Kitabı oku: «Obras Completas de Luis de Camões, Tomo III», sayfa 8
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ESTACIO DA FONSECA
Não, Senhor, mas o meu Pilarte irá com elles com hum par de tições na mão; e perdoem o mao gasalhado. Mas daqui em diante sirvão-se desta pousada; e não tenhão isto por palavras, porque essas e plumas, o vento as leva.
OS AMPHITRIÕES,
COMEDIA
INTERLOCUTORES
AMPHITRIÃO.
ALCMENA, sua mulher.
CALLISTO.
FELISEO.
SOSEA, moço de Amphitrião.
BROMIA, sua criada.
BELFERRÃO, Patrão.
AURELIO, Primo de Alcmena.
HUM MOÇO DE AURELIO.
JUPITER.
MERCURIO.
OS AMPHITRIÕES,
COMEDIA
ACTO PRIMEIRO
SCENA I
Entra Alcmena, saudosa do marido, que he na guerra, e Bromia
ALCMENA
Ah Senhor Amphitrião,
Onde está todo meu bem!
Pois meus olhos vos não vem,
Fallarei co'o coração,
Que dentro n'alma vos tem.
Ausentes duas vontades,
Qual corre mores perigos,
Qual soffre mais crueldades,
Se vós entre os inimigos,
Se eu entre as saudades?
Que a ventura, que vos traz
Tão longe de vossa terra,
Tantos desconcertos faz,
Que se vos levou á guerra,
Não me quiz leixar em paz.
Bromia, quem com vida ter,
Da vida ja desespera,
Que lhe poderás dizer?
BROMIA
Que nunca se vio prazer,
Senão quando não se espera.
E por tanto não devia
De ter triste a phantasia;
Porque Vossa Mercê creia,
Que o prazer sempre salteia
Quem delle mais desconfia.
Eu tenho no coração,
Do Senhor Amphitrião
Venha hoje alguma nova:
Não receba alteração,
Que a verdadeira affeição
Na longa ausencia se prova.
ALCMENA
Dizei logo a Feliseo
Que chegue muito apressado
Ao caes, e busque mêo
De saber se algum recado
Do porto Persico vêo:
E mais lhe haveis de dizer,
(Isto vos dou por offício)
D'alguma nova saber,
Em quanto eu vou fazer
Aos Deoses o sacrificio.
SCENA II
BROMIA
Saudades de minh'ama,
Chorinhos e devoções,
Sacrificios e orações,
Me hão de lançar n'huma cama,
Certamente.
Nós mulheres de semente
Somos sedenho mui tosco:
Com qualquer vento que vente,
Queremos forçadamente
Que os Deoses vivão comnosco.
Quero Feliseo chamar,
E dizer-lhe aonde ha de ir.
Mas elle como me vir,
Logo ha de querer rinchar,
De travesso.
Eu que de zombar não cesso,
Por ficar com elle em salvo,
Lanço-lhe hum e outro remêsso;
Aos seus furto-lhe o alvo;
E então elle fica avesso.
Porque o melhor destas danças,
Com huns vindiços assi,
He trazê-los por aqui
Ó cheiro das esperanças,
Por viver.
Ha-os homem de trazer
Nos amores assi mornos,
Só para ter que fazer;
E despois ao remetter
Lançar-lhe a capa nos cornos.
Feliseo, se estais á mão,
Chegae cá, vem como hum gamo:
Bem sei que não chamo em vão.
SCENA III
Feliseo e Bromia
FELISEO
Chamais-me? tambem vos chamo;
Porém eu ouço, e vós não:
Senhora, que me matais,
Se vós ja nunca me ouvis,
Ou me ouvis, e vos callais,
Dizei: porque me chamais
Se me vós a mim fugis?
BROMIA
Eu vos fujo?
FELISEO
Fugis, digo,
De dar a meus males cabo.
BROMIA
Sabei que desse perigo
Não fujo como de imigo,
Fujo como do diabo.
FELISEO
Dae ao demo essa tenção,
Usae antes de cortês,
Cahi vós nesta razão.
BROMIA
Do p'rigo fogem os pés,
Do diabo o coração.
FELISEO
Dizeis-me que nessa briga
Do meu coração fugis.
BROMIA
Ainda qu'eu isso diga…
FELISEO
Ah minha doce inimiga!
Bem sinto que me sentis.
Mas para que me chamais?
