Kitabı oku: «Em Busca de Heróis», sayfa 8
A porta rangeu e a mãe dela virou-se rapidamente, pega de surpresa. Ela olhou para a filha carrancuda.
“Você não costuma bater à porta?” Disse rispidamente. Gwen podia ver quão chateada ela estava e se sentiu péssima. “O que houve mãe?” Gwen perguntou, caminhando em direção a ela gentilmente. “Eu não quero me intrometer, mas eu ouvi você discutindo com o pai.”
“Você está certa, você não deveria se meter.” Replicou sua mãe.
Gwen estava surpresa. A mãe dela era muitas vezes difícil de tratar, mas raramente era assim. A força de sua raiva fez Gwen parar sobre seus passos, a poucos metros de distância, insegura.
“É por causa do forasteiro? Thor?” Ela perguntou.
A mãe virou-se e afastou o olhar, enxugando uma lágrima.
“Eu não entendo.” Gwen insistiu. “Por que você se incomodaria se ele ficasse aqui?”
“Meus assuntos não lhe dizem respeito.” Ela disse friamente, desejando claramente pôr um ponto final no assunto. “O que você quer? Por que veio aqui?”
Agora Gwen estava nervosa. Ela queria que sua mãe lhe contasse tudo sobre Thor, porém não poderia ter escolhido um momento pior. Ela limpou a garganta, hesitante.
“Eu… na verdade, queria perguntar sobre ele. O que sabe sobre ele?”
A mãe virou-se e estreitou os olhos para ela, desconfiada.
“Por quê?” Ela perguntou, com seriedade mortal. Gwen podia sentia que sua mãe a estava sondando, vendo através dela, e vendo com sua percepção inquietante que Gwen gostava dele. Ela tentou esconder seus sentimentos dela, mas sabia que era inútil.
“Eu tenho apenas curiosidade.” Ela disse, sem muita convicção.
De repente, a rainha deu três passos em sua direção, agarrou os braços dela com força e olhou-a com firmeza.
“Escute bem.” Ela falou entre dentes. “Eu vou lhe dizer isto apenas uma vez: Fique longe daquele rapaz. Está me ouvindo? Eu não quero você perto dele, em nenhuma circunstância.”
Gwen estava horrorizada.
“Mas por quê? Ele é um herói.”
“Ele não é um de nós.” Sua mãe respondeu. “Apesar do que o seu pai possa pensar. Eu quero que você fique longe dele. Está me ouvindo? Jure que vai ficar longe dele. Jure para mim, agora!”
“Eu não vou jurar.” Gwen disse, puxando seu braço para longe do aperto tão forte das mãos de sua mãe.
“Ele é um homem comum, um plebeu e você é uma princesa.” Sua mãe gritou. “Você é uma princesa. Entendeu? Se você chegar perto dele, eu farei com que ele seja exilado daqui. Está me entendendo?”
Gwen não sabia como responder. Ela nunca tinha visto a mãe assim.
“Não me diga o que fazer, Mãe.” Ela disse, finalmente.
Gwen fez o melhor que pôde para demonstrar coragem em sua voz, mas por dentro ela estava tremendo. Ela tinha ido ali desejando saber tudo, agora, ela se sentia aterrorizada. Ela não entendia o que estava acontecendo.
“Faça como quiser.” Sua mãe lhe disse. “Porém o destino dele está em suas mãos. Não se esqueça disso.”
Com isso, sua mãe virou-se e atravessou a sala pisando o chão com força e bateu a porta atrás de si, deixando Gwen completamente só envolvida em um silêncio sombrio. Seu bom humor estava despedaçado. Que coisa poderia provocar uma reação tão forte por parte de sua mãe e do pai dela?
Quem era esse rapaz?
CAPÍTULO DEZ
MacGil estava sentado na sala do banquete, observando seus súditos, ele em uma cabeceira da mesa e o rei McCloud na outra, centenas de homens de ambos os clãs entre eles. As festividades da boda haviam prosseguido por horas até que finalmente a tensão do dia do torneio entre os dois clãs tinha se dissipado. Tal como MacGil suspeitava, todos os homens precisavam de vinho, carne e… mulheres, para fazer com que eles esquecessem suas diferenças. Agora todos eles se misturavam à mesma mesa, como irmãos de armas. Na verdade, olhando para eles agora, MacGil já não podia nem mesmo dizer que eles eram de dois clãs separados.
