Kitabı oku: «Conquista Da Meia-Noite», sayfa 5

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— Devíamos voltar esta noite e assistir as apresentações, Davina. Esta noite promete ser muito divertida.

— Sim, Ma. — disse Davina um sorriso por fim crescendo. — Pois sim!

* * * * *

Um grito cortou a escuridão e Broderick MacDougal correu em direção ao som, a urgência dando um nó dentro dele. Ela correu da floresta em direção a ele, os cabelos vermelho-cenoura flutuavam atrás dela como uma bandeira, os olhos arregalados e cheios de terror.

— Broderick! — a jovem gritou.

Ela olhou para trás por cima do ombro, como se estivesse fugindo de algum monstro horrível. O corpo, magro e frágil, correu para os braços dele que a envolveu em um abraço reconfortante, acalmando a criança de rosto sardento.

— Calma, calma, mocinha. — Está segura, está sim.

Broderick se afastou para enxugar as lágrimas da menina, mas não era mais uma criança que tinha nos braços. Uma mulher madura, que se parecia com a criada, agarrava-se a ele agora, montes em cascata de ricos cabelos ruivos emoldurando seu rosto exótico. Os olhos cor de safira, vidrados com lágrimas, olhavam para ele com esperança, a boca em forma de arco trêmula e tentadora. Os seios fartos pressionaram contra o peito dele, e Broderick gemeu em resposta.

Um rosnado gutural ao longe o fez voltar a atentar-se a quem a perseguia. Afastando-se das árvores sombrias e carregando-a nos braços, ele se dirigiu para um banco de névoa branca no vale onde ela estaria segura. Ela aninhou a cabeça contra o peito dele, agarrando-se a ele, o calor dela infiltrando-se em sua carne.

Assim que alcançaram a segurança da névoa, ela pressionou a palma da mão em sua bochecha.

— Eu sabia que você voltaria. A rouquidão da voz dela intensificou o desejo agitando sua virilha.

Broderick deixou a figura dela deslizar para a frente dele e contra sua excitação, enquanto a colocava de pé. Ele gemeu enquanto acariciava as curvas dela, percebendo que a única barreira entre seu toque e a pele dela era um vestido de noite fino como um sussurro.

— Broderick, eu sabia que você voltaria. — ela exalou e tocou os lábios dele com as pontas dos dedos.

Broderick se inclinou e agarrou sua boca em um beijo faminto, e ela se abriu para ele, convidando-o a mergulhar em sua doçura. O contato físico por si só foi suficiente para despertar os desejos dele: o calor da pele, o cheiro de rosas e o sangue, o sabor da boca, o som dela suspirando seu nome; e ainda uma conexão mais profunda fez com que seu corpo respondesse com uma necessidade crescente que se estabeleceu em sua virilha. As mãos dele procuraram a bainha do vestido de noite dela, puxando o material até os quadris, onde Broderick alisou as palmas sobre os montes macios de seu traseiro. Levantando-a nos braços mais uma vez, ele a persuadiu a envolver as longas pernas ao redor da cintura dele, e seus dedos exploraram as dobras molhadas de sua fenda. Ela arfou e jogou a cabeça para trás, segurando os ombros dele.

— Sim, moça. — Broderick encorajou.

Ele brincou com o botão sensível, e ela empurrou os quadris contra a mão dele, grunhindo de prazer enquanto se contorcia em suas mãos.

Envolvendo os braços em volta do pescoço dele, ela fundiu os lábios aos dele, e o orgasmo saiu como um choro na boca dele. Estremecendo, ela interrompeu o beijo, ofegante e arfante

— Quero você dentro de mim, Broderick.