BROMIA
Manda-vos minha Senhora
Que chegueis daqui ao cais,
E algumas novas saibais
D' Amphitrião nesta hora.
FELISEO
Quem as não sabe de si,
D'outrem como as sabera?
BROMIA
Não as sabeis vós de mi.
FELISEO
Má trama venha por ti,
Duna feiticeira má!
Porque não me ólhas direito,
Cadella, que assi me cortas?
BROMIA
Porque vos quero dar portas;
Que s'eu olhar d'outro geito,
Trarei cem mil vidas mortas.
FELISEO
E pois para que me andais
Enganando ha cem mil annos?
BROMIA
Dou-vos vida com enganos.
FELISEO
Nesses enganinhos tais
Acho crueis desenganos.
BROMIA
Quant'esses vos quero eu dar:
Vós cuidais que estais na sella?
Pois podeis-vos descer della;
Qu'eu nunca vos pude olhar.
FELISEO
Jogais comigo á panella?
Tendes-me ha tanto captivo,
E desenganais-me agora?
Tudo isto he o que privo.
Assi que he isso, Senhora,
Dochelo morto, dochelo vivo?
Se me vós desenganais
No cabo de tantos annos,
Direi, se licença dais,
Dais-me vida com enganos,
Desenganos, ja chegais.
Mas se isso havia de ser,
Dizei, má desconhecida,
Destêrro de meu viver,
Que vos custava dizer
Amor, vae buscar tua vida?
BROMIA
Zombais? Fallais-me coprinhas?
FELISEO
Rir-vos-heis se vem á mão:
Copras não, mas isto são
Ansias y pasiones minhas
Dos bofes e coração.
BROMIA
Is-vos fazendo d'huns sengos…
FELISEO
Perdóneme Dios si peco.
BROMIA
Nesses dentinhos framengos
Conheço que sois hum pêco
De todos quatro avoengos.
FELISEO
Tudo vos levo em capelo,
Ja qu'estais tanto em agraço.
Porém, fallando singelo,
A furto desse mao zêlo,
Quereis-me dar hum abraço?
BROMIA
Ora digo que não posso
Usar comvosco de fero:
Tomae-o.
FELISEO
Ja o não quero,
Porque esse abraço vosso,
Sabei que he engano mero.
BROMIA
Oh! vós sois d'huns sensabores…
Abraço pedis assim?
S'eu remango d'hum chapim…
FELISEO
Tudo isso são favores:
Zombae, vingae-vos de mim.
BROMIA
Vós de furioso touro
As garrochas não sentis.
FELISEO
Vedes, com isso sé mouro:
Quando cuido que sois ouro,
Acho-vos toda ceitis.
BROMIA
Emfim, sanha de villão
Vos fez perder hum bom dia.
FELISEO
Jagora o eu tomaria;
Quereis-mo dar?
BROMIA
Ora não.
Cocei-vos eu todavia.
FELISEO
Pois, Senhora, a quem vos ama
Sois tão desarrazoada,
Quero tomar outra dama;
Que não digão os d'Alfama
Que não tenho namorada.
BROMIA
Deixae-me.
FELISEO
Vós me deixais.
BROMIA
Deixae-me.
FELISEO
Zombais de mi?
BROMIA
Deixae-me. Pois m'engeitais,
Eu me ausentarei daqui
Onde me mais não vejais.
FELISEO
Boa está a zombaria!
BROMIA
Não são essas minhas manhas.
FELISEO
Porém is-vos todavia?
BROMIA
Voyme á las tierras estrañas.
Adó ventura me guia.
SCENA IV
Feliseo só
Phantasias de donzellas,
Não ha quem como eu as quebre;
Porque certo cuidão ellas,
Que com palavrinhas bellas
Nos vendem gato por lebre.
Esta tẽe lá para si
Qu'eu sou por ella finado;
E crê que zomba de mi;
E eu digo-lhe que, si,
Sou por ella esperdiçado.
Preza-se d'humas seguras;
E eu não quero mais Frandes:
Dou-lhe trela ás travessuras,
Porque destas coçaduras
Se fazem as chagas grandes.
Qu'estas, que andão sempre á vela,
Estas vos digo eu que coço;
Porque de firmes na sella,
Crem que falsão a costella,
E ficão pelo pescoço.
Que quando estas damas tais
Me cachão, então recacho.
Mas disto agora nó mais.
Quero-me ir daqui ao cais
Ver se algumas novas acho.
SCENA V
Jupiter e Mercurio
JUPITER
Oh grande e alto destino!
