Kitabı oku: «Canções De Natal Em Old América», sayfa 2
RUDOLPH, A RENA COM O NARIZ VERMELHO
Louvor da Diversidade
Quem não se comove escutando as fábulas de Rudolph, a rena do nariz vermelho? Se bem que foi criada há muitos anos, a fábula da criatura “diferente” e por isso posta à parte pelos seus semelhantes até que vem reintegrada pelo Pai Natal em pessoa, é esculpida no coração de todas as crianças que nela revive e supera os seus complexos. Na verdade trata-se de uma verdadeira inovação no campo da literatura para a infância, que pela primeira vez nota-se pela fragilidade do universo “teen” oprimido por fenómenos da bajuladora descriminação e bulismo. Se pensarmos que Rudolph viu a luz em 1939 não podemos não nos maravilhar pela sua poética mas de extrema actualidade, e não reconhecer a dimensão humanitária. A pequena rena, criada pela mente e pelo coração de Robert Lewis May vive uma história simples mas corajosa: nascida com um enorme nariz vermelho, brilhantíssimo quase cintilante, Rudolph é visto com escárnio pelas outras renas, que não brincam por acaso com ela mas pelo contrário o ridicularizam. Fica portanto sozinho, marginalizado, destinado a uma perene solidão. O seu físico não o ajuda, porque a doce criatura é pequena, magra, bem diferente da imagem clássica do baby Americano balofo e rechonchudo a que todos os meninos das fábulas bem ou mal se inspiram.
FOTO 7. Eis a primeiríssima versão de Rudolph, no libreto original de 1939. Se bem que comparado muitas vezes ao Bambi da Disney o primeiro Rudolph não lhe assemelha de modo nenhum. Como estão a ver trata-se precisamente de uma pequena rena macilenta, com feições NÃO infantis e muito semelhante ao animal em carne e ossos. Será apenas de seguida, com o advento dos desenhos animados, que a sua imagem é modificada. A cabeça redonda, os olhos graúdos e o físico pançudo que lhe eram atribuídos chamam de novo efectivamente à imagem clássica do recém-nascido e são construídos propositadamente para inspirar ternura.
Rudolph portanto cresce na nostalgia do mundo exterior, do qual é fechado fora; todavia a solidão não endurece o seu coração, que está repleto de amor e de esperança. À maneira dele, ele é grato para com algumas pequenas coisas que a vida lhe reserva, e as desfruta serenamente esperançado sempre no futuro. E eis que o milagre chega: Pai Natal deve fazer as entregas das suas prendas da Véspera do Natal, mas a noite é muito obscura e nebulosa que as suas renas não sabem onde dirigir-se e vagueiam no vácuo céu. Há portanto o risco de que todas as crianças do mundo não possam receber as prendas de Natal! Pai Natal está angustiado mas... eis que, na escuridão da noite vislumbra uma luz que ilumina também o coração da floresta. É o nariz da pequena rena, que está observando as estrelas na margem do rio. Quando o Pai Natal dirigir-se a ele para uma ajuda, a pequena rena aceitará impulsivamente para guiá-lo na entrega das prendas àquele mundo que sempre o rejeitou, porque o seu coração não conhece rancor. Será desta forma que Rudolph tornar-se-á uma rena com o trenó de Pai Natal, e o seu lugar será de chefe, entre elogios e aplausos das outras renas que finalmente lograram olhar “além do” seu aspecto e a reconhecer as virtudes da sua “diversidade”.
A moral salta aos olhos com a impressionante modernidade, sobretudo se pensarmos na América benfeitora e racista dos anos ’40, ao congénito desejo veemente da uniformidade do público e às campanhas das homofobias anti-guerra. A pequena rena com o coração grande conquistou também as mentes mais duras e menos elásticas, levando consigo uma lufada de mudanças da qual nem todos deram-se conta naquele instante, mas que teria perdurado no tempo. Outro milagre de Natal? Precisamente não. A fábula de Rudolph apresenta uns bastidores pungentes, que foram amplamente publicitados com o incrível cinismo na fase da venda da nova personagem.
