Kitabı oku: «Em Busca de Heróis», sayfa 13

Yazı tipi:

Thor sentia que lhe faltava o ar; ele não tinha forças nem mesmo para responder.

Alton deu um passo mais perto e fitou Thor.

“Veja só…” Ele disse em voz baixa: “Eu permito que Gwen tenha seus flertes. Ela tem muitos. De vez em quando, ela vai ter pena de um plebeu, ou talvez de um servo. Ela irá permitir que eles sejam o seu entretenimento, sua diversão. Você pode ter chegado à conclusão de que é algo mais. Mas isso é tudo o que significa para ela. Você é apenas mais um conhecido, outro divertimento. Ela os coleciona como se fossem bonecas. Eles não significam nada para ela. Ela está animada com o novo plebeu e depois de um ou dois dias, ela ficará entediada. Ela o deixará rapidamente. Você não é nada para ela, realmente. E no final do ano, nós vamos nos casar. Para sempre.”

Os olhos de Alton se abriram, mostrando sua determinação feroz.

Thor sentiu seu coração partir-se com essas palavras. Eram verdadeiras? Será que ele realmente não significava nada para Gwen? Agora, ele estava confuso; ele mal sabia no que acreditar. Ela parecia tão genuína. Mas será que Thor que não estaria apenas tirando conclusões precipitadas?

“Você está mentindo.” Thor finalmente respondeu.

Alton fez um gesto zombeteiro e então levantou um dedo mal criado, espetando-o no peito de Thor.

“Se eu vir você perto dela novamente, eu vou usar minha autoridade para chamar a guarda real. Eles irão prendê-lo!”

“Sob qual acusação?!” Thor perguntou.

“Eu não necessito uma. Eu gozo de prestígio aqui. Eu inventarei uma, e será em mim que eles acreditarão. Quando eu terminar de caluniar você, a metade do Reino vai acreditar que você é um criminoso.”

Alton sorriu satisfeito; Thor sentia-se enojado.

“Você não tem honra.” Thor disse, sem compreender como alguém poderia agir com tal indecência.

Alton deu uma risada aguda.

“Para começar, eu nunca tive.” Ele disse. “Honra é para os tolos. Eu tenho o que eu quero. Você pode ficar com sua honra. E eu fico com Gwendolyn.”

CAPÍTULO VINTE

Thor atravessou com Reece o portão em arco da Corte do Rei, em direção à estrada rural que conduzia ao quartel da Legião. Os guardas estavam em posição de sentido para eles quando passaram e Thor abrigava um grande sentimento de pertencer ao lugar; era como se ele já não fosse mais um estranho. Ele voltou a pensar em como apenas alguns dias antes, um guarda o tinha expulsado dali. O quanto tudo tinha mudado e tão rapidamente.

Thor ouviu o guincho de uma ave e olhou para cima para ver, lá no alto Estopheles voando em círculos, olhando para baixo. Ele mergulhou e Thor, animado, estendeu-lhe o pulso, ainda usando a luva de metal. Mas ele se levantou novamente e voou alto, cada vez mais alto, embora nunca ficasse completamente fora de vista. Thor imaginava. Ele era um animal místico e Thor sentia uma conexão tão intensa com ele que era difícil de explicar.

Thor e Reece continuaram em silêncio, mantendo um ritmo acelerado em direção ao quartel. Thor sabia que seus irmãos estariam esperando por ele e se perguntou que tipo de recepção ele iria receber. Estariam com inveja ou ciúmes dele? Estariam furiosos por ele ter obtido toda essa atenção? Será que eles zombariam dele por ter sido levado para o outro lado do desfiladeiro? Ou será que eles finalmente o aceitariam?

Thor esperava que fosse a última das opções. Ele estava cansado de lutar contra o resto da Legião e queria, mais do que tudo, pertencer a ela. Ser aceito como um deles. O quartel apareceu ao longe, e a mente de Thor começou a preocupar-se com outra coisa.

Gwendolyn.

