Kitabı oku: «Em Busca de Heróis», sayfa 12

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Mas para surpresa de Thor, a fera não morreu. Ela parecia invencível.

Sem perder o ritmo, a besta girou e arremeteu contra Thor com tanta força que ele pensou que suas costelas se partiriam. Thor saiu voando através da clareira, indo de encontro a uma árvore antes de cair estatelado no chão. Sua cabeça doía terrivelmente enquanto ele jazia ali.

Thor olhou para cima, tonto e confuso, o mundo girando ao seu redor. A besta se abaixou e tomou a espada da cintura de Thor. A espada parecia minúscula em suas mãos, como um palito, a besta arremeteu de volta e a lançou; ela saiu voando por entre as árvores, derrubando galhos, e desaparecendo dentro da floresta.

Ela voltou sua atenção total para Thor e começou a investir contra ele.

Elden ficou onde estava ainda congelado de medo. Porém, quando a fera avançou contra Thor, de repente, entrou em ação. Ele atacou a besta pelas costas saltando sobre ela. Isso deteve a fera por tempo suficiente para que Thor se sentasse; a fera, furiosa, atirou os braços para trás agarrou Elden e jogou-o longe. Ele saiu voando através da clareira, colidiu com uma árvore e caiu violentamente no chão.

A besta, ainda sangrando, ofegante, voltou sua atenção novamente para Thor. Ela rosnou e alargou suas presas, uma vez que se aproximou dele.

Thor estava sem opções. Já não contava com sua espada e não havia nada entre ele e o monstro. A fera avançou contra ele e, no último segundo, Thor conseguiu rolar para fora do caminho. O monstro bateu na árvore onde Thor havia estado com tanta força que a arrancou.

A fera se aproximou, levantou o pé e se dispunha a baixá-lo sobre a cabeça de Thor. Ele, mais uma vez rolou para fora do caminho; a criatura deixou uma pegada profunda onde a cabeça de Thor tinha estado antes.

Thor se levantou de um salto, pegou sua funda a carregou e atirou.

Ele atingiu o monstro bem entre os olhos – o lance mais poderoso que ele já tinha feito – e a criatura cambaleou para trás. Thor tinha certeza de que ele a havia matado.

Mas para seu espanto, a besta não se deteve.

Thor deu tudo de si para invocar o seu poder, qualquer que fosse o poder que ele tivesse. Ele atacou a besta, saltando para a frente, desabando sobre ela com o objetivo de subjugá-la e jogá-la no chão com um poder sobre-humano. Mas para surpresa e choque de Thor, dessa vez seu poder não fez efeito. Ele era só mais um garoto. Um menino frágil, ao lado dessa enorme besta.

O animal simplesmente se abaixou, pegou Thor pela cintura e içou-o bem acima de sua cabeça. Thor balançava no ar impotente, em seguida foi jogado pelos ares. Ele saiu voando como um míssil através da clareira e mais uma vez, bateu violentamente contra uma árvore.

Thor estava lá, atordoado, sua cabeça rachando, suas costelas partindo ao meio. O animal correu para ele e Thor sabia que dessa vez estava acabado. A fera levantou sua pata vermelha e musculosa, preparando-se para baixá-la sobre a cabeça de Thor. Ele se preparou para a morte.

Então, por alguma razão, a besta congelou em pleno ar. Thor piscou, tentando entender por que.

A besta estendeu a mão e agarrou sua garganta e Thor notou a ponta de uma seta saindo dela. Um momento depois, o animal tombou morto.

Erec surgiu correndo à vista, seguido por Reece e O’Connor. Thor viu Erec olhando para ele, perguntando se ele estava bem e queria responder-lhe, mais do que qualquer coisa. Mas as palavras não saíam. Um momento depois, seus olhos se fecharam e em seguida, o seu mundo ficou escuro.

CAPÍTULO DEZOITO

Thor abriu os olhos lentamente, sentindo-se um pouco tonto a princípio, tentando descobrir onde estava. Ele estava deitado sobre palha e por um momento se perguntou se estava de volta ao quartel. Ele se apoiou em um cotovelo, em estado de alerta, procurando os outros. Ele estava em outro lugar. Dada a aparência dele, ele estava em uma sala de pedra muito elaborada. Era como se ele estivesse em um castelo. Um castelo real.

