Kitabı oku: «Em Busca de Heróis», sayfa 7

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Thor sentiu movimento ao seu lado e ao lado dele surgiu Erec montando Warkfin, avançando pela pista. Thor engoliu saliva. Ele mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo ao seu redor. Ele se encheu de orgulho por Erec.

Em seguida, ele foi superado pela ansiedade quando percebeu que estava ali para servir. Afinal de contas, ele era escudeiro e seu cavaleiro estava prestes a lutar.

“O que vamos faremos?” Thor perguntou a Feithgold apressadamente.

“Simplesmente fique atrás e faça o que eu mandar.” Respondeu ele.

Erec avançou para a pista de torneio e os dois cavaleiros ficaram lá, um de frente para o outro, os seus cavalos pisando firme em um impasse tenso. O coração de Thor batia acelerado em seu peito enquanto ele esperava e assistia.

A buzina tocou e os dois se travaram em combate.

Thor não podia acreditar na beleza e graça de Warkfin – era como assistir a um peixe saltar no mar. O outro cavaleiro era enorme, mas Erec era um lutador gracioso e elegante. Ele cortava o ar, sua cabeça baixa, sua armadura de prata ondulando, mais polida do que qualquer armadura na qual Thor tinha posto os olhos.

Quando os dois homens se encontraram, Erec inclinou-se para o lado e apontou sua lança com precisão. Ele conseguiu atingir o centro do escudo do cavaleiro ao mesmo tempo em que evitava seu golpe.

O homem, enorme como uma montanha, caiu de costas no chão. Era como a queda de um enorme rochedo.

A multidão MacGil aplaudiu quando Erec passou e deu a volta completando um círculo. Ele levantou a viseira de seu elmo e apontou com sua lança para a garganta do homem.

“Renda-se!” Erec Gritou.

O cavaleiro cuspiu.

“Nunca!”

O cavaleiro, então, tomou uma sacola escondida na cintura, tirou dela um punhado de pó e antes que Erec pudesse reagir, lançou o pó no rosto dele.

Erec, atordoado, levou as mãos aos olhos, deixando cair sua lança e caindo de seu cavalo.

A multidão MacGil vaiou, assobiou e gritou de indignação quando Erec caiu, apertando os olhos. O cavaleiro, sem perder tempo, correu para ele e golpeou-lhe as costelas.

Erec rolou no chão, o cavaleiro agarrou uma pedra enorme, levantou-a bem alto e preparava-se para jogá-la sobre o crânio de Erec.

“NÃO!” Thor gritou, avançando, incapaz de controlar-se.

Thor assistiu horrorizado quando o cavaleiro jogou a pedra. No último instante, Erec de alguma maneira rolou para um lado e saiu de sua trajetória. A pedra impactou profundamente no chão, no lugar exato em que a cabeça de Erec tinha estado.

Thor estava espantado com a destreza de Erec. Ele já estava de pé, enfrentando este lutador sujo.

“Espadas curtas!” Gritaram os cavaleiros.

Feithgold de repente correu e olhou para Thor, com olhos arregalados.

“Dê-me a espada!” Ele gritou.

O coração de Thor batia em pânico. Girou ao redor, procurando o jogo de armas de Erec, procurando desesperadamente a espada. Havia uma variedade estonteante de armas diante dele. Ele estendeu a mão, agarrou a espada com força e a pôs na mão do Feithgold.

“Garoto estúpido! Essa é uma espada média!” Feithgold gritou.

A garanta de Thor ficou seca e ele sentia que o reino inteiro estava olhando para ele. Sua visão estava embaçada pela ansiedade, sua cabeça dava voltas em pânico, sem saber que espada escolher. Ele mal podia enxergar.

Feithgold avançou, empurrou Thor para fora de seu caminho e pegou a espada curta. Então, correu para a pista de torneio.

Thor via-o a seguir, sentindo-se inútil, horrível. Ele também tentou imaginar como seria se fosse ele mesmo quem estivesse correndo lá fora, na frente de todos, e os seus joelhos enfraqueceram.