MacGil se sentia vindicado; seu grande plano estava funcionando depois de tudo. Os dois clãs já pareciam estar mais unidos. Ele conseguiu fazer o que uma longa linhagem de reis MacGil antes dele nunca tinha conseguido: unificar ambos os lados do Reino do Anel, fazer deles, senão amigos, pelo menos vizinhos pacíficos. Sua filha Luanda estava de braços dados com seu flamante marido, o príncipe McCloud e ela parecia estar feliz. Seu sentimento de culpa diminuiu. Ele podia ter entregado Luanda para eles – mas ele, pelo menos, lhe garantia o título de rainha.
MacGil lembrou de todo o planejamento que precedeu este evento, lembrou-se dos dias longos de discussões com seus conselheiros. Ele tinha ido contra os conselhos de todos os seus conselheiros ao organizar esta união. Não foi uma paz fácil e com o tempo, os McClouds iriam instalar-se em seu lado das terras altas, com o tempo este casamento seria esquecido e um dia eles se agitariam novamente. Ele não era ingênuo. Mas agora, pelo menos, havia um laço de sangue entre os dois clãs – e especialmente se nascesse um filho, isso não poderia ser ignorado tão facilmente. Se essa criança florescesse e um dia governasse – uma criança nascida dos dois lados do reino do Anel— então, quem sabe, um dia, o Reino inteiro, estaria unido; as Highlands já não seriam mais uma fronteira de contendas e a terra poderia prosperar sob um novo governo. Esse era seu sonho. Um sonho não apenas para si mesmo, mas para os seus descendentes. Depois de tudo, o Anel tinha de permanecer forte, unificado, para proteger o Canyon, para combater as hordas do mundo além dele. Enquanto os dois clãs permanecessem divididos, eles estariam enfraquecidos diante do resto do mundo.
“Um brinde.” MacGil gritou e ficou de pé.
A mesa silenciou quando centenas de homens ficaram de pé também, levantando suas taças.
“Ao casamento da minha filha mais velha! À união entre os MacGils e McClouds! À paz em todo o anel!”
“SAÚDE SAÚDE!” Ouviu-se um coro de vozes.Todo mundo brindou e a sala, mais uma vez foi preenchida com o barulho de risos e de festa.
MacGil se sentou de volta e examinou a sala, procurando por seus outros filhos. Ali, é claro, estava Godfrey, bebendo, uma taça em cada mão e uma garota em cada ombro, rodeado por sua corja de amigos. Esse era provavelmente o único evento real ao qual ele tinha assistido de bom grado. Ali estava Gareth, sentado ao lado de seu amante Firth, sussurrando em seu ouvido; MacGil podia ver por seus olhos furtivos e inquietos, que ele estava tramando alguma coisa. Só de pensar nisso, seu estômago dava voltas e ele desviou o olhar. Lá, do outro lado da sala, estava seu filho mais novo, Reece, banqueteando-se sentado à mesa reservada para os escudeiros com o novo rapaz, Thor. Ele já considerava Thor como um filho e ficou satisfeito ao ver que seu filho mais novo tinha travado amizade com ele.
Ele examinou os rostos em busca de sua filha mais nova, Gwendolyn, e finalmente encontrou-a sentada em um dos lados da sala, rodeada por suas servas, rindo. Ele seguiu o olhar dela e notou que ela estava observando Thor. Ele examinou-a por um longo tempo e percebeu que ela estava apaixonada. Ele não tinha previsto isso e não tinha certeza do que pensar a respeito. Ele pressentiu problemas ali. Especialmente com sua esposa.
“Nem tudo é o que parece.” Ouviu-se uma voz dizer.
MacGil virou-se para ver Argon, sentado ao seu lado, observando os dois clãs jantando juntos.
“O que acha de tudo isso?” MacGil perguntou. “Haverá paz entre os dois reinos?”
“A paz nunca é estática.” Argon disse. “Ela vaza e flui como as marés. O que Vossa Majestade está vendo é uma paz aparente. O que vê apenas um lado da face dela. Vossa Majestade está tratando de edificar a paz sobre uma rivalidade antiga. Porém, existem centenas de anos de derramamento de sangue. As almas clamam por vingança. Isso não pode ser apaziguado por um simples casamento.”
“O que está dizendo?” MacGil perguntou, tomando outro gole do seu vinho, sentindo-se nervoso, como sempre se sentia em presença de Argon.
