você desafiou as regras da luta. Você vai pensar sobre o que você fez. Vou mandar você para um lugar de verdadeiro perigo e veremos o quanto seus feitiços o defenderão lá. Apresente-se para a guarda da patrulha no Canyon.”

Houve um suspiro entre a Legião e todos eles se aquietaram. Thor não entendia exatamente o que isso significava, mas ele sabia que o que quer fosse, não poderia ser bom.

“O senhor não pode mandá-lo para o Canyon!” Reece protestou. “Ele é muito novo. Ele pode se machucar.”

“Vou fazer tudo o que eu bem entender, rapaz.” Kolk fez uma careta para Reece. “Seu pai não está aqui para protegê-lo agora. Ou ele. Eu lidero esta Legião. E é melhor cuidar a sua língua – Só porque é da realeza, não significa que possa se exceder.”

“Muito bem.” Reece respondeu. “Então eu vou acompanhá-lo!”

“Eu também!” O’Connor afirmou, dando um passo à frente.

Kolk olhou para eles e abanou lentamente a cabeça.

“Idiotas. Essa é sua escolha. Juntem-se a ele se quiserem.”

Kolk virou-se e olhou para Elden. “Não creia que você também vai sair dessa tão facilmente.” Ele disse-lhe. “Você começou essa luta. Você deve pagar o preço, também. Você irá juntar-se a eles na patrulha hoje à noite.”

“Mas senhor, não pode enviar-me para o Canyon!” Elden protestou com os olhos arregalados de medo. Era primeira vez que Thor o via ter medo de alguma coisa.

Kolk deu um passo adiante, perto de Elden, e colocou as mãos nos seus quadris.

Não posso? Perguntou ele… “Não somente eu posso enviar-lhe lá, mas também posso mandar-lhe embora para sempre da Legião e até enviá-lo aos confins do nosso reino, se você continuar a me responder dessa maneira.”

Elden desviou o olhar, muito nervoso para responder.

“Alguém quer se juntar a eles?” Kolk perguntou.

Os outros garotos, maiores, mais velhos e mais fortes, todos desviaram o olhar com medo. Thor engoliu em seco quando ele olhou a para os rostos nervosos em volta dele e se perguntou que tão ruim o Canyon poderia ser.

CAPÍTULO QUINZE

Thor caminhou ao longo da estrada de terra bem pisada, flanqueado por Reece, O’Connor, e Elden. Os quatro rapazes mal tinham trocado uma palavra entre si desde que tinham saído do quartel, ainda estavam em choque. Thor olhava para Reece e O’Connor com um sentimento de gratidão que ele jamais tinha sentido antes. Ele mal podia acreditar que eles tinham se arriscado tanto por ele. Ele sentia que havia encontrado verdadeiros amigos que eram mais como irmãos. Ele não tinha ideia do que poderia estar à sua espera lá no Canyon, sem importar o que eles tivessem de enfrentar, Thor estava feliz por tê-los do seu lado.

Thor tratava de não olhar para Elden. Thor podia vê-lo chutando pedras, ardendo de raiva, podia ver como ele estava irritado e chateado por estar ali, na patrulha, com eles. Porém, Thor não sentia pena dele. Como Kolk tinha dito, ele tinha começado a coisa toda. Bem feito para ele.

Os quatro, um grupo desorganizado, continuava descendo pelo caminho, seguindo as indicações. Haviam estado caminhando por horas e horas e já esta ficando tarde, quase anoitecendo. As pernas do Thor estavam cada vez mais cansadas. Ele também estava faminto. Ele havia almoçado apenas uma pequena tigela de guisado de cevada e esperava que houvesse algo de comer esperando-os no lugar para onde estava indo, qualquer que fosse esse lugar.