O escudeiro do outro cavaleiro chegou primeiro e Erec teve de saltar para fora do caminho, quando o cavaleiro balançou-se para ele, quase acertando-o. Finalmente, Feithgold alcançou Erec e colocou a espada curta em sua mão. Quando ele fez isso, o cavalheiro arremeteu contra Erec. Mas Erec era muito inteligente. Ele esperou até o último momento e, em seguida, deu um salto, ficando fora do seu alcance.

Apesar disso, o cavaleiro continuou investindo e deu de cara com Feithgold, parado, para sua desgraça, no lugar onde Erec havia estado. O cavaleiro, enfurecido por não ter acertado Erec, continuou avançando, agarrou Feithgold pelos cabelos com suas duas mãos e lhe aplicou uma forte cabeçada no rosto.

Ouviu-se o ruído de ossos quebrando enquanto o sangue esguichava do nariz do Feithgold e ele caiu no chão, desvanecido.

Thor ficou lá, boquiaberto em estado de choque. Ele não podia acreditar. Tampouco podia a multidão, que vaiava e assobiava.

Os dois cavaleiros se enfrentavam novamente, Erec lutava com sua espada, quase não errava seus golpes.

Thor de repente se deu conta de algo: ele era o escudeiro de Erec agora. Ele engoliu em seco. O que ele iria fazer? Ele não estava preparado para isso. E o reino inteiro estava observando.

Os dois cavaleiros se atacavam violentamente, indo de golpe a golpe. Claramente, o cavaleiro de McCloud era muito mais forte do Erec – no entanto, Erec era o melhor lutador, mais rápido e mais ágil. Eles balançavam e desferiam golpes, porém nenhum deles era capaz de ganhar vantagem.

Finalmente, o rei MacGil levantou-se.

“Lanças longas!” Ele exclamou.

O coração de Thor deu um pulo. Ele sabia que se dirigiam a ele, era ele quem estava a serviço.

Ele virou-se e olhou para a prateleira com as armas, tomando a arma que parecia a mais apropriada. Quando a desembainhou, rezou para que tivesse escolhido a indicada.

Ele irrompeu na pista e pôde sentir milhares de olhos sobre ele. Ele correu por tudo o que era mais sagrado, desejando alcançar Erec tão rápido quanto o possível e finalmente colocar a lança na mão dele. Ele estava orgulhoso de ver que tinha alcançado seu cavaleiro primeiro.

Erec pegou a lança e girou, preparado para enfrentar o cavaleiro adversário. Como um guerreiro honorável que era, Erec esperou até que o outro cavaleiro estivesse armado antes de atacar. Thor apressou-se para sair do caminho dos dois homens, não desejando repetir o erro cometido por Feithgold. Ao retirar-se, ele arrastou o corpo inerte de Feithgold levando para um lugar onde ele não pudesse sofrer mais danos.

Enquanto Thor assistia, ele sentiu que algo estava errado. O adversário de Erec tirou sua lança, levantou-a, em seguida, começou a baixá-la realizando um movimento estranho. Quando ele fez isso, Thor, de repente, sentiu seu mundo ficar claro, de uma forma que nunca tinha estado antes. Ele intuía que algo estava errado. Seus olhos fixos na ponta da lança do cavaleiro McCloud e quando ele olhou mais de perto, notou que estava solta. O cavaleiro estava prestes a usar a ponta de sua lança como uma faca de arremesso.

Quando o cavaleiro baixou a lança, a ponta se desprendeu e viajou pelo ar até o outro lado da pista, indo na direção do coração de Erec. Em segundos, Erec estaria morto – não havia forma de que ele pudesse reagir a tempo. Pela aparência irregular da lâmina, ela poderia perfeitamente ser capaz de perfurar uma armadura.

Naquele momento, Thor sentiu um calor por todo o corpo. Ele sentiu uma sensação de formigamento – era a mesma sensação que ele tinha experimentado lá em Darkwood quando lutou contra o Sybold. Seu mundo alenteceu. Ele foi capaz de ver a ponta da lança girando em câmera lenta, foi capaz de sentir uma energia; um calor emanando dele – algo que ele não sabia que tinha.

Ele deu um passo adiante e se sentia maior que a ponta de lança. Em sua mente, ele quis detê-la. Ele ordenou que ela parasse. Ele não queria ver Erec ferido. Especialmente não dessa forma.