Antes que ele pudesse entender o que sucedia, uma grande porta de carvalho foi aberta e por ela entrou Reece. À distância, Thor podia ouvir o ruído abafado de uma multidão.

“Finalmente, ele vive.” Reece anunciou com um sorriso, quando se aproximou, tomou a mão de Thor e o ajudou a levantar-se.

Thor levou a mão à cabeça, tentando aliviar a dor de cabeça produzida por levantar-se tão rápido.

“Vamos lá, vamos lá, todo mundo está esperando por você.” Ele instou, puxando Thor.

“Espere um minuto, por favor.” Disse Thor, tentando recompor-se. “Onde estou? O que aconteceu?”

“Nós estamos de volta, na Corte do Rei – e você está prestes a ser celebrado como o herói do dia!” Reece disse alegremente, quando se dirigiram para a porta.

“Herói? O que está dizendo? E… como eu cheguei até aqui?” Ele perguntou, tentando se lembrar.

“Aquela besta nocauteou você. Você esteve mal por um bom tempo. Tivemos de levá-lo para o outro lado da ponte do Canyon. Muito dramático. Não era exatamente como eu esperava que você voltasse para o outro lado!” Disse ele com uma risada.

Eles saíram pelos corredores do castelo, enquanto eles seguiam, Thor podia ver pessoas de todo tipo: mulheres, homens, escudeiros, guardas, cavaleiros, todos olhando para ele, como se tivessem estado esperando que ele acordasse. Ele também viu algo novo em seus olhos, algo como respeito. Era a primeira vez que via isso. Até agora, quase todo mundo tinha olhado para ele com algo parecido com desdém, agora olhavam para ele como se ele fosse um deles.

“O que aconteceu exatamente?” Thor quebrava a cabeça, tentando se lembrar.

“Você não se lembra de nada?” Reece perguntou.

Thor tentava pensar.

“Eu me lembro de estar correndo para o bosque. Lutando contra a fera. E então…” Deu um branco na cabeça de Thor.

“Você salvou a vida de Elden.” Reece disse. “Você correu tão destemido pelo bosque, sozinho. Eu não sei por que você desperdiçou energia para salvar a vida daquele pedante. Mas você fez isso. O Rei está muito, muito satisfeito com você. Não porque ele se importe com Elden. Mas porque ele dá muito valor à bravura. Ele gosta de comemorar. É importante para ele, celebrar histórias como esta, para inspirar os outros. E isso repercute bem sobre o Rei e sobre a Legião. Ele quer comemorar. Você está aqui porque ele vai recompensá-lo.”

“Recompensar-me?” Thor perguntou, confundido. “Mas eu não fiz nada!”

“Você salvou a vida de Elden.”

“Eu só reagi. Só fiz o que senti que era natural fazer.”

“E é exatamente por isso que o rei quer recompensá-lo.”

Thor se sentiu envergonhado. Ele não achava que suas ações merecessem recompensa. Afinal, se não fosse por Erec, ele estaria morto agora. Thor pensava sobre isso, e seu coração mais uma vez enchia-se de gratidão para com Erec.

Thor esperava que um dia ele pudesse retribuir-lhe.

“E o que aconteceu com o nosso plantão na patrulha?” Thor perguntou. “Nós não o terminamos.”

Reece colocou uma mão reconfortante no ombro dele.

“Amigo, você salvou a vida do rapaz. Um membro da Legião. Isso é mais importante do que a nossa patrulha.” Reece riu. “Foi bastante para uma primeira patrulha normalmente sem ocorrências!” Ele acrescentou.

No final de mais um corredor, dois guardas abriram uma porta para eles; Thor piscava os olhos incrédulo, ao encontrar-se na câmara real. Deveria haver uns cem cavaleiros de pé pela sala. A mesma com seu teto ao estilo de uma catedral – bem elevado – vitrais, armas e armaduras penduradas por todos os lados nas paredes como troféus. A Sala das Armas. Ali era o lugar onde se encontravam os maiores guerreiros, todos os homens do Exército Prata. O coração de Thor acelerava enquanto ele examinava as paredes, todo o famoso armamento, as armaduras dos cavaleiros heróicos e lendários. Thor tinha ouvido rumores sobre esse lugar toda a sua vida. Tinha sido seu sonho, vê-lo por si mesmo um dia. Normalmente os escudeiros não tinham permissão para ingressar ali – ninguém entrava, exceto O Exército Prata.