Porém, ele tinha preocupações mais importantes do que comer. Ele olhou para sua nova armadura e sabia que jamais lhe dariam uma armadura assim sem uma razão válida. Antes de serem enviados, os quatro rapazes tinham recebido as armaduras próprias de um novo escudeiro: couro, revestido de cota de malha. Também haviam recebido espadas curtas, feitas de um metal grosso – dificilmente seria o aço fino que teriam usado para forjar a espada de um cavaleiro, mas com certeza era melhor do que nada. Era bom ter uma arma em sua cintura – além de, é claro, sua funda, a qual ele ainda carregava. No entanto, ele sabia que caso eles se encontrassem em apuros à noite, as armas e armaduras que eles receberam talvez não fossem suficientes.

Ele desejava armadura e armas da mesma qualidade que as de seus companheiros na Legião: espadas médias e longas do mais fino metal, lanças curtas, maça, punhais, alabardas. Mas essas armas pertenciam aos rapazes de fama e honra das famosas famílias que poderiam ter recursos para tais coisas. Elas não eram para Thor, o filho de um pastor simples.

Enquanto eles marchavam na estrada interminável o segundo sol se pôs, bem distante das acolhedoras portas do palácio da Corte do Rei, em direção à divisão do Canyon distante, Thor não podia evitar sentir que tudo era sua culpa. Por alguma razão, alguns dos membros da Legião pareciam ter bronca dele, como se eles se ressentissem com a sua presença. Isso não fazia sentido. E Thor se sentia desanimado. O que Thor mais tinha querido em toda sua vida era juntar-se a eles. Agora, parecia que ele tinha entrado usando truques; seria ele alguma vez realmente aceito pelos seus pares?

Ainda por cima, agora ele tinha sido escolhido para marchar a serviço da patrulha do Canyon. Isso não era justo. Ele não tinha começado a briga e quando havia usado seus poderes, – quaisquer que eles fossem – não tinha feito isso de propósito. Ele ainda não os compreendia, não sabia de onde eles vinham, como ele os invocava, ou como os desativava. Ele não deveria ser punido por isso.

Thor não tinha ideia do que poderia significar estar de serviço no Canyon, mas a partir das expressões dos outros, claramente, não era algo desejável. Perguntou-se se ele não estaria marchando para morte, se essa não seria uma maneira de forçá-lo a sair da Legião. Ele estava determinado a não desistir.

“Quanto mais longe pode estar o Canyon?” Perguntou O’Connor, rompendo o silêncio.

“Não estamos longe o suficiente.” Respondeu Elden. “Nós não estaríamos nessa confusão se não fosse por Thor.”

“Você começou a luta, lembra-se?” Interrompeu Reece.

“Mas eu lutei de forma limpa e ele não fez isso.” Elden protestou. “Além disso, ele merecia.”

“Por quê?” Thor perguntou, querendo saber a resposta que tinha estado queimando-o por dentro há tempo. “Por que eu merecia?”

“Porque o seu lugar não é aqui conosco. Você roubou sua posição na Legião. O resto de nós foi escolhido. Você forçou as coisas.”

“Mas não é disso que se trata a Legião? Força?” Reece respondeu. “Eu argumentaria que Thor merece seu lugar mais do que qualquer um de nós. Nós fomos meramente escolhidos. Ele se esforçou e lutou para ganhar o que lhe havia sido negado.”

Elden deu de ombros, sem se impressionar dizendo: “Regras são regras. Ele não foi escolhido. Ele não devia estar conosco. Foi por isso que eu lutei contra ele.”

“Bem, você não vai me fazer ir embora.” Respondeu Thor como voz trêmula, determinado a ser aceito.

“Já veremos.” Elden murmurou sombriamente.

“O que você quer dizer com isso?” O’Connor perguntou.

Elden não interveio mais na conversa, mas continuou a andar silenciosamente. Thor sentia um aperto no estômago. Ele não podia evitar pensar que já havia feito muitos inimigos. No entanto, ele não entendia por que. Ele não gostava desse sentimento.

