Kitabı oku: «Transformada », sayfa 3
Ela se arrependeu por não ter voltado para vê-lo, não ter verificado os ferimentos dele, não ter chamado uma ambulância. Ela se perguntou se ele estaria realmente machucado. Talvez estivesse no hospital. Talvez ele nem sequer voltasse para a escola.
Deprimida, ela pegou uma bandeja de comida e encontrou uma mesa com uma visão clara da porta. Ela sentou ali, mal comendo, e observou cada garoto que entrava, esperando por um sinal dele cada vez que a porta abria.
Mas ele nunca veio.
O sino tocou e a cantina se esvaziou. Mesmo assim, ela continuou sentada lá, esperando.
Nada.
*
O último sino do dia tocou e Caitlin parou em frente ao seu armário. Ela olhou para a combinação impressa em um pequeno pedaço de papel em sua mão, girou o botão e puxou. Não funcionou. Ela tentou a combinação novamente. Desta vez, ele abriu.
Ela olhou para o armário vazio de metal. A parte interna da porta estava coberta com pichações. Fora isso, não havia mais nada. Deprimente. Ela pensou em todas as suas outras escolas, em como ela corria para encontrar o seu armário, abri-lo, memorizar a combinação e cobrir a porta com fotos de garotos das revistas. Era a maneira dela ganhar um pouco de controle, de sentir-se em casa, de encontrar seu único cantinho na escola, de tornar algo familiar.
Mas em algum momento, a algumas escolas atrás, ela ficou menos entusiasmada. Ela começou a se perguntar para que fazer o esforço, já que era só uma questão de tempo até que ela tivesse que se mudar novamente. Ela começou a ficar cada vez mais lenta para decorar o seu armário.
Desta vez, ela não iria nem sequer começar. Ela fechou a porta com força.
“Caitlin?”
Ela pulou.
Parado ali, à 30 centímetros de distância, estava Jonah.
Ele usava grandes óculos de sol. Ela podia ver que a pele embaixo deles estava inchada.
Ela estava chocada em vê-lo ali. E feliz. Na verdade, ela estava surpresa com o quão feliz ela estava. Uma sensação quente e nervosa estava centrada em seu estômago. Ela sentiu sua garganta secar.
Haviam tantas coisas que ela queria perguntar a ele: se ele havia chegado bem em casa, se ele havia visto os agressores novamente, se ele a viu lá... Mas, por alguma razão, as palavras não conseguiam ir do seu cérebro para a sua boca.
“Oi,” foi tudo o que ela conseguiu dizer.
Ele ficou parado ali, olhando. Ele parecia não saber como começar.
“Senti sua falta na aula hoje,” ela disse, e imediatamente se arrependeu da sua escolha de palavras.
Burra. Você devia ter dito, “Eu não vi você na aula.” “Senti falta” soa como desespero.
“Eu cheguei atrasado,” ele disse.
“Eu também,” ela disse.
Ele se mexeu, parecendo desconfortável. Ela percebeu que a viola dele não estava ao seu lado. Então aquilo foi real. Não tinha sido apenas um pesadelo.
“Você está bem?” ela perguntou.
Ela apontou para os óculos dele.
Ele levantou a mão e os retirou lentamente.
Seu rosto estava roxo e inchado. Haviam cortes e curativos em sua testa e ao lado do seu olho.
“Eu já estive melhor,” ele disse. Ele parecia constrangido.
“Meu Deus,” ela disse, sentindo-se péssima com aquela visão. Ela sabia que deveria pelo menos se sentir feliz por tê-lo ajudado, por poupá-lo de mais danos. Mas, em vez disso, ela se sentiu mal por não ter chegado lá antes, por não ter voltado para ajudá-lo. Mas depois que... aquilo havia acontecido, tudo havia ficado embaçado. Ela não conseguia nem mesmo lembrar como havia chegado em casa. “Eu sinto muito.”
“Você soube como aconteceu?” ele perguntou.