Ainda mais surpreendente foi quando ele entrou, cavaleiros reais se viraram olharam para ele – ele – de todos os lados. Todos lhe dirigiam olhares de admiração. Thor nunca tinha visto tantos cavaleiros em uma sala e nunca se sentiu tão aceito. Era como caminhar para um sonho. Especialmente porque momentos antes, ele tinha estado adormecido.

Reece deve ter notado o rosto perplexo de Thor.

“O melhor do Exército Prata se reuniu aqui para homenagear você.”

Thor sentiu-se bem com orgulho e descrença. “Homenagear-me? Mas eu não fiz nada.”

“Errado!” Ouviu-se uma voz.

Thor virou-se e sentiu uma mão pesada no ombro. Era Erec, sorrindo abertamente.

“Você demonstrou bravura, honra e coragem, muito além do que se esperava de você. Você quase desistiu de sua vida para salvar um de seus irmãos. Isso é o que procuramos na Legião e isto é o que procuramos no Exército Prata.”

“Vossa Alteza salvou a minha vida.” Thor disse para Erec. “Se não fosse assim, aquela besta teria me matado. Não sei como agradecer.”

Erec sorriu.

“Você já agradeceu.” Ele respondeu. “Não se lembra do torneio? Eu creio que agora estamos quites.”

Thor marchou até a passarela em direção do trono do rei MacGil, no fim do corredor, a um lado dele ia Reece e do outro Erec. Sentia centenas de olhos sobre ele e tudo parecia um sonho.

De pé ao redor do Rei estavam suas dezenas de conselheiros, junto com seu filho mais velho, Kendrick. Enquanto Thor se aproximava, seu coração se enchia de orgulho. Ele mal podia acreditar que o rei estava concedendo-lhe uma audiência de novo e que tantos homens importantes estavam ali para testemunhar isso.

Chegaram ao trono do Rei. MacGil ficou de pé e um silêncio enorme apoderou-se da sala. A expressão solene de MacGil deu lugar a um largo sorriso quando ele deu três passos à frente e, para a surpresa de Thor, deu-lhe um abraço.

Um grande coro de vivas se ouviu.

Ele se afastou, tomou Thor pelos ombros e deu um sorriu largo.

“Você prestou um grande serviço à Legião.” Ele disse.

Um servo entregou ao rei uma taça, que o rei levantou. Em voz alta, ele gritou:

“À CORAGEM!”

“À CORAGEM!” gritaram de volta as centenas de homens na sala. Um burburinho alegre se ouviu a seguir, então a sala ficou em silêncio novamente.

“Em honra às suas façanhas…” O rei exclamou: “… Hoje eu lhe concedo um grande presente.”

O Rei fez um gesto e um de seus servos deu um passo à frente, portanto uma longa luva preta, sobre a qual pousava um magnífico Falcão. O falcão virou-se e olhou direto para Thor – como se já o conhecesse.

Thor ficou sem fôlego. Esse era exatamente o falcão do seu sonho, com seu corpo prata e uma única listra preta correndo por sua cabeça.

“O falcão é o símbolo do nosso Reino e da nossa família real.” MacGil exclamou. “É uma ave de rapina, de orgulho e honra. Mas também é um pássaro de habilidades, de astúcia. É leal e feroz, se eleva acima de todos os outros animais. É também uma criatura sagrada. Diz-se que quem possui um falcão também é possuído por ele. Ele irá guiá-lo em todos os seus caminhos. Ele vai deixar você, mas ele sempre vai voltar. E agora, ele é seu.”

O falcoeiro avançou, colocou uma pesada luva de ferro na mão e punho de Thor e então, pôs o falcão sobre ela. Thor se sentiu eletrizado ao tê-lo sobre seu braço e mal podia se mexer. Ele ficou chocado com seu peso; era uma luta simplesmente mantê-lo imóvel enquanto o pássaro remexia em seu pulso. Ele sentiu suas garras cavando, embora, felizmente, ele só sentisse a pressão, já que estava protegido pela manopla. O pássaro se virou, olhou bem para ele e gritou. Thor sentiu que olhava em seus olhos e sentiu uma conexão mística com o animal. Ele imediatamente soube que estaria com ele pelo resto da vida.