“Não preste atenção a ele.” Reece disse a Thor, em voz alta o suficiente para ser ouvido pelos outros. “Você não fez nada errado. Eles enviaram você ao Canyon para servir na patrulha porque eles viram o seu potencial. Eles querem fortalecer o seu caráter ou então eles não se incomodariam. Você também está na mira deles porque meu pai lhe mostrou favor. Isso é tudo.”

“Mas o que significa estar de serviço no Canyon?” Ele perguntou.

Reece limpou a garganta, parecendo ansioso.

“Eu mesmo nunca estive lá. Porém, já ouvi algumas histórias: de alguns dos rapazes mais velhos e dos meus irmãos. É um serviço de patrulha. Só que do outro lado do Canyon.”

“Do outro lado?” O’Connor perguntou, com terror em sua voz.

“O que quer dizer com ‘do outro lado.’” Thor perguntou, sem entender.

Reece o estudou.

“Você esteve no Canyon alguma vez?”

Thor podia sentir os olhares de todos sobre eles e abanou a cabeça, envergonhado.

“Está brincando.” Elden disse rispidamente.

“É mesmo?” O’Connor insistiu. “Nem sequer uma vez na vida?”

Thor balançou a cabeça, corando. “Meu pai nunca nos levou a lugar nenhum. Eu apenas ouvi falar.”

“Provavelmente você nunca esteve fora de sua aldeia, rapaz.” Elden disse. “Não é mesmo?”

Thor deu de ombros, em silêncio. Era assim tão óbvio?

“Nunca esteve no Canyon.” Elden acrescentou incrédulo. “É incrível.”

“Cale a boca.” Reece disse. “Deixe-o em paz. Isso não faz com que você seja melhor do que ele.”

Elden zombou de Reece e levantou a mão brevemente para puxar a sua espada da bainha, mas então ele relaxou. Aparentemente, mesmo que ele fosse maior do que Reece, ele não desejava provocar o filho do Rei.

“O Canyon é a única coisa que mantém o nosso Reino do Anel seguro.” Reece explicou. “Nada mais se interpõe entre nós e as hordas do mundo. Se os selvagens chegassem a cruzá-lo. O Anel inteiro esperaria que nós, os homens do Rei, o protegêssemos. Temos patrulhas vigiando o tempo todo – principalmente deste lado, e em ocasiões, do outro. Há apenas uma ponte que o atravessa, a única entrada ou saída e a maior parte da elite do Exército Prata a vigia durante vinte e quatro horas.”

Thor tinha ouvido falar do Canyon toda a sua vida, tinha escutado histórias horripilantes das forças malignas que se escondiam do outro lado, do enorme império do mal que cercava o Anel, e quão perto todos eles viviam do terror. Era uma das razões pelas quais ele quis se juntar à Legião do Rei: para ajudar a proteger sua família e seu reino. Ele odiava a ideia de que outros homens estivessem lá fora constantemente protegendo-o enquanto ele vivia confortavelmente nos braços do reino. Ele queria fazer o seu trabalho e ajudar a combater as hordas do mal. Ele não podia imaginar nenhuma mostra de coragem maior do que a daqueles homens que guardavam a passagem do Canyon.

“O Canyon tem uma milha de largura e envolve todo o Anel.” Explicou Reece. “Não é fácil de transpor. Mas é claro que nossos homens não são a única coisa que mantém as hordas afastadas. Há milhões dessas criaturas lá fora e se elas quisessem invadir o Canyon, por pura força de vontade, poderiam fazer isso em um momento. Nosso pessoal só ajuda a complementar o escudo de energia do Canyon. O verdadeiro poder que os mantém a margem é o poder da Espada.”

Thor virou-se. “A Espada?”

Reece olhou para ele.

“A Espada do Destino. Você conhece a lenda?”