Devem saber que o nosso criador, Bob May, era copywriter junto dos Grandes Entrepostos Montgomery War d. O seu trabalho consistia em dar vida às novas personagens fabulosas que nos períodos das Festas ajudavam a vender brinquedos, livros e gadget Natalícios. Muitas grandes Empresas utilizavam esta estratégia, como também a Indústria Musical que produzia anualmente novas canções ligadas ao Natal. Às vezes estas personagens ficavam tão famosas até para envolver a produção de toda uma série de acessórios facilmente vendáveis e tais para atrair quase “uma moda”. Camisetas, alfinetes, bonecos, logótipos acompanhavam frequentemente esta ou aquela nova canção, esta ou aquela personagem. Um pouco como acontece hoje quando é apresentado ao público um filme de impacto (não esqueçamos por exemplo a série repetida de gadget que seguiu Ghostbusters, ou Toy Story e – porque não? – Titanic).
Nos anos ’30 as lojas de brinquedos ousavam ofertar às crianças livrinhos para colorir, como propósito publicitário. Os gritos das crianças para tê-los teriam forçado os progenitores para visitar esta ou aquela loja, abrindo as portas para potenciais compras. A tarefa dos copywriter (redactores) era portanto aquela de produzir todos os anos fascinante material capaz de piscar o olho ao público infantil sem perturbar demasiadamente aos adultos. Mas Bob May era também um artista: terá sido ele mesmo, num artigo sobre o Gettysburg Timesdel 1975, a desvendar os bastidores do nascimento de Rudolph.
“Um rapazote de nome Robert May, infinitamente triste e com o coração partido, olhou pela janela da qual entravam correntes de gelo, naquela noite da Véspera de Natal. Barbara, a sua filhinha de 4 anos, pôs-se de cócoras no seu braço soluçando. A sua mame, mulher de Bob, a querida Evelyn, estava a padecer de cancro.
FOTO 8. Aqui está uma linda imagem de Bob May nos primórdios dos anos ’40. O artista confessou muitos anos depois, um pouco antes da sua morte, que na verdade a figura da pequena rena era inspirada a ele mesmo quando rapazote, quando era vítima de bulismo. A revelação atirou descrédito sobre a imagem da boa sociedade americana, que não estava de forma alguma preparada para reconsiderar a verdadeira natureza dos alunos dos próprios colégios. O fenómeno do bulismo é Hoje tristemente famoso, mas nos anos ’20 e ’30 era muitíssimo interdito abordá-lo, mesmo no seio das famílias. May confessou de ter passado trágicos pensamentos de suicídio e de tê-los superado graças ao amor dos seus progenitores os quais, se bem que paupérrimos por causa da crise da Grande Depressão, conseguiram proporcioná-lo estudos e dar-lhe um futuro.
– Por que a minha mamã não é como todas as outras mães? – Questionou a pequenina Barbara, reparando fixamente nos olhos do seu pai. – Por que está sempre na cama com os olhos fechados e não brinca comigo? –
A maxila de Bob contraiu-se e os seus olhos encheram-se de lágrimas; sentia no seu coração tanta dor mas também tanta raiva. A sua vida tinha sido sempre dura, desde criança, quando o seu estranho aspecto o tornava vítima dos escárnios e das ofensas dos seus colegas de escola. Era o patinho feio, mas sem esperança de transmutar-se um dia num lindo cisne. Recordando amargamente os nomes feios com os quais era apelidado desde pequeno resolveu poupar a dor de sentir-se chamar “orfãzinha” à sua amável filha. Teria lutado. Era a Véspera de Natal, que coisa!, e a sua querida Evelyn estava a morrer. Não tinha dinheiro em casa, tudo tinha esfumado nos inúteis medicamentos que não tinham servido para salvar a ente querida garota conhecida e amada desde os tempos do Colégio. Pensou na sua criança, que teria recebido como prendas de Natal apenas a morte da sua mamã, e percebeu que não era o momento para dar-se por vencido.