Ele a observou atentamente, com seus olhos verdes brilhantes, e ela sentiu que ele a estava testando. Como se ele estivesse tentando fazê-la admitir que estava lá.
Ele a tinha visto lá? Não poderia. Ele estava inconsciente. Ou não estava? Será que ele teria visto o que aconteceu depois? Ela deveria admitir que havia estado lá?
Por um lado, ela estava louca para contar para ele como o havia ajudado, ganhar a sua aprovação e sua gratidão. Por outro, não havia como explicar o que ela havia feito sem parecer uma mentirosa ou algum tipo de aberração.
Não, ela concluiu internamente. Você não pode contar para ele. Não pode.
“Não” ela mentiu. “Eu não conheço ninguém aqui, lembra?”
Ele pausou.
“Eu fui atacado,” ele disse. “Indo para casa depois da escola.”
“Eu sinto muito,” ela disse novamente. Ela parecia uma idiota, repetindo a mesma frase estúpida, mas ela não queria dizer nada que a comprometesse.
“É, meu pai está furioso,” ele continuou. “Eles pegaram a minha viola.”
“Isso é péssimo,” ela disse. “Você vai comprar uma nova?”
Jonah balançou a cabeça lentamente. “Ele disse não. Ele não tem como pagar. E disse que eu deveria ter tido mais cuidado com ela.”
Preocupação cruzou o rosto de Caitlin. “Mas eu pensei que ela era a sua passagem para sair daqui?”
Ele encolheu os ombros.
“O que você vai fazer?” ela perguntou.
“Eu não sei.”
“Talvez a polícia a encontre,” ela disse. Ela se lembrava, claro, que a viola havia sido quebrada, mas ela pensou que, dizendo isso, ajudaria a provar para ele que ela não sabia.
Ele a observou cuidadosamente, como se tentasse decidir se ela estava mentindo.
Finalmente, ele disse, “Eles a quebraram.” Ele pausou. “Algumas pessoas simplesmente sentem a necessidade de destruir as coisas dos outros, eu acho.”
“Meu Deus,” ela disse, tentando ao máximo não revelar nada, “isso é terrível.”
“Meu pai está furioso comigo por não ter lutado... mas eu não sou assim.”
“Que idiotas. Talvez os tiras os encontrem,” ela disse.
Um leve sorriso passou pelo rosto de Jonah. “Isto que é estranho. Eles já levaram o troco.”
“O que você quer dizer?” ela perguntou, tentando parecer convincente.
“Eu encontrei aqueles caras no beco, logo depois. Eles apanharam mais do que eu. Não estavam nem se movendo.” Seu sorriso aumentou. “Alguém os pegou. Eu acho que Deus existe.”
“Que coisa estranha,” ela disse.
“Talvez eu tenha um anjo da guarda,” ele disse, olhando para ela atentamente.
“Talvez,” ela respondeu.
Ele a encarou por um longo tempo, como se esperasse que ela contribuísse com algo, que insinuasse algo. Mas ela não o fez.
“E aconteceu uma coisa ainda mais estranha do que tudo isso,” ele disse, finalmente.
Ele retirou algo de dentro de sua mochila, e o segurou.
“Eu encontrei isso.”
Ela olhou para baixo, chocada. Era o seu diário.
Ela sentiu suas bochechas corarem quando o pegou, feliz por tê-lo de volta e horrorizada por saber que ele tinha uma prova de que ela havia estado lá. Agora, ele devia ter certeza de que ela estava mentindo.
“O seu nome está aí. Ele é seu, não é?”
Ela assentiu com a cabeça, examinando-o. Estava tudo lá. Ela havia esquecido dele.
“Haviam algumas páginas soltas. Eu juntei todas e as coloquei de volta. Espero ter pego todas,” ele disse.
“Você pegou,” ela disse suavemente, emocionada, constrangida.
“Eu segui a trilha de páginas e o engraçado é que… elas me levaram até o beco.”
Ela continuou a olhar para o diário, se recusando a fazer contato visual.