“NÃO!” Thor clamou.

Ele deu mais um passo e estendeu a palma da mão em direção à trajetória da ponta da lança.

Ela parou e ficou lá pairando no ar, justo antes de poder atingir o coração de Erec. E então caiu inofensivamente no solo.

Os dois cavaleiros se viraram e olharam para Thor – assim fizeram também os dois reis e os milhares de espectadores presentes. Thor sentiu o mundo inteiro olhando para ele e percebeu que todos eles tinham acabado de testemunhar tudo o que ele havia feito. Todos sabiam que ele não era alguém comum, sabiam que ele tinha algum tipo de poder; que ele tinha influenciado os jogos; tinha salvado Erec – e mudado o destino do Reino.

Thor estava paralisado no lugar, querendo saber o que tinha acontecido.

Ele agora tinha a certeza de que não era igual a todas essas pessoas. Ele era diferente.

Mas quem era ele?

CAPÍTULO NOVE

Thor se viu arrastado, conduzido no meio da multidão por Reece, o filho mais novo do rei e seu novo parceiro de treino. Desde a partida do torneio, tudo parecia desenfocado. Qualquer coisa que tivesse feito ali; qualquer que fosse o poder que ele tinha usado para impedir que a ponta da lança matasse Erec, tudo isso tinha atraído a atenção de todo o Reino. A partida havia sido interrompida depois disso, cancelada por ambos Reis e uma trégua foi declarada. Cada cavaleiro retirou-se para o seu lado, as massas se separaram em um rebuliço e Thor tinha sido levado pelo braço e conduzido para fora por Reece.

Ele tinha sido arrastado por uma comitiva real que abria o caminho através das massas, Reece puxando-o pelo braço todo o caminho. Thor ainda tremia devido aos acontecimentos do dia. Ele quase não entendia o que ele tinha acabado de fazer lá atrás, como ele tinha influenciado as coisas. Ele só queria ser anônimo, apenas mais um da Legião do rei. Ele não queria ser o centro das atenções.

Pior, ele não sabia para onde ele estava sendo levado, se ele ia ser punido de alguma forma por interferir. Claro, ele tinha salvado a vida de Erec, mas ele também tinha interferido com a batalha de um cavaleiro, coisa que um escudeiro estava proibido de fazer. Ele não tinha certeza se ele seria recompensado ou repreendido.

“Como você fez aquilo?” Reece perguntou, enquanto o puxava para perto. Thor o seguia cegamente, tentando processar tudo. Enquanto ele prosseguia, as massas olhavam para ele estarrecidas, como se ele fosse algum tipo de aberração.

“Eu não sei.” Thor respondeu sinceramente. “Eu só queria ajudá-lo e… aconteceu.”

Reece abanou a cabeça.

“Você salvou a vida de Erec. Se dá conta disso? Ele é o nosso cavaleiro mais famoso. E você o salvou.”

Thor se sentia bem com as palavras de Reece dando voltas em sua cabeça, sentiu uma onda de alívio. Ele tinha gostado de Reece desde o momento em que o havia conhecido, ele tinha um efeito calmante; sempre sabia o que dizer. Enquanto Thor ponderava isso, percebeu que talvez ele não fosse punido depois de tudo. Talvez, de certa forma, eles o vissem como uma espécie de herói.

“Eu não tentei fazer nada”. Disse Thor. “Eu só queria que ele vivesse. Foi apenas… natural. Não foi grande coisa…”

“Não foi grande coisa?” Reece repetiu. “Eu não teria conseguido fazer isso. Nenhum de nós poderia.”

Viraram a esquina e Thor viu diante de si o castelo do Rei estendendo-se, atingindo o alto do céu. Parecia monumental. O exército do rei permanecia atento enfileirado ao lado da estrada de paralelepípedos que conduzia à ponte levadiça, mantendo as massas na baía. Eles se afastaram para permitir que Reece e Thor passassem.

Os dois seguiram pela estrada, com os soldados de ambos os lados, até as enormes portas em arco, cobertas de parafusos de ferro. Quatro soldados abriram-na e deram um passo para o lado, em posição de sentido. Thor não podia acreditar no tratamento que estava recebendo: era como se ele fosse um membro da família real.