“Tu terás a mais linda prenda de Natal que jamais uma criança tenha recebido!” – decidiu no seu coração. E pôs-se impulsivamente a escrever a história de uma pequena rena com um grande nariz luzente que, abençoada pelo Espírito do Natal, teria iluminado para sempre as obscuras noites da sua infância.
Rudolph nasceu assim, pelo amor de uma mulher moribunda e de uma criança bastante pequena para suportar a dor da perda. E quando Bob leu a história à jovem mulher moribunda ela apertou ao peito pela última vez a sua filha, sorrindo só de pensar em deixá-la nas mãos da pequena rena...”
FOTO 9. Não consegui achar a foto da coitada Evelin, mas esta de Bob May com a filhota Barbara girou toda a América e comoveu o coração de milhões de mães. Quiçá se foi este o segredo da longevidade da fama da pequena rena?
Claramente, embora sugestiva, trata-se de uma história roman digna de um escritor dos outros tempos. A realidade foi bem diferente e, sob vários aspectos, mais crua.
Em 1938 os danos da Grande Depressão eram bem evidentes na sociedade Americana: a crise tinha levado a um progressivo esgotamento da alegria para despender e o Natal tinha perdido a grande parte da sua atractiva... consumista. Os pais mantinham as carteiras bem apertados e até as mesas preparadas nas festas pareciam menos coloridas. A atmosfera era cinzenta e as vendas de brinquedos num líquido desconto: doutra parte nem sequer as grandes cadeias de armazéns pareciam propor nada de novo. Pelo ar repercutiam-se as noites das clássicas canções de Natal, e até as luzes da indústria musical pareciam apagadas. Resumidamente, ninguém tinha a vontade de iluminar e as famílias pareciam ter-se plenamente adaptado a um clima de austeridade.
Mas não os Grandes entrepostos Ward, que tinham às costas a história do seu fundador Aaron Montgomery uma experiência de vida arrojadamente de vanguarda: à custa da depressão e à crise recrutaram os melhores dentre eles copy-writers para dar vida a uma personagem de tal forma envolvente para combater até a Mickey Mouse.
A história do pai fundador da Grande cadeia é demonstrativa. Este era um simples vendedor viajante que em 1872 teve a ideia na pior das hipóteses futurista: encetar uma venda directa, produtor-consumidor. Cavalgando fornecedores e retalhistas e baixando nitidamente os preços. O seu primeiro catálogo, que vinha enviado por correio aos interessados, era composto por uma única página e os primeiros artigos eram vulgaríssimos utensílios de trabalho para camponeses. Mas a ideia fez um boom e só depois de dez anos Ward estava em condições de vender por correio trâmite um catálogo precisamente 163 artigos diversos de vária utilização (dentre os quais uma das primeiras cozinhas de madeira económicas) bem exposta em 237 páginas! Foi ainda Ward, em 1875, a inventar a fórmula do “satisfeitos ou reembolsados”, que o levou para um salto até ao cume nas classificações de agrado entre os consumidores! A Ward desfrutou do monopólio das vendas por correspondência até 1886, quando surgiu a Sears que, muitos anos depois, a teria levado à bancarrota. Todavia em 1919 a Montogomery Ward era quotada na bolsa inaugurando ao mesmo tempo a sua cadeia de lojas e foi uma das pouquíssimas grandes empresas a sobreviver à crise de ’29, quando houve a queda da Bolsa. Indómita como poucas entre as suas rivais a Ward em 1938 resolveu investir grande parte dos seus recursos focado no futuro; e o fez por meio do público infantil, como era justo que fosse.
FOTO 10. Vos ofereço um confeito, a foto do primeiríssimo catálogo de UMA ÚNICA página da aparição do império Montgomery Ward, datada em 1875! Em poucos anos as vendas por correspondência subiram até as estrelas e Ward teve a brilhantíssima ideia de poupar nas despesas de transporte, fixando um limite de peso. Parece que os encarregados pela embalagem fossem tão escrupulosos ao respeitar tais normas que sucedia muitas vezes que objectos de vestuário pesados, como por exemplo os capotes (que eram pesadíssimos na época) eram descosidos e enviados em dois pacotes diferentes… mas equipados de agulhas e meadas de linhas para recosê-los!