“Como você acha que o seu diário foi parar lá?” ele perguntou.
Ela olhou nos olhos dele, fazendo o possível para manter uma expressão séria.
“Eu estava indo para casa ontem à noite, e o perdi em algum lugar. Talvez eles o tenham encontrado.”
Ele a estudou.
Finalmente, ele disse, “Talvez.”
Os dois ficaram parados ali, em silêncio.
“A coisa mais estranha de todas,” ele continuou, “é que, antes que eu ficasse totalmente inconsciente, eu poderia jurar que vi você lá, em pé na minha frente, gritando com aqueles caras para me deixarem em paz… Não é estranho?”
Ele a olhou, e ela retornou o olhar dele, diretamente nos olhos.
“Eu teria que ser bem maluca para fazer uma coisa dessas,” ela disse. Contra sua própria vontade, um pequeno sorriso surgiu no canto de sua boca.
Ele pausou, depois deu um sorriso largo.
“Sim,” ele respondeu, “você teria.”
Capítulo Quatro
Caitlin estava nas nuvens enquanto caminhava para casa da escola, segurando seu diário. Ela não tinha sido tão feliz em muito tempo. As palavras de Jonah se repetiam em sua mente.
“Vai ter um concerto hoje à noite. No Carnegie Hall. Eu ganhei dois ingressos. São os piores assentos do local, mas dizem que o vocalista é incrível.”
“Você está me convidando para sair?” ela havia dito, sorrindo.
Ele sorriu de volta.
“Se você não se importar de sair com alguém cheio de hematomas,” ele havia dito, sorrindo de volta. “Afinal, hoje é sexta-feira.”
Ela havia praticamente ido pulando para casa, sem conseguir conter o seu entusiasmo. Ela não sabia nada sobre música clássica—ela nunca havia ouvido esse tipo de música antes—mas não se importava. Ela iria para qualquer lugar com ele.
Carnegie Hall. Ele disse que o traje era de gala. O que ela deveria vestir? Ela olhou para o relógio. Ela não tinha muito tempo para se arrumar se fosse encontrá-lo naquele café antes do concerto. Ela acelerou o ritmo.
Antes de perceber, ela estava em casa e nem a melancolia do seu prédio a deixou triste. Ela correu pelos cinco lances de escada e quase não sentiu quando entrou em seu novo apartamento.
O grito de sua mãe veio imediatamente: “Sua vadia desgraçada!”
Caitlin se abaixou na hora exata, quando sua mãe havia jogado um livro na direção do rosto dela. Ele passou voando, e bateu na parede.
Antes que Caitlin pudesse falar, sua mãe atacou—unhas de fora, apontadas para o rosto dela.
Caitlin levantou as mãos e segurou os pulsos dela na hora exata. As duas se empurraram, indo para frente e para trás.
Caitlin podia sentir seu novo poder surgindo em suas veias, e sentiu que podia jogar a sua mãe para o outro lado da sala sem sequer tentar. Mas ela forçou a si mesma a controlá-lo, e a empurrou para longe, mas apenas o suficiente para jogá-la no sofá.
Sua mãe, no sofá, começou a chorar. Ela ficou sentada lá, soluçando.
“A culpa é sua!” ela gritou entre os soluços.
“Qual é o seu problema?” Caitlin gritou, completamente desprevenida, sem ter a menor ideia do que estava acontecendo. Até para a mãe dela, aquilo era loucura.
“Sam.”
Sua mãe segurava um pedaço de folha de caderno.
O coração de Caitlin batia rápido ao pegá-lo, um sentimento de terror crescendo dentro dela. Fosse o que fosse, ela sabia que não podia ser bom.
“Ele foi embora!”
Caitlin examinou o bilhete escrito à mão. Ela não conseguia se concentrar enquanto lia, entendendo apenas fragmentos—fugir… não quero ficar aqui…com os meus amigos… não tente me encontrar.
