Kitabı oku: «Cian», sayfa 5

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– Qual é o nome da garota? – perguntou Magnalana.

– Bem… – Cian hesitou, sua mão com a tesoura pousando no meu ombro – Eu acho …  – Ela começou de novo.

Eu olhei para ela e vi em seu rosto um conflito de sentimentos.

Que estranho, pensei e não traduzi nenhum de seus falsos inícios.

Cian raramente era incomodada por emoções, só a vi por três vezes perturbada. A primeira foi depois que ela encontrou os ossos de sua mãe na rede podre da vila, e a segunda vez foi quando eu a encontrei, sozinha em nossa cabine no navio, soluçando e esfregando o toco de sua perna direita.

Ela estava no meu beliche, onde preferia dormir quando era meu turno. Trouxe-a para os meus braços, mas não falei nada. Cada vibração e tremor do corpo de Cian era tão familiar para mim quanto os meus; ela queria conforto, não conversa. Depois de alguns minutos, ela limpou as bochechas e me beijou. Ela se sentou e eu a ajudei com o suporte de couro que ela havia formado para a perna. Foi projetado para amortecer a extremidade de seu membro de madeira depois de ter sido preso pelas tiras que envolviam seu joelho e a parte inferior da coxa.

– Dói frequentemente? – eu perguntei.

– Sim. – Ela afastou os cabelos do rosto enquanto terminava com as tiras de couro – Especialmente quando o tempo está mudando.

Esse era o máximo da extensão de qualquer reclamação que eu alguma vez ouvira dela.

– O barco salva-vidas está vazio?

Ela pegou minha mão e a pressionou contra o peito.

Em resposta, eu apenas sorri e a conduzi porta afora, depois seguimos à popa de estibordo, onde um barco salva-vidas de seis metros estava preso ao convés, com a lona solta em uma extremidade.

Uma criança impaciente nos levou de volta ao telhado da casa do leme e à história de Cian. Tão rapidamente quanto seu rosto pesara, ela afastou as lembranças com um aceno do pente e voltou a cortar.

– Vamos chamar a garota de Ravana.

– Esse é o nome verdadeiro dela? – perguntou Magnalana.

– Eu acho que o nome dela é Kate – disse Rachel.

– Não, Kate não. – disse Magnalana – Você acha que é sua mãe, Kaitlin?

–Não, eu não. Só gosto de Kate.

– Bem – disse Magnalana – Acho que Sierra é um bom nome para uma garota nativa.

– Desculpem, por favor. – Foi a primeira vez que Billy falou e isso nos pegou de surpresa – Eu acho que o nome dela é Cian.

Assim que olhamos para o garoto e sua estranha declaração sobre o nome da garota na história, tivemos que nos voltar para Cian e ver se ela refutaria uma ideia tão ridícula como a que o garoto sugerira.

Cian nos ignorou categoricamente, ela apenas colocou as mãos nas minhas têmporas, gentilmente virando minha cabeça para frente e continuou cortando meus cabelos. Ela ficou em silêncio por um momento antes de retomar sua história, deixando-me, e talvez às crianças também, para pensar se essa história era realmente ficcional. Cian era uma contadora de histórias talentosa, e eu suspeitava que ela estivesse tecendo um pouco de melodrama apenas para adicionar emoção à sua contação.

–Ravana viu, imediatamente, que a onça-pintada estava perto da morte, e ela sabia que se a mãe morresse o gatinho também morreria.

– Qual era a idade de Ravana? – perguntou Rachel.

– Ah, ela deveria ter onze temporadas, talvez doze —respondeu Cian —A selva fornece muitas coisas para comer, mas a única coisa que não pode dar é o leite materno. O bebê ainda não tinha idade para comer carne e, sem a mãe para alimentá-lo, ele certamente morreria.

– Onde estava a mãe de Ravana? – perguntou Magnalana – Talvez ela possa ajudar.

– Kasan, esse era o nome de sua mãe, havia deixado a vila naquela manhã. Ela foi às colinas de Calva para colher raízes de amora. Como você vê, Kasan era uma curandeira e precisava das raízes para fazer um preparado para as articulações duras e doloridas do velho chefe. As amoras crescem apenas no lado da tarde das colinas de Calva, então seria noite antes mesmo que ela voltasse. Na sua ausência, ela dissera à filha que ela, a menina, deveria entrar na floresta e reabastecer o suprimento de folhas, castanhas e raízes medicinais. A garota pegou sua bolsa de remédios e, quando sua mãe saiu pela trilha norte que levava às colinas de Calva, Ravana caminhou pela trilha sul que levava às margens do rio Mãe.