Thor não sabia o quanto ele poderia falar com Reece sobre isso, já que Gwendolyn era sua irmã. Mas ele não podia tirá-la de sua mente. Ele não conseguia parar de pensar sobre seu encontro com o ameaçador real, Alton, e se perguntava quanto do que ele tinha dito poderia ser verdade. Uma parte dele temia discutir o assunto com Reece, não querendo arriscar-se a aborrecê-lo e de alguma forma perder seu novo amigo por causa de sua irmã. Mas outra parte dele tinha de saber o que Reece pensava.

“Quem é Alton?” Thor finalmente perguntou hesitante.

“Alton?” Reece repetiu. “Por que pergunta por ele?”

Thor deu de ombros, inseguro quanto ao que dizer.

Afortunadamente, Reece continuou.

“Ele não passa de um ameaçador, da realeza inferior. Primo do Rei em terceiro grau. Por quê? Ele anda atrás de você por alguma razão?” Em seguida, Reece estreitou os olhos. “Gwen? Não é? Eu devia ter lhe avisado.”

Thor se virou e olhou para Reece, ansioso para ouvir mais.

“Como assim?”

“Ele é um grosso.Tem estado atrás da minha irmã desde que ela podia andar. Ele tem a certeza de que os dois vão se casar. Minha mãe parece pensar assim, também.”

“Vai mesmo se casar?” Thor perguntou surpreso com a ansiedade em sua própria voz.

Reece olhou para ele e sorriu.

“Minha nossa! Você está apaixonado por ela, não é?” Ele riu. “Isso foi rápido.”

Thor enrubesceu, esperando que não fosse tão óbvio.

“Se eles vão se casar ou não, dependerá dos sentimentos da minha irmã por ele.”

Reece finalmente respondeu. “A menos que a obriguem a se casar. Mas eu duvido que meu pai faça isso.”

“E o que ela sente por ele?” Thor insistiu, com medo de que ele estivesse sendo muito intrometido, mas ele precisava saber.

Reece deu de ombros. “Você teria de perguntar a ela, eu suponho. Eu nunca falo com ela sobre isso.”

“Mas seu pai a forçaria a casar-se?” Thor insistiu. “Ele realmente poderia fazer isso?”

“Meu pai pode fazer qualquer coisa que ele quiser. Porém isso é entre ele e Gwen.”

Reece se virou e olhou para Thor.

“Por que todas essas perguntas? De que se tratou tudo isso?”

Thor corou incerto sobre o que dizer.

“Nada.” Ele disse finalmente.

“Nada!” Reece riu. “Isso pareceu qualquer coisa, menos um ‘nada’!”

Reece riu com gosto e Thor estava envergonhado, se perguntando se ele estava apenas imaginando que Gwen gostava dele. Reece estendeu a mão e colocou-a com firmeza no ombro dele.

“Escute velho companheiro…” Reece disse… “a única coisa que você pode saber com certeza sobre a Gwen é que ela sabe o que quer. E ela sempre consegue o que quer. Esse tem sido o caso desde sempre. Ela é tão teimosa como meu pai. Ninguém pode forçá-la a fazer nada – e menos com alguém – que ela não queira. Então não se preocupe. Se ela escolher você, confie em mim, Ela vai lhe avisar. Ok?”

Thor assentiu com a cabeça, se sentindo melhor, como sempre sucedia depois que ele falava com Reece.

Thor olhou para a frente e viu os enormes portões do quartel da Legião antes dele. Ele ficou surpreso ao ver vários dos rapazes de pé no portão, como se esperassem por eles, ainda mais surpreso ao vê-los sorrindo e em seguida, exclamando em coro vivas ao vê-lo. Eles correram em sua direção; o agarraram pelos ombros; o levantaram e o levaram e sobre seus braços para o interior do quartel. Thor estava espantado por como ele tinha sido varrido para dentro pelos outros, em um abraço de boa vontade.

“Conte-nos sobre o Canyon. Como é lá do outro lado?” Perguntou um deles.

“Como era a criatura? A que você matou?” Perguntou outro.

“Eu não a matei.” Thor protestou. “Erec fez isso.”

“Ouvi dizer que você salvou a vida de Elden.” Disse um deles.

“Ouvi dizer que atacou a criatura, sozinho. Sem quaisquer armas reais.”

“Você é um de nós agora!” Um deles gritou forte e os outros rapazes o ovacionaram, guiando-o, como se ele fosse seu irmão perdido.