Oh potencia tão profana!
Que a setta d'hum menino
Faça que meu ser divino
Se perca por cousa humana!
Que m'aproveitão os ceos,
Onde minha essencia mora
Com tanto poder, se agora
A quem me adora por deos,
Sirvo eu como a senhora?
Oh quão estranha affeição!
Quem em baixa cousa vai pôr
A vontade e o coração,
Sabe tão pouco d'Amor,
Quão pouco Amor de razão.
Mas que remedio hei de ter
Contra mulher tão terribil,
Que se não póde vencer?
MERCURIO
Alto Senhor, teu poder
O difficil faz possibil.
JUPITER
Tu não vês qu'esta mulher
Se preza de virtuosa?
MERCURIO
Senhor, tudo póde ser;
Que para quem muito quer,
Sempre a affeição he manhosa.
Seu marido está ausente
Na guerra, longe daqui;
Tu, qu'es Jupiter potente,
Tomarás sua fórma em ti;
Que o farás mui facilmente.
E eu me transformarei
Na de Sósea, criado seu;
E ao arraial me irei,
Onde logo saberei
Como se a batalha deu.
E assi poderás entrar,
Em lugar de seu marido;
E para que sejas crido,
Poderás tambem contar
Quanto eu lá tiver sabido.
JUPITER
Quem arde em tamanho fogo
Tira-lhe a virtude a côr
De subtil e sabedor;
E quem fóra está do jôgo
Enxérga o lanço melhor.
Mas tu, que dos sabedores
Tanto avante sempre estás,
Se deos es dos mercadores,
Sê-lo-has dos amadores,
Pois tal remedio me dás.
Ponha-se logo em effeito;
Que não soffre dilação
Quem o fogo tẽe no peito;
E tu vae logo direito
Aonde anda Amphitrião.
SCENA VI
Feliseo e Callisto
FELISEO
Adó bueno por aqui,
Tão longe do acostumado?
CALLISTO
Mais longe vou eu de mi,
D'ir perto de meu cuidado.
FELISEO
No andar vos conheci.
CALLISTO
E vós onde vos lançais,
Com vossa contemplação?
FELISEO
Eu chego daqui ao cais
A saber de Amphitrião:
Não sei se vou por demais.
CALLISTO
Porque por demais dizeis?
FELISEO
Porque nada alli ha certo.
CALLISTO
Novas lá não as busqueis,
Que aqui as tendes mais perto.
FELISEO
Pois dae-mas ja, se as sabeis.
CALLISTO
Hum navio he ja chegado
Á barra, que vem de lá;
Traz de Amphitrião recado,
Diz que o deixa embarcado
Para se vir para cá.
Tẽe vencido aquelle Rei;
E diz, segundo lhe ouvi,
Qu'esta noite será aqui.
FELISEO
Essas novas levarei
A Alcmena, que torne em si,
Porque ella tẽe maior guerra
Co'os temores de perdello,
Qu'elle co'o Rei dessa terra.
CALLISTO
Onde amor lançar o sello,
Nenhuma cousa o desterra.
Porqu'inda que o pensamento
Vos fique, Senhor, em calma,
Por morte ou apartamento;
Sempre vos lá ficão n'alma
As pégadas do tormento.
FELISEO
Isso he hum segredo mero,
A que o amor nos obriga:
Por isso em caso tão fero,
Senhor, nunca ninguem diga,
Ja lho quiz, e não lho quero.
Eu quiz bem a huma mulher,
Que vós conhecestes bem,
E, com muito lhe querer,
Casou-se.
CALLISTO
Oh! e com quem?
Que ainda o não posso crer.
FELISEO
Com hum Mercador, que veio
Agora do Egypto, rico.
CALLISTO
Isso traz ágoa no bico.
Esse homem he parvo, ou feio?
FELISEO
Pois vêdes? disso me pico.
E em pago desta traição,
Afóra outros mil descontos
Que traz comsigo a affeição,
Sempre os signaes destes pontos
Trarei no meu coração.
CALLISTO
Viste-la mais?
FELISEO
Senhor, vi,
Na janellinha da grade;
Passei, e disse-lhe assi:
Casada sem piedade,
Porque não a haveis de mi?
CALLISTO
Que vos disse?
FELISEO
Lá no centro
Lh'enxerguei pouca alegria;
E como quem lhe dohia,
Metendo-se para dentro
Disse: Ja pasó folia.