Ao entrar no castelo, as portas se fecharam atrás deles, Thor estava admirado com a vista diante dele: o interior era imenso, com elevadas paredes de pelo menos trinta centímetros de espessura e vastas salas abertas. Diante dele, centenas de membros da corte real conversavam animadamente em meio ao burburinho. Ele podia sentir o zumbido e a emoção no ar, todos os olhos se viraram em sua direção e o fitaram quando ele entrou. Ele estava avassalado pela atenção.

Todos eles se amontoavam e pareciam boquiabertos quando Thor entrou com Reece pelos corredores do castelo. Ele nunca tinha visto tantas pessoas vestidas com roupas tão finas. Ele viu dezenas de jovens de todas as idades, vestidas em trajes elaborados, de braços dados cochichando entre si e rindo ao vê-lo entrar. Sentiu-se constrangido. Ele não sabia dizer se as pessoas gostavam dele ou se estavam caçoando dele. Ele não estava acostumado a ser o centro das atenções, muito menos em uma corte real e quase não sabia como comportar-se.

“Por que eles estão rindo de mim?” Ele perguntou a Reece.

Reece virou-se e riu. “Eles não estão rindo de você.” Disse ele. “Eles se afeiçoaram a você. Você é famoso.”

“Famoso?” Ele perguntou, chocado. “O que você quer dizer? Eu acabei de chegar aqui.”

Reece riu e pôs a mão no ombro dele apertando-o. Ele claramente se divertia com Thor.

“As notícias se espalham mais rápido na corte real do que você imagina. E um recém-chegado como você – bem, isso não acontece todos os dias.”

“Para onde estamos indo?” Thor perguntou, percebendo que ele estava sendo conduzido a algum lugar.

“Meus pais desejam conhecê-lo.” Disse ele ao descer por um novo corredor.

Thor engoliu em seco.

“Vosso pai? Quer dizer… o Rei?” De repente, ele estava nervoso. Por que ele desejaria me conhecer? Tem certeza?”

Reece riu.

“Certeza plena. Não precisa ficar tão nervoso… é apenas o meu pai.”

“Apenas o vosso pai?” Thor disse com descrença. “Ele é o rei!”

“Ele não é tão mau assim. Tenho um pressentimento que vai ser uma audiência feliz. Afinal, você salvou a vida de Erec.”

Thor engoliu em seco, as palmas das mãos suadas, quando outra grande porta se abriu e eles entraram em um vasto salão. Ele olhou com admiração para o teto em arco, com sua altura bem elevada, forrado com um desenho elaborado. As paredes estavam revestidas com janelas de vitrais em forma arco. Mais pessoas estavam amontoadas nessa sala, se é que isso era possível. Deveria haver milhares delas ali, já que a sala estava definitivamente lotada, Mesas de banquete estavam distribuídas através da sala até onde os olhos podiam ver e as pessoas, sentadas em bancos infinitamente longos, estavam jantando. Entre eles havia um corredor estreito com um longo tapete vermelho, que levava a uma plataforma, sobre a qual estava situado o trono real. A multidão abriu caminho quando Reece e Thor caminharam pelo tapete em direção ao Rei.

“Para onde você pensa que o está levando?” Ouviu-se voz anasalada e hostil.

Thor olhou para o lugar de onde vinha a voz e viu um homem de pé ao lado dele, não muito mais velho do que ele, vestido com um traje real, claramente, um príncipe, bloqueando seu caminho e carrancudo.

“São ordens do Pai.” Reece rebateu. “É melhor sair do nosso caminho, a menos que você queira desafiá-lo.”

O príncipe se manteve firme, franzindo a testa, olhando como se tivesse mordido algo podre, enquanto examinava Thor. Thor não gostava dele nem um pouco. Havia algo nele que despertava desconfiança por suas feições desagradáveis e seus olhos sempre furtivos.

“Este não é um salão para os plebeus.” O príncipe replicou. “Você deve deixar a gentalha lá fora, no lugar de onde ela não devia ter saído.”

Thor sentiu seu peito se apertar. Claramente esse homem o odiava e ele não sabia o porquê.

“Eu conto para o Pai que você disse isso?” Reece defendeu, mantendo sua posição.