– O que é esse Rio Mãe, afinal? – perguntou Magnalana.

– Esse é o significado de Amazonas, sua bobinha – disse Rachel – Eu acho que você sabe qual é.

– Ah.

– Ravana juntou folhas a manhã toda e, ao meio-dia, acendeu o fogo e espalhou as folhas para secar nas pedras planas que havia arrumado ao redor da fogueira. Então ela espetou os quartos traseiros de uma anta que ela havia flechado mais cedo e inclinou a carne perto das chamas para assar enquanto ia a um riacho próximo pegar água. Após a refeição, ela examinou as folhas e descobriu que precisavam de mais tempo no fogo. Então, ela colocou o restante da anta em sua mochila de caça e pegou sua bolsa de remédios, pois sabia que nunca deveria deixar a valiosa bolsa muito longe de seu alcance. Ela então passou o arco por cima do ombro e deixou as folhas secando enquanto seguia descendo o Rio Mãe. Parava ocasionalmente para cavar raízes de urucum e, no final da tarde, alcançara a pequena clareira de grama marrom e quebradiça nas margens do rio.

Nesse ponto, Cian tirou alguns cabelos da minha bochecha e, com um floreio de mágico, tirou o pano dos meus ombros.

– Prontinho, acabamos.

– Não, não! – as três crianças choramingaram.

– E Tribi-Leya?

– Temos que ouvir o resto!

– Mas não há mais cabelo para cortar e em breve será a hora da janta.

– Corte o meu, corte o meu – disse Magnalana enquanto me puxava do banquinho e tomava meu lugar —Nós não estamos com fome mesmo.

– Oh, não, querida – Cian disse enquanto deixava de lado suas ferramentas e pegava os cachos longos e macios em suas mãos – Seu cabelo nunca deve ser cortado.

– Mas eu não preciso mais dele – Corte como fez com o do Sr. Saxon – implorou a garota puxando a ponta do pano de vela para cobrir os ombros —Queremos mais história.

– Bem – disse Cian – aqui está o que devemos fazer. Depois do jantar, se todos vocês comerem toda a sua comida, e  ajudarmos a senhorita Kaitlin e a senhorita Cleópatra com a limpeza da cozinha, sentaremos à mesa da cabine, tomaremos um chá e voltarei a falar sobre Tribi-Leya e… – ela fez uma pausa, franzindo a testa.

– Ravana – eu a lembrei.

– Sim – disse ela – e Ravana.

– Oba! – as crianças gritaram e saíram correndo para esperar junto à porta da cabine.

Capítulo Onze

Depois que os pratos foram lavados, a comida foi guardada nas dispensas e o fogo da cozinha apagado, alguns dos adultos conversaram sob café e xícaras de chá fumegantes. A maioria dos outros, depois de elogiar Kaitlin e Cleópatra por uma das melhores refeições que já haviam feito no mar, se retirou para suas cabines ou saiu para o convés desfrutando de um último passeio na brisa suave de verão.

As crianças se organizaram em torno de Cian, enquanto o capitão, dona Lilian, Cleópatra, Dortworthy, Kaitlin e eu nos sentávamos à mesa e conversávamos sobre o mar, o Borboleta e o quão agradável a viagem havia sido até agora. Enquanto ouvia os outros, fiquei maravilhado com o quão próximos nos tornamos, pelo menos a maioria de nós, em apenas quinze dias. Éramos muito parecidos com uma família numerosa, conversando sobre os outros e sobre nós mesmos, como se pode discutir sobre irmãos, irmãs e primos. Tudo era muito agradável e confortável até que de repente fomos silenciados por Magnalana, seu dedo repousava sobre os lábios quando ela chamou nossa atenção para Cian.

– Bem – disse Cian, percebendo que todo mundo estava olhando para ela – onde foi mesmo que eu parei?

– Ravana tinha Tribi-Leya nos braços e Miki-Leya queria matá-la… – Rachel disse.

– Então Miki-Leya caiu na grama porque sua perna doía muito. – Magnalana fez um beicinho com seu lábio inferior e entristeceu os olhos.

Billy concordou com a cabeça.

– Ah sim – disse Cian.

Ela não se incomodou com a presença de vários adultos querendo ouvir sua história, eles pareciam ansiosos para saber o que ela tinha a dizer. Ou eles ouviram falar de suas habilidades para histórias ou as crianças lhes contaram sobre a primeira parte, de qualquer maneira, um bom entretenimento é raro no mar. O capitão me passou sua bolsa de tabaco quando Cian começou.