Suas mãos estavam tremendo. Sam havia ido. Ele realmente havia ido embora. Ele nem sequer esperou por ela. Nem esperou para dizer adeus.
“É por sua causa!” sua mãe gritou.
Uma parte de Caitlin não conseguia acreditar. Ela correu pelo apartamento, abriu o quarto de Sam, quase esperando encontrá-lo lá.
Mas o quarto estava vazio. Imaculado. Nenhuma única coisa deixada para trás. Sam nunca havia deixado seu quarto tão limpo. Era verdade. Ele realmente tinha ido embora.
Caitlin sentiu a bílis subir até sua garganta. Ela não podia deixar de sentir que, desta vez, a sua mãe estava certa, a culpa era dela. Sam havia perguntado a ela. E ela havia dito, “Então vá.”
Então vá. Por que ela tinha que ter dito aquilo? Ela planejava se desculpar, retirar o que havia dito na manhã seguinte, mas ele já havia saído quando ela acordou. Ela iria conversar com ele quando chegasse em casa hoje. Mas agora, era tarde demais.
Ela sabia para onde ele devia ter ido. Existia apenas um lugar para onde ele iria: a última cidade. Ele estaria bem. Melhor, provavelmente, do que estava aqui. Ele tinha amigos lá. Quanto mais ela absorvia a notícia, menos ela se preocupava. Na verdade, ela estava feliz por ele. Ele havia conseguido sair finalmente. E ela sabia como encontrá-lo.
Mas ela teria que lidar com isso mais tarde. Ela olhou para o relógio e percebeu que estava atrasada. Ela correu para o seu quarto, agarrou rapidamente suas melhores roupas e sapatos, e os colocou em uma bolsa de academia. Ela teria que sair sem maquiagem. Não havia tempo.
“Por que você tem que destruir tudo o que toca!?” sua mãe gritou, bem atrás dela. “Eu nunca deveria ter acolhido você!”
Caitlin olhou para ela, em choque.
“Do que você está falando!?”
“É isso mesmo,” sua mãe continuou. “Eu acolhi você. Você não é minha. Nunca foi. Você era dele. Você não é minha filha de verdade. Você me ouviu!? Eu teria vergonha de ter você como filha!”
Caitlin podia ver o veneno em seus olhos negros. Ela nunca havia visto sua mãe com tanta raiva. Os olhos dela tinham morte dentro deles.
“Por que você tinha que afastar a única coisa que era boa na minha vida!?” sua mãe gritou.
Desta vez, sua mãe a atacou com as duas mãos e foi direto para a sua garganta. Antes que Caitlin pudesse reagir, ela estava sendo estrangulada. Com força.
Caitlin lutou para respirar. Mas a mão de sua mãe parecia ferro. Sua intenção era matar.
A raiva invadiu Caitlin, e dessa vez, ela não pôde pará-la. Ela conseguia sentir o calor familiar e pinicante subindo pelos dedos dos seus pés, e chegando até os seus braços e ombros. Ela sentiu o calor a envolver. Enquanto ele surgia, os músculos em seu pescoço incharam. Sem fazer qualquer coisa, sua mãe começou a soltar seu pescoço.
Sua mãe deve ter visto a transformação começar, por que parecia estar com medo, de repente. Caitlin jogou a cabeça para trás e rugiu. Ela havia se transformado em algo pavoroso.
Sua mãe soltou o seu pescoço, deu um passo para trás e olhou, com a boca aberta.
Caitlin esticou uma mão e a empurrou, fazendo-a voar para trás com tanta força que ela atravessou a parede, quebrando-a com um estrondo, alcançando a outra sala. Ela continuou, batendo em outra parede e caindo, inconsciente.
Caitlin respirava fundo, tentando se concentrar. Ela examinou o apartamento, se perguntando se havia alguma coisa que ela queria levar com ela. Ela sabia que havia, mas não conseguia pensar direito. Ela agarrou a bolsa de academia com roupas e saiu da sala, através dos destroços, passando pela mãe.