“Esse caipira provavelmente nunca ouviu falar dela.” Disse Elden metendo-se na conversa. “Claro que eu sei sobre ela.” Thor, rebateu à defensiva. Não somente ele sabia isso, como também havia passado muitos dias de sua vida ponderando a lenda. Ele sempre desejou vê-la. A lendária espada do destino, a espada mágica cujo campo de força protegia o Reino e proporcionava ao Canyon uma força potente que protegia o Anel dos invasores.

“A espada se encontra na corte do rei?” Thor perguntou.

Reece acenou com a cabeça.

“Ela tem estado entre a família real durante várias gerações. Sem ela, o reino não seria nada. O anel poderia ser invadido.”

“Se estamos protegidos, então para que incomodar-se em patrulhar o Canyon de todos os modos?” Thor perguntou.

“A espada bloqueia apenas as ameaças mais importantes.” Reece explicou. “Uma criatura maligna pequena e isolada pode entrar aqui e ali. É por isso que nós precisamos de nossos homens. Uma única delas poderia atravessar o Canyon, ou até mesmo um pequeno grupo delas – poderiam muito bem atrever-se a atravessar a ponte, ou poderiam agir com discrição e descer as paredes do Canyon e subir para o outro lado. É nosso trabalho mantê-las do lado de fora. Uma única criatura é capaz de causar um dano enorme. Anos atrás, uma delas entrou e matou a metade das crianças de uma aldeia, antes de ser apanhada. A espada faz a maior parte do trabalho, mas nós somos uma parte indispensável.”

Thor entendia tudo, imaginava. O Canyon parecia tão grande, seu dever tão importante, ele mal podia acreditar que seria parte desse grande propósito.

“Mas mesmo com tudo isso, eu ainda não me expliquei muito bem.” Reece disse. “Há mais no Canyon do que apenas isso.” Ele caiu em silêncio.

Thor olhou para ele e viu algo como medo ou dúvida em seus olhos.

“Como posso explicar?” Reece disse, buscando as palavras adequadas. Ele limpou a garganta. “O Canyon é muito maior do que todos nós. O Canyon é…”

“O Canyon é um lugar para homens.” Ouviu-se uma voz retumbante.

Todos se viraram ao som da voz e do estampido de cavalos.

Olhos de Thor se arregalaram. Trotando ao lado deles, ornado com uma cota de malha completa, com armas reluzentes pendurando do lado de seu cavalo incrível, estava Erec. Ele sorriu para eles e fixou seus olhos em Thor.

Thor olhou para cima, impactado.

“É um lugar que vai fazer de você um homem.” Erec acrescentou: “Se você já não for um.”

Thor não tinha visto Erec desde sua partida no torneio e se sentiu muito aliviado com a presença dele. Ter um cavaleiro real ali, com eles, enquanto marchavam para o Canyon – e ninguém menos que o próprio Erec. Thor se sentia invencível ao tê-lo ali e rezava para que ele também estivesse indo com eles.

“O que faz aqui?” Thor perguntou. “Vossa Alteza nos acompanhará?” Ele perguntou, desejando que sua voz não soasse tão ansiosa.

Erec se inclinou e riu.

“Não se preocupe, meu jovem.” Ele disse. “Eu estou indo com vocês.”

“É mesmo?” Reece perguntou.

“É uma tradição para os membros do Exército Prata, acompanhar os membros da Legião em sua primeira patrulha. Eu me ofereci como voluntário.”

Erec se virou e olhou para Thor.

“Afinal, você me ajudou ontem.”

Thor sentiu seu coração cálido, animado pela presença de Erec. Sentiu-se também importante aos olhos de seus amigos. Ali estava ele, sendo acompanhado pelo maior cavaleiro do reino, enquanto seguia em direção ao Canyon. Muito dos seus medos estavam diminuindo.

“Claro, não vou sair para patrulhar com vocês.” Acrescentou Erec. “Mas eu vou levá-los através da ponte e para o seu acampamento. Depois disso, será o seu dever aventurar-se na patrulha, a partir daí sozinhos.”

