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Kitabı oku: «Descobrimento das Filippinas pelo navegador portuguez Fernão de Magalhães», sayfa 3

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IX

Que trabalhosa viagem antes de chegar ao porto desejado! Cortada de temporaes e de discordias, que de uns e outras não faltaram para experimentar o animo do ousado navegador.

Logo nos principios da rota Fernão de Magalhães teve que pôr a ferros a João de Cartagena, que se sublevara contra elle por motivo de Magalhães mudar de rumo sem o consultar, sendo Cartagena seu adjunto.

A 13 de dezembro dava fundo, na bahia do Guanabára ou Rio de Janeiro, a esquadrilha.

É curioso o que conta Pigaffetta do negocio que fizeram com os indigenas durante o tempo que ali permaneceram os navios.

Diz elle:

«Aqui fizemos provisão de gallinhas e de patatas, um fructo semelhante ás pinhas, mas muito doce e exquisito, canna doce, carne de anta semelhante á de vacca. Fizemos excellentes negocios. Por um anzol ou por uma faca davam-nos cinco ou seis gallinhas; dois ganços por um pente; por um espelhinho ou um par de tesouras obtinhamos uma porção de peixe suffeciente para alimentar dez pessoas; por um guiso ou uma fita traziam-nos os indigenas uma canastra de patatas. Por preços tão subidos como estes trocámos as figuras dos naipes de cartas: por um rei deram-me seis gallinhas e os indios cuidavam fazer um excellente negocio.»

Depois de um descanço de quatorze dias no Guanabára de novo se pôz a esquadrilha ao mar seguindo rumo parallelo á costa até o Cabo de Santa Maria, na embocadura do Rio da Prata, onde entrou a 10 de janeiro de 1520, para reconhecer as margens, distinguindo nas extensas planicies uma elevação a que os navegantes chamaram Monte-Vidi e que mais tarde se denominou Montevideo.

A 14 de fevereiro deixou Fernão de Magalhães o Rio da Prata e seguindo a linha da costa foi navegando atravez os temporaes até o porto de S. Julião, onde arribou a 31 de Março, para ali invernar, pois era chegada a estação das chuvas.

Eram os primeiros navegadores europeus que chegavam aquelle porto, que de resto encontravam despovoado, e sem viveres de que se podessem fornecer!

Havia decorrido seis mezes que tinham largado de S. Lucar de Barrameda.

A confiança que Fernão de Magalhães conseguiu inspirar ao rei de Castella, a todos que concorreram para a realisação da sua viagem e até aos proprios que o acompanharam, não permaneceu firme, depois d'aquelles seis mezes decorridos sem resultado obtido.

Parece fóra de duvida, que o unico verdadeiro crente na empreza era Magalhães, o que não admira porque era elle quem melhor conhecia o plano tantos annos acariciado na mente.

Os que o acompanhavam não tinham decerto a mesma força de espirito que elle, o bastante para lhe esfriar o enthusiasmo, para lhe quebrar o animo. Foi assim que, chegados áquelle ponto, sem terem alcançado o termo desejado, entenderam por melhor desestir, reclamando de Magalhães que, ou alargasse as rações que tinham sido cerseadas, ou voltasse para Castella.

Fernão de Magalhães, porém, não era homem que se acobardasse com aquella imposição, e protestou que iria até ao fim embora sacrificasse a sua vida no cumprimento do dever.

Entretanto os capitães das caravellas não se conformaram com aquella resolução, e muito particularmente Gaspar de Quesada, commandante da Conceição, o qual concebeu um plano de revolta contra o chefe da esquadrilha.

Pela noite, quando a escuridão mal deixava distinguir as embarcações dispersas no porto de S. Julião, uma lancha largou de bordo da Conceição; ia n'ella Quesada com trinta homens armados dispostos a dar assalto á caravella Santo Antonio. Os marinheiros remavam mansamente fazendo o menor ruido possivel, para não despertarem a attenção de alguem que os podesse ouvir dos outros navios.