Relutantemente, o príncipe se virou e foi embora.

“Quem era aquele?” Thor perguntou a Reece enquanto eles continuaram a caminhar.

“Não ligue para ele.” Reece replicou. “Ele é apenas meu irmão mais velho – ou um deles. Gareth. O mais velho. Bem, não é realmente o mais velho – ele é apenas o primogênito legítimo. Kendrick, quem você conheceu no campo de batalha – ele é realmente o mais velho.”

“Por que Gareth me odeia? Eu nem sequer o conheço.”

“Não se preocupe – ele não reserva seu ódio só para você. Ele odeia todo mundo. Qualquer um que se achega à família é visto por ele como uma ameaça. Não se preocupe com ele. Ele é apenas um dos muitos.”

Enquanto eles continuavam caminhando, Thor se sentia cada vez mais grato a Reece, quem, ele estava percebendo, estava se tornando um verdadeiro amigo.

“Por que me defendeu?” Thor perguntou curioso.

Reece deu de ombros.

“Recebi a ordem de trazer você até meu pai. Além disso, você é meu parceiro de treino e tem passado um longo tempo sem que alguém de minha idade aparecesse por aqui, alguém por quem valesse pena tudo isso.”

“Mas por que eu valho a pena?” Thor perguntou.

“Você tem espírito de luta. É impossível fingi-lo.”

Enquanto eles continuavam a caminhar pelo corredor em direção ao rei, Thor sentia que era como se os dois já se conhecessem de longa data – o que era estranho. Mas de certa forma, ele via a Reece como se ele fosse seu próprio irmão. Ele nunca tinha tido um irmão, não um verdadeiro irmão. Era bom ter um irmão como Reece.

“Meus outros irmãos não são como ele, não se preocupe.” Reece disse quando as pessoas reuniram-se em torno deles, tentando vislumbrar Thor. “Meu irmão Kendrick, aquele que você conheceu – ele é o melhor de todos. Ele é meu meio-irmão, mas eu o considero um verdadeiro irmão – muito mais que Gareth. Kendrick é como um segundo pai para mim. Ele o será para você, também, tenho certeza disso. Não há nada que ele não faria por mim – ou por qualquer pessoa. Ele é o mais amado de nossa família real, entre todas as pessoas. O fato de que ele não possa tornar-se rei é uma grande perda.”

“Vossa Alteza disse ‘irmãos’. Vossa Alteza tem outro irmão também?” Thor indagou.

Reece respirou fundo.

“Eu tenho outro irmão, sim. Nós não somos muito unidos. Godfrey. Infelizmente, ele desperdiça seus dias na taberna, com os plebeus. Ele não é um lutador, como nós. Ele não está interessado nisso – ele não está interessado em nada, realmente. Exceto na bebida – e nas mulheres.”

De repente, eles pararam quando uma jovem bloqueou seu caminho. Thor ficou ali, paralisado. Talvez ela fosse um par de anos mais velha do que ele, ela olhou para trás com seus olhos azuis amendoados, a pele perfeita e os cabelos longos, ruivos. Estava vestida com um vestido de cetim branco com finas terminações de rendas e seus olhos brilhavam de forma positiva, dançando com alegria e malícia. Ela fixou seus olhos nos dele e o mantinha completamente cativado. Ele não poderia mover-se mesmo que quisesse. Ela era a pessoa mais bela que Thor já havia visto.

Ela sorriu, exibindo dentes perfeitos – e como se Thor não estivesse paralisado o suficiente, o sorriso dela o manteve ali, iluminando o coração dele com um simples gesto. Ele nunca tinha se sentido tão vivo.

Thor estava parado diante dela, incapaz de falar. Incapaz de respirar. Era a primeira vez em sua vida que ele se sentia assim.

“Você não vai me apresentar?” A jovem perguntou a Reece. A voz dela penetrou Thor – era ainda mais doce do que a sua aparência.

Reece suspirou.

“E depois há a minha irmã…” Ele disse com um sorriso. “Gwen, este é Thor. Thor, Gwen.”

Gwen fez uma reverência.

“Como vai?” Ela perguntou com um sorriso.

Thor ficou parado, congelado. Finalmente, Gwen deu uma risadinha.