Argon virou-se e olhou para ele com uma intensidade tão forte, que fez o pânico apoderar-se do coração de MacGil.
“Haverá guerras. Os McClouds atacarão. Prepare-se. Todos os convidados que Vossa Majestade vê agora diante de si, em breve, estarão fazendo tudo que puderem para matar vossa família.”
MacGil engoliu em seco.
“Eu tomei uma decisão errada ao casá-la com um deles?”
Argon ficou em silêncio por um tempo, até que finalmente disse: “Não necessariamente.”
Argon desviou o olhar e MacGil pôde ver que o assunto estava encerrado. Havia um milhão de perguntas que ele queria fazer, mas ele sabia que seu feiticeiro não poderia respondê-las, até que ele estivesse pronto. Em lugar disso, ele observou os olhos de Argon e seguiu seu olhar que ia de Gwendolyn para Thor.
“Pode vê-los juntos?” MacGil perguntou de repente, curioso para saber.
“Talvez.” Argon respondeu. “Ainda há muito a ser decidido.”
“Você fala por enigmas.”
Argon deu de ombros, desviou o olhar e MacGil percebeu que não obteria mais nada dele.
“Você viu o que aconteceu hoje no campo?” MacGil cutucou. “Com o garoto?”
“Eu vi antes que acontecesse.” Argon replicou.
“O que você acha de tudo isso? Qual é a fonte dos poderes do menino? Ele é como você?”
Argon se virou e olhou nos olhos de MacGil mais uma vez, com uma intensidade que quase fez com que ele desviasse o olhar.
“Ele é muitíssimo mais poderoso do que eu.”
MacGil olhou de volta, chocado. Ele nunca tinha ouvido Argon falar assim.
“Mais poderoso? Do que você? Como é possível? Você é um feiticeiro do rei – não há ninguém mais poderoso que você em toda a terra.”
Argon deu de ombros.
“O poder não se apresenta em uma única forma.” Ele disse. “O garoto tem poderes além do que Vossa Majestade pode imaginar. Poderes além do que ele mesmo sabe. Ele não tem ideia de quem ele é ou de onde ele provém.”
Argon se virou e olhou fixamente para MacGil.
“Mas Vossa Majestade sim.” Ele acrescentou.
MacGil olhou em volta, pensando.
“Eu tenho?” MacGil perguntou. “Diga-me. Eu preciso saber.”
Argon abanou sua cabeça.
“Examine os seus sentimentos. Eles são sinceros.”
“O que será dele?” MacGil indagou.
“Ele se tornará um grande líder. Um grande guerreiro. Ele governará reinos por direito próprio. Reinos muito mais grandiosos do que o seu. Ele será um rei ainda mais grandioso do que Vossa Majestade. Este é o destino dele.”
Por um breve momento, MacGil ardeu de inveja. Ele virou-se e observou o menino, rindo inocentemente com Reece, sentado à mesa dos escudeiros, o plebeu; o forasteiro franzino; o mais jovem do grupo. Ele não imaginava como isso seria possível. Olhando para ele agora, dificilmente ele se veria como alguém elegível para a Legião. Ele se perguntava se por um momento, Argon não estaria errado.
Mas Argon nunca estava errado e nunca fazia pronunciamentos sem uma razão.
“Por que está me dizendo tudo isso?” MacGil perguntou.
Argon se virou e olhou para ele.
“Porque agora é a vossa vez de preparar-se. O garoto necessita ser treinado. Ele precisa receber o melhor de tudo. É vossa responsabilidade.”
“Minha? O que foi feito do seu pai?”
“O que tem o pai dele?” Argon replicou.
CAPÍTULO ONZE
Thor tentava despregar os olhos, desorientado, perguntando-se onde estava. Ele estava deitado no chão, sobre um monte de palha, seu rosto de lado, seus braços dobrados sobre a cabeça. Ele levantou seu rosto, limpando a baba da boca e imediatamente sentiu uma pontada de dor na cabeça, bem detrás dos olhos. Era a pior dor de cabeça da sua vida. Lembrou-se da noite anterior, o banquete do rei, a bebida, seu primeiro trago. A sala estava girando. Sua garganta estava seca e naquele momento ele jurou que nunca mais na vida iria beber.