Gaspar de Quesada soltara João de Cartagena4 que levava preso a bordo, o qual ficou á testa da caravella. O seu plano era apoderar-se da caravella Santo Antonio, prender o commandante Alvaro de Mesquita e com a força d'estes dois navios reduzir os outros á sua obediencia até á Trindade, impondo-se assim a Fernão de Magalhães, a quem queria obrigar a tratar com mais consideração os capitães e pilotos da esquadrilha.

Não foi difficil o assalto: as poucas sentinellas da Conceição foram tomadas de surpreza emquanto Quesada com meia duzia dos seus homens, se dirigiu ao alojamento de Alvaro de Mesquita para o prender. Entretanto o mestre João Elorriaga déra pelos assaltantes e correndo em soccorro do seu commandante, travou uma sangrenta lucta em que ficou ferido. Quesada vibrou-lhe quatro valentes punhaladas num braço que o prostraram, conseguindo por fim pôr a ferros Alvaro de Mesquita e arvorar-se elle cammandante da Santo Antonio.

Luiz de Mendonça ia feito com Quesada, pelo que os revoltosos tinham tres navios, achando-se em maioria para imporem a lei a Magalhães, que áquella hora dormia, ainda que talvez pouco tranquillamente, na sua caravella Trindade.

De manhã é que Magalhães soube da sublevação dos tres capitães porque logo da Victoria sahiu uma lancha com um emissario, que veio notificar ao chefe da esquadrilha a resolução em que estavam, de não continuarem a ser tratados como até ali, de obedecerem cegamente ás ordens d'elle, mas sim resolverem tudo de commum accordo.

Isto que á primeira vista póde parecer justo, não o seria nas circumstancias que se davam, porque importava o malogro da empreza de Magalhães. Os revoltosos não queriam continuar a viagem que tinham por temeraria, descrendo de encontrar a passagem para o mar do sul, emquanto que Fernão de Magalhães pensava exactamente o contrario, e d'este modo era-lhe impossivel transijir, tornando-se imperioso apellar para toda a sua auctoridade, empregando a força para submetter os que assim lhe faltavam á obediencia.

A força, porém, do chefe achava-se reduzida e em minoria, mas a inferioridade numerica nunca acobardou espiritos fortes e da estatura moral de Fernão de Magalhães, que nascera, sem duvida, para dominar e não para ser dominado.

Era arriscada a empreza; tanto mais razão para não recuar. Se os seus capitães vallessem tanto como elle não recuariam como elle não recuava perante os perigos. Logo a superioridade de Magalhães era manifesta e de molde a não se intimidar com a attitude dos revoltosos.

Magalhães respondeu á notificação que lhe fizeram, ordenando que viessem a bordo da Trindade conferenciar com elle os tres chefes da revolta. Esta ordem, porém, não foi obedecida, tendo em resposta, que viesse Magalhães a bordo da Santo Antonio, onde todos se reuniriam para resolver.

Não havia que hezitar. Estava lançada a luva, e Fernão de Magalhães nem sequer pastanejou para a levantar. Fez tambem o seu plano para dar o golpe decisivo.

O alguasil Gonçalo Gomes de Espinoza era homem valente e decidido; pois iria elle e mais seis homens de confiança a bordo da Victoria, levar a ordem para Luiz de Mendonça se apresentar immediatamente no navio do chefe.

Levava instrucções particulares que haviam de permittir bom exito d'esta vez.

Espinoza acercou-se com a sua chalupa da Victoria e saltando no navio logo veio o commandante a quem elle entregou a ordem que levava. Luiz de Mendonça leu essa ordem, não sem occultar a desconfiança que lhe inspirava, mas emquanto a lia meditando sobre a resposta a dar, Espinoza tirou de um punhal que levava escondido e com elle lhe atravessou o pescoço. Luiz de Mendonça baqueou e um outro golpe descarregado na cabeça por um dos companheiros de Espinoza, deixou-o completamente morto sobre a tolda.

Ao mesmo tempo que se dava esta scena tragica, atracava á Victoria outra chalupa em que vinha Duarte Barboza com mais quinze homens armados, que Magalhães mandava, como prevenção para assegurar o triumpho dos que se tinham ido expor a uma lucta desegual com a gente d'aquelle navio.