A ideia era para “representar” uma personagem burlesca mas viril, símbolo da mesma cadeia. O primeiro “pupilo” da iniciativa foi um certo Toro Fernando proposto não se sabe por quem e seguramente descartado por via da má publicidade das Corride. May estava na liça entre os outros, mas de longe favorecido por causa da sua maneira delicada e de uma índole submissa. Além disso estava tragicamente liso, visto que a repentina doença da mulher Evelyn, acometida por um cancro há mais de dois anos, tinha enxugado as já magras poupanças. O incentivo económico que a Ward prometia ao criador da personagem teria recolocado um pouco as coisas no seu lugar. Bob ocupava-se de Evelyn e da sua criança, andava loucamente numa roda-viva entre o hospital, casa e escritório. Em consideração da sua situação lhe foi concedido para trabalhar a maior parte do tempo em casa: foi ali que o artista teve a inspiração e, única nota realmente poética de toda a vicissitude, de facto graça à filhota Barbara. A menina era uma doentia pelas fábulas de Pai Natal e pelas suas renas; adorava os veados novos, comovia-se diante da mamã veado e derretia em lágrimas quando pedia ao seu papá para levá-la ao zoo/zoológico para uma visita... por motivos económicos, ele não podia satisfazê-la. No coração da pequena rena Bob May infundiu portanto grande parte da sua alma: inventou uma personagem “diferente”, alienado, tristemente solitária que não era outra coisa que ele mesmo quando criança feio e sempre de óculos. E a fez seguindo um desenho poeticamente infantil ditado pelo amor pela sua filha, que se encaixava perfeitamente no espírito do Natal.
FOTO 11. Se bem que comparados muitas vezes ao Bambi da Disney, as feições originais da rena são muito diferentes daquelas do meiguíssimo veado novo. Como estão a ver na imagem original de 1942 Bambi apresenta na verdade os sinais da iconografia clássica dos cachorros amáveis: cabeça redonda, orelhas grandes, enormes olhos pungentes. A Disney produziu o filme em 1942, quando Rudolph já era muito famoso. Coincidência ou plágio?
Este foi o único grande milagre do nascimento de Rudolph: o resto é apenas lenda. Evelyn não morreu na Véspera do Natal de 1938, como narrou-se com frequência. Naquele período já estava em coma, hospitalizado num enorme compartimento hospitalar onde todavia os seus entes queridos iam muitas vezes ao encontro dela. Apagou-se em Julho do ano seguinte, entre uma criança chorona e um copywriter que não tinha ainda achado a força para terminar o seu conto. Consegue, em tempo recorde, alguns meses depois por via do arrendamento não pago e o perigo de ser posto na rua.
E Rudolph não foi a repentina “revelação” que operou o milagre da luz no director das vendas, o terrível Sewel Avery. Ou melhor, para ser franco, Rudolph com aquele pedaço de nariz vermelho que lembrava aquele de um avinhado foi imediatamente descartado… precisamente duas vezes! Devemos compreendê-lo: o eco do proibicionismo fazia-se ainda sentir e propor ao público infantil uma imagem como pseudo-alcoólico não parecia conveniente aos mesmos progressistas Armazéns Ward. Mas Bob, já decidido para avançar e receber a bendita promoção, tirou o seu trunfo da manga: pediu ajuda a um jovem e promissor ilustrador, tal Denver Gillen, de uma mão certamente feliz e queimado pelo fogo de uma tenaz ambição. O rapazote fez nada mais, nada menos o que fazem os grandes actores quando ficam incapacitados completamente na parte: feitos os dois dedos de conversa com a pequena Barbara, verdadeira inspiradora da personagem, percebeu que aquele nariz vermelho não era pura invenção mas um particular agradável de um certo tipo de cervídeos que na criança um tempo atrás tinha visto no zoo. Encaminhando-se no próprio lugar apercebeu-se de que se tratava do caribu, um amabilíssimo animal cujos cachorros aparecem frágeis e indefesos e que à nascença apresentam um narizito vermelho escuro muito particular. Os seus desenhos souberam colher aquela instintiva ternura que, não obstante o aspecto não decerto feliz, os pequenotes sabem infundir na própria espécie; nasceu uma ligeiríssima figura como fada triste adequada a um Natal de reflexão que no fim conquistou o terrível Sewel Avery, director das vendas da Ward.