Sua mãe estava deitada lá, gemendo, começando a se sentar.
Caitlin continuou caminhando para fora do apartamento.
Aquela era a última vez, ela jurou, que veria aquele lugar novamente.
Capítulo Cinco
Caitlin caminhou rápido pela noite fria de março, descendo a rua lateral com o coração ainda batendo forte após o acontecido com sua mãe. O ar frio queimava seu rosto, e a fazia se sentir bem. Calma. Ela respirou fundo, e se sentiu livre. Ela nunca teria que voltar para aquele apartamento, nunca teria que subir aqueles degraus sujos. Nunca teria que ver esta vizinhança. E nunca teria que voltar para aquela escola. Ela não tinha ideia de onde iria, mas pelo menos estaria longe dali.
Caitlin chegou até a avenida e observou, procurando por um táxi livre. Depois de pouco mais de um minuto de espera, ela percebeu que não iria conseguir encontrar um. O metrô era a sua única opção.
Caitlin caminhou na direção da estação da rua 135. Ela nunca havia entrado no metrô de Nova York. Ela não tinha certeza de qual linha pegar, ou onde descer, e essa era a pior hora para fazer experiências. Ela temia o que poderia encontrar na estação em uma noite fria de março—especialmente nesta vizinhança.
Ela desceu pelos degraus cobertos de pichações e se aproximou da bilheteria. Por sorte, havia alguém lá.
“Eu preciso ir para Columbus Circle,” Caitlin disse.
A atendente gorda atrás da janela de acrílico a ignorou.
“Com licença,” Caitlin disse, “mas eu preciso –”
“Eu disse para descer para a plataforma!” retrucou a mulher.
“Não, você não disse,” Caitlin respondeu. “Você não disse nada!”
A atendente a ignorou novamente.
“Quanto é a passagem?”
“Dois e cinquenta,” disse a atendente, irritada.
Caitlin colocou a mão no bolso e retirou três notas amassadas de um dólar. Ela as passou por baixo do acrílico.
A atendente, ainda a ignorando, passou um cartão Metrocard para Caitlin.
Caitlin puxou o cartão e entrou no sistema.
A plataforma estava mal iluminada e quase deserta. Dois sem-teto ocupavam o banco, coberto com cobertores. Um dormia, mas o outro ficou a observando quando ela passou. Ele começou a balbuciar. Caitlin caminhou mais rápido.
Ela foi até a beira da plataforma e se inclinou para frente, procurando por um trem. Nada.
Vamos lá. Vamos lá.
Ela olhou para o seu relógio mais uma vez. Já estava cinco minutos atrasada. Ela se perguntou quanto tempo mais levaria. Ela se perguntou se Jonah iria embora. Ela não podia culpá-lo.
Ela notou algo se movendo rapidamente pelo canto do olho. Ela se virou. Nada.
Quando ela olhou mais atentamente, pensou que tinha visto uma sombra se arrastar pelo chão de linóleo branco, depois se esquivar para os trilhos do trem. Ela sentiu como se estivesse sendo vigiada.
Mas ela olhou novamente e não viu nada.
Eu devo estar vendo coisas.
Caitlin caminhou até o grande mapa do metrô. Ele estava arranhado, rasgado e coberto com pichações, mas ela ainda podia enxergar a linha do metrô. Pelo menos ela estava no lugar certo. Esta linha deveria levá-la diretamente para Columbus Circle. Ela começou a se sentir melhor.
“Você está perdida, querida?”
Caitlin se virou e viu um homem negro e grande parado atrás dela. Ele tinha barba e, quando sorriu, ela pôde perceber que ele não tinha alguns dentes. Ele ficou muito próximo dela, e ela pôde sentir o cheiro do seu hálito horrível. Bêbado.
Ela se esquivou dele e caminhou para longe.
“Ei, vadia, estou falando com você!”
Caitlin continuou a caminhar.