“Não diga tantas palavras de uma só vez, por favor.” Ela disse com uma risada.

Thor sentiu-se corar. Ele limpou a garganta.

“Eu sou… eu… desculpe.” Ele disse. “Eu sou Thor.”

Gwen deu uma risadinha.

“Eu já sei disso.” Ela disse. Ela virou-se para seu irmão. “Nossa Reece! Seu amigo, certamente, é bom de conversa.”

“O Pai quer conhecê-lo.” Ele disse com impaciência. “Nós vamos nos atrasar.”

Thor queria falar com ela, para dizer-lhe como ela era bonita, como ele estava feliz em conhecê-la; como ele estava agradecido por ela ter parado para cumprimentá-lo. Mas a língua dele estava completamente atada. Ele nunca tinha estado tão nervoso em sua vida. Então, em vez disso, tudo o que saiu foi:

“Obrigado.”

Gwen deu uma risadinha, riu com força.

“Obrigado pelo quê?” Ela perguntou. Os olhos dela se iluminaram. Ela estava gostando.

Thor ficou vermelho novamente.

“Humm… Eu não sei.” Ele murmurou.

Gwen riu ainda mais e Thor se sentiu humilhado. Reece lhe deu uma cotovelada, cutucando-o, os dois continuaram a caminhar. Depois de alguns passos, Thor olhou por cima do ombro. Gwen ainda estava ali, olhando para ele.

Thor sentiu seu coração batendo forte. Ele queria falar com ela, para descobrir tudo sobre ela. Ele estava tão envergonhado por sua escassez de palavras. Mas ele nunca tinha sido exposto às jovens em sua pequena aldeia, nunca mesmo, certamente, nunca a uma jovem tão bonita. Ele nunca tinha sido ensinado sobre exatamente o que dizer ou como agir.

“Ela fala muito.” Disse Reece, enquanto eles continuavam, aproximando-se do rei. “Não ligue.”

“Qual é o nome dela?” Thor perguntou.

Reece deu-lhe um olhar divertido. “Ela acabou de lhe dizer!” Ele disse com uma risada.

“Desculpe-me… eu… eu… Eu esqueci.” Thor disse embaraçado.

“Gwendolyn. Mas todo mundo a chama Gwen.”

Gwendolyn. O nome dela dava voltas várias vezes na mente de Thor. Gwendolyn. Gwen. Ele não queria deixá-lo ir. Ele queria que perdurasse na sua consciência… Ele se perguntava se teria a chance de vê-la novamente. Ele imaginava que provavelmente não, visto que ele era um plebeu. Esse pensamento o fez sofrer.

A multidão ficou em silêncio, quando Thor olhou para cima ele percebeu que estavam agora perto do rei. O Rei MacGil sentado no seu trono, vestido com seu manto púrpura; portando sua coroa, se via majestoso.

Reece ajoelhou-se diante dele e a multidão aquietou-se. Thor seguiu o exemplo. Um manto de silêncio cobriu a sala.

O rei limpou a garganta, um ruído profundo, vigoroso. Enquanto ele falava, sua voz ecoava por toda a sala.

“Thorgrin das Lowlands do Sul da província do Reino Ocidental.” Ele começou. “Você percebe que hoje interferiu com o torneio real do rei?”

Thor sentiu sua garganta seca. Ele mal sabia como responder. Não era uma boa maneira de começar. Ele imaginava se seria punido.

“Desculpe-me, Majestade.” Ele finalmente disse. “Não era minha intenção.”

MacGil inclinou-se e levantou uma sobrancelha.

“Não era sua intenção? Você está dizendo que não tinha a intenção de salvar a vida de Erec?”

Thor estava constrangido. Ele percebeu que só estava piorando as coisas.

“Não, Majestade. Eu tinha a intenção…”

“Então, você admite que queria interferir?”

Thor sentia seu coração batendo. O que ele poderia dizer?

“Desculpe-me, Majestade. Acho que eu só… queria ajudar.”

“Queria ajudar?” MacGil repetiu e então se inclinou para trás e riu com vontade.

“Você queria ajudar Erec! Nosso melhor e mais famoso cavaleiro!”

A sala irrompeu em risos e Thor sentiu seu rosto ficar vermelho, demasiadas vezes para um só dia. Será que ele não podia fazer nada direito ali?