“E como você vai chamá-lo?” O rei perguntou sob o espesso silêncio da sala.

Thor quebrava a cabeça, cujo raciocínio estava muito embotado para pensar.

Ele tratava de pensar rapidamente, convocando em sua mente os nomes de todos os guerreiros famosos do reino. Ele virou-se, examinou as paredes e viu uma série de placas com todos os nomes das batalhas, todos os lugares do Reino. Seus olhos pousaram em um lugar em particular. Era um lugar no Reino do Anel onde ele nunca havia estado, mas do qual ele sempre tinha ouvido falar, era um local místico e poderoso. Seu nome pareceu-lhe o adequado.

“Eu o chamarei Estopheles.” Thor exclamou.

“Estopheles!” A multidão ecoou, soando satisfeita.

O falcão guinchou como se estivesse respondendo.

De repente, Estopheles bateu as asas e voou para o alto, todo o caminho para o ápice do teto da catedral e para fora de uma janela aberta. Thor observou-o ir-se.

“Não se preocupe.” Disse o falcoeiro. “Ele sempre regressará para você.”

Thor virou-se e olhou para o Rei. Thor nunca havia recebido um presente antes, muito menos um dessa magnitude. Ele mal sabia o que dizer; como agradecê-lo. Ele estava avassalado.

“Meu senhor.” Ele disse, inclinando sua cabeça. “Eu não sei como agradecer a Vossa Majestade.”

“Você já o fez.” Disse MacGil.

A multidão aplaudiu e a tensão na sala foi quebrada. Uma conversa animada irrompeu entre os homens e muitos cavaleiros se aproximaram de Thor, ele mal sabia por onde sair.

“Este é Algod, da Província Oriental.” Reece disse, apresentando-o para Thor.

“E este é Kamera, dos pântanos baixos. E este, Basikold, dos fortes do Norte…”

Logo, os nomes tornaram-se confusos. Thor estava atordoado. Mal podia crer que todos esses cavaleiros desejavam conhecê-lo. Ele nunca se sentira tão aceito ou honrado em momento algum de sua vida e tinha a sensação de que um dia como esse nunca sucederia novamente. Era a primeira vez em sua vida que ele tinha um sentimento de auto-estima elevada.

E ele não pôde deixar de pensar em Estopheles.

A cada volta do caminho, Thor cumprimentava pessoas cujos nomes fluíam, nomes que ele dificilmente poderia reter. Um mensageiro dirigiu-se a ele apressadamente, deslizando-se entre os cavaleiros. Ele carregava um pequeno pergaminho, que apertou na mão de Thor. Thor o desenrolou abriu e leu a letra fina e delicada:

Encontre-me no pátio traseiro. Atrás do portão

Thor poderia sentir uma delicada fragrância que emanava do pergaminho rosa, estava confundido ao tentar descobrir de quem era. Não havia nenhuma assinatura.

Reece se inclinou, leu o pergaminho por cima do ombro e riu-se.

“Parece que minha irmã tomou carinho por você.” Ele disse, sorrindo. “Eu iria logo se fosse você. Ela odeia que a façam esperar.”

Thor sentia que seu rosto corava.

“O pátio traseiro está passando aqueles portões. Vá depressa. Ela é conhecida por mudar de ideia rapidamente.” Reece sorriu quando ele olhou para Thor. “E eu adoraria ter você em minha família.”

CAPÍTULO DEZENOVE

Thor tentava seguir as indicações de Reece enquanto percorria o intricado caminho através do castelo lotado, não era mesmo fácil. Este castelo tinha muitas voltas e reviravoltas; muitas portas ocultas; muitos corredores muito compridos, que pareciam apenas conduzir a mais corredores.

Ele repassava as direções dadas por Reece na cabeça enquanto descia um pequeno lance de escadas e finalmente parou diante de uma pequena porta arqueada com uma maçaneta vermelha – a porta da qual Reece tinha lhe falado – e a abriu.