– Como vocês se lembram, a mãe de Ravana era curandeira da vila e Ravana fora sua assistente por quase duas temporadas e reconheceu imediatamente que o quadril de Miki-Leya estava infecionando pela ferida de flecha. De fato, a ponta da flecha ainda estava no quadril, com o eixo quebrado visível logo acima da ferida. O veneno havia se espalhado e a garota ficou surpresa que o grande gato ainda estivesse vivo. Ela viu homens morrerem por muito menos. Ela também se viu involuntariamente pegando sua bolsa de remédios.

Como antes, Rachel e eu traduzimos para os outros, então Cian teve permissão para falar em seu próprio idioma. Ainda não reconhecíamos muitas palavras, e Cian nunca se cansava de explicar para nós dois, em termos mais simples, o que estava acontecendo. Nós, bem, Rachel, muito mais do que eu por causa de sua mente jovem e ágil, transmitimos o sentido aos outros ouvintes. Então, evidentemente, alguém perguntaria em português ou espanhol o que uma palavra francesa em particular significava. Ah, quanto burburinho e mistura de línguas havia, até que, finalmente frustrada, a pequena Magnalana ruiva batia na mesa e dizia

–Tá bom, nós entendemos, e depois, o que aconteceu?

Nessa explosão, Cian deu a Magnalana um olhar vesgo de macaco, o que lhe rendeu uma língua esticada da garota em troca, seguida por um riso e um sorriso extremamente fofo de ambas antes que Cian continuasse a história.

–Ravana sabia que poderia fazer um emplastro para tirar o veneno da ferida, mas seria tarde demais? E Miki-Leya permitiria que ela se aproximasse o suficiente para limpar e inspecionar a ferida?

O grande felino estava deitado ao seu lado, ofegante com tamanho esforço. A garota, depois de puxar a bolsa de remédios, também ficou imóvel e com medo enquanto seu coração continuava batendo forte com o a ameaça de ataque. O gatinho era o único que não era movido por suas emoções, parecia ter apenas fome. Ele se aconchegou no pescoço de Ravana, instintivamente buscando por alimento com sua pequena língua.

Ravana acariciou o gatinho e se entregou ao seu miado suave, tentando confortá-lo. A Amazônia estava escura agora, mas ela sabia que a lua cheia logo iluminaria o dossel da floresta tropical para banhar as margens do rio com sua luz pálida. Ela deveria esperar.

Cian parou para tomar um gole de chá.

–E a mãe de Ravana? – perguntou Rachel – Ela vai ficar preocupada.

– Sim – disse Cian, largando a xícara – mas sua mãe ainda não havia voltado para a vila e os demais habitantes pensavam que Ravana a acompanhara. Então os homens foram em direção às colinas de Calva, procurando por elas.

– Oh não – disse Magnalana.

– Ravana estava muito sozinha nesta noite, agora que a lua espiara por cima das copas das árvores, ela decidiu o que devia fazer. Para preparar o cataplasma, ela precisaria de fogo, e sabendo que uma fogueira poderia assustar o grande felino, ela se afastou silenciosamente, mantendo o gatinho nos braços enquanto puxava a bolsa de remédios.

Não estando muito distante, ela se levantou e correu de volta onde havia acendido fogo para secar as folhas. Ela reacendeu o fogo, depois foi ao riacho para encher duas tigelas de couro com água, deixando o filhote perto do fogo em um ninho que tinha feito de grama seca.

Ela então colocou as duas tigelas de couro nas pedras planas para aquecer a água. Enquanto a água aquecia, ela foi adicionando pedaços de folhas e raízes saídos de sua sacola, misturando nada mais que o suficiente de cada uma, em quantidades exatas. Na segunda tigela, ela colocou as pequenas tiras de carne da anta que havia caçado mais cedo.

Em alguns minutos, o doce aroma do caldo lembrou Ravana de que não comia desde o meio dia, mas ela esperaria até cuidar dos outros dois antes de atender às suas próprias necessidades.

Depois que o caldo esfriou um pouco, ela pegou o gatinho nos braços, mergulhou o dedo no líquido espesso e pressionou sobre os lábios do gatinho.

Tribi-Leya cheirou o caldo quente e depois lambeu o dedo da garota miando por mais. Ela lambuzou-se de mais caldo para ele. Desta vez, ele tossiu um pouco, mas, ainda assim, lambeu tudo e queria mais.