Não foi, felizmente, preciso derramar mais sangue, pelo que diz Lopez de Recalde, na carta escripta á vista do processo que se instruiu em Sevilha em 1521, e que Herrera refere. Morto o commandante, a tripulação submetteu-se sem resistencia, e no mastro da Victoria foi içada a bandeira do triumpho.

Restava submetter Cartagena e Quesada, mas a sorte de Luiz de Mendonça influiu tanto no espirito dos dois capitães, que lhes quebrou o animo para tentarem desforra, em presença da firmeza do chefe.

Limitaram-se a tentar a retirada para Castella; mas nem isso conseguiram, porque as tres caravellas que estavam fieis a Magalhães, foram, por ordem d'este, fundear na entrada do porto, tirando aos revoltosos a esperança de poderem sahir com os seus navios sem experimentarem a artilheria dos contrarios.

Concertaram então outro plano.

Quesada tinha, como ficou dito, preso a bordo Alvaro de Mesquita, que era primo co-irmão de Magalhães, e pensou de o soltar para servir de medianeiro entre elle e o chefe da esquadrilha, afim de obter uma capitulação favoravel.

Alvaro de Mesquita, porém, logo desenganou Quesada, de que seu primo não transigiria; conhecia-o bem para esperar o contrario e toda a tentativa de conciliação seria completamente inutil.

Assim descoraçoados os dois capitães revoltosos, apellaram novamente para a retirada, projectando sahir do porto n'aquella noite, pondo na prôa de um dos navios o Mesquita, para d'ali parlamentar com Magalhães, segundo diz Herrera.

Pela noite a Santo Antonio levantou ferro e aproou para sahida, aproveitando a hora da maré, desferrando pano pouco a pouco, debaixo de grande silencio, com as maiores precauções. O vento, no porto soprava brando e só mais para o largo é que o mar, encrespado, indicava vento mais rijo.

Vencer a sahida era tudo, porque depois com boa refrega e pano largo, ganharia distancia não sendo facil colhel-a nenhum dos navios da esquadrilha.

Á cautela, Alvaro de Mesquita fôra mandado para a proa por Quesada, para d'ali parlamentar com Magalhães, se da Trindade dessem pela sahida da Santo Antonio, como era de prever. De facto assim aconteceu, mas o modo como da Trindade vieram á fala não deu tempo a parlamentar.

Esta caravella, assim que a Santo Antonio chegou ao alcance, rompeu fogo das peças e de mosqueteria, investindo para a abordagem.

Estava lá Magalhães que era tão ousado navegador como soldado. Mandando a manobra com precisão e incitando os seus homens ao combate, não tardou a abordagem e que estes saltassem no navio sublevado, ouvindo-se então, por entre o alarme da desordem e o estrondear dos tiros, vozes que perguntavam em alta grita:

– Por quem sois?

Da resposta a esta pergunta dependia a vida ou o exterminio dos sublevados, porque Magalhães e a sua gente não contemporisavam.

Quesada, por sua parte tambem incitava os seus homens á resistencia e ao combate, mas não inspirava á sua gente a mesma confiança que Magalhães, nem tinha o prestigio superior do chefe da esquadrilha.

Foi por isto que não teve meio de resistir á abordagem, e a resposta á pergunta que a gente da Trindade ia repetindo insistentemente: – Por quem sois? echoou na alma de Quesada como uma sentença de morte, ao ouvir gritar:

– Pelo rei nosso senhor e por vossa mercê!

Fernão de Magalhães triumphava mais uma vez dos revoltosos e affirmava o seu prestigio entre a gente que o acompanhava, fazendo perder a esperança de novas sublevações.

Quesada e todos os cabeças de motim foram presos, e o mesmo succedeu a Cartagena, capitão da Conceição, que humilhado se entregou.

Restava castigar os sublevados e esse castigo devia ser exemplar para que não viessem novas tentativas de revolta pôr em perigo a segurança e bom exito da expedição.

Consoante os tempos e a grandeza dos delictos, assim seria a severidade da punição.

Magalhães não hesitou na sentença.

No dia 4 de abril, o seguinte áquella noite de desordem, mandou Magalhães que o cadaver de Luiz de Mendonça, fosse posto em terra e ali esquartejado ás vistas de todos e apregoada a alta traição, que assim fôra punida.