O membro dele cresceu de antecipação. Envolvendo o traseiro dela com um dos braços, ele desabotoou as calças, deixando a ereção saltar. Já molhada e pulsando por ele, ela deslizou em seu eixo com uma facilidade que enfraqueceu os joelhos dele, e ele caiu na grama fria, posicionando-a para que se sentasse no colo dele, enquanto ele se ajoelhava. Broderick segurou-a pelo bumbum, fazendo-a subir e descer enquanto enterrava o pênis bem fundo, e notou os lábios dela emitirem um sussurro com o nome dele. Com um aperto firme em seus quadris, ele se impulsionou mais fundo e mais forte, esfregando-a contra ele, não via como se cansaria desta mulher, chegando mais perto do clímax.

Com o hálito quente no ouvido dele, ela implorou:

— Diga meu nome, Broderick. — ela olhou nos olhos dele. — Davina. — ela encorajou. — Quero ouvir sua voz cheia de paixão quando diz meu nome.

Um sorriso se formou na boca dele que obedeceu com prontidão. Inclinando-se para frente, ele a deitou sob ele, inclinando os quadris dela para obter melhor acesso, e grunhiu contra seu cabelo.

— Davina! — Broderick MacDougal ergueu-se na escuridão de sua caverna, despertando do sono e massageando a ereção. Na escuridão, seus olhos vasculharam os arredores. Quando a névoa do sono diurno se dissipou da mente, ele relaxou e se deitou.

Um brilho de umidade cobria seu corpo, ele estava ofegante. Sonhos. Pareciam ser feitos para mortais, e mesmo assim, depois de tantos anos, ele teve um. Tocando seu eixo inchado, ele assimilou que não acordava com o membro rígido desde antes da transformação quase…

Ele parou e calculou.

Na verdade, já se passaram quase trinta anos desde que fiz a passagem?

O tempo escapava dele com tanta pressa. Ele franziu a testa. Desejou que algumas das memórias desaparecessem com a mesma eficácia. Ainda assim, não importa quantos anos se passavam, a dor do passado não diminuiria.

Sacudindo a cabeça para limpar as memórias que ameaçavam surgir, ele respirou fundo para dominá-las e refletiu o sonho. Um gemido longo e torturado escapou de seus lábios. De onde veio a visão detalhada? Ele sorria, desejando que tais imagens preenchessem sua mente toda vez que dormisse, embora se repreendesse por não ter terminado o ato e por não ter sido realizado. Que estranho ele sonhar com a jovem garota de rosto sardento cuja palma ele leu da última vez que estiveram nesta pequena cidade, e relembrar a juventude e inocência fez seu membro ceder.

Broderick riu da resposta de seu corpo.

Ele a viu o suficiente durante as muitas visitas que ela fez a Amice, então não era provável que ele a esquecesse. As viagens secretas à despensa com o irmão para roubar mel fizeram cócegas em sua mente. E a maneira como o coração dela batia forte no peito toda vez que ela o via. Bonita e inocente, ela estava destinada a partir alguns corações. Uma risada suave estremeceu dele ao se lembrar da previsão de Amice: Você tem o coração dela para sempre, meu filho.

Após tantos anos, quantos corações ela partiu? Quantos, de fato, se ela se transformou na bela visão adulta em seu sonho. Um rosnado predatório saiu dele, e seu eixo ressuscitou com a necessidade. Ela ainda estava aqui após todo esse tempo? Bem provável que estivesse crescida e cercada por uma ninhada de bebês. Se ela fosse esposa dele, e se o sonho fosse qualquer indicação de como ela seria em sua cama, a mulher estaria em estado perpétuo de gravidez. Ele já fora mortal.

Que sonho estranho de se ter após todos esses anos. Retornar para esse lugar desencadeou algum tipo de desejo de proteger a moça depois da fortuna que leu para ela? Ela viveu o futuro tumultuado que ele previu? Tais desejos de protegê-la devem ter sido muito fortes para provocar um sonho depois de tantas décadas.

Interessante.