Thor mal podia acreditar. Quanto mais ele ouvia suas palavras, mas ele percebia que talvez eles tivessem razão. Talvez ele tivesse sido corajoso afinal. Ele nunca tinha pensado sobre isso. Pela primeira vez em muito tempo, ele estava começando a se sentir bem consigo mesmo. Acima de tudo, porque agora, finalmente, ele sentia que seu lugar era ali com aqueles rapazes. Ele sentiu a tensão liberando-se de seus ombros.

Thor foi conduzido para o campo de treinamento principal, diante dele estavam dezenas de soldados da Legião, junto com dezenas de soldados do Exército Prata. Eles, também, o aclamaram ao vê-lo. Todos eles vieram para a frente e deram-lhe muitos tapinhas nas costas.

Kolk deu um passo à frente, os demais ficaram em silêncio. Thor preparou-se, visto que Kolk sempre havia mostrado ter desprezo por ele. Mas agora, para a surpresa de Thor, ele o olhava com uma expressão diferente. Apesar de ainda não ser capaz de abrir um sorriso, ele tampouco estava zombando dele, nem estava carrancudo. E Thor podia jurar que havia detectado algo de admiração nos olhos dele. Kolk deu um passo à frente, trazendo um distintivo com o desenho de um falcão negro e o colocou no peito de Thor.

O emblema da Legião. Thor havia sido aceito. Finamente, ele agora era um deles.

“Thorgrin do Sul da Província do Reino Ocidental.” Kolk disse solenemente. “Nós lhe damos as boas-vindas à Legião.”

Os rapazes soltaram um grito, então todos correram, puseram seus braços ao redor de Thor e o balançaram para um lado e para outro.

Thor não podia processar o que estava acontecendo em sua mente. Ele tentou não fazê-lo. Ele só queria aproveitar esse momento. Agora, finalmente, havia um lugar ao qual ele pertencia.

Kolk virou-se e encarou os outros rapazes.

“Ok, rapazes, acalmem-se.” Ordenou ele. “Hoje é um dia especial. Nada de trabalho forçado, polimentos ou cocô de cavalo para vocês. Agora é hora de realmente treinar. É dia de armas.”

Os rapazes responderam-lhe com um grito animado e o seguiram enquanto ele caminhava rápido através do campo de treinamento, em direção a um enorme edifício circular feito de carvalho, com portas de bronze, reluzentes. Thor caminhava com o grupo, enquanto eles se aproximavam com um animado burburinho no ar. Reece estava ao seu lado e O’Connor veio e uniu-se a eles.

“Nunca pensei que eu iria vê-lo vivo novamente.” O’Connor disse, sorrindo e batendo em seu ombro. “Da próxima vez, deixe-me acordar primeiro, sim?”

Thor lhe devolveu o sorriu.

“Que edifício é aquele?” Thor perguntou a Reece, quando eles se aproximaram. Havia rebites de ferro imensos por toda a porta e o lugar tinha uma presença imponente.

“O Quartel das Armas.” Reece respondeu. “É onde guardam todas as nossas armas. De vez em quando nos deixam dar uma espiada, ou até mesmo treinar com algumas delas. Tudo depende da lição que eles queiram ensinar.”

O estômago de Thor ficou apertado quando ele viu Elden vindo até eles. Thor se preparou, esperando receber alguma ameaça – porém, dessa vez, para espanto de Thor, Elden o olhava com um olhar de agradecimento.

“Eu tenho de agradecer-lhe.” Ele disse, olhando para baixo humildemente. “Por salvar minha vida.”

Thor estava perplexo; ele jamais havia esperado por essa reação.

“Eu estava errado sobre você.” Elden acrescentou. “Amigos?” Ele perguntou.

Ele estendeu a mão.

Thor, que não era de guardar nenhum rancor, alegremente estendeu a mão e apertou a mão de Elden.

“Amigos.” Disse Thor.

“E leve minhas palavras a sério.” Elden disse. “Eu sempre protegerei você. Eu lhe devo uma.”

Com isso, ele se virou e correu de volta para a multidão.

Thor mal sabia o que pensar disso. Ele estava espantado com a rapidez com que as coisas tinham mudado.