Ravana sorriu. Não era o leite da mãe, mas era a coisa mais próxima que ela tinha, e talvez ele pudesse se nutrir um pouco com isso.

Quando a barriga dele estava cheia, ela o deitou em seu ninho, onde ele se aconchegou e foi dormir.

Agora a parte difícil, pensou Ravana, acrescentando alguns pedaços de carne ao restante do caldo quente, depois o levou, junto com a outra tigela, em direção à margem do rio.

Ela colocou as duas tigelas e uma folha de bananeira grande que cortara ao longo do caminho ao lado do grande felino. Então, foi até a margem do rio pegar um punhado de lama.

Ajoelhando-se ao lado do gato, ela pegou as raízes e as folhas cozidas da tigela, bateu a mistura como uma panqueca e inspirou profundamente antes de prosseguir.

Colocando cuidadosamente o cataplasma quente no quadril do gato, ela o espalhou suavemente ao redor da flecha para cobrir a ferida purulenta.

No começo, a onça apenas suspirou, se contraindo um pouco, mas em seguida seus olhos se abriram e ela viu a garota tocando-a.

Miki-Leya rosnou e levantou a cabeça, mas Ravana estava pronta para ela, enquanto segurava o cataplasma no lugar com a mão direita, cuidadosamente empurrou a tigela de caldo sob o nariz do gato com a mão livre. A fome superou sua preocupação com a garota, e a felina começou a lamber o caldo, pegando os pedaços de carne com a língua e devorando-os.

A tigela logo ficou vazia e, antes que a gata tivesse tempo de fazer qualquer coisa, Ravana empurrou o último pedaço de anta perto o suficiente para que a felina o alcançasse.

Quando Miki-Leya comeu a carne, a garota cobriu o cataplasma com uma folha grande e depois espalhou lama por cima. Durante todo o tempo ela falava com a gata:

– Você deve descansar em silêncio agora, sua cria está segura pelo fogo, alimentada e dormindo, não se preocupe.

A gata parecia não prestar atenção enquanto triturava o último dos ossos e lambia a medula.

Ravana manteve uma leve pressão no cataplasma enquanto falava e acariciava o pelo dela.

– Você deve descansar e juntar suas forças. – ela sussurrou – Tudo ficará bem em breve.

Miki-Leya lambeu os lábios, olhou uma vez para o som da voz da garota, depois deitou a cabeça fechando os olhos.

Ravana, em sua absorção pelos dois felinos, não pensara na aldeia ou na mãe por muitas horas. Agora ela se preocupava com a aflição da mãe por ela, mas não podia deixar os animais; os dois eram completamente dependentes dela.

O som de um papagaio verde tucumă, agitando sua companheira despertou Ravana e ela, imediatamente, percebeu a dor em seu braço. Levou um momento para entender onde estava e o que havia acontecido. O sol não havia ainda nascido, mas o amanhecer se arrastava pela floresta tropical. Ela levantou a cabeça do flanco da grande felina, onde havia adormecido. Quando virou a cabeça, encontrou o gato olhando para ela, aparentemente com pouca preocupação.

Ravana levantou a mão do emplastro e esfregou o braço, estava dolorido por permanecer na mesma posição durante toda a noite.

–Você deve estar com fome, grande amiga —disse ela enquanto esfregava a circulação de volta no braço – Se prometer não mexer nesse curativo em seu quadril, eu caçarei para você.

A gata não emitiu nenhum som, apenas bocejou e deitou a cabeça na grama.

A garota sorriu e ficou logo de pé.

–Voltarei em breve – disse ela ao deixar Miki-Leya e voltar à fogueira para pegar seu arco e flechas.

Cian tomou um gole de chá e me lançou um olhar sobre a borda de sua xícara.

– Bem, crianças – eu disse – acho que já tivemos história suficiente para esta noite, já é tarde e hora de dormir.

Magnalana olhou para mim com os olhos estreitos.

–Nós queremos…

O capitão Sinawey pigarreou, encerrando qualquer protesto dela ou das outras crianças.

A pequena Magnalana olhou para o capitão, depois voltou seu olhar para Cian.

–Obrigada, Cian, adoramos sua história. Quando podemos ouvir mais, por favor?

– Amanhã, minha querida – disse Cian – Depois de lavar as roupas e pendurá-las para secar, teremos mais histórias.

O pequeno Billy, não tão articulado quanto Magnalana, foi até Cian para um abraço.

* * * * * *

Cian e eu caminhamos pelo convés em direção à proa do Borboleta. O céu noturno estava perfeitamente limpo e uma brisa suave passeava de leste a sudeste, atravessando o convés.