Thor olhou à sua volta, tentando achar seu rumo no quartel cavernoso. Em todos os lugares havia corpos deitados sobre montes de palha, por todos os lados se ouviam roncos. Ele olhou para o outro lado e viu Reece a poucos metros, desacordado também. Foi então que ele percebeu: ele estava no quartel. O quartel da Legião. Todos os que estavam ao seu redor, eram jovens da sua idade, cerca de cinquenta deles.
Thor lembrava-se, vagamente de Reece mostrando-lhe o caminho, nas últimas horas da noite, e caindo sobre o monte de palha. Os primeiros raios da manhã atravessavam as janelas abertas e Thor logo percebeu que ele era o único que estava desperto. Ele olhou para baixo e viu que havia dormido completamente vestido, estendeu a mão e passou-a pelo seu cabelo oleoso. Ele daria tudo por uma chance de se banhar – embora ele não soubesse onde. Ele também faria qualquer coisa por um copo d’água. Seu estômago roncava— Ele também queria comida.
Tudo era tão novo para ele. Ele mal conhecia o lugar onde estava, mal sabia para onde a vida o conduziria logo depois, qual era a rotina ali na Legião. Mas ele estava feliz. Tinha sido uma noite deslumbrante, uma das melhores de sua vida. Ele tinha encontrado um amigo íntimo em Reece e tinha surpreendido Gwendolyn olhando para ele uma ou duas vezes. Ele havia tentado falar com ela. Mas cada vez que ele se aproximou dela, sua coragem lhe falhou. Ele sentia uma pontada de tristeza quando pensava nisso. Sempre havia muitas pessoas ao redor. Se fossem apenas os dois, ele teria ganhado coragem. Mas haveria uma próxima vez?
Antes que Thor pudesse terminar o pensamento, houve uma batida súbita nas portas de madeira do quartel e um instante depois elas foram abertas de par em par e a luz de inundou o recinto.
“De pé, escudeiros!” Ouviu-se a ordem.
Em marcha, uma dúzia de membros do Exército Prata do Rei entrou chacoalhando suas cotas de malha e batendo nas paredes de madeira com objetos metálicos. O barulho em torno de Thor era ensurdecedor. Em seguida os outros jovens se puseram de pé.
Liderando o grupo havia um soldado em particular, com uma aparência feroz, Thor o reconheceu, ele havia estado na arena, no dia anterior, aquele atarracado, careca com a cicatriz no nariz e que Reece lhe disse que se chamava Kolk.
Ele parecia estar encrencado com Thor, levantou o dedo e apontou para ele.
“E garoto, você aí!” Ele gritou. “Ei! Eu disse para ficar de pé!”
Thor estava confuso. Ele já estava de pé.
“Mas já estou de pé, senhor.” Thor respondeu.
Kolk deu um passo à frente e esbofeteou o rosto de Thor. Thor sentiu uma pontada de indignação com isso, todos os olhos estavam postos sobre ele.
“Não responda aos seus superiores dessa maneira novamente!” Kolk repreendeu.
Antes que Thor pudesse responder, os homens se moveram, circularam pela sala, puxando um garoto após outro, obrigando-os a levantar-se e chutando nas costelas alguns que eram muito lentos para se levantar.
“Não se preocupe.” Ouviu-se uma voz reconfortante.
Ele se virou e viu Reece ali.
“Não é pessoal nem é só com você. É apenas o jeito deles. Sua maneira de quebrar-nos.”
“Mas eles não fizeram o mesmo com Vossa Alteza.” Disse Thor.
“Sim, claro, eles não me tocarão por causa do meu pai. Mas eles não serão exatamente gentis, tampouco. Eles querem que estejamos em forma, só isso. Eles acham que isso vai nos endurecer. Não preste muita atenção a eles.”
Os rapazes marcharam todos para fora do quartel e Thor e Reece com eles. Assim que eles puseram os pés fora, a luz solar atingiu Thor em cheio. Thor apertou os olhos e ergueu as mãos. De repente, ele foi inundado por uma onda de náusea virou-se, inclinou-se e vomitou.
Ele podia ouvir o riso dos garotos ao seu redor. Um guarda o empurrou e Thor tropeçou para a frente, voltando à linha com os demais, limpando a boca. Thor nunca tinha se sentido tão terrível.
Ao lado dele, Reece sorriu.
“Foi uma noite difícil, não é?” Ele perguntou a Thor, rindo abertamente e cutucando-o nas costelas com o cotovelo. “Eu disse para você parar depois da segunda taça.”