“Acho que no fim, ele não é um completo idiota.” O’Connor disse. “Talvez ele seja legal depois de tudo.”

Eles chegaram ao Quartel das Armas. As portas imensas se abriram e Thor entrou com atitude reverenciosa. Ele andava devagar, o pescoço esticado, examinando o lugar em um amplo círculo, processando tudo. Havia ali centenas de armas, armas que ele sequer reconhecia, penduradas nas paredes. Os outros rapazes avançaram em uma animada corrida, correndo para as armas, pegando-as, manipulando-as, examinando-as. Thor seguiu seu exemplo, sentindo-se como um garoto em uma loja de brinquedos.

Ele correu para uma alabarda grande, tomou a haste de madeira com as duas mãos e sentiu seu peso. Era enorme, bem lubrificada. A lâmina estava desgastada e com marcas, ele se perguntou se ela tinha matado algum homem em batalhas.

Ele a baixou e pegou um mangual, uma bola de metal com puas presa a um mango curto, por uma longa corrente. Ele segurou o cabo de madeira cravejado e sentiu as puas do metal balançando na extremidade da corrente. Reece manuseava um machado de batalha e O’Connor testava o peso de um longo pique, apontando para o ar contra um inimigo imaginário.

“Ouçam!” Kolk exclamou, e todos eles se viraram.

“Hoje vamos aprender sobre a luta contra seu inimigo, à distância. Alguém pode me dizer que tipos de armas podem ser usados? O que pode matar um homem a trinta passos de distância?”

“Um arco e flecha.” Alguém gritou.

“Sim!” Kolk respondeu. “O que mais?”

“Uma lança!” Alguém gritou.

“O que mais?” Há muito mais do que apenas essas. “Vamos ouvi-las.”

“Uma funda.” Thor acrescentou.

“O que mais?”

Thor quebrava a cabeça, mas estava ficando sem opções.

“Facas de arremesso.” Reece exclamou.

“O que mais?”

Os outros garotos hesitaram. Ninguém mais tinha ideias.

“Podem arremessar maças.” Kolk gritava. “E atirar machados. E está a balestra. Podem ainda atirar piques. E também temos a espada.”

Kolk dava voltas pela sala, olhando para os rostos dos rapazes, que permaneciam escutando absortos.

“Isso não é tudo. Uma simples pedra no chão pode ser ‘seu melhor amigo’. Eu vi um homem, grande como um touro, um herói de guerra, morto no lugar pelo arremesso de uma rocha, feito por um soldado habilidoso. Soldados muitas vezes não percebem que a armadura também pode ser usada como uma arma. A luva pode ser retirada e jogada na cara do inimigo. Isso pode atordoá-lo desde vários metros de distância. Nesse momento, você pode matá-lo. Seu escudo pode ser lançado também.”

Kolk fez uma pausa para respirar.

“É fundamental que quando você aprenda a lutar, não aprenda apenas a lutar a uma curta distância entre você e o seu oponente. Você deve expandir sua luta para uma distância muito maior. A maioria das pessoas luta a uma distância de três passos. Um bom guerreiro luta a trinta passos. Entendido?”

“Sim senhor!” Os rapazes gritaram em coro.

“Muito bem. Hoje, vocês vão melhorar suas habilidades de arremesso. Vasculhem a sala e peguem todas as armas que vocês vejam que possam ser arremessadas. Cada qual pegue uma e esteja lá fora em trinta segundos. Mexam-se!”

O quarto entrou em erupção em uma corrida, Thor correu para a parede, buscando algo para pegar. Ele esbarrava em outros rapazes e foi empurrado por eles durante todo o caminho, todos estavam eufóricos, até que ele finalmente viu o que queria e o tomou. Era um pequeno machado de arremesso. O’Connor tomou uma adaga, Reece uma espada e os três correram para fora com os outros garotos, para o campo.

Eles seguiram Kolk até o lado mais distante do campo e lá estavam, alinhados, uma dúzia de escudos fixos em postes.

Todos os rapazes, segurando suas armas, reuniram-se em torno de Kolk expectantes.