Broderick se levantou para se vestir. Sua espada, folheada a prata, estava apoiada na parede de pedra, junto do banco tosco em que apoiara suas roupas, botas e sporran: a bolsa de couro que ele usava no cinto. Sua espada havia sido pensada e moldada para o confronto iminente com Angus Campbell, a lâmina foi trabalhada com prata, a única arma que ele sabia afetar um Vamsiriano. Embora não tenham aparecido ocasiões que requeressem seu uso nas últimas décadas, Broderick praticava com a lâmina, usando a força e velocidade imortais para manejar a arma de maneiras que nunca aprendeu como mortal. Segurar a espada nas mãos, desfrutar do peso da arma, dava conforto em um sentido mortal. Eram raras as vezes em que a levava com ele para o acampamento, entretanto, a deixava encostada na parede da caverna. Se Angus estivesse por perto, Broderick saberia.

Já vestido, ele saiu da caverna e inspecionou a floresta circundante. À frente da caravana de ciganos e sabendo para onde se dirigiam, ele encontrou a caverna que usou da última vez que visitaram Stewart Glen. Cavernas eram moradas ideais, mas não abundantes no terreno mais plano do extremo leste da Escócia. Felizmente, esta cidade ficava aninhada nos montes crescentes de terreno rochoso cobertos por uma floresta densa, perfeita para se esconder nas horas do dia. Broderick preferia algo como uma caverna, ou moradia abandonada, algo que exigisse pouca preparação. Por outro lado, se não estivessem disponíveis, e a área não parecesse segura, cavar às vezes se tornava necessário. Uma tarefa que Broderick detestava porque se assemelhava demais a um túmulo. Ele sabia dormir no transe dos mortos-vivos durante a luz do dia, mas mergulhar na terra nestes momentos não era o lembrete de que ele precisava, aterrorizador demais para o gosto dele.

A baixa agitação da Fome picou suas entranhas. A imortalidade trazia benefícios, mas não deixava de ter seus males. Embora ainda pudesse comer, comida normal não fazia nada por ele. Os Vamsirianos precisam se alimentar de sangue humano. Não porque a falta de sangue seria fatal, algo que Broderick descobriu cinco anos após fazer a travessia, durante a própria jornada pessoal para descobrir suas limitações, apesar do conselho de seu mentor, Rasheed. Essa jornada pessoal deu vantagens a Broderick sobre seu mentor e os outros Anciões, e ele escolheu manter as aulas particulares em segredo para manter essa vantagem. Os Vamsirianos provaram ser uma raça suspeita. Um estado de espírito contagioso, Broderick admitia com relutância. Mais uma vez, o passado tentou ressurgir, e ele afastou o medo crescente. Chega de repassar sua história. Chegara a hora de satisfazer a Fome.

Os pelos de sua nuca arrepiaram, e Broderick disparou os olhos pela floresta. Esta sensação específica provou ser algo que ele não vivenciava há anos. A presença de outro Vamsiriano. Baixando-se de volta para a caverna, Broderick embainhou sua espada e abriu os sentidos para a experiência: fechou os olhos e analisou a área ao seu redor. O ar frio da noite tocou suas bochechas, e um frescor levemente familiar ondulou por seus membros.

Angus.

Broderick determinou a direção da presença e disparou pela floresta, árvores e arbustos passando como um borrão. Embora sentir a presença de sua espécie não fosse uma habilidade exclusiva dele, qualquer Vamsiriano poderia sentir o espírito de outro, ele levou muitos anos para aumentar o alcance desta habilidade para além de quaisquer outros a quem ele conheceu. Essa era uma das vantagens escondidas de seu mentor. Enquanto perseguia, ele se virou para um lado e para o outro assim como a presença, certo de quem quer que fosse, estava ao alcance do que Broderick chamava de limite padrão. Para surpresa de Broderick, ele perdeu o rastro da presença aos poucos. Fechou os olhos e ampliou a percepção. Nada ainda. Broderick apertou a mandíbula em derrota.

Uma busca rápida na área imediata revelou um covil, um buraco profundo cavado no chão, a entrada escondida atrás de uma grande pedra na qual apenas um de sua espécie teria força para se mover. Broderick mal conseguia ficar de pé no interior do abrigo e a largura era apenas o bastante para alguém de seu tamanho conseguir dormir. Broderick olhou para a roupa de cama de lã e linho na penumbra, sua visão imortal dando-lhe a capacidade de distinguir os poucos pertences pessoais. De quem quer que fosse o covil, não deixou muitas pistas para dar a Broderick… exceto uma. O cheiro picante que ele sentiu vindo da cama parecia vagamente familiar.