O homem parecia estar drogado, e cambaleava lentamente enquanto a seguia. Mas Caitlin caminhava muito mais rápido e a plataforma era comprida, por isso, ainda havia espaço entre eles. Ela realmente queria evitar outro confronto. Não aqui. Não agora.
Ele se aproximou. Ela se perguntou quanto tempo levaria para que ela não tivesse mais escolha, a não ser confrontá-lo. Por favor, Deus, me tire daqui.
Naquele momento, um barulho ensurdecedor encheu a estação, e o trem chegou de repente. Graças a Deus.
Ela embarcou, e assistiu com satisfação enquanto as portas se fecharam para o homem. Bêbado, ele xingou e bateu na estrutura metálica.
O trem seguiu e, em poucos momentos, o homem não era mais nada além de um borrão. Ela estava de saída dessa vizinhança. A caminho de uma nova vida.
*
Caitlin desceu em Columbus Circle e caminhou com um passo acelerado. Ela checou o relógio novamente. Estava 20 minutos atrasada. Ela engoliu em seco.
Por favor, esteja lá. Por favor, não vá embora. Por favor.
Enquanto ela andava, a apenas alguns blocos de distância, ela sentiu uma pontada no estômago. Ela parou, tomada pela dor intensa.
Ela se curvou, com as mãos no estômago, sem poder se mover. Ela se perguntou se as pessoas estavam olhando para ela, mas estava com dor demais para se importar. Ela nunca havia sentido nada como aquilo antes. Ela lutava para respirar.
As pessoas passavam rapidamente por ambos os lados, mas ninguém parou para ver se ela estava bem.
Depois de cerca de um minuto, ela finalmente se levantou lentamente. A dor começou a aliviar.
Ela respirou fundo, imaginando o que poderia ter acontecido.
Ela começou a caminhar novamente, na direção do café. Mas agora ela se sentia totalmente desorientada. E sentia algo mais... fome. Não era uma fome normal, mas uma sede profunda e insaciável. Quando uma mulher passou por ela, levando seu cachorro para passear, Caitlin percebeu que se virou e observou o animal. Ela se viu esticando o pescoço e observando o animal enquanto passava, e fixando o olhar em seu pescoço.
Para sua surpresa, ela podia ver os detalhes das veias na pele do cachorro, o sangue correndo por elas. Ela viu a pulsação de seu sangue e sentiu uma sensação de insensibilidade e dormência em seus próprios dentes. Ela queria o sangue daquele cachorro.
Como se sentisse que alguém o observava, o cachorro se virou enquanto caminhava e olhou para Caitlin, sem entender.
Caitlin continuou a caminhar. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo com ela. Ela adorava cachorros. Ela nunca havia desejado machucar uma mosca, muito menos um cachorro. O que estava acontecendo com ela?
As dores de fome desapareceram tão rápido quanto apareceram, e Caitlin sentiu que estava voltando ao normal. Quando ela chegou à esquina, o café já podia ser visto. Ela acelerou o passo, respirou fundo e quase se sentiu como ela mesma novamente. Ela olhou para o relógio. Trinta minutos de atraso. Ela rezou para que ele estivesse lá.
Ela abriu as portas. Seu coração estava batendo forte, dessa vez não de dor, mas de medo que Jonah tivesse ido embora.
Caitlin rapidamente examinou o lugar. Ela entrou rápido, quase sem fôlego e já se sentia exposta. Ela podia sentir todos os olhares nela, e examinou a fileira de clientes à sua esquerda e à sua direita. Mas não havia sinal de Jonah. O coração dela afundou em seu peito. Ele já deve ter ido embora.
“Caitlin?”
Caitlin se virou rapidamente. Lá, sorrindo, estava Jonah. Ela sentiu seu coração se encher de alegria.
“Eu sinto muito,” ela disse rapidamente. “Eu nunca me atraso normalmente. É que eu – é que –”
“Tudo bem,” ele disse, pousando gentilmente a mão em seu ombro. “Não se preocupe com isso. Eu só estou feliz por você estar bem,” ele adicionou.