“Permaneçam aqui.” Ele exclamou, apontando para uma linha de terra no chão. “Apontem para aqueles escudos enquanto atiram suas armas. Vocês então vão correr para os escudos, recuperar uma arma diferente e praticar atirando-a. Nunca escolham a mesma arma. Apontem sempre para o escudo. Aqueles que errarem o escudo terão de correr uma volta ao redor do campo. Comecem!”

Os rapazes se alinharam, ombro a ombro atrás da linha de terra e começaram a atirar as suas armas contra os escudos, os quais estavam a uns trinta metros de distância. Thor se alinhou com eles. O rapaz ao lado dele se abalançou e jogou sua lança, errando por um fio.

O garoto virou-se e começou a correr em torno da arena. Enquanto ele fazia isso, um membro dos homens do Rei correu ao lado dele e jogou um pesado manto de cota de malha sobre seus ombros, incrementando o seu peso.

“Corra com isso, rapaz!” Ele ordenou.

O rapaz, sobrecarregado, já suando, continuou a correr no calor.

Thor não queria errar o alvo. Ele se inclinou para trás, concentrou-se, puxou seu machado de arremesso e o jogou. Ele fechou os seus olhos e esperou que ele acertasse o escudo, ficou aliviado ao ouvir o som dele, enterrando-se no escudo de couro. Ele quase havia falhado, atingindo a esquina inferior. Mas pelo menos ele não tinha errado. A redor dele, vários rapazes haviam falhado, e começaram a dar voltas. Os poucos que haviam acertado correram para os escudos para tomar uma nova arma.

Thor alcançou os escudos, extraindo de um deles uma fina adaga de arremesso e correu de volta para a linha de tiro.

Eles continuaram a arremessar por horas, até que o braço do Thor o estava matando e ele mesmo também tinha dado muitas voltas pelo campo. Ele estava banhado de suor, tal como os outros ao seu redor. Era um exercício interessante: atirar toda sorte de armas; acostumar-se com a sensação e o peso de todos os diferentes punhos e lâminas. Thor sentia-se cada vez melhor, mais prático a cada lançamento. Mas mesmo assim, o calor era opressivo e ele estava ficando exausto. Havia apenas uma dúzia de rapazes ainda de pé diante dos escudos, com a maioria deles correndo em volta. Era muito difícil acertar tantas vezes, com tantas armas diferentes. Além disso, todas as voltas e o calor afetavam a precisão da pontaria. Thor estava ofegante e não sabia por quanto mais tempo ele poderia continuar. Justo quando ele estava a ponto de colapsar, de repente, Kolk deu um passo à frente.

“Basta!” Ele gritou.

Os rapazes voltaram de suas voltas e colapsaram sobre a grama. Eles ficaram deitados lá, ofegantes, respirando com dificuldade, removendo os casacos pesados de malha que tinham sido postos neles. Thor também se sentou na grama, o braço exausto, o suor escorrendo pelo corpo. Alguns dos homens do rei trouxeram baldes de água e os deixaram sobre a grama. Reece estendeu a mão, pegou um, bebeu dele e em seguida, entregou-o a O’Connor, que bebeu e logo entregou a Thor. Thor bebeu e bebeu, a água escorrendo pelo seu queixo e pelo seu peito. A água estava incrível. Ele respirou fundo e devolveu o balde para Reece.

“Por quanto tempo mais isso vai prosseguir?” Ele perguntou.

Reece balançou a cabeça, ofegante. “Eu não sei.”

“Juro que eles estão tentando nos matar.” Ouviu-se uma voz. Thor se virou e viu Elden, quem tinha vindo e sentado ao lado dele. Thor ficou surpreso ao vê-lo ali e se deu conta de que Elden verdadeiramente queria fossem amigos. Era estranho observar essa mudança em seu comportamento.

“Rapazes!” Kolk gritou, caminhando lentamente entre eles. “Mais de vocês estão errando seus alvos agora, no final do dia. Como podem ver, é mais difícil ser preciso quando você está cansado. Esse é o ponto. Durante a batalha, você não vai estar disposto. Você estará esgotado. Algumas batalhas podem durar dias. Especialmente se você estiver atacando um castelo. E é quando você estiver mais cansado que deverá fazer o seu lance mais preciso. Muitas vezes você será forçado a lançar qualquer arma que estiver à sua disposição. Você deve ser especialista em todas as armas e em cada estado de exaustão. Entendido?”