Broderick balançou a cabeça e deixou o covil. Não poderia dizer com certeza se pertencia a Angus. Muitos anos se passaram para que tivesse certeza de que a essência que sentia ou cheirava era mesmo o seu inimigo. Este buraco poderia muito bem abrigar outra criatura, alguém que ele pode ter conhecido em suas muitas viagens. O dono não ficaria satisfeito em encontrar o esconderijo demolido, então, até ter certeza, ele deixaria como estava. No entanto, assimilou a localização e se virou para voltar em direção à aldeia de Stewart Glen. Ele ainda precisava se alimentar.

Os ciganos montaram acampamento na orla da floresta que circundava a pequena cidade de Stewart Glen. Ergueram tendas, descarregaram as carroças e exibiam mercadorias para a próxima quinzena de troca, mendicância, apresentações e até mesmo alguns roubos. Ficariam por mais tempo se houvesse um fluxo constante de visitantes dispostos a gastar dinheiro. Ou se pudessem encontrar trabalho nas fazendas, mas a colheita havia acabado, então o trabalho seria escasso. Até mesmo o tempo poderia mantê-los na região, contudo, em geral, estadas longas deveriam ser evitadas. Não era desejável desgastar o acolhimento deles. Poucos lugares acolhiam os ciganos nestes tempos difíceis de peste e pobreza.

O céu escurecido permitia que as fogueiras e tochas iluminassem o acampamento com uma luz amarela dançante. Broderick esquadrinhou as muitas tendas e carroças enquanto se aproximava do assentamento, esmiuçando a extensão para encontrar a localização de Amice e Veronique. Lá estava o vagão místico. A tenda cedeu, e Broderick gemeu. Ele havia mostrado a Veronique várias vezes como ajudar Amice a erguer a tenda. Ela precisava começar a assumir mais responsabilidades. Estava sendo preguiçosa ou armar a tenda da maneira correta estava além de suas capacidades? Quantas vezes mais ele precisaria mostrar como completar a tarefa? Ele balançou a cabeça. Pelo menos a tenda delas estava aninhada em um bom ponto de observação, à margem do assentamento — perto da cidade de onde viriam os aldeões que os visitariam. Uma fogueira convidativa queimava com um brilho quente, e Broderick caminhou até a tenda onde ele pôde ver a sombra de Amice se preparando para a noite de leituras.

C'était lafille. — Amice disse baixinho, seus ouvidos imortais captando a voz dela mesmo a esta distância. — Estou certa de que era ela.

Broderick parou na abertura da tenda. A figura curvada da idosa se movimentava, arrumando a mesa e os bancos e acendendo as lamparinas a óleo. A natureza protetora de Amice o acolhia como uma mãe, e ele franziu a testa. Ela assimilou algo do passado dele, mesmo que ele jamais contasse detalhes de sua própria história. Ela havia pescado algumas passagens de sua vida ao longo dos anos. Imagens que ela captou dele antes de o ensinar a controlar os próprios pensamentos. A língua de Broderick era escorregadia em suas conversas, de modo que revelava mais detalhes de suas tragédias. Como resultado, ela acreditava que sabia do que Broderick precisava.

Ele entrou na tenda e deu um abraço na senhora.

Bon soir, Amice.

— Boa noite, meu filho. — ela respondeu em francês, retribuindo o abraço e continuando a arrumar a mesa. Ela acendeu o incenso e soprou as brasas até ficarem vermelhas. Agora perto o suficiente, Broderick podia ouvi-la pensar.

Não devo mencioná-la. Ele não vai ouvir. É melhor não a mencionar em momento algum.

Broderick veio por trás de Amice e sussurrou em seu ouvido:

— Está planejando me casar, hein?