CALLISTO
Ah má sem conhecimento!
Quem lhe désse mil chofradas!
FELISEO
Senhor, como são casadas,
Casão-se co'o esquecimento
Das cousas que são passadas.
CALLISTO
Lembranças de vos deixar
Picar-vos-hão como tojos.
FELISEO
Senhor, haveis d'assentar
Que onde amor vos quer matar,
Siempre allá miran los ojos.
Hum motete lhe mandei
Hum dia, estando com febre,
Só da paixão que tomei.
CALLISTO
Pois vejamos quem tẽe lebre.
FELISEO
Senhor, eu vo-lo direi.
Mote
Vós por outrem, e eu por vós;
Vós contente, e eu penado;
Vós casada, eu cansado.
Polos santos de minha dona!
CALLISTO
Senhor, vós só o fizestes?
FELISEO
Si, que ninguem me ajudou.
CALLISTO
Se vós só o compuzestes,
Crede, que extremos dissestes.
Nunca Orlando tal fallou.
Senhor, fizestes-lhe pé?
FELISEO
Senhor, si; e todo hum anno…
Vós zombais, se não m'engano?
CALLISTO
Não, mas dou-vos minha fé
Que nunca vi tão bom panno.
FELISEO
Ora olhe vossa mercê.
Volta
Olhae em quão fundos vaos
Por vossa causa me affógo,
Que outro me ganha no jôgo,
E eu triste pago os paos.
Olhos travessos e maos,
Inda eu veja o meu cuidado
Por esse vosso trocado.
CALLISTO
Não mais, qu'isso me degola.
FELISEO
Senhor, eu haja perdão.
CALLISTO
Fizestes esse rifão
Em algum jôgo de bola?
E foi-lhe elle ter á mão?
FELISEO
Digo-vos que o vio, e lho leo
Hum moçozinho d'escola.
CALLISTO
Está isso assi do ceo.
Sabe ella jogar a bola?
FELISEO
Não.
CALLISTO
Pois não vos entendeo.
Ora eu ja cheguei a ler
Petrarca, e crede de mi
Que nunca tal cousa vi.
Onde mora o bom saber,
Logo dá sinal de si.
Onde casada puzestes,
Dizei, porque não dissestes
La que yo vi por mi mal.
FELISEO
Renunciava o metal;
Qu'em rifõeszinhos como estes,
Ha-se-de pôr tal com tal.
Que a trova trigo-tremez
Ha de ser toda d'hum pano;
Que parece muito Ingrez
N'hum pelote Portuguez
Todo hum quarto Castelhano.
Ouvi outra tambem minha,
Que fiz a certa tenção,
Clara, leve, bonitinha,
De feição, que esta trovinha,
He trovinha de feição.
Como eu hum dia me visse
Morto, e a mão na candêa,
E ella não me acodisse;
Fiz-lhe esta, porque sentisse
Que dava os fios á têa.
E o propósito he
Andar eu hum dia só;
E para que houvesse dó
De mi e de minha fé,
Lamentei-lhe como Jó.
CALLISTO
Andastes, Senhor, mui bem.
FELISEO
Ora, Senhor, attentai,
E vêde o saibo que tem;
Se he para a ver alguem.
CALLISTO
Ora dizei.
FELISEO
Ei-la vai.
Trova
Coração de carne crua,
Vê-lo teu amor aqui,
Que esmorecido por ti
Jaz no meio desta rua?
CALLISTO
Na rua, Senhor, jazia?
E era em tempo de lama?
FELISEO
Senhor, quem falla a quem ama,
De si mesmo se não fia:
Haveis de mentir á dama.
CALLISTO
Volta disso?
FELISEO
Singular,
Senão que he muito sentida;
Far-vos-ha, Senhor, chorar.
CALLISTO
Oh! diga, por sua vida!
FELISEO
Farei o que me mandar.
Volta
Porque não has delle mágoa,
Ó dura mais que ninguem,
Que anda o triste, que não tem
Quem lhe dê huma vez d'ágoa?
Não lhe negues teu querer,
Pois te não custa dinheiro;
Que, emfim, por derradeiro
A terra te ha de comer.
CALLISTO
Tal trova nunca se vio.
Agorentaste-la ja?
FELISEO
Senhor, não; ainda está
Como a sua mãe pario;
E não está muito má.
CALLISTO
He trova, que tẽe por seis;
Não a posso mais gabar.