“Levante-se e chegue mais perto.” MacGil ordenou.

Thor olhou com surpresa ao ver o Rei sorrindo, estudando-o, enquanto ele ficava de pé e se aproximava.

“Eu consigo ver nobreza em sua face. Você não é um jovem comum. Não, não é comum, mesmo.”

MacGil limpou a garganta.

“Erec é nosso cavaleiro mais amado. O que você fez hoje foi algo grandioso. Algo grandioso para todos nós. Como recompensa, de hoje em diante, eu recebo você como parte da minha família, outorgando-lhe o mesmo respeito e a mesma honra que são devidos a qualquer um dos meus filhos.”

O rei se inclinou para trás e exclamou com voz forte: “Que seja do conhecimento de todos!”

Houve uma enorme alegria e ouviu-se o barulho dos pés saltitando de júbilo, em toda a sala.

Thor olhou à sua volta, perturbado, incapaz de processar tudo o que estava acontecendo com ele. Ele agora era parte da família do rei. Isso estava além de seus sonhos mais loucos. Tudo o que ele queria era ser aceito, obter um posto na Legião. E agora, isso. Ele estava tão cheio de gratidão, de alegria que ele mal sabia o que fazer.

Antes que ele pudesse responder, de repente, todos na sala começaram a cantar, a dançar e a festejar, todos celebrando à sua volta. Era uma loucura. Ele olhou para o rei, viu o amor em seus olhos, a adoração e aceitação. Ele nunca havia sentido o amor de uma figura paterna em sua vida e agora, ali, ele era amado não apenas por um homem, mas por ninguém menos do que o próprio Rei. Em um só dia, seu mundo tinha mudado. Ele rezou para que tudo isso fosse real.

*

Gwendolyn abriu caminho através da multidão, querendo avistar o rapaz antes que ele fosse levado para fora da corte real. Thor. Seu coração batia forte ao pensar nele e ela não podia tirar o nome dele de sua cabeça. Ela tinha sido incapaz de parar de pensar nele a partir do momento que o havia conhecido. Ele era mais jovem do que ela, mas não mais de um ano ou dois – além disso, havia algo nele que o fazia parecer mais velho; mais maduro do que os outros; mais profundo. Desde que ela o tinha visto, ela sentiu que já o conhecia de longa data. Ela sorriu para si mesma quando recordou como o conhecera. Quão embaraçado ele estava. Ela podia ver nos olhos dele que ele sentia o mesmo por ela.

Claro, ela não conhecia bem o rapaz. Mas ela tinha testemunhado o que ele tinha feito na pista de torneios, tinha visto como seu irmão mais novo havia se afeiçoado a ele. Ela tinha estado observando-o desde então, sentindo que ele tinha algo de especial, algo diferente dos outros. Conhecê-lo havia apenas confirmado isso. Ele era diferente de todos os da realeza, de todas as pessoas nascidas e criadas ali. Havia algo revigorante e genuíno sobre ele. Ele era um forasteiro. Um plebeu. Mas estranhamente, tinha um porte real. Era como se ele tivesse orgulho demais para ser o que ele realmente era.

Gwen fez seu caminho até a borda superior do balcão e olhou para baixo. Abaixo estava espalhada a corte real, e ela avistou brevemente Thor enquanto ele era conduzido para fora, Reece estava ao lado dele. Eles certamente estavam indo para o quartel, para treinar com os outros rapazes. Ela sentiu uma pontada de pena, já imaginando, planejando, como ela poderia fazer para vê-lo novamente.

Gwen tinha de saber mais sobre ele. Ela tinha de averiguar. Para isso, ela teria de falar com a única mulher que sabia tudo sobre todos e tudo o que acontecia no Reino: sua mãe.

Gwen virou-se e abriu seu caminho de volta através da multidão, girando pelos corredores do castelo que ela conhecia de cor. Sua cabeça dava voltas. Tinha sido um dia estonteante. Em primeiro lugar, a reunião matinal com o pai dela, sua notícia chocante de que ele a havia escolhido como a herdeira do Reino. Ela foi apanhada completamente desprevenida, nunca teria esperado por isso nem em um milhão de anos. Ela mal podia processar isso agora. Como poderia ela realmente governar um reino? Ela afastou a ideia de sua mente, esperando que esse dia nunca chegasse. Depois de tudo, seu pai era saudável e forte, e tudo o que ela mais queria era que ele tivesse vida longa. Para estar ali com ela. Para ser feliz.