Thor se sentiu enjoado quando a luz penetrou em seus olhos, ele nunca a havia sentido tão forte como hoje. O dia já estava quente e ele podia sentir gotas de suor formando-se debaixo de seu colete de couro.
Thor tentou lembrar-se do aviso de Reece na noite anterior – mas por tudo que era mais sagrado, ele não lembrava…
“Não me lembro de nenhum conselho.” Thor retorquiu.
Reece deu-lhe um sorriso ainda mais largo. “Precisamente por que você não o escutou.” Reece riu. “E todas aquelas tentativas atrapalhadas de conversar com minha irmã.” Ele acrescentou. “Foi algo realmente patético. Não creio ter visto um rapaz com tanto medo de uma garota em minha vida inteira.”
Thor ficou vermelho quando tentou lembrar. Mas ele não podia. Era tudo muito nebuloso para ele.
“Eu não quero ofendê-lo.” Thor disse. “Por causa de vossa irmã.”
“Você não pode me ofender. Se ela escolhesse você, eu estaria muito feliz.”
Os dois marcharam mais rapidamente, quando o grupo subiu uma colina. O sol parecia ficar mais forte a cada passo.
“Porém, eu devo adverti-lo: cada mão do Reino está atrás dela. As chances de que ela escolha você, são… bem, digamos que são muito remotas.”
Enquanto eles marchavam entre as verdes colinas da corte do rei, Thor se sentia mais confiante. Sentiu-se aceito por Reece. Era incrível, mas ele continuou a sentir que Reece era mais um irmão para ele que todos os que ele já tinha tido. Enquanto eles caminhavam, Thor notou seus três irmãos de sangue marchando por perto. Um deles virou-se e lhe fez uma careta, em seguida cutucou seu outro irmão, que olhou para trás com um sorriso zombeteiro. Eles balançaram a cabeça e se viraram. Eles não tinham dirigido uma só uma palavra amável para Thor. Mas ele tampouco esperava outra coisa.
“Entre na fila, Legião! Agora!”
Thor olhou para cima e viu vários membros da multidão do Exército Prata em torno deles, empurrando a outros cinquenta deles em uma linha apertada, uma fila dupla. Um homem veio por trás e atingiu o garoto que ia à frente de Thor com uma grande vara de bambu, quebrando-a com força nas costas dele; ele gritou e se endireitou apertando-se na linha. Logo eles estavam em duas fileiras bem formadas, marchando firmemente através das terras do Rei.
“Quando vocês marcharem para a batalha, deverão marchar como se fossem um!” Exclamou Kolk, andando para cima e para baixo ao lado deles. “Este não é o quintal da casa de sua mãe. Vocês estão marchando para a guerra!”
Thor marchou e marchou ao lado de Reece, suando ao sol, querendo saber para onde eles estavam sendo conduzidos. Seu estômago ainda estava revirado pela cerveja e ele se perguntou quando tomaria o café da manhã, quando conseguiria beber algo. Mais uma vez, ele amaldiçoou-se por beber tanto na noite anterior.
Eles foram subindo e descendo as colinas, passaram por uma ponte de pedra em arco, alcançando finalmente os campos ao redor. Eles passaram por outra ponte de pedra em arco e entraram em uma espécie de coliseu. O campo de treinamento da Legião.
Diante deles havia todo tipo de alvos: para atirar lanças, flechas, disparar pedras, junto com pilhas de palha para destroçar com espadas. O coração de Thor acelerou ao ver tudo isso. Ele queria entrar ali, usar as armas, treinar.
Mas ao seguir o seu caminho em direção a área de formação, Thor repentinamente, recebeu uma cotovelada pelas costas, nas costelas e um pequeno grupo de seis garotos, a maioria deles mais jovens que Thor, foi conduzido para fora da linha principal. Ele foi separado de Reece e levado para o outro lado do campo.
“Está pensando que vai treinar?” Kolk perguntou ironicamente quando eles se afastaram dos outros, ficando longe das metas. “Hoje seu negócio é com os cavalos.”
Thor olhou e viu para onde estavam sendo levados: do outro lado do campo vários cavalos saltitavam. Kolk olhou para ele com um sorriso perverso.
“Enquanto os outros arremessam lanças e empunham espadas, hoje você vai cuidar dos cavalos e limpar seus excrementos. Todos nós temos de começar em algum lugar. Bem-vindo à Legião.”
O coração de Thor caiu. As coisas estavam tomando um rumo completamente diferente do que ele tinha pensado.