“É uma grande honra, Senhor.” Disse Reece.

“Obrigado.” O’Connor e Elden ecoaram.

Erec olhou para Thor e sorriu.

“Afinal de contas, se você vai ser o meu primeiro escudeiro, eu não posso deixar que você morra ainda.”

“Primeiro?” Perguntou Thor, com as batidas de seu coração aceleradas.

“Feithgold quebrou a perna na partida do torneio. Ele ficará fora por pelo menos oito semanas. Você é o meu primeiro escudeiro agora. E o nosso treinamento pode muito bem começar, não é mesmo?”

“Claro, Alteza.” Respondeu Thor.

A mente de Thor estava divagando. Pela primeira vez em muito tempo, ele sentia que a sorte estava virando para o seu lado. Agora, ele era o primeiro escudeiro do melhor cavaleiro de todos. Ele sentiu como se tivesse superado todos os seus amigos.

Os cinco continuaram indo para o oeste em direção ao sol poente, Erec caminhando lentamente em seu cavalo, ao lado deles.

“Eu suponho que já esteve no Canyon meu senhor?” Perguntou Thor.

“Muitas vezes.” Erec respondeu. “De fato, minha primeira patrulha ocorreu quando eu tinha a sua idade.”

“E que tal foi?” Reece perguntou.

Todos os quatro rapazes se viraram e olharam para Erec, extasiados, com atenção. Erec montou por algum tempo em silêncio, olhando para a frente, sua mandíbula rígida.

“A primeira vez é uma experiência que você nunca esquece. É difícil de explicar. É um lugar diferente, estranho, místico e lindo. Do outro lado jazem perigos inimagináveis. A ponte a cruzar é longa e íngreme. Há muitos de nós patrulhando – mas você sempre se sente sozinho. É a natureza em sua máxima expressão. Esmaga o homem estar a sua sombra. Nossos homens têm patrulhado ali por centenas de anos. É um rito de passagem. Você não entende totalmente o que é o perigo sem viver isso; você não pode se tornar um cavaleiro sem isso.”

Ele caiu em silêncio novamente. Os quatro rapazes se entreolharam, perturbados.

“Deveríamos esperar uma escaramuça no outro lado então?” Thor perguntou.

Erec deu de ombros.

“Tudo é possível, uma vez que você chega às regiões selvagens. Quase improvável. Mas possível.”

Erec olhou para Thor.

“Você quer ser um grande escudeiro e um dia, um grande cavaleiro?” Ele perguntou, olhando bem para o Thor.

O coração de Thor bateu mais rápido.

“Sim, Alteza, mais do que tudo.”

“Então deverá aprender algumas coisas.” Erec disse. “Força não é suficiente; agilidade não é suficiente; ser um grande lutador não é suficiente. Há algo mais, algo mais importante do que tudo isso.” Erec ficou em silêncio novamente e Thor não pôde aguentar mais.

“O que é?” Thor perguntou. “O que é mais importante do que tudo isso?”

“Você deve ter um espírito forte.” Erec replicou. “Nunca temer. Você deve entrar nos bosques mais tenebrosos, enfrentar a batalha mais perigosa, com completa equanimidade. Você deve levar essa equanimidade com você sempre, aonde quer que vá. Nunca estar temeroso, sempre em guarda. Nunca descansado, sempre diligente. Você não pode dar-se ao luxo de esperar que os outros o protejam. Você já não é um cidadão. Você agora é um dos homens do Rei. As maiores qualidades de um guerreiro são coragem e equanimidade. Não tema o perigo. Espere o perigo. Mas não o procure.”