Ela olhou dentro dos seus olhos verdes, sorridentes, emoldurados por um rosto ainda machucado e inchado, e pela primeira vez naquele dia, ela sentiu paz. Ela sentiu que tudo daria certo, afinal.
“O único problema é que nós não temos muito tempo para chegar ao concerto,” ele disse. “Só temos cerca de cinco minutos. Por isso, acho que teremos que deixar aquela xícara de café para a próxima vez.”
“Está bem,” ela disse. “Eu estou tão feliz por não termos perdido o concerto. Me sinto como uma grande–”
De repente, Caitlin olhou para si mesma e ficou horrorizada ao perceber que ainda estava vestida com suas roupas casuais. Ela ainda estava segurando sua bolsa de academia, onde estavam suas melhores roupas e sapatos. Ela pretendia chegar ao café cedo, entrar no banheiro, colocar suas roupas bonitas e ficar pronta para encontrar Jonah. Agora, ela estava parada ali, olhando para ele, vestida como uma boba, e segurando uma bolsa de academia. As suas bochechas coraram. Ela não sabia o que dizer.
“Jonah, sinto muito por estar vestida assim,” ela disse. “Eu pretendia me trocar antes de vir, mas… Você disse que nós temos cinco minutos?”
Ele olhou para o seu relógio, um traço de preocupação cruzando seu rosto.
“Sim, mas—”
“Eu já volto,” ela disse, e antes que ele pudesse responder, ela correu pelo restaurante, em direção ao banheiro.
Caitlin entrou correndo no banheiro e trancou a porta. Ela rasgou a bolsa e puxou todas as suas melhores roupas, agora amassadas, de dentro dela. Ela tirou as roupas e tênis que vestia, e rapidamente colocou sua saia de veludo preto e uma blusa de seda branca. Ela também pegou seus brincos de diamantes falsos e os colocou. Eles eram baratos, mas funcionavam. Ela completou o visual com sapatos de salto pretos.
Ela se olhou no espelho. Estava um pouco amassada, mas não tanto quanto tinha imaginado. Sua blusa levemente aberta exibia a pequena cruz de prata que ela ainda usava no pescoço. Ela não tinha tempo para maquiagem, mas ao menos estava vestida. Ela passou rapidamente as mãos pela água e umedeceu os cabelos, colocando alguns fios no lugar. Ela completou o visual com sua bolsa de couro de mão.
Ela estava prestes à sair correndo, quando notou a pilha de roupas e tênis velhos. Ela hesitou, discutindo a questão. Ela realmente não queria carregar aquelas roupas pelo resto da noite. Na verdade, ela nem sequer queria usar aquelas roupas novamente.
Ela juntou todas em uma bola e, com grande satisfação, as enfiou em uma lata de lixo no canto do banheiro. Agora, ela estava usando a única roupa que tinha no mundo.
Ela se sentiu bem caminhando em direção da sua nova vida vestida assim.
Jonah esperava por ela do lado de fora do café, batendo o pé, olhando para o seu relógio. Quando ela abriu a porta, ele se virou, e quando ele a viu, toda arrumada, ficou imóvel. Ele olhou para ela, sem palavras.
Caitlin nunca havia visto um rapaz olhar para ela daquela maneira antes. Ela nunca havia realmente pensado em si mesma como atraente. A maneira que Jonah olhava para ela a fazia se sentir... especial. Ela se sentia, pela primeira vez, como uma mulher.
“Você... está linda,” ele disse, suavemente.
“Obrigado,” ela disse. Você também, é o que ela queria dizer, mas se conteve.
Com a sua nova autoconfiança, ela caminhou até ele, colocou a mão em seu braço, e gentilmente conduziu o caminho para o Carnegie Hall. Ele caminhava com ela, acelerando o passo, colocando sua mão livre por cima da dela.
Era ótimo estar nos braços de um garoto. Apesar de tudo o que havia acontecido naquele dia, e no dia anterior, Caitlin agora sentia como se estivesse caminhando no ar.