Ela se virou e o encarou. Ele saltou para trás para evitar a repreensão do dedo dela.

— Fique longe dos meus pensamentos, Broderick MacDougal! Eu não invado sua mente! Espero a mesma cortesia!

— Ouvi suas palavras quando me aproximei. — protestou ele. Seus pensamentos eram somente dela, e Broderick sabia que ela abominava a invasão de privacidade, mas não pôde deixar de provocá-la. Esses jogos mentais eram bastante inofensivos. — Tão feroz para uma velha! E quem você tem em mente?

— Nunca deveria ter ensinado a você como aperfeiçoar seus poderes mentais!

— Ganhamos muito dinheiro para você dizer o que diz. — ele riu.

— Continue invadindo minha mente e veremos o quão feroz posso ficar! Vou lançar um feitiço em você, e você… vai se apaixonar por uma galinha! — ela assentiu com fervor.

Broderick conteve o riso diante da ameaça ridícula pelo tempo que conseguiu, os lábios cerrados com força, mas no fim, uma enxurrada de risadas saiu dele.

— Não escolhi me esconder entre os ciganos para passar a eternidade ao lado de uma galinha! E que diabos fez você pensar em tal punição? — ele balançou a cabeça, ainda rindo.

Amice riu da própria maldição disparatada, sua figura curvada rindo como uma garotinha. Balançando a cabeça, ela respirou fundo e ganhou controle da risada.

— Foi a primeira coisa que me veio à mente. — com um tapinha no rosto dele, ela disse: — Por favor, firme bem nossa barraca antes de partir. Sei que precisa se alimentar.

— Sim.

* * * * *

Chuva batia em seu rosto, a cabeça jogada para trás e os olhos fitando as nuvens cinzentas. Muito fraco para se mover, muito fraco até mesmo para levantar a cabeça, a respiração saía dele, superficial e trêmula. Com a cabeça girando, ele não conseguia se orientar. Piscando os olhos, ele tentou clarear seus sentidos. Ele sangrava. O corte na coxa drenava sua vida em meio ao campo de batalha. Um movimento com o canto do olho fez seu coração fraco bater mais forte. Bigodes oscilantes e um nariz se contraindo pareciam maiores do que a vida tão perto de seu rosto. O pelo úmido do rato emaranhado como pregos que pingavam a água, e seus bigodes que faziam cócegas em suas bochechas. Ele podia sentir os pés minúsculos rastejando pela barriga cortada, outro ao redor da perna ferida. Com toda a força que pôde reunir, ele soltou um grito torturado por entre os lábios trêmulos.

Sentando-se na cama, o suor escorrendo do nariz, saiu do pesadelo, respirando fundo para acalmar o coração acelerado.

Mãos calejadas esfregaram seu peito nu, e ele se assustou com as sensações ásperas, muito parecidas com as dos ratos.

— Calma, calma, amor. — a voz rouca o irritou. — É apenas mais um pesadelo.

Ele estremeceu e se virou de lado, para longe dela. Ela fazia sua carne se arrepiar, mas era um meio para um fim. O nariz dele enrugou devido ao colchão de palha mofado na cama enquanto ele se enrolava em posição fetal.

Não falta muito, ele se consolou. Só mais uma semana ou mais, e eu estarei livre.

* * * * *

Os edifícios que abrigam as lojas e outros comércios de Stewart Glen pendiam com um julgamento opressor acima de Broderick que caminhava pelas ruas estreitas de paralelepípedos. Ele caminhava ereto, recusando-se a se render ao escrutínio dos outros. O pequeno vilarejo de Stewart Glen havia crescido nos últimos nove anos, muito bom para ele, pois aumentava suas chances de encontrar as almas malévolas que usava para se alimentar. Uma espessa umidade pairava no ar frio, tornando tudo desbotado e gasto. Seus passos não faziam barulho nas pedras, e ele procurava algum movimento nas sombras. Um grito abafado saiu da escuridão distante. Brigas e choramingos alcançaram sua sensibilidade. Uma voz áspera apunhalou sua compaixão. Ele deu passos à frente.