“Você pensa que é especial, garoto?” Kolk perguntou caminhando ao lado dele, chegando bem perto do rosto dele. Thor sentiu que ele estava tentando quebrá-lo. “Só porque o Rei e seu filho se afeiçoaram a você, isso significa nada para mim. Você está sob o meu comando agora. Está me entendendo? Eu não me importo com qualquer truque barato que você tenha feito no campo de torneios. Você é apenas um moleque como outro qualquer. Entendeu?”
Thor engoliu saliva. Ele havia desejado tanto treinar duro.
Para piorar ainda mais as coisas, assim que Kolk se afastou para torturar alguém mais, o rapaz à frente de Thor, um garoto atarracado baixo, com um nariz chato, se virou e olhou para ele.
“Você não pertence a este lugar.” Ele disse. “Você trapaceou para entrar aqui. Você não foi selecionado. Não é um de nós. Não mesmo. Ninguém aqui gosta de você.”
O rapaz ao lado dele também se virou e olhou para Thor com desprezo.
“Nós vamos fazer tudo que pudermos para garantir que você saia da Legião.” Disse ele. “Entrar é fácil, difícil é ficar.”
Thor recuou diante de seu ódio. Ele não podia acreditar que ele já tinha inimigos e não sabia o que tinha feito para merecê-los. Tudo o que ele queria era entrar para a Legião.
“Por que não cuidam de sua vida?” Ouviu-se uma voz.
Thor olhou e viu um rapaz ruivo, alto e magro, com sardas em seu rosto e olhos verdes pequenos, defendê-lo. “Vocês dois estão metidos aqui cavando com o resto de nós.” Acrescentou. Vocês também não são especiais. Vão buscar outra pessoa para amolar!”
“Cuide da sua vida, lacaio!” Um dos rapazes retrucou. “Ou estaremos atrás de você, também.”
“Atrevam-se.” O garoto ruivo replicou.
“Você vai falar só quando eu mandar.” Kolk gritou para um dos rapazes, dando um cocorote na cabeça dele. Os dois rapazes na frente de Thor se voltaram prontamente.
Thor mal sabia o que dizer; ele se colocou ao lado do garoto ruivo, grato a ele.
“Obrigado.” Disse Thor.
O garoto ruivo se virou e sorriu-lhe.
“Me chamo O’Connor. Eu apertaria sua mão, mas eles me destroçariam se eu fizesse isso. Então tome isso como um aperto de mão invisível.”
Ele deu um sorriso largo e Thor imediatamente gostou dele.
“Não ligue para eles.” Ele acrescentou. “Eles estão com medo. Tal como o resto de nós. Nenhum de nós sabe em que nos metemos.”
Logo seu grupo chegou ao fim do campo e Thor contou seis cavalos saltitando ali.
“Tomem as rédeas!” Kolk ordenou. “Mantenham-nas firmes e caminhem em torno da arena até que eles cedam. Façam isso já!”
Thor adiantou-se para tomar as rédeas de um dos cavalos e quando ele o fez, o cavalo recuou empinou e quase deu-lhe um coice. Thor, assustado, tropeçou para trás e os outros do grupo riram dele. Kolk lhe deu um golpe duro na parte de trás da cabeça e Thor teve vontade se voltar para revidar.
“Você é um membro da Legião agora. Você nunca retrocede. De ninguém. De nenhum homem, de nenhum animal. Agora pegue as rédeas!”
Thor ganhou coragem, deu um passo à frente e tomou as rédeas do cavalo que continuava empinando. Ele conseguiu mantê-las enquanto o cavalo fazia força e resistindo começou a levá-lo ao redor do campo poeirento, ficando alinhado com os outros. Seu cavalo fazia força, resistia, Mas Thor o puxava de volta, não desistindo tão facilmente.
“Vai melhorar, eu ouvi dizer.”
Thor se virou para ver O’Connor chegando perto dele, sorrindo. “Eles querem vencer nossa resistência, sabe?”
De repente, o cavalo de Thor parou. Sem importar o quanto Thor puxasse as rédeas, ele não se mexia. Então Thor sentiu o cheiro horrível: o cavalo estava defecando abundantemente, de um jeito que parecia não ter mais fim.
Thor sentiu uma pequena pá sendo colocada com força na palma da mão dele, quando olhou viu Kolk ao lado dele, sorrindo.
“Limpe!” Ele disse abruptamente.