“SIM SENHOR!” Eles gritaram de volta.

“Alguns de vocês podem lançar uma faca, ou uma lança. Mas essa mesma pessoa falha com um martelo ou machado. Você acha que pode sobreviver por atirar com apenas uma arma?”

“NÃO SENHOR!”

“Vocês acham que isso é só um jogo?”

“NÃO SENHOR!”

Kolk fazia caretas enquanto passeava, chutando os garotos pelas costas quando entendia que não estavam sentados de maneira correta.

“Já descansaram o suficiente.” Ele disse. “De pé novamente!”

Thor se esforçava para pôr-se de pé junto com os outros, suas pernas estavam cansadas, ele não tinha certeza de quanto mais tempo poderia resistir.

“Há dois lados para lutar à distância.” Continuou Kolk. “Você pode arremessar – mas o seu inimigo também pode. Ele pode não estar seguro a trinta passos de distância e você também não. Vocês devem aprender a defender-se a uma distância de trinta passos. Entenderam?”

“SIM SENHOR!”

“Para defender-se de um objeto arremessado, você vai precisar não só estar atento e ser rápido com seus pés, abaixar-se, rolar, ou esquivar-se – mas também ser adepto a proteger-se com um grande escudo.”

Kolk fez um gesto e um soldado trouxe um escudo enorme, pesado. Thor estava admirado – era quase o dobro do seu tamanho.

“Um voluntário?” Kolk Pediu.

O grupo de rapazes estava quieto, hesitante e Thor, sem pensar, levado pela emoção do momento, levantou a mão.

Kolk acenou com a cabeça e Thor correu para a frente.

“Muito bem!” Kolk disse. “Pelo menos um de vocês é burro o suficiente para se oferecer. Eu gosto do seu espírito rapaz. Uma decisão estúpida. Mas boa.”

Thor estava começando a se perguntar se ele realmente tinha tomado uma decisão estúpida, quando Kolk entregou-lhe o escudo de metal enorme. Ele o fixou a um braço e não podia acreditar quão pesado ele era. Ele mal podia levantá-lo.

“Thor, sua missão é correr pelo campo de um lado até outro, ileso. Vê esses cinquenta garotos à sua frente?” Disse Kolk para Thor. “Todos eles vão lançar armas em você. Armas reais. Você entendeu? Se você não usar seu escudo para proteger-se, poderá morrer antes de chegar ao o outro lado.”

Thor olhou em descrença. A multidão de garotos ficou ainda mais silenciosa.

“Isto não é um jogo.” Kolk continuou. “Isto é muito sério. As batalhas são algo sério. É questão de vida ou morte. Ainda está seguro de que quer ser voluntário?”

Thor assentiu paralisado demais pelo terror para dizer alguma coisa. Ele dificilmente voltaria atrás nesse momento, não na frente de todo mudo.

“Muito bem.”

Kolk gesticulou para um servo, que deu um passo à frente e tocou uma buzina.

“Corra!” Kolk gritou.

Thor levantou o escudo pesado com as duas mãos, agarrando-o com todas as forças. Quando ele fez isso, ele sentiu um golpe retumbante, tão grave que retiniu em seu crânio. Deve ter sido um martelo de metal. Não perfurou o escudo, porém mandou um choque horrível a todo seu sistema. Ele quase deixou cair o escudo, mas obrigou-se a agarrá-lo e seguir em frente.

Thor começou a correr com muita dificuldade, o mais rápido que ele podia com o pesado escudo. Enquanto as armas e mísseis voavam ao redor dele, Thor obrigou-se a se abrigar dentro do escudo da melhor maneira possível. O escudo era a sua tábua de salvação. Enquanto ele corria aprendeu a estar atrás dele.

Um a flecha voou bem perto dele, não o acertou por um triz, ele baixou o queixo, mantendo-o apertado. Outro objeto pesado bateu contra o escudo, atingindo-o com tanta força que ele cambaleou para trás alguns metros e caiu no chão. Mas Thor voltou a ficar de pé e continuou a correr. Com um esforço supremo e respirando com dificuldade, ele finalmente cruzou o campo.