“Este Anel onde nós vivemos…” Erec acrescentou… “Nosso reino. É como se nós, com todos os nossos homens, o protegêssemos contra as hordas do mundo. Mas não é assim. Estamos protegidos somente pelo Canyon e pelos poderes mágicos que há nele. Nós vivemos no Anel de um feiticeiro. Não esqueça isso. Nós morremos e vivemos pela magia. Não existe segurança aqui rapaz, em nenhum dos lados do Canyon. Elimine o feitiço, elimine a magia, e nós não teremos mais nada.”

Eles andaram em silêncio por algum tempo, enquanto as palavras de Erec davam voltas na cabeça de Thor uma e outra vez. Era como se Erec estivesse lhe dando uma mensagem oculta, como se estivesse lhe dizendo que: qualquer que fosse o poder que ele tivesse; qualquer que fosse a magia que pudesse convocar, não havia nada do qual ele devesse sentir vergonha. Na verdade, isso era algo do qual ele deveria sentir-se orgulhoso e a fonte de toda energia no Reino. Thor se sentiu melhor. Ele sentia que havia sido enviado para o Canyon como punição por ter usando sua magia e se sentia culpado por isso; mas agora ele sentia que seus poderes, quaisquer que fossem, podiam se tornar um motivo de orgulho.

Os outros caminhavam mais à frente, Erec e Thor foram ficando para trás, Erec olhou para Thor.

“Você já deu um jeito de fazer alguns inimigos poderosos na Corte.” Ele disse com um sorriso divertido em seu rosto. “Pelo que parece, fez tantos inimigos quanto amigos.”

Thor enrubesceu, envergonhado.

“Não sei como, Alteza. Eu não tive a intenção.”

“Os inimigos não se arranjam intencionalmente. Eles são muitas vezes arranjados por causa da inveja. Você deu um jeito de criar muito dela. O que não é necessariamente algo ruim. Você é o centro de muita especulação.”

Thor coçou a cabeça, tentando entender.

“Mas eu não sei por quê.”

Erec ainda parecia estar divertido.

“A rainha é líder entre seus adversários. Você, de alguma forma, fez com que ela ficasse do lado errado.”

“Minha mãe?” Reece perguntou, virando-se. “Por quê?”

“Eu tenho estando tentando responder a essa mesma pergunta.” Disse Erec.

Thor se sentia terrível. A Rainha? Uma inimiga? Que mal ele tinha feito a ela? Ele não podia conceber isso. Como poderia ele ser importante o suficiente para que ela tomasse conhecimento dele? Ele que mal sabia o que estava acontecendo ao seu redor.

De repente, algo veio à mente de Thor.

“É ela a razão pela qual eu fui enviado para o Canyon?” Ele perguntou.

Erec virou-se e olhou para a frente, seu rosto ficando cada vez mais sério.

“Pode ter sido por causa dela.” Ele disse pensativo. “Pode muito bem ter sido.”

Thor meditava sobre a extensão e profundidade dos inimigos que ele tinha feito. Ele tinha entrado em uma Corte sobre a qual não sabia nada. Ele só queria fazer parte de algo. Ele tinha apenas seguido sua paixão e seu sonho e tinha feito tudo o que podia para alcançá-lo. Ele não pensou que ao fazer isso, poderia causar inveja ou ciúme. Esses pensamentos davam voltas mais e mais em sua mente, como um enigma, mas ele não conseguia esclarecer as coisas.

Enquanto Thor estava remoendo esses pensamentos, eles chegaram ao topo de uma colina, e ao deparar-se com a vista diante deles, todos os pensamentos de Thor sobre qualquer outra coisa se desvaneceram. Ele ficou sem fôlego e não foi apenas por causa das rajadas de vento forte.

Estendendo-se diante deles, tanto quanto os olhos podiam ver, estava o Canyon. Era a primeira vez que Thor o via, e a vista o afetou tão profundamente que seus pés ficaram grudados no chão, incapazes de se mover. Era a coisa mais grandiosa e mais majestosa que ele já tinha visto. O enorme abismo na terra parecia se estender por toda a eternidade, cortado somente por uma única ponte, estreita guardada por soldados. A ponte parecia estender-se até os confins da própria terra.