Mas ela não podia afastar a reunião da sua mente. Em algum lugar lá, à espreita, estava plantada a semente com a ideia de que um dia, qualquer que fosse esse dia, ela seria a próxima. Ela sucederia seu pai. Não qualquer um dos seus irmãos. Mas sim ela. Isso a aterrorizava, mas ao mesmo tempo lhe dava um sentido de importância, de confiança, diferente de tudo o que ela tinha sentido. Seu pai acreditava que ela – ela – estava apta para governar, para ser a mais sábia de todos eles. Ela se perguntava por que.

Isso também, de alguma maneira, a preocupava. Ela concluía que iria causar um enorme ressentimento e inveja – ela, uma jovem, ser escolhida para governar. Já podia sentir a inveja de Gareth e isso a assustava. Ela sabia que seu irmão mais velho podia ser terrivelmente manipulador e completamente implacável. Ele não se deteria diante de nada até obter o que desejava e ela odiava a ideia de estar na sua mira. Ela tentou falar com ele após a reunião, Mas ele nem sequer olhou para ela.

Gwen desceu correndo as escadas em espiral, os sapatos dela ecoando na pedra. Ela desceu por outro corredor, passou pela capela traseira; passou por outra porta; passou por vários guardas e entrou nos aposentos privados do castelo. Ela tinha de falar com sua mãe, quem ela sabia que estaria descansando ali. A mãe já não tinha tanta tolerância para os assuntos sociais. Ela gostava de escapar para os seus aposentos e descansar sempre que possível.

Gwen passou por outro guarda, foi por outro corredor, então finalmente parou antes da porta dos aposentos de sua mãe. Ela estava prestes a abrir a porta, mas parou. Por trás da porta, ela ouvia vozes abafadas, subindo o tom e sentiu que algo andava mal. Era sua mãe discutindo. Ela escutava atentamente e ouviu a voz de seu pai. Eles estavam brigando. Mas, por quê?

Gwen sabia que não devia estar escutando – porém ela não podia evitar. Ela estendeu a mão e gentilmente abriu a pesada porta de carvalho, segurando-a pela sua aldrava de ferro. Ela abriu apenas uma fresta e ouviu. “Ele não vai ficar na minha casa.” A mãe dela falou rispidamente.

“Você se precipita em julgar sem conhecer toda a história.”

“Eu conheço a história.” Ela retrucou. “O suficiente.”

Gwen sentiu o veneno na voz da mãe e ficou surpresa. Ela raramente ouvia seus pais brigarem – muito poucas vezes em sua vida – e nunca ouvira sua mãe tão exaltada. Ela não podia entender o por quê.

“Ele vai ficar no quartel com os outros meninos. Eu não quero que ele permaneça debaixo do meu teto. Você entende?” Ela pressionou-o.

“Este é um castelo grande.” Seu pai contestou. “Você não notará a presença dele.”

“Não importa se posso notá-la ou não. Eu não o quero aqui. Ele é problema seu. Foi você quem decidiu trazê-lo para cá.”

“Você não é tão inocente tampouco.” Retorquiu o pai dela.

Ela ouviu passos, observou seu pai cruzar o quarto pisando firme e sair por uma porta lateral, batendo-a atrás dele tão forte que sacudiu o quarto. Sua mãe ficou sozinha no centro da sala e começou a chorar.

Gwen se sentia muito mal. Ela não sabia o que fazer. Por um lado, ela achava melhor escapar, por outro, ela não podia suportar ver sua mãe chorar assim. Ela também, pela vida dela, não conseguia entender sobre o que eles estavam discutindo. Supôs que era sobre Thor. Mas por quê? Por que sua mãe se importava tanto? Dezenas de pessoas viviam no castelo.

Gwen não podia simplesmente ir embora, não com a mãe naquele estado. Ela tinha de confortá-la. Ela estendeu a mão e empurrou a porta aberta.