Thor saiu por ela e foi atingido pela luz forte do dia de verão. Era bom estar ao ar livre fora do castelo abafado, respirando ar fresco, a luz do sol em seu rosto. Seus olhos estavam entrecerrados, ajustando-se ao brilho da luz do dia, sua visão se aclarou. Diante dele se estendiam os jardins reais, os quais se divisavam até onde a vista podia alcançar; sebes aparadas perfeitamente em formas diferentes, formando fileiras perfeitas, com trilhas sinuosas em meio a elas. Havia fontes; árvores exóticas; pomares maduros com frutas do início do verão e campos de flores de todos os tamanhos, formas e cores. A vista lhe tirava o fôlego. Era como caminhar por uma pintura.

Thor procurava por todas partes um sinal de Gwendolyn, seu coração batia acelerado. O pátio traseiro estava vazio e Thor supôs que provavelmente estava reservado para a família real, apartado do público com suas altas paredes de pedra. E ainda assim, ele procurou ali por todas partes e não pôde encontrá-la.

Ele se perguntou se essa mensagem não era uma brincadeira. O que poderia muito bem ser certo. Ela provavelmente estava burlando-se dele, o caipira, se divertindo à custa dele. Depois de tudo, como poderia alguém com a posição social dela interessar-se por alguém como ele?

Thor olhou para a mensagem e a leu novamente, então a enrolou de volta, com vergonha. Pregaram uma peça nele. Que bobo ele tinha sido ao alimentar suas esperanças. Isso lhe causava um profundo sofrimento.

Thor virou-se e já se dirigia novamente para o castelo, cabisbaixo. Justo quando ele alcançou a porta, uma voz soou.

“E para onde você está indo?” Disse a voz alegre. Ela soava como o canto de um pássaro.

Thor se perguntava se era sua imaginação. Ele girou, procurando-a e ali estava ela, sentada à sombra de uma muralha. Ela sorriu de volta, vestida com suas roupas mais finas, um vestido com camadas de cetim branco e terminações em rosa. Ela se via ainda mais bonita do que ele a recordava.

Era ela. Gwendolyn. A jovem com quem Thor tinha estado sonhando desde o dia em que eles se conheceram, com seus olhos azuis amendoados, longo cabelo ruivo e um sorriso que iluminava o coração dele. Ela usava um chapéu de abas largas branco e rosa que a protegia do sol, debaixo dele os olhos dela brilhavam. Por um momento ele sentiu vontade de virar-se para certificar-se de que ali não havia ninguém mais atrás dele.

“Hã…” Thor começou. “Eu… hã… não sei. Eu… eu… estava indo para dentro.”

Novamente, ele se encontrava atrapalhado em presença dela, achando difícil organizar seus pensamentos e expressá-los claramente.

Ela riu, e o seu riso era o mais belo som que ele já tinha escutado.

“E por que faria isso?” Ela perguntou brincalhona. “Você acabou de chegar.”

Thor estava atrapalhado. Sua língua atada.

“Eu… hum … não podia encontrá-la.” Ele disse embaraçado.

Ela riu novamente.

“Bem, eu estou bem aqui. Você não vem por mim?”

Ela ofereceu-lhe a mão; Thor correu para mais perto dela, abaixou-se e tomou sua mão. Ele estava eletrizado pelo contato com sua pele, tão macia e suave, sua mão tão delicada, encaixando-se perfeitamente na dele. Ela olhou para ele e deixou a sua mão permanecer por um momento, antes de retirá-la. Ele amou a sensação dos dedos dela sobre a palma de sua mão e desejou que ele nunca os retirasse.

Ela retirou sua mão, então passou seu braço pelo dele, entrelaçando-o. Ela começou a caminhar, guiando-o por uma série de caminhos sinuosos. Eles caminharam ao longo de um caminho de pequenos paralelepípedos e logo eles estavam dentro de um labirinto de sebes, protegidos da vista externa.

Thor estava nervoso. Talvez, ele, um plebeu, se meteria em problemas caminhado assim com a filha do Rei. Ele sentiu um leve suor brotar na testa dele e não sabia se era devido ao calor ou devido ao toque dela.

Ele não estava certo do que dizer.

“Você causou um grande rebuliço aqui, não é?” Ela disse com um sorriso. Ele estava agradecido por ela ter rompido o silêncio.

Thor deu de ombros. “Eu sinto muito. Eu não tive a intenção.”

Ela riu. “E por que você não deveria ter? Não é bom sacudir um pouco as coisas?”

Thor estava frustrado. Ele mal sabia como responder. Parecia que ele dizia sempre a coisa errada.