FOTO 12. Aqui está o esboço original da pequena rena em 1939, assim como é afigurada por Denver Gillen. As feições da personagem não eram lindíssimas mas a fragilidade do desenho, que parece sair directamente de um mundo fabuloso, triunfou.
Descartados vários nomes, dentre os quais Rollo e Regin , à pequena rena foi imposto o nome Rudolph, que evocava uma imagem claramente mais “máscula” do que as precedentes. Em seguida a uma campanha publicitária a toque de tambor a ideia funcionou e o livrinho apenas em Dezembro de 1939 vendeu mais de dois milhões de cópias, fazendo sobressair a história da pequena rena no Olimpo dos Clássicos.
Seguiu uma invasão de gadget que deixou a própria Disney com os cabelos levantados: bonecos, alfinetes, acessórios para crianças, chávenas... e até as ornamentações de Natal inauguraram a nova moda da rena com o nariz vermelho. A América, feliz e satisfeita, foi literalmente invadida concretamente durante 7 anos seguidos, Rudolph foi protagonista absoluto das Sagradas Festas. Não havia teatro de bonifrates itinerantes que não encenasse os seus Rudolph-bonifrates e não houve uma mamã que não conseguisse adormecer a sua criança contando a tenra fábula.
Então todos felizes? Não certamente. O nosso Bob, depois de um fugaz instante de glória, não estava lá melhor que antes. A Ward detinha todos os direitos da história e do protagonista e, como se ouve dizer, papava tudo enquanto May era oprimido por facturas e recibos. O jovem rapaz tinha também casado de novo com uma sua colega, ex secretaria do mesmo Avery, a amável Virginia Newton com a qual teria tido precisamente outros 5 filhos! Em 1946 portanto a Ward tinha vendido 6 milhões de cópias do único livrinho, a que é preciso acrescentar chorudos encaixes de venda dos gadget, no momento em que Bob avançava com o seu único salário como empregado. E aqui começa a lenda: diz-se que, não se sabe o porquê, a dado passo em 1947 o temível Sewel Avery evidentemente atingido pela Graça cedeu os 100% dos direitos ao seu criador, Bob May, que em apenas dois anos tornou-se multi-milionário e pôde viver de rendimentos durante toda a sua vida. Os demais não esclarecem este repentino arrependimento dos Entrepostos Ward a que, quanto parece tinha dado cabo da cabeça induzindo-os para renunciar aos encaixes bilionários que acresciam o poder na bolsa. Não se falou disso durante anos desde quando, um pouco antes da falência da grande cadeia sucedida em 2001, vieram à ribalta os altarezinhos.