Seguidamente foi instaurado a bordo da Trindade um processo, em que Alvaro de Mesquita formulou a accusação, sendo os alguazis e escrivães, que iam na esquadrilha, encarregados de fazerem o summario e inquerirem as testemunhas, o que tudo escripto deveria depois ser apresentado a El-rei, quando Magalhães regressasse a Castella, como prova justificativa do seu procedimento.5

D'esse processo resultou a sentença que condemnou á morte Gaspar de Quesada e Luiz Molino, creado d'este.

Passados tres dias, a 7 de abril, teve logar a execução.

Para esse fim foi armado na praia o patibulo e na presença de contingentes de todos os navios, decapitado o criminoso, servindo de carrasco o Luiz de Molino que por este preço adquiriu o perdão.

O corpo de Quesada tambem foi esquartejado e a sua traição apregoada.

Mas ainda não era tudo. João de Cartagena tambem devia ser punido assim como o capellão Pedro Sanches de La Reina, que tambem se averiguou ter conspirado contra o chefe da esquadrilha.

O castigo, porém, d'estes revoltosos, parecendo mais equitativo, nem por isso foi menos duro, pois que Magalhães os condemnou a ficarem abandonados em terra, onde não havia viveres apropriados nem gente.

É facil calcular as inclemencias que aquelles desgraçados soffreriam e quão duramente expiaram o seu delicto.

Se Fernão de Magalhães affirmou a sua auctoridade de forma tão cruel, deve-lhe ser levado em conta a rudeza dos tempos e a imperiosa necessidade que a isto o obrigou, para não vêr completamente perdida a sua gloriosa empreza.

X

Fernão de Magalhães conseguira, emfim, restabelecer a ordem na sua esquadrilha; mas, se não receava novas sublevações que contrariassem o seu proposito, contrariava-o a invernia com todos os rigores de suas tormentas, que não o deixava avançar na viagem de exploração.

A impaciencia principiava a apoderar-se do seu espirito, porque o tempo ia correndo sem resultado pratico que o animasse, tanto a elle como á sua gente.

Chegou o fim de abril e os rigores do inverno pareciam ceder ás instancias da primavera risonha e boa.

Tanto bastou para que Magalhães ordenasse um reconhecimento ao Sul da bahia de S. Julião, por onde julgava encontrar o almejado estreito ou passagem para os mares da India.

Encarregou João Serrão de ir, na caravella Santiago, a mais pequena da esquadrilha, fazer esse reconhecimento, para o que deu ao ousado piloto as instrucções necessarias, recommendando-lhe que seguisse sempre para Sul e parallelo á costa, porque assim encontraria o estreito.

Seguio João Serrão as instrucções de Magalhães, costeando cerca de vinte legoas, com tempo favoravel, e a 3 de maio encontrou-se na foz de um rio com mais de uma legoa de largura.

Seria a entrada do procurado estreito?!

É o que vamos vêr.

Era e é o dia 3 de maio commemorado pela egreja, que celebra a festa da exaltação da Santa Cruz, e Serrão commemorando aquelle dia deu ao novo rio o nome de Santa Cruz, que ainda hoje tem.

Abundava ali a pesca e os lobos marinhos e de tão grande tamanho como ainda não tinham sido vistos; dis Herrera que um d'aquelles animalejos despido da pelle, da cabeça e das gorduras, pesava desanove arrobas ou dosentos e oitenta e cinco kilos dos pesos actuaes.

Fez Serrão um reconhecimento á costa, mas não encontrou signaes do estreito, pelo que proseguio a viagem para Sul, continuando a seguir a costa. Um forte temporal, porem, surprehendeu os navegantes, a 22 de maio, transtornando-lhe o proseguimento da derrota.

Os escriptores que se referem a este successo divergem emquanto a datas e a victimas do naufragio, Diego Arana, porém, segue a ordem chronologica dos factos e estabelece aquella data, assim como descreve o naufragio e as victimas.

A tempestade foi tão violenta que rasgou todo o panno da caravella; a força do mar levou o leme e arrastou o navio á praia onde se fez em pedaços, mal dando tempo á tripulação se salvar, perecendo ainda assim afogado um preto escravo de Serrão.