— Você me deve! Agora diga, onde está?

O som inconfundível de uma mão atingindo um corpo, como um corte de carne batendo em uma placa de mármore, ecoou na escuridão. Quando Broderick dobrou a esquina da construção para entrar no beco, ele parou à margem das sombras. Um homem do tamanho de um ogro estava parado ao lado de uma criança abandonada, agachada em um canto, os braços do menino acima da cabeça, tentando se defender do agressor.

— O que quer que pense que ele tem — disse Broderick, interrompendo o homem. —, tenho certeza de que ele já teria dado a você.

O rapazinho se atreveu a espiar entre as pernas musculosas do homem à sua frente. O rosto do menino estava inchado e pulsava em vermelho, o olho direito inchado e fechado, seus lábios rachados e sangrando. A Fome se agitou, mas Broderick manteve a sede de sangue sob controle.

Por mais que Broderick conhecesse esse tipo de abuso, os resultados de tal brutalidade ainda o chocavam. Broderick entrou no beco e se ergueu diante do homem.

Ouviu as reflexões do homem. Recuperando seus sentidos pelo choque de ser confrontado por alguém, o homem avaliou o corpo maciço de Broderick e se encolheu.

Eu posso dominá-lo, o homem considerou, estufou o peito e colocou o dedo no ombro de Broderick.

— Não é da sua conta! Agora dê meia-volta e esqueça o que viu ou…

Broderick agarrou a mão do homem que o cutucava, esmagando os ossos como gravetos secos e colocando-o de joelhos. Ele o olhou com nojo. Dois momentos antes, este homem estava ao lado de uma criança indefesa, sem nenhuma consideração por ela. Agora o covarde choramingava e implorava pela própria vida, sentia o gosto de sua própria brutalidade.

Broderick soltou a mão, agarrou-o pela frente de sua camisa manchada de graxa, e o ergueu do chão, trazendo o rosto do homem muito perto do seu. Os sons e cheiros do medo tocavam como uma sinfonia diante dos sentidos de Broderick. Fechando os olhos, ele apreciou a melodia. O coração do homem batia pleno de medo, o sangue atravessava o corpo em ritmo célere, calor dominava sua pele. Inalando profundamente o calor que acariciava o rosto e as narinas de Broderick, ele deu boas-vindas à Fome que crescia dentro dele, e uma picada familiar fez cócegas em suas gengivas enquanto seus incisivos se alongavam. Seu corpo tremia de desejo por sangue. Broderick rosnou para o homem, muito disposto a apaziguar a Fome interna. Sorrindo de satisfação, ele expôs as presas para o homem ver.

O covarde arregalou os olhos e empurrou e chutou Broderick, tentando escapar, os gritos horrorizados vibrando pelo beco. Mas assim que os gritos foram dados, Broderick jogou o homem contra a parede, silenciando-o. Gemendo com o impacto, ele se contorceu em agonia no chão do beco. Broderick colocou o homem de pé, a vítima agora mais complacente, e agarrou o rosto dele, forçando-o a olhar em seus olhos. Virando o rosto para o lado, Broderick afundou as presas na garganta do homem.

Alimentar-se dessas vítimas garantia acesso total às memórias de suas vidas. Assim que Broderick se alimentava de alguém, nenhum segredo era mantido. Ele descobria tudo o que havia para se saber dessas pessoas até aquele instante da alimentação. E, em momentos assim, ele gostaria de bloquear algumas dessas experiências. Que imagens horríveis Broderick testemunhava! Embora este homem tenha sido uma vítima quando criança, ele cresceu e passou a molestar e abusar de crianças de todas as idades, de ambos os sexos. E o pior de tudo, ele comandava um pequeno grupo de crianças da grande cidade de Strathbogie, vendia seus corpos para lucrar em cima de homens e mulheres dementes da corte, classes nobres que vibravam com o prazer de conhecer o corpo de uma criança. A criança que estivera no beco esta noite era uma das poucas vítimas dele em uma rede recém-instalada aqui em Stewart Glen.