Mas, pois, tal cousa fazeis,
Senhor, não m'ensinareis
Donde vem tão bem trovar?
FELISEO
Não he a cousa tão pequena,
Como, Senhor, a fizestes,
Essa que agora dissestes.
Mas porém vou dar a Alcmena
Estas novas que me déstes.
Despois, Senhor, nos veremos;
Ficae ja roendo esse osso.
CALLISTO
O roer, Senhor, he vosso.
FELISEO
Pois eu, por mais que zombemos,
Hei de ser vosso e revosso.
CALLISTO
Oh!.. Escusae-vos d'extremos,
Qu'isso, Senhor, me atarraca.
Mas nós nos encontraremos,
E sôbre isso envidaremos
Dous reales mais de saca.
ACTO SEGUNDO
SCENA I
Jupiter e Mercurio transformados, Jupiter na fórma de Amphitrião, Mercurio na de Sosea escravo
JUPITER
Mercurio, pois sou mudado
Nesta fórma natural,
Ólha e nota com cuidado,
Se está em mi o pintado
Apparente co'o real.
MERCURIO
Quem tão proprio se transforma.
Tenho por opinião,
Que na tal transformação
Lhe prestou natura a fôrma,
Com que fez Amphitrião.
JUPITER
Pois tu no gesto e na côr
Estás Sósea escravo seu.
MERCURIO
Muito mais faras, Senhor.
JUPITER
Não o faz senão o Amor,
Que nisto póde mais qu'eu.
MERCURIO
Ja, Senhor, te fiz menção
Como deo Amphitrião
A ElRei Terela a morte;
Que, na guerra igual, a sorte
Póde mais que o coração.
E despois de ser tomada
Toda a Cidade, com gloria
D'Amphitrião bem ganhada,
Como em sinal de victoria,
Esta copa lhe foi dada.
Por ella bebia ElRei,
Em quanto a vida queria;
E eu, porque te cumpria,
A seu escravo a furtei,
Que n'huma caixa a trazia.
Esta poderás levar
A Alcmena, por lhe mostrar
Verdadeiro, o que he fingido;
E dest'arte serás crido,
Sem mais outro ardil buscar.
JUPITER
Pois tudo tens ordenado
Por tão nova e subtil arte;
Como me vires entrado,
Irás dar este recado
A Phebo de minha parte:
Que faça mais devagar
Seu curso neste Hemispherio.
Que o que soe acostumar;
Qu'esta noite hei de ordenar
Hum caso de alto mysterio.
E á Esphera mais alta
Mandarás que fixa esteja,
Porque a noite maior seja:
Porque sempre o tempo falta,
Onde a alegria he sobeja.
E terás tamanho tento,
Que como isto se ordenar,
Venhas aqui vigiar,
Porque meu contentamento
Ninguem mo possa estorvar.
MERCURIO
Seja feito sem debate
Tudo como te convem.
JUPITER
Pois não parece ninguem,
Como homem de casa bate,
E muda a falla tambem.
MERCURIO, batendo à porta
Ó de la casa, en buena hora,
Darmehan de cenar aqui?
BROMIA dentro
Sósea parece que ouvi:
Alviçaras, minha Senhora,
Que na falla o conheci.
SCENA II
Alcmena, Bromia, Jupiter, e Mercurio
ALCMENA
Zombais, Bromia, por ventura?
BROMIA
Senhora, não zombo, não.
ALCMENA
Vejo eu Amphitrião,
Ou a vista me afigura
O qu'está no coração?
JUPITER
Olhos, diante dos quais
Desejei mais este dia,
Que nenhuma outra alegria,
Senhora, nunca creais
Que lhe minta a phantasia.
ALCMENA
Oh presença mais querida
Que quantas formou Amor!
Isto he verdade, Senhor?
Acabe-se aqui a vida,
Por não ver prazer maior.
JUPITER
Pois esta hora de vos ver
Alcançar, Senhora, pude;
Para mais contente ser,
Conformem co'este prazer
Novas de vossa saude.
ALCMENA
Vida foi pezada e crua
A saude qu'eu sostinha;
Qu'em quanto, Senhor, a tinha,
Temer perigo na sua,
Me fez descuidar da minha.
MERCURIO
Y pues, mi Señora Alcmena,
Pese al demonio malvado,
No dirá á un su criado,
Vengais Sósea norabuena?
ALCMENA
Sejais, Sósea, bem chegado.