O Canyon estava iluminado com verdes e azuis do segundo sol poente e os raios brilhantes ricocheteavam em suas paredes. Quando pôde sentir suas pernas novamente, Thor começou a caminhar com os outros, cada vez mais perto da ponte, até que ele foi capaz de olhar intensamente para as falésias do Canyon; elas pareciam despencar nas entranhas da terra. Thor não podia sequer ver o fundo e não sabia se isso era porque não tinha fundo, ou se era porque ele estava coberto de névoa. A rocha que alinhava as falésias parecia ter um milhão de anos de idade, formada com o padrão que as tempestades devem ter deixado séculos antes. Era o lugar mais primordial que ele já tinha visto. Ele não tinha ideia de que seu planeta era tão vasto, tão vibrante, tão vivo.

Era como se ele tinha vindo para o início da criação.

Thor ouviu os outros ao seu redor ofegar também.

O pensamento de que os quatro patrulhariam esse Canyon parecia ridículo. Eles se sentiam diminuídos até mesmo pela visão dele. Enquanto caminhavam em direção à ponte, os soldados se perfilaram de cada lado, em posição de sentido, abrindo caminho para a nova patrulha. Thor sentiu seu coração acelerar.

“Eu não vejo como nós quatro poderíamos patrulhar isto”. Disse O’Connor.

Elden riu. “Há muitas patrulhas além de nós. Somos apenas uma engrenagem na máquina.” Enquanto caminhavam através da ponte, os únicos sons que se ouviam eram: o do vento chicoteando; o de suas botas; e do cavalo de Erec, caminhando. Os cascos faziam um som oco e reconfortante, a única coisa real a qual Thor poderia aferrar-se nesse lugar surreal.

Nenhum dos soldados, todos empertigados em atenção à presença de Erec, disseram uma palavra enquanto eles montavam guarda. Eles devem ter passado por centenas deles.

Thor não pôde deixar de notar que de cada lado deles, fincadas em estacas distribuídas a cada poucos metros ao longo da grade, estavam as cabeças de invasores bárbaros. Algumas ainda estavam frescas, ainda pingando sangue.

Thor desviou o olhar. Isso fazia a coisa toda muito real. Ele não sabia se estava pronto para isso. Ele tentou não imaginar as muitas escaramuças que deviam ter produzido aquelas cabeças; as vidas que se perderam e o que os esperava do outro lado. Ele se perguntou se eles algum dia voltariam dali. Era esse o objetivo de toda essa expedição? Matá-lo?

Ele olhou por cima da borda para as falésias cujos abismos eram infindáveis e ouviu o grito de um pássaro distante; era um som que ele nunca tinha ouvido antes. Ele se perguntou que tipo de pássaro era aquele e que outros animais exóticos estariam à espreita, do outro lado.

Mas não eram realmente os animais o que o incomodava, nem mesmo as cabeças nas estacas. Mais que tudo, era a energia do lugar. Ele não poderia dizer se era a névoa ou o vento uivante, ou a vastidão do céu aberto, ou a luz do sol que se punha – mas havia algo sobre este lugar tão surreal que o transportava. O envolvia. Ele sentiu uma energia mágica pesada pairando sobre eles. Ele se perguntava se era a proteção da espada, ou alguma outra força milenar. Ele sentia como se ele não estivesse apenas atravessando uma massa de terra, mas uma passagem para um reino de outra existência.

Há poucos dias atrás ele tinha estado pastoreando ovelhas na sua pequena aldeia. Parecia inacreditável que agora, pela primeira vez em sua vida, ele passaria a noite, sem proteção, do outro lado do Canyon.

Yaş sınırı:
16+
Litres'teki yayın tarihi:
09 eylül 2019
Hacim:
323 s. 6 illüstrasyon
ISBN:
9781632910592
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