Depois das luctas com os homens principiavam as luctas com os elementos, para o que era impotente toda a energia de Magalhães.

Dos homens triumphara elle até alli; da furia dos elementos era mais difficil e só uma vontade de ferro, disposta a vencer ou morrer, poderia alimentar a esperança de triumphar.

Da caravella Santiago apenas restavam despojos que o mar ia trazendo á praia, onde os naufragos se encontravam á conta de Deus, sem guarida nem conforto algum que lhes alentasse a vida! E comtudo grande distancia os separava dos companheiros, que esperavam o seu regresso, no porto de S. Julião.

Os naufragos depois de terem caminhado umas seis legoas, para alcançarem as margens do rio Santa Cruz, seis legoas que levaram quatro dias a percorrer, tal era o cansaço e fraqueza em que estavam, e para mais carregados de madeira, destroços do navio naufragado, com que haviam de construir uma jangada para atravessar o rio, chegaram emfim ás margens do Santa Cruz, quasi mortos de fadiga e de fome, pois que para se alimentarem apenas tinham as ervas que encontravam pelo caminho e alguns mariscos.

No rio Santa Cruz havia abundancia de peixe para se alimentarem, e construiram uma jangada com a madeira que traziam e assim, debaixo de grandes perigos atravessaram o rio dois marinheiros para irem participar o occorrido ao chefe da esquadrilha, que estava no porto de S. Julião.

Segundo diz Diego Arana, onze dias gastaram os dois marinheiros para chegarem a S. Julião e tão penosa foi esta jornada, sem terem quasi que comer, que ao apresentarem-se a Magalhães, nem este nem os mais companheiros os reconheceram, tão desfigurados vinham.

O tempo continuava tormentoso; as tempestades succediam-se não permittindo qualquer tentativa de navegação. Entretanto Magalhães não lhe consentia o animo deixar sem prompto auxilio os pobres naufragos da Santiago, e assim ordenou que logo partissem por terra 24 homens carregados de comestiveis, em soccorro d'aquelles desgraçados, proporcionando-lhes os meios de virem reunir-se a seus companheiros.

Não foi menos penosa a jornada d'estes 24 homens, sob os rigores do tempo e a selvageria dos caminhos. Para saciar a sêde tiveram que derreter gelo, pois não encontraram agua de beber, e apesar das difficuldades do caminho apressaram quanto poderam a marcha para mais breve soccorrerem os seus companheiros.

Dois dias levaram a atravessar o rio na jangada que haviam armado, e mais refeitos pela alimentação que tomaram lá se pozeram todos em marcha a reunirem-se á esquadrilha, sem perda de um só.

Este contratempo foi de bom aviso para Magalhães que reconheceu quanto era temerario o tentar proseguir em reconhecimentos da costa ou passar avante, emquanto não se acalmassem os rigores da estação.

A fidelidade e energia de Serrão tornou-se notavel, e Magalhães não o desconheceu pois que nomeou o ousado piloto, capitão da caravella Conceição, justo premio de quem tanto se tinha exposto e soffrido para bem cumprir as ordens do chefe.

Emquanto, porém, a esquadrilha invernava no porto de S. Julião, Magalhães foi aproveitando o tempo em reparar as caravellas e para isso mandou fazer em terra uma casa para forjas onde os ferreiros exercessem o seu officio. O frio, porém, era tão intenso que os operarios mal podiam fazer uso das mãos, chegando alguns d'elles a perderem os dedos gangrenados pelo frio!

Não podendo fazer reconhecimentos por mar, tentou Magalhães fazel-os por terra, e então mandou quatro homens armados para o interior a vêr se descobriam algumas povoações, onde se podesse fornecer de mantimentos; mas trabalho baldado porque a poucas legoas de caminho tiveram que retroceder por lhes faltar agua e comestiveis sem encontrarem viv'alma, o que lhes deu a convicção de que o paiz não era habitado.

4.Vida e Viagens de Fernão de Magalhães por Diego de Barros Arana.
5.Navarrete publicou este processo a pag. 10 do tomo IV da sua Coleccion.
Yaş sınırı:
12+
Litres'teki yayın tarihi:
28 mayıs 2017
Hacim:
90 s. 1 illüstrasyon
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