Broderick preencheu a mente desse homem com imagens aterrorizantes do inferno, demônios e tortura eterna, o tipo de tortura e abuso que este homem deu a essas crianças. Broderick queria drenar este homem até não haver mais sangue em seu corpo. Entretanto, antes que Broderick pudesse reclamar a vida dele, freou a Fome e se forçou a parar, deixando o homem cair no chão. Broderick esgotou o homem mais do que deveria, e ele imaginou que a recuperação seria mais longa do que o normal, mas ele parou de se alimentar a tempo. O ponto sem volta ainda não havia sido alcançado. Se o homem temesse seu possível futuro, como Broderick esperava que fizesse, ele se esconderia por um tempo para se resguardar e recuperar a saúde. Ele iria viver. Broderick bufou. Se a sorte tivesse alguma influência, o homem não seria capaz de viver com seus pecados e tiraria a própria vida. Embora Broderick pensasse que a morte deste homem seria justiça, acabar com sua existência lamentável não era seu direito.

Virando-se para o menino, Broderick deu um passo em direção a ele, mas ele se agachou ainda mais no canto.

— Sei que isso o apavorou. Por favor, acredite em mim quando digo que não vou machucá-lo.

O rapaz permaneceu imóvel.

Broderick tentou pela segunda vez, mas nenhuma tentativa de conquistar o garoto prevalecia. Porém, não poderia deixar a criança seguir com memórias tão horríveis. Como uma cobra atacando, Broderick arrancou o rapaz das sombras e o segurou nos braços. Antes que o menino pudesse entender e gritar, ele pressionou a palma da mão contra a testa do menino e fechou os olhos. Com concentração cuidadosa, ele embalou a criança a um sono profundo.

— Não se lembre de nada, rapaz. — Broderick sussurrou, limpando a experiência da jovem mente.

Colocando a forma inerte da criança no chão do beco, Broderick avaliou seus ferimentos. Tirando sua adaga do sporran, Broderick cortou a palma e derramou gotas de seu sangue imortal nas feridas da criança, como um unguento. Em instantes, as feridas cicatrizaram como se nunca tivessem estado lá. O corte de Broderick sarou com a mesma velocidade, e ele reabriu a lesão mais de uma vez para continuar a cuidar dos ferimentos. Assim que terminou, Colocou o rapaz de volta no canto com uma mão gentil, enrolando-o em uma posição mais confortável para dormir, e então colocou alguns lingotes no bolso dele. O rapaz acordaria da provação como se a experiência fosse um pesadelo terrível. Sua única razão para reflexão seriam as moedas encontradas no bolso.

Virando-se para o covarde ainda deitado imóvel no beco, Broderick perfurou o próprio polegar e esfregou seu sangue imortal nas duas feridas de punção no pescoço do homem. As feridas desapareceram como fumaça se dissipando com o vento. Broderick ergueu o homem por cima do ombro e o carregou até o limite da cidade. Não o queria perto do garoto quando ele acordasse. Com pouco remorso, jogou o homem nos arbustos ao longo da estrada que levava ao norte para Strathbogie.

Quando Broderick voltou ao acampamento cigano, Amice o saudou com a testa franzida.

— Está tudo bem, meu filho? Você parece incomodado.

— Sim, Amice. Está tudo bem.

Broderick forçou um sorriso e beijou Amice no topo de sua cabeça, desaparecendo na tenda. Amice reconhecia o humor dele, mas também sabia quando manter distância. Ela não iria segui-lo até a tenda e pedir mais informações.

Broderick fechou os olhos e amaldiçoou suas emoções. A ira que ele permitiu que reinasse livre sobre sua vítima esta noite mostrou sua própria incapacidade de prosseguir centrado na pessoa que sentia.

Ele ainda merecia o que recebeu.