– Ainda hoje – eu disse – atravessaremos o equador para o hemisfério norte.

Gostaria de saber se ela entendeu quando olhou para mim, esperando por uma explicação. Cian era uma mulher excepcionalmente brilhante, mas ela não possuía todo o conhecimento para além de sua própria cultura, tanto quanto eu não compreendia sua sociedade e valores. Ela se adaptava rapidamente aos novos ambientes e ideias. Se eu tivesse sido empurrado repentinamente e sozinho em seu mundo, como ela foi atraída para o meu, não tinha certeza se teria me adaptado tão bem. Mas ela levara tudo tranquilamente, com seu típico bom humor e entusiasmada curiosidade.

Eu tentei explicar como a Terra era redonda, girando sobre o próprio eixo e voando pelo espaço, esperava que esse conceito fosse difícil de entender, especialmente para quem, por exemplo, não tinha palavras em sua língua para números além de dez, muito menos para descrever a imensidão do universo. Era complexo, mas ela esperou pacientemente por mais informações.

– O céu – expliquei – percebe como as estrelas de primeira magnitude brilham com mais brilho aqui, no cinturão da Terra, do que nas latitudes mais baixas?

– Ah, sim – disse Cian.

Ela compreendia as estrelas total e completamente, apontou várias constelações para mim, explicando seus nomes Yanomami e me mostrou como as posições delas no céu noturno haviam mudado à medida que avançávamos a norte e a leste. Ela conhecia as estrelas e seus padrões de migração anual através dos céus, assim como qualquer navegador poderia conhecer. Eu me perdi rapidamente no seu vasto fluxo de conhecimento das estrelas e até dos planetas visíveis, e pude ver que isso lhe dava algum prazer. Tentei fazer perguntas inteligentes, como ela sempre fazia quando lhe explicava algo, mas fiquei realmente perdido e completamente desarmado, além de profundamente impressionado. Eu me perguntava em que outros assuntos ela se mostraria especialista, que, se eu tivesse as habilidades para perguntar, poderia aprender com ela.

Ela parou depois de um tempo e ficou sorrindo para mim. Me contou como ela e seu povo antes dela usaram o conhecimento das estrelas para encontrar o caminho pela selva e para prever a chegada das estações secas anuais, quando sua partida pode ser percebida à medida que as estações mudam e os animais migram de uma área para outra para encontrar comida.

– Você percebe – perguntei a ela – que existem estrelas abaixo de nossos pés e acima de nossas cabeças?

Ela olhou para o convés e longamente para o mar.

–Como pode ser?

Fechei minha mão em punho.

– Esta – eu disse – é a terra. Redonda como a bola de Billy. É onde estamos – Toquei o topo do meu punho —Aqui estão as estrelas. – Revirei a mão aberta sobre o punho apontando para o céu.

Ela olhou para a minha mão e seu olhar caminhou ao céu assentindo.

–Se pudesse olhar diretamente através do mar e da terra para o outro lado, também veria uma cúpula de estrelas.

Revirei minha mão aberta em torno e abaixo do meu punho. Ela pareceu confusa por um momento, depois girou as mãos lentamente em volta do meu punho e seu rosto se iluminou.

– Isso explica aquilo – disse ela, apontando para o horizonte norte.

Lá, ela me mostrou várias constelações que nunca tinha percebido antes. Ela estava tentando descobrir o sentido para noite após noite, essas novas constelações subirem cada vez mais alto no céu, enquanto aquelas familiares a ela afundavam atrás de nós.

– Sim, sim – ela exclamou – a Terra é redonda, estamos aqui, e as estrelas estão por toda parte – disse tocando meu punho cerrado.

Ela suspirou, pegou minhas mãos entre as dela enquanto se recostava no parapeito e observando o céu enquanto se aproximava de mim.

–Como isso tudo é maravilhoso – ela sussurrou – assim como viajar entre as estrelas completamente despidos e indefesos exceto pelos nossos pensamentos.

Sorri também, ao perceber que a mulher que amava estava muito além de uma equidade intelectual para comigo. Imaginei se ela teria chegado à mesma conclusão.

De volta ao presente, ela deslisou seus olhos para mim e me fitou por um momento.

–Agora me diga, Sr. Saxon, se há estrelas abaixo de meus pés, estrelas acima da minha cabeça e estrelas ao redor de toda a bola de Billy, onde está nosso amigo Deus agora?

Eu tinha certeza que ela já sabia a resposta antes de fazer a pergunta.

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