“Renda-se!” Kolk gritou.

Thor deixou cair o escudo, banhado de suor. Ele estava mais do que grato por ter alcançado o outro lado; ele não sabia se poderia segurar o escudo por muito mais tempo.

Thor dirigiu-se rápido para os outros rapazes, muitos dos quais lhe deram olhares de admiração. Ele se perguntava como tinha sobrevivido.

“Bom trabalho.” Reece sussurrou-lhe.

“Algum outro voluntário?” Kolk exclamou.

Havia um silêncio mortal entre os rapazes. Depois de observar Thor, ninguém mais desejava tentar.

Thor se sentia orgulhoso de si mesmo. Ele não estava seguro se teria se oferecido caso soubesse tudo o que isso implicava, mas agora que tudo havia terminado, ele estava feliz de ter feito isso.

“Muito bem. Então eu decidirei por vocês.” Kolk gritou. “Você! Saden!” ele exclamou, apontando para alguém.

Um rapaz mais velho e magro deu um passo à frente sentindo-se aterrorizado.

“Eu?” Saden disse com sua voz sumindo.

Os outros garotos riram dele.

“Claro que é você. Quem mais?” Kolk disse.

“Sinto muito senhor, mas eu prefiro não ir.”

Um suspiro horrorizado surgiu entre a Legião.

Kolk aproximou-se dele, fazendo uma careta.

“Você não vai fazer o que você quer.” Kolk rosnou. “Você vai fazer o que eu mandar.”

Saden ficou imóvel, olhando, morrendo de medo.

“Ele não deveria estar aqui.” Reece sussurrou para Thor.

Thor virou-se e olhou para ele. “O que você quer dizer?”

“Ele vem de uma família nobre e eles o colocaram aqui. Mas ele não quer estar aqui. Ele não é um lutador. Kolk sabe disso. Eu acho que eles estão tentando quebrá-lo. Eu acho que eles querem que ele saia da Legião.”

“Sinto muito senhor, mas não posso.” Saden disse, soando aterrorizado.

“Você pode.” Kolk gritou. “E você vai!”

Houve um impasse tenso, congelante.

Saden olhou para o chão cabisbaixo e envergonhado.

“Eu lamento senhor. Dê-me alguma outra tarefa e eu a farei com prazer.”

Kolk ficou vermelho de raiva e correu em direção a ele até ficar a apenas centímetros do seu rosto.

“Eu vou lhe dar outra tarefa garoto. Eu não quero nem saber quem é sua família. De agora em diante, você vai correr. Você vai correr em torno deste campo até entrar em colapso. Você não voltará até que se ofereça para levantar este escudo. Está entendendo?”

Saden parecia estar prestes a explodir em lágrimas quando ele assentiu com a cabeça.

Um soldado veio e o envolveu com uma cota de malha, logo outro soldado veio com outra cota de malha e a colocou sobre a ele. Thor não conseguia entender como ele podia suportar o peso delas. Ele mesmo mal tinha podido correr com uma.

Kolk inclinou-se para trás e chutou com força o traseiro de Saden, ele saiu cambaleando para frente, começando sua longa e lenta corrida em volta do campo. Thor se sentia mal por ele. Enquanto Thor o observava, não podia deixar de imaginar se o garoto iria sobreviver à Legião.

De repente, uma buzina soou e Thor se virou para ver um grupo de homens do rei chegando a cavalo, com eles vinha também uma dúzia de homens do Exército Prata, segurando lanças longas e usando capacetes adornados com penas. Eles pararam diante da Legião.

“Em homenagem ao dia do casamento da filha do rei e em homenagem ao solstício de verão, o Rei declarou o resto do dia, um dia de caça!”

Todos os garotos ao redor de Thor irromperam em uma enorme alegria. Eles começaram a correr em grupo, seguindo os cavalos enquanto eles se viravam e avançavam através do campo.

“O que está acontecendo?” Thor perguntou a Reece, quando ele começou a correr junto aos outros.

Reece exibia um enorme sorriso no rosto.

“É uma dádiva de Deus!” Disse. Estamos de folga por hoje! Nós vamos a caçar!”