BROMIA
Bem mal cri eu, que pudesse
Ver-te, Sósea, hoje aqui.
MERCURIO
Pues tambien yo no creí
Que en mi vida te viese,
Segun las muertes que vi.
ALCMENA
Muito, Senhor, folgarei
Com novas do vencimento.
JUPITER
De tudo quanto passei,
Por vos dar contentamento,
Em summa vos contarei.
Trago, Senhora, a victoria
Daquelle Rei tão temido,
Com fama clara e notoria.
Porém maior foi a gloria
De me ver de vós vencido.
Sem me terem resistencia,
Os Grandes me obedêcerão,
Como ElRei morto tiverão:
Em sinal de obediencia
Esta copa me trouxerão.
ElRei por ella bebia:
(Ella, e tudo o mais he nosso)
Por onde claro se via,
Que tudo me obedecia,
Pois tinha nome de vosso.
MERCURIO
Si, mas luego de rondon
La fortuna dió la vuelta.
ALCMENA
Como?
MERCURIO
Fué gran perdicion,
Porque en aquella revuelta,
Me hurtaron mi jubon.
Pero bien me lo pagaron,
Cuando comigo riñeron;
Que aunque me despojaron
Si uno de seda llevaron,
Otro de azotes me dieron.
ALCMENA
Senhor, não posso gostar
De gôsto, que he tão immenso,
Senão muito devagar:
Faça-me mercê d'entrar,
E contar-mo-ha por extenso.
SCENA III
Mercurio e Bromia
MERCURIO
Yo tambien te contaria,
Bromia, si quedas atrás,
Que una noche… enojartehas?
BROMIA
Que?
MERCURIO
Soñaba, que te tenia…
No me atrevo á decir mas.
BROMIA
Dize.
MERCURIO
Pardies, no diré.
Soñaba…
BROMIA
Bem: que sonhavas?
MERCURIO
Que cuando en la cama estavas
Que yo… enfin recordé.
BROMIA
Pois tudo isso receavas?
MERCURIO
Sabe Dios qué yo acá siento:
Sola una alma vive en dos,
La cual anda dentro en vos.
BROMIA
E que quer ella cá dentro?
MERCURIO
Tambien eso sabe Dios.
SCENA IV
MERCURIO
Bem se poderá enganar
Bromia, segundo ora estou,
Como Alcinena s'enganou;
Mas cumpre-me ir ordenar
O que meu Pae me mandou.
E porque seja guardada
Esta porta e vigiada
De toda a gente nascida,
Me será cousa forçada,
Ser tão depressa a tornada,
Quão prestes faço a partida.
SCENA V
SOSEA, cantando
Amphitrion esforzado
Bravo vá por la batalla,
Siete cabezas llevaba,
De las mejores que ha hallado.
Falla
Quien viene de tierra agena,
Y de la muerte escapó,
La razon le permitió
Que cante como sirena,
Como agora hago yo.
Y pues canto tan gentil,
Fuera llanto si muriera.
Quiero cantar como quiera,
Una y otra, y mas de mil,
Que digan desta manera:
Canta
Dongolondron, con dongolondrera,
Por el camino de Otera,
Rosas coge en la rosera,
Dongolondron, con dongolondrera.
Falla
Cuando yo vengo á pensar
Que uno matarme quisiera,
No hago sino temblar,
Porque creo si muriera,
No pudiera mas cantar.
Porque estando á un rincon
De la casa adó quedé,
Senti muy grande ronron,
Y mirando, que miré?
Vi que era un gran raton.
Empero yo nunca sigo,
Sino consejos muy sanos;
Que en estes casos levianos,
Quien desprecia el enemigo,
Mil veces muere á sus manos.
Pero mi Señor alli
Mató al Rey de los Glipazos:
Yo como muerto le vi,
Juro á mi fé, que le dí
Mas de dos mil cuchillazos.
Y por me librar de afan,
Me voy siempre á cosa hecha
Probar mi mano derecha;
Que aquel es buen capitan,
Que del tiempo se aprovecha.
Que quien ha de pelear,
Ha de buscar tiempo y hora.
Pero quiero caminar,
Que me muero por contar
Todo aquesto á mi Señora.
SCENA VI
Mercurio e Sósea
MERCURIO
Mil vezes comigo vejo,
Para que meu Pae se affoute;
Pois em tão pequeno ensejo
Lhe mandei talhar a noute
Á medida do desejo.