“Este lugar é tão abafado e chato mesmo!” Ela disse. “É tão bom ter um visitante. Meu pai parece ter tomado muito gosto por você. E o meu irmão também.”

“Humm…obrigado.” Thor replicou.

Ele estava chutando a si mesmo, morrendo por dentro. Ele sabia que deveria dizer algo mais, e desejava fazer isso. Ele só não sabia o que dizer.

“Vossa Alteza…” Ele começou, quebrando a cabeça em busca da coisa certa a dizer: …“Gosta daqui?”

Ela se inclinou para trás e riu.

“Se eu gosto daqui?” Ela perguntou. “Certamente eu deveria. Eu vivo aqui!”

Ela riu novamente e Thor sentiu-se avermelhar. Ele sentiu que estava realmente estragando as coisas. Porém, ele não tinha sido criado em companhia de garotas, nunca tinha tido uma amiga ou namorada em sua aldeia, e simplesmente não sabia o que dizer para ela. O que ele podia perguntar-lhe? De onde você é? Ele já sabia de onde ela era. Ele começou a perguntar-se por que ela lhe prestava atenção, seria por diversão?

“Por que Vossa Alteza gosta de mim?” Ele perguntou.

Ela olhou de volta para ele e fez um ruído engraçado.

“Você é um garoto presunçoso.” Ela riu. “Quem foi que disse que eu gosto de você?” Ela perguntou com um sorriso largo. Era óbvio que tudo o que ele dizia a divertia muito.

Thor agora sentia que havia se metido em problemas mais sérios.

“Desculpe-me. Eu não queria dizer isso. Eu estava apenas imaginando. Quero dizer… Eu…Eu sei que Vossa Alteza não gosta de mim.”

Ela riu com vontade.

“Você é engraçado. Eu tenho de admitir isso. Pelo que eu vejo, você nunca teve uma namorada, não é?”

Thor olhou para baixo e balançou a cabeça, humilhado.

“Presumo que nem irmãs também?” Ela insistiu.

Thor sacudia a cabeça.

“Eu tenho três irmãos.” Ele exclamou. Finalmente, ele tinha conseguido pelo menos dizer algo normal.

“É mesmo?” Ela perguntou. “E onde eles estão? Lá na sua aldeia?”

Thor sacudiu a cabeça. “Não, eles estão aqui na Legião, comigo.”

“Bem, isso deve ser reconfortante.”

Thor sacudiu a cabeça.

“Não, não é. Eles não gostam de mim. Eles desejariam que eu nunca estivesse aqui.”

Foi a primeira vez que ela deixou de sorrir.

“E por que eles não gostariam de você?” Ela perguntou, horrorizada. “Seus próprios irmãos?”

Thor deu de ombros. “Quem dera eu pudesse saber.”

Eles caminharam um pouco mais em silêncio. De repente, ele estava com medo de estar arruinando o clima agradável do momento.

“Mas não se preocupe, isso não me incomoda. Sempre foi assim. Na verdade, eu conheci bons amigos aqui. Mais amigos que eu já tive antes.”

“Meu irmão? Reece?” Ela perguntou.

Thor assentiu.

“Reece é uma boa pessoa.” Ela disse. “Ele é o meu favorito em muitas coisas. Eu tenho quatro irmãos, você sabe. Três são legítimos e um não é. O mais velho é filho de meu pai com outra mulher. Meu meio-irmão. Você o conhece, Kendrick?”

Thor assentiu. “Eu devo muito a ele. E a ele agradeço o fato de ter um posto na Legião. Ele é um homem de bem.”

“É verdade. Ele é um dos melhores no Reino. Eu o amo tanto quanto um verdadeiro irmão. E depois há Reece, quem eu amo de igual maneira. Os outros dois … Bem … Você sabe como as famílias são. Nem todos se dão bem. Às vezes pergunto-me como é possível que todos nós provenhamos das mesmas pessoas.”

Agora Thor estava curioso. Ele queria saber mais sobre quem eles eram, sobre sua relação com eles, porque eles não se davam bem. Ele queria perguntar-lhe, mas não queria intrometer-se. Ela parecia não querer se preocupar com isso também. Ela parecia ser uma pessoa feliz, uma pessoa que gostava de se concentrar apenas em coisas felizes.