Abrindo os olhos, ele caminhou pela tenda, inquietação formigando em seus membros. Um homem taciturno e daquele tamanho nada fazia para ganhar a confiança dos clientes a ponto de serem generosos com os pagamentos, então ele parou um momento para acalmar a mente e se preparar para a noite da adivinhações, certificando-se de manter os sentidos alertas. Broderick estava sentado atrás da pequena mesa de cavalete com os olhos fechados e os braços cruzados. Respirando fundo e tranquilo, ele imaginou a tensão deixando seu corpo como areia por uma peneira.

Sim, libere tudo.

Meditar sobre seu sonho seria uma boa distração. Um sorriso malicioso se formou em seus lábios.

* * * * *

— Davina! — Lilias chamou, puxando a atenção de Davina para longe da exibição surpreendente de um homem colocando uma tocha de fogo na boca. Lilias se postou diante de uma cigana, cujos braços estavam repletos de fitas penduradas, e fez sinal para que Davina fosse até ela.

Com muita relutância, Davina se afastou da apresentação e se arrastou até onde Lilias falava com a cigana abarrotada de fitas.

— Ora, estes parecem muito melhores do que as que vimos no início desta tarde. — Davina concordou.

Lilias adorou a riqueza de cores, a variedade de tecidos e padrões, e escolheu o máximo que pôde colocar em sua bolsa. Ela pagou a comerciante, e ela e a filha caminharam até as outras tendas, admirando as bugigangas e mercadorias de todos os cantos da terra. Todo o tempo, Davina manteve os olhos abertos para a velha cigana e sua carroça mística. Para onde Rosselyn havia se dispersado, ela não sabia.

Lilias e Davina observaram as finas habilidades de um amolador de facas que afiava uma lâmina até ficar brilhante, e então seguraram as bolsas perto do corpo quando Lilias viu um rapaz cortando um saco de moedas do cinto de um homem. Davina varreu com os olhos uma mesa cheia de broches e alfinete de todos os desenhos e joias. O comerciante se inclinou com um alfinete em mãos, tentando induzi-la a comprar a joia, mas Davina recusou com um aceno educado de cabeça ao tocar o broche que Kehr lhe deu e que prendia a capa nos ombros. Uma melodia triste saiu do “O” perfeito da boca de uma minúscula cigana, o avô idoso segurava uma xícara de lata amassada com a mão nodosa, acenando para os muitos transeuntes. Davina jogou alguns lingotes no copo.

Enquanto Davina e Lilias continuavam pelo labirinto de atividades, um homem chutou uma bola de argila do tamanho de um melão para fora do fogo que queimava ao lado de sua carroça, a bola rolou a frente delas, assustando-as. Ele se aproximou com desculpas e pegou a bola quente com um pano, trazendo-a de volta para seu assento. Davina desviou em direção a ele quando ele quebrou a bola de argila com uma pedra. Pegando a faca do chão ao lado dele, ele cortou a bola, revelando um centro branco e úmido. Davina deu mais um passo em direção a ele, examinando o trabalho.

— O que tem aí, senhor? — ela perguntou.

— Ouriço assado. — respondeu ele, oferecendo um pedaço de carne na ponta da adaga. — Gostaria de experimentar, milady?

Lilias torceu o nariz.

— Ai, não, Davina! — ela agarrou a mão estendida de Davina e olhou boquiaberta para o cigano como se ele estivesse louco. — Obrigada, mas não!

Davina riu da relutância da mãe. — Oras, Ma! Seja ousada! — Davina pegou a carne oferecida e soprou para esfriá-la um pouco, ela fungou e ficou com água na boca. — Ó meu Deus, o cheiro é divino! — colocando o pedaço na boca, ela explorou o novo sabor com uma mastigação lenta e deliberada, saboreando o teor suculento. — Quase como um coelho.

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Yaş sınırı:
0+
Litres'teki yayın tarihi:
27 ağustos 2021
Hacim:
401 s. 2 illüstrasyon
ISBN:
9788835427070
Tercüman:
Telif hakkı:
Tektime S.r.l.s.
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