E pois que como possante,
A mi tudo se reporta,
Chego agora neste instante
A estorvar qu'este bargante
Me não chegue a esta porta.
SOSEA
No sé que miedo, ó locura,
Neste pecho se me cria:
Por Dios que se me afigura,
Que ha mucho que es noche escura,
Sin que venga el claro dia.
Mas sabed, que pienso yo
Que el sol que no se acordó
De con el dia venir,
Que á noche cuando cenó
Algun buen vino bebió,
Que le hace tanto dormir.
MERCURIO
Ja sentes comprida a noute,
Qu'eu assi mandei fazer?
Pois mais te quero dizer,
Que sentirás muito açoute,
Se cá quizeres vir ter.
Porém, pois este bargante
Tẽe medroso coração,
Quero-me fingir ladrão,
Ou phantasma, e por diante
Não irá, se vem á mão.
E com tudo se passar,
A falla quero mudar
Na sua de tal feição,
Que couces, e porfiar,
Lhe fação hoje assentar
Que sou Sósea, e elle não.
Falla Castelhano
No veo pasar ninguno,
En quien yo me pueda hartar.
SOSEA
Á quien oigo aqui hablar?
Mande Dios no sea alguno
Que me quiera aporrear.
MERCURIO
La carne de algun humano
Me seria muy sabrosa.
SOSEA
Oh quê voz tan temerosa!
Hombres comes, ó mi hermano?
No es mejor otra cosa?
Carne humana es muy mezquina.
Oh no comas deso, no!
Antes carne de gallina.
Pero se mas se avecina,
Qué mas gallina, que yo?
MERCURIO
Una voz de hombre ahora
Á la oreja me voló.
SOSEA
Pésete quien me parió:
La voz traigo boladora?
Ella quisiera ser yo.
Pues mi voz pudo volar
Do la pudieses oir;
Por contigo no reñir,
Me debiera de prestar
Las alas para huir.
MERCURIO
Qué buscas cabe esa puerta,
Hombre? Sé que eres ladron.
SOSEA
Ay que el alma tengo muerta!
Oh Júpiter me convierta
Las tripas en corazon!
MERCURIO
Quien eres? quieres hablar?
SOSEA
Soy quien mi voluntad quiere.
MERCURIO
Piensas que puedas burlar?
SOSEA
Y tú puédesme quitar
Que yo sea quien quisiere?
MERCURIO
Osas hablar tan osado,
Don vellaco bovarron?
Dí, quien eres?
SOSEA
Un criado
Del Señor Amphitrion,
Por nombre Sósea llamado.
MERCURIO
Pienso que el seso perdiste.
Como te llamas, mal hombre?
SOSEA
Sósea soy, si no me oiste.
MERCURIO
Como? en persona tan triste
Osas d'ensuciar mi nombre?
Estos puños llevarás,
Pues tener mi nombre quieres.
Quiéresme dicir quien eres?
SOSEA
O Señor, no me dés mas,
Que yo seré quien tú quisieres.
MERCURIO
Con tan nueva falsedad
Andais por esta Ciudad,
Delante de quien os mira?
Pues si sois Sosea, tomad.
SOSEA
Si me dás por la verdad,
Que me harás por la mentira?
MERCURIO
Y qué verdad es la tuya?
Que te quiero dar castigo.
SOSEA
Si no soy Sósea que digo,
Que Júpiter me destruya.
MERCURIO
Mirad el falso enemigo:
Tomad este bofeton,
Que yo soy Sósea, y no vos.
SOSEA
Tu Sósea?
MERCURIO
Sósea por Dios,
Escravo de Amphitrion.
SOSEA
De modo que tiene dos?
MERCURIO
No tendrá, aunque tú quieres;
Que á mi solo conoció.
SOSEA
Pues luego de quien soy yo?
MERCURIO
Si tú no sabes quien eres,
Quieres que yo lo sepa? No.
SOSEA
Enfin, has me de hacer crer
Que yo no soy quien ser solia?
MERCURIO
Quien solias tú de ser?
SOSEA
Tregoas me has de prometer,
Dirtelohé sin profia.
MERCURIO
Prometo.
SOSEA
No me darás?
MERCURIO
No, si no fuere razon.
SOSEA
Pues, hermano, tú sabrás
Que mi amo Amphitrion…
MERCURIO
Tu amo? Pues llevarás.
Mi amo es, que tuyo no.
SOSEA
Ay que un brazo me quebró!
MERCURIO
Mas que luego te matase.