Quando eles terminaram a trilha do labirinto, o pátio abriu-se para um novo jardim, onde a grama estava aparada e perfeitamente projetada em formas. Era um enorme tabuleiro de algum tipo de jogo, que se alastrava por pelo menos cinquenta pés em cada sentido, com enormes peças de madeira, mais altas do que Thor, colocadas por toda parte.

Gwen gritou de alegria.

“Vamos jogar?” Ela pediu.

“Que jogo é esse?” Ele perguntou.

Ela se virou, seus olhos estavam arregalados de incredulidade.

“Você nunca jogou Damas?” Ela perguntou.

Thor sacudiu a cabeça, envergonhado, sentindo-se mais do que nunca um caipira.

“É o melhor jogo que existe!” Ela exclamou.

Ela estendeu as suas duas mãos e tomou as dele, arrastando-o para o campo. Ela saltitava de alegria e ele não podia deixar de sorrir consigo mesmo. Mais do que tudo; mais do que o campo; mais do que aquele belo lugar, era a sensação das mãos dela sobre as dele, que o eletrificava. A sensação de ser querido. Ela queria que ele fosse com ela. Ela queria passar mais tempo com ele. Por que alguém se importaria com ele? Especialmente alguém como ela? Para ele era como se isso tudo fosse um sonho.

“Fique ali.” Disse ela. “Por trás dessa peça. Você tem de movê-la, e você tem apenas dez segundos para fazer isso.”

“O que quer dizer com movê-la?” Perguntou Thor.

“Escolha uma posição, rápido!” Ela gritou.

Thor pegou o enorme bloco de madeira e ficou surpreso com o seu peso. Ele levou-o por vários passos e colocou-o em outro quadrado.

Sem hesitar, Gwen empurrou sua própria peça. Ela esbarrou na peça de Thor que caiu no chão.

Ela gritou de satisfação.

“Aquela foi uma jogada muito ruim!” Ela disse. “Você se meteu justo em meu caminho! Você perdeu!”

Thor olhou para as duas peças no chão, perplexo. Ele não entendia esse jogo de jeito nenhum.

Ela riu tomando seu braço enquanto continuava a levá-lo pelas trilhas.

“Não se preocupe, Eu ensinarei você.” Ela disse.

O coração dele subiu com suas palavras. Ela o ensinaria. Ela queria vê-lo novamente. Passar tempo com ele. Ele estaria imaginando tudo isso?

“Então me diga, o que você acha deste lugar?” Ela perguntou, enquanto o levava para outra série de labirintos. Esse estava decorado com flores, tinha aproximadamente três metros de altura, estava repleto de cores e insetos estranhos pairando sobre sua parte superior.

“É o lugar mais lindo que já vi.” Thor respondeu com sinceridade.

“E por que você quer ser um membro da Legião?”

“É tudo o que sempre sonhei, ele respondeu.

“Mas por quê?” Ela perguntou. “É porque você quer servir a meu pai?”

Thor pensava sobre isso. Ele nunca realmente tinha se perguntado o porquê – ele simplesmente tinha querido isso desde sempre.

“Sim.” Respondeu. “Eu quero. E ao Anel também.”

“Mas e a sua vida?” Ela perguntou. “Você não deseja ter uma família? Terras? Uma esposa?”

Ela parou e olhou para ele, isso o abalou. Ele estava fragilizado. Ele nunca tinha considerado essas coisas antes, e mal sabia como responder. Seus olhos brilhavam quando ela olhou para ele.

“Humm… Eu… Eu não sei. Eu realmente nunca pensei sobre isso.”

“E o que sua mãe diria sobre isso?” Ela perguntou com um jeito brincalhão.

O sorriso de Thor murchou.

“Eu não tenho mãe.” Ele disse.

O sorriso dela fechou novamente.

“O que aconteceu com ela?” Gwendolyn perguntou.

Thor estava prestes a responder-lhe, a contar-lhe tudo. Essa seria a primeira vez em sua vida que ele falava sobre sua mãe para alguém. E o mais estranho era que ele desejava fazer isso. Ele desejava desesperadamente abrir-se com ela, essa estranha, e revelar-lhe seus sentimentos mais profundos.

Mas quando ele abriu a boca para falar, de repente, uma voz áspera apareceu do nada.

“Gwendolyn!” Gritava a voz estridente.