Devem saber que em 1944 a fábula de Rudolph, a rena do nariz vermelho, tinha surgido numa curta-metragem em desenhos animados realizado pelo pioneiro do cinema de animação Max Fleisher, por conta da Jam Handy Corporation. Tratava-se de dois colossos da nascente indústria do cinema: Fleisher, inventor da primeira técnica de animação que teria dado vida ao império dos cartoon propondo personagens míticas como Betty Boop e Popeye, era universalmente notável como pioneiro de uma técnica de animação claramente mais sofisticada e moderna do que aquela da Disney, acérrima rival. A Jam Handy Corporation, propriedade de Henry Jamison Handy, era um colosso nascente no campo da comunicação mediática. Muito recomendado Pelo Exército dos Estados Unidos por isso tinha produzido vários filmes promocionais e didácticos, gozava do apoio político-económico de ilustres clientes como a General Motors e os famosíssimos Bray Studios, e tinha íntimos contactos com a Paramount. Farejando o negócio e conhecendo bem as precárias condições de vida de Bob May, Fleisher contactou o artista, oferecendo-lhe reais apoios na hipótese de mover um processo contra os Entrepostos Ward que durante anos não lhe tinham reconhecido alguma percentagem sobre os direitos de autor e tinham-se enriquecido desmedidamente às suas costas. Bob aceitou e apressadamente foi fixado um encontro privado com Sewel Avery, ao qual foi anunciado para fazer seguir um perfeito escândalo às citações em julgamento: o que teria tornado vacilante a cotação na Bolsa da Montgomery Ward. Foi desta maneira que May obteve os 100% dos direitos sobre Rudolph, embora a sua condição de dependente da Grande Cadeia tornava vaga à atribuição ao todo. Claramente nem sequer isso foi uma prenda de Natal porém um expediente para poder produzir em santa paz um novo filme de animação, que tornar-se-ia um filme e teria proporcionado muito dinheiro no bolso de todos os protagonistas. Tratou-se desta vez de um pequeno filme muito bem feito e nítido de 8 minutos que em 1947 entusiasmou milhões de americanos. Seguiram depois vários arranjos que gradualmente transformaram a imagem e a fábula de Rudolph, privando-a da sua originalidade e nivelando-a ao popular estilo Disneyano. Outra vez digno de nota foi o livro para crianças de 1951 com os desenhos de Richard Scarry, republicado depois da Golden Books em 1958 numa edição revista e corrigida e também um pouco adocicada.
FOTO 13. E aqui está o delicioso de Scarry de 1951, que permanece inalterado até 1958. Depois, infelizmente, lentamente mas implacavelmente, o estilo mudou.
A alteração da personagem foi pois evidente no especial de 1964, onde Rudolph completamente transforma-se num cachorro alienado que foge de casa e onde aparecem outras personagens de contorno, rejeitados como ele. O novo conto, que perdeu completamente aquela luz do amor e de esperança que é o eixo da figura da pequena rena, é hoje saudada como um clássico… o que é certamente o espelho dos tempos. Acuso nas remake/novas versões sucessivas, que culminam num desagradável filme de 1998, que protela perigosamente sobre as moléstias sofridas pelo pequeno Rudolph numa atmosfera do sabor vagamente sádico, e estendo um véu piedoso ainda sobre o mais feio “A ilha de Rudolph a rena do nariz vermelho e a ilha de Misfits Toy do 2001, onde a magia da história está definitivamente desaparecida. A consagração definitiva de Rudolph, todavia, acontece em 1949 e foi um negócio… de família. Entre livros, gadget e filme faltava uma última coisa: uma canção símbolo que lhe assegurasse para sempre o seu lugar no Olimpo. A ideia foi da Colombia a qual, talvés para dar um impulso a mais à campanha publicitária confiou a tarefa de retirar da fábula uma canção recordista precisamente ao cunhado de Bob May: o talentoso Johnny Marks.
Este até aquele momento era apenas uma boa promessa. Se bem que estivesse cimentado com a rádio e tivesse capacidade de excelente compositor não tinha ainda produzido nada de excepcional: todavia com Rudolph saiu da alma do verdadeiro artista que estava nele. Compôs no decurso de dois meses uma cançãozita agradável com uma letra leviana, que em poucos minutos torna perfeitamente à atmosfera da fábula de Natal.
Eis a letra da canção:
Rudolph, the red-nosed reindeer
had a very shiny nose.
And if you ever saw him,
you would even say it glows.
All of the other reindeer
used to laugh and call him names.
They never let poor Rudolph
join in any reindeer games.
Then one foggy Christmas Eve
Santa came to say:
“Rudolph with your nose so bright,
won’t you guide my sleigh tonight?”
Then all the reindeer loved him
as they shouted out with glee,
Rudolph the red-nosed reindeer,
you’ll go down in history.
Tradução.
Rudolph, a rena do nariz vermelho.
Rudolph, a rena do nariz vermelho
Tinha um nariz luzente
Assim mesmo! Se tu a tivesse visto
Dirias que brilhava realmente!.
Todas as outras renas
Riam-se e a ridicularizavam.