SOSEA
Ojalá Dios ordenase
Que tú ahora fueses yo,
Y yo que te desmembrase!
MERCURIO
Esa tu tema tan loca,
Puños te la han de quitar.
Dime, di, vergũenza poca,
Qué hablas?
SOSEA
Qué puedo hablar,
Si me has quebrado la boca?
MERCURIO
Di quien eres, sin fatiga.
SOSEA
Soy un hombre, en quien tú dás.
MERCURIO
Díme pues, qué nombre has.
SOSEA
Como quieres tú que diga,
Para que no me dés más?
MERCURIO
No me has de hablar contrahecho.
SOSEA
Toda mi vida pasada
Sósea fuy, y con despecho
Ahora soy… qué? No nada;
Que tus manos me han deshecho.
MERCURIO
Cuyo eres, pues las sientes,
Dejando consejos vanos?
La verdad; que si me mientes,
Dás con la lengua en los dientes,
Y yo dóyte con las manos.
SOSEA
No conoces Amphitrion?
MERCURIO
Hombre sin seso te llamo.
Tan fuera estás de razon!
Piensas de mí, bovarron,
Que no conozco á mi amo?
SOSEA
En su casa conociste
Uno, que es Sósea llamado,
Hombre despreciado y triste?
MERCURIO
Desa suerte lo dijiste?
Yo soy triste y despreciado?
Pues sabe que te llegó
Á la muerte tu fortuna.
SOSEA
Pues logo si yo no soy yo,
Aunque nadie me mató;
Soy luego cosa ninguna.
Oh dioses, que desconcierto!
Yo por ventura soy muerto,
Ó murióme la razon?
Yo no soy de Amphitrion?
Él no me mandou del puerto?
Yo sé que no estoy loco.
De mi madre no naci?
No ando? No hablo aqui?
MERCURIO
Pues sosiega ahora un poco,
Que yo tambien diré de mí.
Yo no sé que yo soy yo?
Yo no te dí con mis manos?
Mi Señor no me llevó
Á la guerra, adó mató
Aquel Rey de los Thebanos?
SOSEA
Yo eso muy bien lo sé.
Empero tú qué hacias
Cuando la batalla vias?
MERCURIO
Escucha: yo lo diré,
Y cesaran tus porfías.
Cuando mi Señor andaba
Peleando, y derramaba
La sangre de algun mezquino;
Con una bota de vino
Yo la mia acrescentaba.
SOSEA
(Dice lo que yo hacia)
Con todo, saber queria
Sola una cosa, si puedo:
Tu pecho entonces sentia?
MERCURIO
Del beber grande alegria,
Y del pelear gran miedo.
SOSEA
Y despues?
MERCURIO
Muy reposado
Á dormir me eché de grado,
Desde el sol hasta la luna.
SOSEA
(Todo lo tiene contado.
Enfin, tengo averiguado
Que yo no soy cosa ninguna)
Pues de todo en un instante
Me has echado de mí fuera,
Aconséjame si quiera,
Quien seré daqui adelante,
Pues no soy quien de antes era.
MERCURIO
Cuando yo no ser quisiere
Ese, que tú ser deseas,
Despues que ya Sósea no fuere,
Dartehé, si te pluguiere,
Licencia que todo seas.
Y acógete luego, amigo,
Á buscar tu nombre, digo,
Pues Dios vida te dejó;
Que el Sósea queda comigo.
SOSEA
Pues contigo quedo yo,
Dios quede, hermano, contigo.
Ahora quiero ir allá
Adó mi Señora está,
Contarle como es venido
Mi Señor. Mas, oh perdido!
Si un otro yo tiene allá,
Todo lo terná sabido.
MERCURIO
Ah hombre…
SOSEA
Mi voz sonó.
MERCURIO
Aonde vuelves ahora?
SOSEA
Por Dios no sé onde vó,
Porque si yo no soy yo,
Ni Alcmena es mi Señora.
MERCURIO
Adonde vas?
SOSEA
Con mensaje
Del Señor Amphitrion
Para Alcmena.
MERCURIO
Adó, salvaje?
Pues quebraste la omenaje,
Ahí verás tu perdicion.
Yo doyte consejos sanos,
Y porfias otra vez?
SOSEA
Altos dioses soberanos!
Pues me no valen las manos,
Aqui me valgan los pies. Foge.
MERCURIO
Desta arte enseñan aqui
Á hurtar el nombre ageno?
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