Os dois giraram para ver a mãe dela, a Rainha, vestida com as melhores roupas, acompanhada de suas servas, marchando direto para sua filha. Seu rosto estava lívido.

A rainha caminhou diretamente até Gwen, se aproximou a agarrou pelo braço e a puxou.

“Você vai voltar para dentro agora. O que eu disse a você? Não quero que fale com ele novamente. Você me entendeu?”

O rosto de Gwen avermelhou-se e, em seguida, transformou-se com raiva e orgulho.

“Solte-me!” Ela gritou para sua mãe. Mas não adiantou, a mãe continuou a arrastá-la e suas servas a rodearam também.

“Eu disse para me soltar!” Gwen gritou. Ela olhou de volta para Thor com um olhar desesperado, triste, um olhar de súplica.

Thor entendida o sentimento. Era algo que ele também sentia. Queria chamá-la e sentiu seu coração partir-se enquanto a observava sendo arrastada. Era como assistir a uma vida futura sendo roubada dele, bem diante de seus olhos.

Depois ela que desapareceu de vista, ele ficou ali por muito tempo, olhando, grudado no lugar, sem fôlego. Ele não queria ir embora, não queria esquecer tudo isso.

Acima de tudo, ele não queria imaginar que não poderia vê-la novamente.

*

Thor caminhava de volta ao castelo enquanto ainda se recuperava do seu encontro com Gwen. Ele mal estava consciente do seu entorno. Sua mente estava invadida pela presença dela; ele não podia deixar de ver o seu rosto. Ela era magnífica. A pessoa a mais bela, gentil, doce, terna e engraçada que ele conhecia. Ele precisava vê-la novamente. Ele realmente sofria com a ausência dela. Não entendia seus sentimentos por ela e isso o assustava. Ele mal a conhecia e ainda assim, sabia que já não poderia estar sem ela.

Ainda ao mesmo tempo, ele pensava na Rainha, arrastando Gwen para longe dele e seu estômago encolheu ao pensar nas forças poderosas que se interpunham entre os dois. Forças que, por alguma razão, não desejavam que eles estivessem juntos.

Quando ele tentava chegar ao fundo dessa questão, de repente, sentiu uma mão forte em seu peito, impedindo-o de seguir seu caminho.

Ele olhou para cima para ver um jovem; talvez um par de anos mais velho que ele; alto e magro; vestido com as roupas mais caras que ele já tinha visto – sua vestimenta era feita com seda real púrpura, verde e escarlate, ele usava com um chapéu de penas – com cara de poucos amigos. O rapaz parecia ser um melindroso, mal criado, como se tivesse sido criado em berço de ouro, suas mãos eram suaves e suas sobrancelhas arqueadas demonstravam todo o seu desdém.

“Eu me chamo Alton.” Ele começou a falar. “E sou filho de Lord Alton, primo legítimo do Rei. Nós temos sido Lordes do Reino por sete séculos. O que por direito faz de mim um Duque e de você, por outro lado, um plebeu.” Ele disse quase como se cuspisse a palavra. “A Corte Real é para a realeza. Para homens de alta posição social. Não para gente do seu tipo.”

Thor estava parado ali, sem ter a menor ideia de quem era esse rapaz ou o que ele tinha feito para perturbá-lo.

“O que você quer de mim?” Thor perguntou.

Alton riu com ironia.

“Claro, Você não saberia. Você provavelmente não sabe nada, não é? Como você ousa se meter aqui e fingir ser um de nós!” Ele cuspiu.

“Eu não estou fingindo nada.” Thor disse.

“Bem, eu não quero saber em que você anda metido. Eu só quero advertir-lhe, antes que você abrigue mais fantasias em sua cabeça, que Gwendolyn é minha.”

Thor olhou de volta para ele chocado. Dele? Ele simplesmente não sabia o que dizer.

“Nosso casamento foi arranjado desde o nascimento.” Alton continuou. “Nós somos da mesma idade e do mesmo nível social. Os planos já estão em andamento. Não se atreva nem por um instante, a pensar que as coisas serão diferentes.”

Yaş sınırı:
16+
Litres'teki yayın tarihi:
09 eylül 2019
Hacim:
323 s. 6 illüstrasyon
ISBN:
9781632910592
İndirme biçimi:
Metin
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Metin
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