Não permitiam por acaso ao pobre Rudolph
Para participar às suas brincadeiras…
Pois, numa noite de Natal mergulhada na bruma
Pai Natal disse-lhe:
“Rudolph, com o seu nariz tão luminoso
Gostarias de guiar o meu trenó esta noite?”
Desde então
Todas as renas o têm acolhido no seio deles,
gritando alegres na cara dele:
“Rudolph, a rena do nariz vermelho,
ficará para sempre na história!”
Muito bem feito! Agora era preciso encontrar alguém, uma verdadeira estrela da música, que a fizesse sua e lhe infundisse a eterna Graça do agrado do público. A Columbia contactou imediatamente o ícone Natalício do momento, o Rei da consoada muito comovente, o omnipresente Bing Crosby; mas este torceu o nariz e recusou. Depois do grande sucesso de White Christmas que o tinha expedido como um foguete para o universo dos Big temia arruinar a sua reputação interpretando uma fábula para crianças. Ninguém se espantou da rejeição: o prezado “Bing” não se distinguia pelos seus dotes intuitivos. Já em 1942, quando um excelente Irving Berlin lhe confiou White Christmas para o filme A taberna da alegria o cantor saiu horripilante “Eis uma outra das tuas lamúrias!” Todavia no caso de Rudolph Crosby foi irremovível e por conseguinte passou-se ao plano B. A escolha recai sobre uma outra das estrelas do momento, um cantor – actor que agradava aos grandes e aos petizes e que encarnava perfeitamente a imagem do bom americano: estou a falar claramente de Gene Autry.
O actor se afirmara graças aos certos pequenos filmes western de cunho nacional e popular onde aparecia como cowboy bonitão e sempre bem penteado, empenhado no combate contra os maus, namoriscar com as lindas meninas e cantar canções country ao lado da fogueira. Há anos aparecia num especial radiofónico da CBS onde, directamente do próprio rancho, dava “lições” aos jovens ouvintes que desejavam emulá-lo, e que avançou por volta de 16 anos com um altíssimo índice de agrado. Além disso foi um herói da segunda guerra mundial e, por último, também campeão de rodeo “duelo entre cowboy”. Em suma, era o que todo homem americano desejava ser... e o sonho proibido para todas as crianças...
Mas Autry torceu o nariz sobre o assunto Rudolph mesmo por um outro motivo, mais bem compreensível: decerto alguns anos antes tinha interpretado uma sua canção sobre o Natal, Here Comes Santa Claus, que não teve um notável sucesso e que antes foi objecto de desumanas críticas. Todavia o actor fiava-se muito da mulher Ina, que tinha um acentuado gosto musical, a qual tanto disse e tanto fez e que no fim Autry cedeu. O single Rudolph, the red noised reindeer, saiu em 1949 e foi o mais badalado sucesso da sua vida. A canção, afectuosa e não patetica, vendeu num único mês 2 milhões de cópias, 230 milhões até hoje, posicionando-se no segundo lugar entre os maiores encaixes de todos os tempos logo depois… White Christmas.
Depois de Gene Autry milhares foram os intérpretes ilustres: a partir do arrependidíssimo Bing Crosby que no fim decidiu gravar em 1950, a Dean Martin em ’59, Paul Anka em ’60, the Jacson Five em ’70... até a um insuspeitável Ray Charles em 1985, um compassado Ringo Star em 1999 e um actualíssimo DMX que fez um trecho Rap em 2012! Entrado como noa das renas de Pai Natal, Rudolph continua a deixar sonhar grandes e petizes com a sua mensagem de Amor que não conhece a usura do tempo. Ele parece sugerir-nos para esperar, para não retrair o nosso coração diante das fealdades do mundo e para conservar na alma a imediação de uma criança. Será por isso que muitos na América ainda se lembram da antiga lengalenga que abre a canção:
“As renas de Pai Natal são tantas e denominam-se Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donner, Blitzen”.
Mas tu dos quais te lembras?
Rudolph, a rena do nariz vermelho, a mais famosa de todas!”
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